terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Eu vejo a vida melhor no futuro, com gente fina, elegante e sincera. (Lulu Santos)

Silvana Maria de Sousa
Publicitária e professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda
Faculdade Pitágoras/Divinópolis-MG




Ontem recebi de alguns amigos do Facebook (FB) o seguinte recado :


“ATENCÃO AMIGOS DO FACE!!!! Agora todos os SEUS amigos podem ver todos os meus comentários e do que EU gosto caso você escreva no meu mural ou fotos (essa nova coluna no lado direito da tela). Eu gostaria de manter a minha privacidade e dividir informações apenas com os MEUS amigos. Por favor, passe o mouse em cima do meu nome e espere o quadro abrir. Clique no segundo quadrinho (ASSINADO). Mova o mouse para baixo até "comentários e opções curtir" e desmarque a opção. Cole isso no seu mural se não quer que todo mundo veja tudo o que você faz ou fala no Facebook. Eu farei o mesmo por você se você quiser. Apenas clique no "curtir" abaixo para que eu possa saber da sua preferência!”

Como observadora dos processos e fenômenos comunicacionais, principalmente os que acontecem dentro da sociabilidade virtual, comecei a me perguntar sobre questões recorrentes a respeito da ferramenta Facebook. Sobre privacidade, conteúdo pouco “aproveitável” que alguns internautas batizaram com o nome de “orkutização” e até utilização a má utilização ou o exagero dela por muitos, tornando frias as relações pessoais (assunto abordado brilhantemente pela Profª Vânia Vasconcelos – FAP/Div aqui nessa coluna ).

E por um jeito próprio, gosto de pensar me fazendo perguntas. E acabo por ter algumas hipóteses. Umas o tempo se encarrega de refutar (derrubar), outras, pesquisas e estudos comprovam. Não me preocupo se estou certa ou não. O fato é que a minha compulsiva mania de pensar o mundo me leva a várias indagações madrugada afora. E hoje vou compartilhar algumas com vocês, que partiu desse recado citado acima.  

Primeiro sobre a má utilização da ferramenta FB, que recai no que o artigo da Profª Vânia (disponível no Blog Observatório de Mídia). O FB tem sido usado muitas das vezes como uma alternativa à relações pessoais, como se pudesse substituí-las no quesito proximidade. Pois bem, pensou eu que culpar o FB por isso, é como dizer que a martelada no dedo foi provocada pelo martelo ou pelo prego. 

Segundo, sobre a “Orkutização” . Vejo essa discussão com certas reservas. Algumas colocações dos que reclamam me parecem muito elitistas. Tomando como base de que a  sociabilidade (utilizando aqui o conceito do teórico francês Mafessoli ) é da ordem do afetivo, do sensível, do efêmero, não vejo porque tanta “raiva” das postagens “inúteis” como dizem. Caso não queira ver as postagens ou elas não lhe sirvam, livre arbítrio. Mudar-se para ambientes virtuais que imitam a tribalização da realidade, grupos com objetivos afins, performance e posicionamentos parecidos estão em redes sociais digamos particulares. Eu, que tanto por gostar de gente, ou por entender que a vida pulsa é exatamente na mistura, o FB me dá clareza como a sociabilidade está acontecendo. E fazer parte dela é o único caminho para que eu seja inclusive uma boa profissional de comunicação. Falo dos recortes que são feitos dos acontecimentos, da linguagem e códigos próprios, das discussões sobre tudo, sem hierarquia de importância. Afinal é importante pra quem, pra mim? E se as minhas importâncias forem inúteis, chatas, bobas para alguém? Entendo aqueles que dão uma selecionada, “limpada” como andam dizendo no meio. O que significa excluir pessoas que não trazem assuntos ou posts interessantes no seu conceito. Eu porém, não tenho esse critério, para exclusão. A minha limpa é feita sob um parâmetro, exatamente o terceiro ponto a ser questionado nesse texto a seguir. 

Por fim a privacidade: preocupação das pessoas que estão colocando o passo-a-passo nos seus murais para garanti-la. Todos os amigos que me pediram, eu, por uma questão de gentileza, atendi o pedido e segui a orientação. Mas fiz questão de aproveitar o espaço e lançar a reflexão sobre o assunto e reafirmar que jamais postaria nos seus murais, alguma coisa literalmente não publicável. Algo que o envergonharia ou constrangesse perante amigos meus, que no caso são escolhas minhas. E não solicitei o passo-a-passo para dar um voto de confiança de que ele como sendo uma minhas escolhas, passou pelo critério do qual ele está com medo. Sabe porquê?

Porque na verdade essa reflexão leva a outra boa e velha discussão, que nasceu muito, mas muito antes de qualquer realidade virtual. A diferenciação entre instância pública e instância privada. Não consigo imaginar que alguém que tenha uma boa postura no seu comportamento de convivência real, de respeitar o limite do outro, de ter a medida da inconveniência de assuntos e de provocações, discernimento entre o que se fala e comenta num ambiente público, tais como bares, rua, parlamentos, imprensa...e o que se comenta somente com pessoas de fórum íntimo, privado, vão perder essas características no FB. 

Concordo sim, que o FB às vezes é usado como diário, como local de ofensas pessoais, provocações passionais, mas porque quem o utiliza assim não sabe lidar com a relação público e privado na própria vida. Essas pessoas, possivelmente já deram vergonhinha alheia nos amigos, conhecidos ou desconhecidos, pagando micos nos bares, falando o que não deviam, ofendendo com palavras inapropriadas, brincadeiras de mal gosto, expondo as suas próprias relações públicas e privadas. Pessoas que já tentaram resolver suas decepções amorosas fazendo ou ameaçando fazer escândalos na porta da casa do outro,  envolvendo familiares em situações íntimas, no trabalho, enfim, tornando o espaço público um argumento de ameaça. A falta de saber usar os espaços relacionais reais levam ao  “delírio” de utilização do FB. 

Não estou aqui defendendo que continue essa falta de separação de instâncias no FB. E sinceramente, com tantas reclamações e conseqüências sérias dessa falta de inteligência para entender que o espaço virtual da redes de relacionamento é um lugar PÚBLICO, eu creio  que haverá uma evolução nesse sentido. Visão otimista, muitos dirão. Eu sei que é. E também sei que enquanto isso não acontece na velocidade que queremos,  teremos sim que  selecionar.  O que eu não concordo é que mais uma vez a ferramenta FB leve a culpa. Vamos passar a peneira no FB e também na vida. Os inconvenientes e desavisados do FB também são alvos da minha peneira na convivência real. Porque invasão de privacidade e descuido com ela é violência. E essa é inadmissível, seja na universo virtualizado ou na realidade das práticas vivenciais.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Facebook aproxima ou afasta as pessoas?

Vânia Vasconcelos
Publicitária, especialista em Marketing, consultora em Comunicação
Professora no curso de Comunicação Social Pitágoras - Divinópolis


Recentemente eu tinha achado um pouco estranho receber 200 mensagens de aniversário pelo FB (Facebook )e menos de 10% disso em telefonemas. Abraços e visitas pessoais, então, só mesmo de alguns amigos e familiares muito muito próximos. 

Mas receber a notícia do falecimento de uma amiga pelo mural de alguém foi muito mais chocante. E o restante das informações sobre o assunto vieram também via inbox, enquanto uma ligação (ou um SMS, no máximo), seria muito mais imediato, caloroso, humano. Várias mensagens de despedida foram postadas em sua página. Inclusive a minha. Sim, eu também escrevi um recado pra ela, num misto de negação e ilusão de que aquilo ali amenizaria meu desentendimento diante de tudo, já que um dia antes a gente havia se encontrado e feito planos tão próximos... Foi aí que comecei a refletir sobre o papel do FB... Sem dúvida, manifestações sinceras de carinho dos que ficam. Isso é inquestionável. Mas, em vez de compartilhar mensagens e fotos, cadê o abraço apertado para compartilhar a dor? Cadê alguém pra chorar com você? Cadê o conforto pessoal, o lado humano, o silêncio em companhia de alguém? O que questiono não é o desconforto da perda, mas o jeito de manifestá-lo.  A frieza em que o facebook vem transformando as relações. O quão cômodo é deixar recado em vez de olhar no olho e se expressar com a alma.

Tirando o peso deste acontecimento lamentável, as pessoas esperam que a gente fique 100% do tempo conectados ao FB (Facebook) e, se não estamos, somos meio induzidos a ficar porque informações importantes pra gente agora são repassadas por aqui. Até o pedido de socorro de um amigo que precisa sair do tédio no domingo é via inbox. Ou seja, se você vir a mensagem só no dia seguinte, corre lá pra conferir se o amigo sobreviveu à overdose de Rivotril, este sim, um recurso infalível para te afastar temporariamente da sua realidade insossa. 

O facebook nos contamina também de outras maneiras. Perdemos horas irrecuperáveis assistindo à vida alheia. Voyeurs de um cotidiano que te move sem direção. Descobrimos quem está sofrendo por amor através de citações literárias, quem está perdido por meio do excesso de posts, quem está sustentando um personagem contrário à vida real e quem está querendo dizer algo nas entrelinhas, mas não pode se revelar tanto diante de tamanha publicidade do FB. Repare que quando alguém ensaia assumir um estado de espírito mais deprimente o faz timidamente, com medo dos julgamentos. Mas, ao mesmo tempo, se alguém está te escondendo algo na vida real, fatalmente o Face vai denunciar. 

Aliás, julgar é o verbo mais praticado no FB (Facebook).  Se postamos fotos das nossas viagens, somos considerados “esnobes”. Se não respondemos uma marcação a tempo, somos displicentes. Se não postamos no mínimo diariamente, somos out. E se tentamos disseminar algum conhecimento um pouquinho mais cult, o fraco ibope medido pelo “curtir” te detona como uma buzina dos programas de calouros. Ficamos escravos da aprovação do outro e vamos nos adaptando até conseguir. Uma construção diária de amizades fake, de exposição sem colete à prova de balas e sem nenhum ganho real, porque quando você realmente precisa de alguém, certamente não vai encontrá-lo no facebook.

Tudo bem que o FB (Facebook) é a maneira mais moderna de se comunicar. Concordo e continuarei usando, pois de alguma forma é uma ferramenta útil. Minha reflexão é só para que ele não substitua os contatos pessoais, porque em certas horas a gente precisa de gente. Não quero causar polêmica, nem generalizar. Só expressar minha dificuldade de aceitar e acompanhar a decadência das relações humanas na era digital.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Comunicação, pós-modernidade e déficit de atenção

Bernardo Rodrigues 
Jornalista, especialista em Filosofia e Mestre em Teoria da Literatura.
Professor dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda
da Faculdade Pitágoras/Divinópolis



Talvez a maior questão para a comunicação hoje seja a seguinte: até que ponto podemos contar com a atenção dos nossos interlocutores? No meio de tanta informação, quando é que alguém vai parar para se concentrar numa coisa só? Existe esse momento num mundo em que informações pululam o tempo todo entre smartphones, iPads, tevês a cabo, jornais, outdoors?

Nós vivemos um momento em que, ao mesmo tempo em que buscamos mais e mais informações, dispomos de menos e menos tempo para elas. Queremos tudo prêt-à-porter, ou melhor, pronto para consumir, e tem de ser fast, bem rápido. Diferente do sanduíche do fast-food a informação fast-food é aquela de fácil digestão, que não nos exija muito tempo, nem muito pensamento. Vemos isso na impaciência diante da televisão na hora dos intervalos, diante do vídeo que demora demais para baixar, diante do livro (que coisa arcaica!) que nos toma horas até que se conclua a leitura – isso quando não lemos a orelha e nos damos por satisfeitos, ou preferimos esperar sair sua versão para o cinema.

Quase todo mundo hoje dedica um tempo do dia para dar suas “twittadas”, publicar um novo vídeo no Youtube, postar algumas fotos em sua página no Facebook, cancelar o antigo perfil no Orkut (porque Orkut é coisa de um passado muito distante)... Enfim, já se tornou até lugar-comum falar das possibilidades comunicativas na contemporaneidade, de como a tecnologia tem propiciado novas oportunidades de vocalização, meios para expressar opiniões etc. Mas uma pergunta que intriga é: quem liga?

Enquanto a cultura contemporânea é cada vez mais complexa, nossas interações simbólicas  caminham exatamente contra a complexidade. O complicado não nos interessa. Queremos soluções imediatas, antes mesmo de conhecermos os problemas. Queremos linguagem simples e, de preferência, conteúdos leves, banais. Nos interessa o sabor, mais do que o saber.

Não existe comunicação se não houver um movimento convergente entre quem fala e quem ouve; sem a atenção do ouvinte, o falante não se comunica, por mais que fale. Hoje, o desafio para nós, comunicadores, é saber como interagir com um público cada vez mais disperso. Como informar, convencer, explicar algo para quem não está muito “aí” para essas coisas? Que hora vamos poder contar com “um minuto de sua atenção” numa era em que um minuto é tempo demais para se atentar a uma única coisa?

O déficit de atenção parece ser o maior sintoma da pós-modernidade. Nesse furacão informacional, ainda precisamos descobrir a melhor maneira de nos comunicarmos. Fiquemos atentos!

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Qual curso vou fazer? Qual faculdade vou escolher?

Silvana Maria de Sousa
Professora dos cursos de Jornalismo e PP
Faculdade Pitágoras/Divinópoilis


Todo fim de ano, principalmente em novembro, assistimos na TV vários comerciais de Vestibular. Alguns de faculdades já conhecidas, outros de algumas que a gente nem sabia que existia.  Mas todos com o mesmo objetivo: passar informações básicas e dar um resumo sobre a estrutura da instituição. Porém, os comerciais acabam cumprindo apenas o primeiro papel que é massificar as datas das provas, o site e os cursos. 
Diante desse fato, na qualidade de professora de Gestão de Carreira da Faculdade Pitágoras, quero trazer hoje uma discussão sobre como escolher o curso, e o mais importante, escolher a faculdade que pode lhe oferecer o melhor.

A respeito do curso a ser feito, comungo da mesma opinião de que deve se escolher por afinidade. E como descobrir isso? Pesquisando quais as disciplinas fazem parte da grade curricular, quais as possibilidades de trabalho a área oferece e quais as funções do profissional formado nesse curso assume no mercado de trabalho.  E de posse desses dados tentar saber quais são suas habilidades (o que não é tão simples para um adolescente). Nesse quesito há vários profissionais capacitados com técnica para ajudar o candidato. São os famosos testes vocacionais. Muito válidos nesse momento.

Pois bem, feito isso é hora de saber quais as faculdades oferecem o curso escolhido, e dentre elas qual tem mais a oferecer na caminhada do ensino superior. Sem querer fechar questão sobre o amplo tema, ouso a indicar algumas variáveis que devem ser levadas em conta para obter respostas. 

Meu primeiro aconselhamento profissional como gestora de carreira é: se possível visite a faculdade previamente escolhida. Compare com outras.  Mas compare as que estão enquadradas nos mesmos parâmetros (preço similar, localização, sistema de pagamento).

Ao visitar, preste muita atenção na estrutura que o campus oferece. É um equívoco considerar a estrutura pouco importante. Sabemos, obviamente, que uma estrutura somente não produz conhecimento, mas facilita chegar nesse objetivo. Pensemos.

Hoje estamos vivendo uma era em que a internet faz parte da empregabilidade. Um campus com wireless (internet sem fio) promove uma interação de informações essenciais para a sociabilidade do contemporâneo, para a pesquisa, para a troca de saberes. E como uma aula pode ser bem melhor com recursos multimídia já instalados em sala de aula. Os discursos empoeirados dirão que o bom professor não precisa disso. Mas já pensou assistir especialistas falando sobre a matéria? Ver a informação nos sites de notícias e poder interagir com o mundo o que se está estudando ali naquele momento. O conteúdo do bom professor não advém da tecnologia, mas essa literal conexão faz parte do cenário atual do mundo.

Um aluno que estudará depois de um turno de trabalho, realidade cada vez mais comum, terá um melhor rendimento sim, com cadeiras mais confortáveis, com salas melhor ventiladas, e um campus mais agradável, com área verde bem cuidada. 

Uma faculdade que possibilita um lugar adequado para palestras motiva o aluno a assisti-las. Imagina no nosso verão, assistir palestra sem refrigeração, iluminação e acomodações dignas?
O conhecimento para ser apreendido precisa de conforto. Sejamos sinceros. 

Uma faculdade que não tem laboratórios próprios do que o curso precisa, com certeza, entregará uma formação sem qualidade. 

Uma faculdade que coloca poucos alunos, por meio de estágios, talvez não esteja preparando o aluno para a concorrência que ele enfrentará depois de formado.  

Uma faculdade que não tem o equilíbrio entre professores titulados e professores reconhecidos no mercado, também não está atualizada com a realidade. Por que titulação e experiência não são excludentes no aprendizado. 
Bom, resumindo. Antes de definir, pesquise e compare. Qual faculdade tem o melhor campus, tem a melhor estrutura, o melhor corpo docente, preparados para ensinar dentro da nova ordem da empregabilidade?

Ah, antes que alguns críticos falem que estou aproveitando o espaço para fazer propaganda da instituição em que eu trabalho, e apoiados nesse argumento fraco tentem desmerecer meus apontamentos de gestora de carreira, antecipo. Estou mesmo falando apoiada na minha experiência pessoal de ver o quanto esses diferenciais ajudam aos professores, principais peças nesse processo, a entregar um ensino melhor para o aluno. Perfeição? Não estou falando disso. Sempre, em qualquer situação, há o que aprimorar. Mas ter esse mínimo já é um grande começo. 
#Fica a dica.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Compreendendo o Marketing de Relacionamento – parte 01

Ricardo Nogueira
Jornalista, Mestre em Educação, Cultura e Organizações Sociais.
Professor nos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda.
Faculdade Pitágoras - Divinópolis - MG



Os estudos sobre o comportamento do mercado de consumidores têm evoluído nos últimos tempos. Apesar da preocupação com questões de produtividade e venda de produtos datar de tempos remotos, nota-se que a consolidação dos estudos nas áreas de Administração, Economia, Comércio e Comunicação, nos últimos 50 anos, trouxe novas formas de pensar a relação entre fornecedor e consumidor. Os primeiros estudos sobre marketing foram elaborados na primeira metade do século XX, com alguns autores analisando as formas de melhor atrair consumidores. No entanto, na época, as técnicas existentes eram pouco elaboradas e baseavam-se mais na intuição. O principal esforço era no sentido de vender a qualquer custo.

Somente após 1950, o uso do marketing como instrumento na gestão de organizações passou a ser um fato considerável, quando foram aprofundados os estudos nessa área. Graças a contribuições de autores como Peter Drucker (década de 1950), Theodore Levitt e Philip Kotler (década de 1960), o marketing passou a ser visto como ferramenta estratégica na administração e promoção de produtos e serviços, ao contrário do pensamento dominante anteriormente, segundo o qual o marketing seria um conjunto de táticas para ludibriar os clientes. 

Atualmente, percebe-se o surgimento de novidades em todos os setores da economia. A informação, antes disponível somente para as organizações, tornou-se popular, especialmente após o advento dos meios de comunicação de massa e a internet. A crescente industrialização fez com que a oferta de produtos e serviços aumentasse consideravelmente e, com ela, elevou-se o poder de escolha da população. Com o advento de novas tecnologias, a comunicação se expandiu e tornou-se ferramenta essencial para propagar serviços e produtos, criando desejos, expectativas e satisfazendo as necessidades nos consumidores.

A massificação encontra-se em decadência nos últimos anos; afinal, em meio a milhões de pessoas interconectadas pela internet ou pelos celulares, os perfis são únicos, as necessidades e os desejos são individuais: desde o perfume que se compra nos shoppings ao carro que se sonha ter. Autores das ciências humanas descrevem que, apesar das pessoas estarem incluídas em círculos sociais distintos como trabalho, escola e família, entre outros, as empresas não tinham um direcionamento para suas campanhas de marketing. 
Uma das soluções propostas para este problema é a segmentação, que envolve o conhecimento do comportamento do consumidor e análise estratégica. Os gestores precisam pensar em seu pacote de produtos e serviços e enfatizar a vantagem competitiva em atributos que serão valorizados por clientes no(s) segmento(s)-alvo. Portanto, em vez de tentar concorrer em todo o mercado, cada empresa precisa focalizar seus esforços nos clientes que ela pode atender melhor. Em termos de marketing, focalizar significa fornecer um mix de produtos relativamente estreito para determinado segmento de mercado. A capacidade de diferentes empresas para atender diferentes tipos de clientes varia muito. Por isso, em vez de tentar competir em todo o mercado, talvez contra concorrentes superiores, cada empresa deveria adotar uma estratégia de segmentação, identificando as partes do mercado que ela pode atender melhor.

Dentro deste princípio, chega-se a hipótese de que o marketing deve englobar a construção de um satisfatório relacionamento com os clientes a longo prazo do tipo “ganha-ganha” no qual indivíduos e grupos obtêm aquilo que desejam e necessitam. Foi assim que apareceram os primeiros estudos sobre o marketing de relacionamento com Berry (1983). Conceito aprofundado posteriormente por vários autores, o marketing de relacionamento é definido por Gordon (1998, p. 31) como um “processo contínuo de identificação e criação de novos valores com clientes individuais e o compartilhamento de seus benefícios durante uma vida toda de parceria”. Para atingir tais objetivos, é necessário compreender, concentrar e administrar uma contínua colaboração entre fornecedores e clientes selecionados para a criação e o compartilhamento de valores mútuos por meio de interdependência e alinhamento organizacional. 

Nota-se que as principais diferenças entre o marketing tradicional e o marketing de relacionamento estão em suas premissas básicas. Enquanto o objetivo do marketing tradicional, que se baseia na aplicação do marketing mix, é grande volume de clientes e carteiras numerosas – estratégia de impacto e altamente voltada para vendas a varejo –, o objetivo do marketing de relacionamento é criar e manter clientes. Para isso, baseia-se na antecipação dos desejos e trabalha a qualidade, a conquista, o encantamento de clientes e sua fidelização.

Na continuação deste artigo, na próxima semana, abordo como o marketing de relacionamento pode contribuir para a gestão das organizações a partir de seus benefícios básicos: a fidelização, seleção e indicação de clientes.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

De transmissão em transmissão....

Laura Aguiar
Professora do curso de Jornalismo da Faculdade Pitágoras – Divinópolis-MG



O assunto a ser tratado aqui não é uma novidade! Está na boca do povo: os direitos de exclusividade de transmissão de competições esportivas para emissoras de televisão e a nossa condição de refém. Trata-se de uma prática das emissoras de TV, porque se a moda pega para rádios, jornais e revistas, estaríamos perdidos e confinados a saber só o autorizado e devidamente pago nas negociações comerciais astronômicas.

Lá no Mexico ocorre uma das mais importantes competições das Américas e nas redes sociais, rodas de amigos, muito se tem comentado sobre o desempenho dos atletas brasileiros. Eles prometem bater recorde em número de medalhas. Por aqui em terras brasileiras, assistimos a versão TV Record da competição, e só. Ela tem os direitos de transmissão e para noticiar, falar do assunto, as outras emissoras de TV precisam dar o crédito das imagens e ainda ter autorização de uso das mesmas. Muita burocracia para emissoras como a Globo. A Vênus platinada prefere ignorar a disputa a abalar sua imagem de suprema e soberana ao pedir autorização para alguém. Alegam diferença da qualidade de imagens, dificuldade em atingir o lendário “padrão Globo de qualidade”. Será? Mas e o telespectador?   

Todos os princípios do Jornalismo são testados numa situação dessas. Mais uma vez reafirma-se: não se faz Jornalismo sem vínculos comerciais. E não estamos falando somente da empresa do Doutor Roberto. Todos os veículos de comunicação estão atrelados de alguma forma a interesses comerciais, uns expondo mais sua dependência nas escolhas das pautas, no teor dos conteúdos, no viés das coberturas jornalísticas, outros de alguma forma buscando a isenção, a prática da diversidade de opinião.

Nesse último aspecto, poucas são as iniciativas de exibição dos assuntos noticiáveis independente das relações comerciais. Recentemente, em uma edição do Jornal do SBT, em época do Rock in Rio (evento patrocinado, divulgado, transmitido pela Globo) houve uma reportagem sobre o programação musical que agitava a capital fluminense. Respeitaram-se os critérios de noticiabilidade, tema trabalhado exaustivamente nas salas de aula dos cursos de Jornalismo. Um fato com as características de um fato jornalístico como o teor de novidade, o interesse público, relevância, tamanho do evento não foi ignorado pela emissora “adversária”.  

Vejo como condenável a posição da Globo em omitir o Pan de Guadalajara. Como menciona Rogério Christofoletti, jornalista e professor da Universidade Federal de Santa Catarina, quando comenta o tema, a própria Globo fez estardalhaço ao divulgar os Princípios Editoriais um documento que apresenta a emissora como empresa que defende que “tudo aquilo que for de interesse público, tudo aquilo que for notícia, deve ser publicado, analisado, discutido”.

Ainda bem que nos restam outras opções para exercitarmos nosso direito de escolha. Porque é disso que estamos tratando. Podemos escolher entre rádio, jornais impressos, revistas e a internet.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Faculdade Pitágoras: novos desafios


Francisco Resende Costa Neto
Coordenador dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda
Faculdade Pitágoras – Divinópolis-MG


Recebi, com imensa honra e senso de responsabilidade, a nobre missão de, a partir do dia 1º de novembro, assumir a direção-geral da Faculdade Pitágoras de Divinópolis. Instituição de Ensino Superior com maior número de alunos em Divinópolis (atualmente são quase 3400 alunos), a Faculdade Pitágoras viveu momento de enorme crescimento e consolidação de sua força no desenvolvimento educacional nos últimos dois anos. Resultado do trabalho de grandes gestores que por aqui passaram neste período, especialmente o Prof. João Pongelupe que, em virtude deste excelente trabalho, assume um novo desafio profissional de conduzir as ações da Faculdade Pitágoras de Ipatinga. Desejo, do fundo do coração, todo sucesso pessoal e profissional para este excelente executivo e, acima de tudo, mais um grande amigo que nos foi apresentado.
   
Divinópolis é uma cidade que se destaca no cenário regional e nacional como um polo industrial e comercial. Um município de vanguarda, de povo hospitaleiro e progressista. Nesse cenário, a Faculdade Pitágoras, com a tradição de 45 anos de atuação na área educacional, implantou um projeto arrojado e empreendedor. Um centro de excelência no Ensino Superior, oferecendo uma proposta educacional moderna e inovadora, cursos com a qualidade da marca Pitágoras, professores altamente qualificados e uma infra-estrutura moderna e acessível. Tudo isso para que Divinópolis também seja identificada como um dos mais importantes polos de educação do interior de Minas Gerais. 

Desde a chegada da Faculdade Pitágoras em Divinópolis, em setembro de 2007, graduações em diversas áreas do conhecimento são ofertadas. Além disso, a estrutura interna foi completamente reformulada para contribuir com a qualificação do mercado de trabalho da cidade e região. Herdando a tradição de mais de 40 anos da antiga Fadom, os cursos oferecidos apresentam como um dos principais diferenciais a excelência da marca Pitágoras no que se refere à qualidade e à modernidade dos projetos acadêmicos, além de laboratórios de última geração e um corpo docente altamente qualificado, com experiência acadêmica e vivência prática no mercado de trabalho. Além dos cursos de graduação, a Faculdade Pitágoras oferece um grande leque de cursos de Pós-Graduação, com uma excelente infra-estrutura e um corpo docente de respeito, muitos deles mestres e doutores formados por conceituadas universidades de todo o país. Neste novo momento, nosso objetivo é contribuir cada vez mais com a formação continuada dos profissionais da nossa região, e a pós-graduação é uma ferramenta extremamente importante neste processo. Sob comando do respeitado e competente professor Antônio de Araújo Rodrigues, não temos dúvidas em relação a consolidação da importância dos cursos de Pós-Graduação para toda a região Centro-oeste.

Como um eterno incentivador do ensino e, por acreditar piamente na força da educação como motor do desenvolvimento social e econômico, inicio, a partir de 1º de novembro, uma gestão extremamente focada em resultados qualitativos. Nossas premissas preveem melhorias na estrutura acadêmica, oferecendo condições para o desenvolvimento do trabalho docente; aprimoramento tecnológico, oferecendo condições para que professores e alunos acessem as melhores práticas; e, acima de tudo, a gestão de relacionamentos internos e externos. Nesses 5 anos de Faculdade Pitágoras, a cada novo ano um novo desafio sempre nos foi colocado, com o objetivo de realmente testar nossa capacidade e nosso comprometimento com esta nobre instituição. Por viver intensamente esta realidade e estar sempre conduzindo estes desafios, jamais poderia recusar, talvez, o maior dos desafios apresentados até hoje: manter o atual momento de crescimento e consolidação de um modelo pedagógico consistente, melhorando ainda mais as condições de trabalho e ratificando a imagem de solidez, de liderança e de inovação contínua da Faculdade Pitágoras em nossa região.

Agradeço imensamente a todos pela acolhida extremamente calorosa que tive, tanto dos professores, funcionários e dos mais de 3400 alunos. E ratificar que, mais do que nunca, assumo este importante papel sabendo que conto com o comprometimento e engajamento de um grupo de coordenadores extremamente envolvidos com o trabalho; um corpo administrativo focado em resultados; e, principalmente, um corpo docente com o mais alto nível de envolvimento e competência comprovada. Agradeço muito a contribuição e os meses de aprendizado intenso que tive com o Prof. João Pongelupe que, com uma gestão compartilhada, proporcionou um grande crescimento interno e externo para a unidade durante sua rápida passagem. Acredito muito que, com esse time, dificilmente seremos batidos. O desafio está lançado!

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Vestibular, formação superior e FIES

Francisco Resende Costa Neto
Coordenador dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda
Faculdade Pitágoras – Divinópolis-MG



Já estão abertas as inscrições para o Vestibular 2012 da Faculdade Pitágoras/Divinópolis. Os interessados em um dos 18 cursos de graduação oferecidos pela Instituição devem se inscrever pela Internet, no site www.vestibularja.com.br, até o dia 28 de outubro. Para aqueles que quiserem se inscrever pelo telefone 0800 283 1010 ou pessoalmente, na Central de Informações da Faculdade Pitágoras, o prazo vai até 21h do dia 28. As provas serão realizadas no dia 30 de outubro, às 14h, no Campus Verde.

Mais do que escolher uma profissão e seguir uma formação superior que garantirá melhores oportunidades do mercado, é importante os candidatos a uma das vagas no Ensino Superior se informarem sobre as imensas facilidades de acesso ao Ensino Superior. Sair da faculdade com a preocupação de quitar uma dívida já impediu muita gente de buscar o seus sonhos profissionais. O Prouni revolucionou o acesso ao Ensino Superior para alunos com necessidades financeiras e que preenchem os pré-requisitos do programa. Entretanto, o Novo Fies é o programa de financiamento do Governo que realmente abriu as portas do Ensino Superior para milhares de pessoas que jamais imaginaram adentrar às portas de uma faculdade ou universidade.

O Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (FIES) é um programa do Ministério da Educação destinado a financiar a graduação na educação superior em instituições privadas. Podem recorrer ao financiamento os estudantes matriculados em curso superior com avaliação positiva nos processos conduzidos pelo Ministério da Educação. Desde 2010, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) é o novo Agente Operador do Programa e os juros caíram para 3,4% ao ano. Além disso, o financiamento pode ser solicitado em qualquer período do ano. O atual FIES tem algumas características interessantes, tais como: financia até 100% das mensalidades do curso selecionado; taxa de juros extremamente atraentes (3,4% ao ano); as parcelas do financiamento serão mensais e com valores fixos; a parcela máxima de apenas R$ 50,00 por trimestre no período de duração do curso e da carência; 18 meses de carência após o final do período de financiamento; período de pagamento de até 3 vezes a duração do curso mais 12 meses.

Oferecendo o Novo Fies e com uma metodologia moderna, possibilitando maior tempo de contato com os professores e com o conteúdo das disciplinas, além de grande aparato tecnológico e maior integração das atividades teóricas e práticas, que a Faculdade Pitágoras oferece para 18 cursos de graduação nas áreas da Saúde, Ciências Exatas e Tecnologia, Ciências Sociais Aplicadas e Jurídicas. Os ingressantes em um dos 18 cursos oferecidos pela Faculdade Pitágoras terão várias novidades em 2012. A direção da unidade prevê um investimento de mais de R$ 2 milhões em laboratórios e infra-estrutura já para o próximo semestre. Apostando em tecnologia e inovação como aliados do processo de ensino, a expectativa é de que 85% das salas estejam equipadas com todo aparato multimídia, incluindo projetores eletrônicos e equipamentos de som, oferecendo completa estrutura para os professores e alunos de todos os cursos.

Outras ações estão previstas para o próximo ano, como o fortalecimento da TV Pitágoras, do DAJ e da Agência Experimental de Publicidade e Propaganda – AGP3. Além do vestibular tradicional, outra opção de ingresso na Faculdade Pitágoras é a utilização dos resultados do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que desde 2009 servem de critério para a seleção de candidatos. Nesse modelo, o candidato poderá participar de ambas as modalidades de seleção – submetendo-se, simultaneamente, à prova e concorrendo pela nota do Enem, conforme critérios estabelecidos no edital do processo seletivo. Além disso, a Faculdade Pitágoras recebe, a partir de 1º de novembro, alunos que desejam iniciar processo de transferência para qualquer um dos 18 cursos oferecidos pela Instituição, além daqueles profissionais que já possuem um título superior e buscam qualificação através de obtenção de um novo título. As oportunidades estão aí!

terça-feira, 4 de outubro de 2011

O futebol como exemplo – lições do marketing esportivo

Ricardo Nogueira
Professor nos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda.
Faculdade Pitágoras - Divinópolis - MG


Apesar do momento conturbado que o futebol brasileiro passa, o esporte que movimenta a nação tupiniquim tem lições muito importantes para o ambiente empresarial. No entanto, mesmo com um cenário promissor nos próximos anos, o esporte brasileiro ainda carece de profissionais qualificados para lidar de forma séria e honesta com algo intangível, mas que, como todas as grandes marcas, vendem um patrimônio inestimável: a paixão. Não aquela paixão fugaz, que acende e se apaga com a mesma velocidade, mas uma paixão que dura toda a vida. É sobre isso que vamos falar hoje: como as os clubes/empresas podem (e devem) criar e usufruir de clientes/torcedores pela vida toda.
O Brasil está sendo visto com outros olhos pelo resto do mundo. A economia, de certa forma, estável, as riquezas naturais e o incremento do consumo pela celebrada classe C despertam nos investidores estrangeiros sentimentos otimistas. Além disso, não podemos desprezar o fato de que o país abrigará, em breve, dois dos maiores eventos esportivos mundiais: a Copa do Mundo de Futebol de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Com lados positivos e negativos, não podemos negar, tais celebrações são uma oportunidade de ouro para que o esporte se profissionalize, o que pode deixar um legado importante para as próximas gerações.
Além de equipar as cidades-sede com infraestrutura invejável na mobilidade e em centros esportivos de primeiro mundo, as competições internacionais configuram-se uma oportunidade ímpar para a profissionalização dos clubes e entidades esportivas no que diz respeito a gestão e marketing. Não faltam matérias comparativas entre as formas de administração dos clubes de futebol brasileiros e ingleses, italianos ou espanhóis, por exemplo, e em todas elas fica claro que o sucesso não se trata de uma questão de paixão dos torcedores (que, guardadas as proporções, é a mesma em todos estes países), mas sim da forma de gestão do futebol profissional.
O futebol brasileiro tem diversas características que o fazem destacar no cenário mundial: celeiro de craques, tradição em campeonatos internacionais e clubes com torcidas compostas por milhões de torcedores. Para se ter uma idéia, o número de torcedores de Flamengo e Corinthians é maior do que a população de vários países. O problema mora justamente aí: ao invés de utilizar isso para o bem, os clubes “ignoram” este fato de ter milhões de clientes/torcedores apaixonados, capaz de fazer loucuras em nome deste “amor”.
O objetivo de toda e qualquer empresa é ter o chamado cliente fiel, aquele que não tem dúvida sobre qual marca consumir sempre que precisar de um determinado produto ou serviço. Os clubes, por sua vez, têm estes clientes fiéis e não utilizam disso para benefício próprio. Um atleticano, por exemplo, salvas raríssimas exceções, vai ser atleticano (e, com isso, um potencial consumidor de produtos ligados ao Clube Atlético Mineiro) para o resto da vida. E uma forma como isso pode gerar receita é em relação a produtos licenciados. Enquanto os grandes clubes europeus faturam milhões de dólares e euros com a venda de produtos (de camisas a canecas, passando por adesivos e canais por assinatura, entre outros), os times brasileiros ainda engatinham neste sentido.
No entanto, a mudança na gestão dos clubes nacionais demanda profissionais qualificados e especializados para tratar da paixão nacional – mas gerir sem paixão, se é possível. É neste cenário que os administradores, comunicadores e profissionais de marketing podem se dar bem. Recente reportagem no “Estado de Minas” falava justamente sobre o fato do Estado não ter mão-de-obra especializada para a gestão de recursos, pessoas, comunicação e relacionamento com os públicos de interesse dos clubes. Portanto, a hora de se especializar é agora.
E para quem pensa que este papo é só teoria e que no Brasil é impossível fazer uma gestão profissional, indico pesquisar um pouco a respeito da administração do Sport Club Internacional de Porto Alegre (RS). A mudança na forma de gerir o clube rio-grandense vem trazendo conquistas significativas nos resultados financeiros e de marca do time, o que reflete positivamente dentro de campo. Afinal, o clube foi recentemente campeão dos dois principais torneios do mundo (Bi da Libertadores da América e Copa do Mundo de Clubes) e, com certeza, a forma de administrar a equipe favoreceu os resultados. Não cabe falar aqui de todas as estratégias de marketing do time – que vão de um projeto bem feito de sócio-torcedor a participações em torneios internacionais para projetar mundialmente a imagem do clube –, mas sim de mostrar como é possível ter resultados positivos graças a uma gestão profissional.
Assim como as empresas, as agremiações de futebol brasileiras devem ser geridas de forma competente e profissional. É pensar em uma troca: que os clubes aprendam a administrar como as empresas privadas, em busca de resultados certos, e que as organizações consigam clientes/torcedores tão fiéis e apaixonados como os times têm e passem a ver o esporte como um investimento com retorno certo para a consolidação de suas marcas. Só assim os brasileiros poderão usufruir, na prática, de todos os sonhos que envolvem a realização dos grandes eventos esportivos no país. Profissionalização. Esta é a palavra-chave para tudo acontecer.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Concepção de marca: um desafio contemporâneo

Francisco Resende Costa Neto
Coordenador dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda
Faculdade Pitágoras – Divinópolis-MG


 Um dos maiores desafios dos profissionais de marketing é desenvolver uma estratégia de marca que melhor atenda aos objetivos de sua empresa. Esse desafio envolve a sua escolha que pode se estender da adoção de uma marca única para cada produto à adoção de uma marca corporativa que cubra todas as ofertas da empresa, passando por possibilidades de sua combinação. O dilema que surge é o como administrar diferentes escolhas de nomes de marcas para abranger diferentes conceitos de produtos, dentro do composto de marketing adotado para atender aos mercados alvos escolhidos. São várias as estratégias disponíveis, todas elas subjetivas, cabendo ao gestor de marketing escolher aquela que melhor se adeque àquele produto, na devida situação de mercado.

A estratégia de marca envolve a escolha e a integração dos elementos que a comporão e que serão utilizadas para identificar e posicionar os produtos e serviços a serem ofertados pela empresa. A concepção dessa estratégia é fundamental porque funcionará como uma síntese dos elementos e do conteúdo que a empresa pretende repassar para estabelecer um vínculo com o consumidor. É através dela que o consumidor entenderá e manterá na memória as características e benefícios proporcionados pelo produto e estabelecerá as associações primárias e secundárias pretendidas pela marca. Os critérios que podem ser utilizados na seleção, distinção e estabelecimento de nomes de marcas têm sido tratados de forma bastante difusa por autores que abordam o tema.

Estruturalmente, a escolha do nome da marca deve ser conduzida de forma a definir os elementos que a comporão para abranger e permitir o desenvolvimento das dimensões funcional e estratégica. Em sua estrutura, a escolha da marca deve levar em conta suas características de identidade e posicionamento pretendidos, materializadas pela escolha de seu nome, do logotipo, uso, usuário, associações, slogans e cores. Contudo, as características precisam ser integradas com as demais dimensões e serem congruentes com características, atributos e benefícios valorizados por seus consumidores, aprofundando e ampliando seu significado. Essas características só terão significados se criar uma âncora entre marca e consumidor, de acordo com os aspectos que ele valoriza.

A dimensão funcional é essencial para o uso que se pretende para a marca. Refere-se ao que ela se propõe, à sua função ou utilidade. A marca precisa atender às expectativas de benefício do comprador, a fim de desenvolver e sustentar um relacionamento com ele. Já a dimensão estratégica corresponde ao impacto que se pretende no mercado decorrente das decisões anteriores, a partir de sua integração e unicidade. As marcas terão maior probabilidade de sucesso quando forem integradas e únicas em suas características particulares. Essa decisão depende do que se pretende para a marca e para seu nível de abrangência, além da dinâmica a que está sujeita.

A empresa pode, além de desenvolver suas marcas, fabricar para o varejista ou distribuidor, com a marca própria desses. Esse tipo de estratégia é chamada, entre outros nomes, de marca própria. A estratégia a ser adotada pelo distribuidor deve privilegiar a coerência com a sua imagem e o posicionamento pretendidos. A empresa pode ainda obter licenciamento para utilização de marcas de terceiros ou ceder sua marca para ser utilizada, como licenciada, para terceiros. Esse tipo de estratégia, bastante utilizada com marcas notórias, inclusive de celebridades.

Cada uma das estratégias abordadas possui suas vantagens e desvantagens. A empresa pode optar por uma identidade corporativa ou empresarial, enfatizar a identidade de cada um de seus produtos ou ainda adotar uma estratégia híbrida. Se optar por uma identidade corporativa, procurará criar uma imagem única correspondente à imagem pretendida. Se optar pela identidade de cada um de seus produtos, procurará dotar cada marca de vida própria estabelecendo pouco ou nenhum vínculo com a empresa. As opções são múltiplas e o mercado abre espaço para empreendedores criativos e arrojados.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

A nova realidade das eleições em tempos de mídias sociais

Leonardo Rodrigues
Professor dos cursos Jornalismo e Publicidade e Propaganda
Faculdade Pitágoras - Divinópolis - MG




Em 2010, o Brasil viveu sua primeira eleição digitalizada. Pela primeira vez, a legislação brasileira permitiu doações pela internet e o uso de sites, blogs e redes sociais, como Orkut, Facebook e Twitter, ao longo da campanha, mesmo no dia da votação. Mais de 32 milhões de eleitores brasileiros com acesso à internet foram bombardeados (ou poderiam ter sido) pelos marqueteiros dos principais partidos políticos do país, que observaram as redes sociais como peça-chave para conquistar votos naquele ano.

Estamos nos aproximando de mais um ano eleitoral, dessa vez com uma eleição municipal e muita coisa há de ser pensada para mais esse pleito. De 2010 pra cá, ou seja, de nossa última eleição até os dias atuais, por menor que tenha sido esse espaço temporal, muita coisa evoluiu. O acesso a internet continua crescendo entre a população, em especial as classes mais baixas, que por sua vez representam um número muito maior do que as ditas classes mais altas. E principalmente, as redes e mídias sociais aumentaram sua penetração entre a população, em sua maioria, através de dispositivos móveis, como os smartphones e tablets, que usa esse espaço para debater, comentar e o mais importante, formar opinião, baseado na experiência de outras pessoas com as quais ela se relaciona.

Só para amparar o que digo, lembro que o brasileiro gastava cerca de 50 horas e 26 minutos conectados em ambientes doméstico/residencial. Cerca de 79% dos internautas fazem parte das redes sociais e ficam cerca de 6 horas por mês conectados nesses ambientes. Isso em números levantados antes das eleições de 2010. Imagina agora? O candidato que deixar esse universo de lado estará jogando no lixo uma oportunidade ímpar de se relacionar com um tipo de eleitor que vale ouro, o formador de opinião. Sim! Formador de opinião porque ele se preocupa em debater, discutir, propor, repassar e o mais importante, de participante ativo ele acaba se tornando um cabo eleitoral digital em potencial.

Mas como atuar nesse universo digital? Não existe uma fórmula pronta. As estratégias digitais variam de caso a caso. Mas o certo é que não basta ter um web site atualizado constantemente durante a campanha eleitoral e achar que já “marcou território”. Isso é o básico, o arroz com feijão em uma campanha eleitoral online. Um web site é apenas uma espécie de cartão de visitas, onde os eleitores podem obter informações sobre os candidatos, seu plano de governo, agenda de compromissos, notícias, etc. As possibilidades vão muito mais além do que uma página passiva, que demanda muito mais de um desejo do eleitor de conhecer, do que um contato mais proativo.

Lembremos um texto que publiquei em março deste ano, falando sobre o perfil do novo consumidor e porque não, do novo eleitor. “Outro aspecto interessante que pode ser notado é que os consumidores, principalmente as novas gerações, usam essas ferramentas virtuais para se informar e buscar mais informações sobre determinado produto ou serviço. Mas essa busca não é feita através de um site institucional, mas sim diretamente com outros consumidores, que usam as redes sociais como ponto de troca de informações, conceitos, pontos de vista e experiências. No mundo virtual, a “lábia” do bom vendedor não tem espaço, pois o podl.er de uma simples “twittada” negativa sobre um produto, por exemplo, tem um efeito devastador no processo de decisão de compra”.

E é nesse sentido que ressalto que os profissionais de comunicação e marketing precisam começar a desenvolver agora, a presença digital. Mais do que essa presença, é igualmente importante monitorar o que é falado sobre ele e estar pronto para agir nesse universo digital.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Arquitetura de marcas – parte 2

Francisco Resende Costa Neto
Coordenador dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda
Faculdade Pitágoras – Divinópolis-MG
 

Continuando o assunto “Arquitetura de Marcas”, iniciado na coluna da semana passada, abordarei a estratégia de adoção de marcas por parte das empresas. Qualquer organização pode, além de desenvolver suas marcas, fabricar para o varejista ou distribuidor, com a marca própria desses. Esse tipo de estratégia é chamado, entre outros nomes, de marca própria. A estratégia a ser adotada pelo distribuidor deve privilegiar a coerência com a sua imagem e o posicionamento pretendidos. A empresa pode ainda obter licenciamento para utilização de marcas de terceiros ou ceder sua marca para ser utilizada, como licenciada, para terceiros. Esse tipo de estratégia, bastante utilizada com marcas notórias, inclusive de elebridades como a Xuxa e Eliana.

Cada uma das estratégias abordadas possui suas vantagens e desvantagens. A empresa pode optar por uma identidade corporativa ou empresarial, enfatizar a identidade de cada um de seus produtos ou ainda adotar uma estratégia híbrida. Se optar por uma identidade corporativa, procurará criar uma imagem única correspondente à imagem pretendida. Se optar pela identidade de cada um de seus produtos, procurará dotar cada marca de vida própria estabelecendo pouco ou nenhum vínculo com a empresa. Se optar poor uma estratégia híbrida procurará combinar essas possibilidades.

A definição para a escolha dessas possibilidades está vinculada às associações primárias e secundárias pretendidas pela marca. Quanto mais a empresa pretende que as associações entre seus produtos se vinculem mais estreitamente com o seu nome, mais será sua propensão em adotar marcas guardas chuvas e buscar uma identidade, conforme descrita acima. Contudo, uma simples lista de prós e contras não é suficiente para uma empresa decidir qual escolher. Na realidade, a empresa pode adotá-las de forma isolada ou híbrida. Depende do setor que a empresa atua, do grau de concentração, do tamanho e valor do seu mercado. Internamente, a empresa deverá considerar o seu porte, a estratégia adotada, o posicionamento da marca e  a sua estrutura interna.

Smepre sugem algumas perguntas quando o tema é definição de marca. Em uma sociedade fundamentada em imagens, a escolha de cores é fundamental para arquitetura de uma marca? A cor é um poderoso componente em qualquer projeto de design, seja para a web, ou fora dela. A cor afeta o estado de espírito e as emoções. Ela evoca associações com as noções de tempo e espaço. No design, ela também é um fator importante na definição do "meio ambiente". Poucos podem ser um Picasso ou um Van Gogh, mas não precisamos ser artistas para entender a importância das cores.

Foi preciso uma revolução social e outra na arte para que os artistas começassem a conhecer realmente a fundo as cores. Pontinhos de cores primárias postos lado a lado produzindo cores secundárias. A preocupação em captar um instante dá lugar ao interesse pela fixação das cenas obtidas pela subdivisão das cores. Daí o estudo das cores e de sua psicologia tomar um sentido próprio e científico, a base destes estudos iniciados por estes e outros artistas influenciaram publicitários e designers, na produção de peças renomadas, como o logo da Coca Cola e das Olimpíadas, determinaram a fixação de uma imagem ou ainda, transmitiram sensações de consumo, seduzindo seu público, utilizando o conceito de cor.

As cores teriam efeitos também na arquitetura de marcas para a Internet? Na própria Internet há bons e maus exemplos de combinações de cores. Existem sites nos quais mal se consegue enxergar a letra. Outros desperdiçam esta ferramenta, sem muita criatividade. A combinação correta das cores depende muito do bom senso, da habilidade do designer e da sensação a ser transmitida, que pode, com uma combinação menos usual, conseguir bons resultados. A arte não tem limites, mas o bom senso tem. Em um site bem planejado, há uma consistência no design que cria uma sensação de "lugar" único e reconhecível, identificando e criando uma afinidade com o internauta. Use cores que criem delimitações visuais no site para determinar o fluxo de leitura das informações e a identificação visual. Da mesma forma que uma empresa ocupa um local específico no mundo "real", um site da web deve ser considerado um local específico no mundo "virtual". Hospitais, bancos e escritórios de profissionais liberais geralmente escolhem para sua decoração cores neutras e calmas que inspiram confiança, por serem apropriadas a estes locais. Escolas para crianças, geralmente, são multicoloridas e abusam das cores luminosas e alegres. Os tons de sépia evocam memórias do passado.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Educação, imoralidade e a mídia

Francisco Resende Costa Neto
Coordenador dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda
Faculdade Pitágoras – Divinópolis-MG


Todos sabem falar quando questionados sobre o que é ser imoral. Em poucas palavras, imoral é aquele que não tem moral, ética. Tem o conhecimento, mas por diversos motivos, não aplica os conceitos. Imoral é tudo aquilo que contraria os bons costumes e regras de conduta propostos por uma determinada doutrina ou inerente a uma determinada condição. Quando há falta de pudor, quando algo induz ao pecado, à indecência, há falta de moral, ou seja, há imoralidade. Em Brasília, por exemplo, estes termos são tão comuns quanto o “uai” em Minas Geras ou o “tchê” gaúcho. No Congresso, no Senado e em outras esferas do poder, falar em moralidade é motivo, inclusive, de chacota. Inverteram-se alguns valores.

Acompanhando, pelo Twitter, alguns pensamentos do senador Cristovam Buarque, com quem comungo muito de minha forma de pensar a tríplice relação entre política, mídia e educação, fiquei bons momentos pensando sobre mais umas de suas belas e pontuais reflexões: “Limitamos preocupação moral à corrupção no comportamento, não olhamos a imoralidade política de se manter o analfabetismo (…) No futuro, nos verão como imorais ao gastarmos com 3 estádios para a Copa, o necessário para erradicar o analfabetismo. (…) Desigualdade educacional nos séc XX-XXI corresponde à escravidão nos séculos XVI-XIX.É imoralidade na política”.

Mensalão é imoral. Dinheiro escondido na cueca nem se fala. Aceitar propina de empreiteira para serviços públicos é quase uma indecência. Desviar dinheiro da saúde e da educação coletiva para o bel lazer individual deveria ser crime inafiançável, de tão imoral. Entra governo, sai governo, e a nossa esperança em um país mais educado rejuvenesce a cada pacote de promessas políticas que nos é vendido. Há 20 anos, saúde e educação tem sido prioridade de todos os planos de governo. E a realidade, em âmbito global (apesar de algumas boas iniciativas locais), é uma população cada vez mais dependente de um sistema de saúde famigerado, uma previdência pública praticamente falida e uma formação educacional que, mesmo atingindo mais pessoas nos últimos anos, peca pela extrema falta de qualidade e carência de estrutura. Mas qual seria a ligação entre analfabetismo, corrupção e a mídia?

É latente que a melhor e mais eficiente forma de controle político e ideológico se dá através da manutenção do analfabetismo. Existe um senso comum na política de que é necessário justificar o controle sobre as pessoas, na busca pelo voto, através do assistencialismo. Oferece-se o peixe pronto, mas nunca se ensina a arte de pescar. Por isso o analfabetismo e a pobreza tendem a ser problemas crônicos, sem soluções de curto prazo. Quanto menos formada e informada é a população, maior é a capacidade de perpetuação da falta de contestação. Prato cheio para qualquer sistema político, inclusive a “pseudodemocracia” instaurada no Brasil há 30 anos. Uma breve reflexão: vivemos hoje em uma democracia de quê? Uns tem saúde, outros não. Alguns tem acesso a educação superior, a maioria não. Favelas paupérrimas, controladas pelo tráfico de drogas e pela violência, “mancham” a paisagem dos bairros de classe média/alta das grandes cidades. Lazer e entretenimento, presentes na constituição como direito de todos, são considerados regalias. É possível enxergar democracia e desigualdade social convivendo juntos?  Uma massa alienada, sem direito à educação, é o cenário perfeito para ações imorais como a corrupção.  

É neste sentido que a mídia, não só através da imprensa, mas também de revistas, novelas e seriados, possui um papel estratégico para a educação. É um longo debate, que já vem de décadas, que discute se os grandes grupos de mídia, enquanto pertencentes à esfera privada e com fins lucrativos, possui realmente a obrigação de educar. Não é questão de obrigação, mas sim de levar aos lares brasileiros, sobretudo através da TV (mídia que atinge mais de 95% dos lares brasileiros), mensagens que, de alguma forma contribuam para a boa formação cidadã. E que, mesmo assim, vendam e garantam o lucro! Ao mesmo tempo em que refletia para escrever esta coluna, via minha família inteira em silêncio, em frente à TV, vendo uma novela em que uma senhora de mais de 80 anos traía o marido com o mordomo. Coincidência? Na cena seguinte, duas prostitutas brigando a tapas, chutes e puxões de cabelo, deixando para os telespectadores um grande ensinamento, em alto e bom som: “Até para ser vagabunda é preciso ter talento”. Chego à conclusão de que todo o raciocínio desenvolvido neste texto tinha, de fato, pouco sentido prático. Apenas mais uma teoria...    

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

A arquitetura de marcas – parte 1

Francisco Resende
Coordenador dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda
Faculdade Pitágoras/Divinópolis



Um dos maiores desafios dos profissionais de marketing é desenvolver uma estratégia de marca que melhor atenda aos objetivos de sua empresa. Esse desafio envolve a sua escolha que pode se estender da adoção de uma marca única para cada produto à adoção de uma marca corporativa que cubra toda as ofertas da empresa, passando por possibilidades de sua combinação. O dilema que surge é o como administrar diferentes escolhas de nomes de marcas para abranger diferentes conceitos de produtos, dentro do composto de marketing adotado para atender aos mercados alvos escolhidos. São várias as estratégias disponíveis, todas elas subjetivas, cabendo ao gestor de marketing escolher aquela que melhor se adeque àquele produto, na devida situação de mercado.

A estratégia de marca envolve a escolha e a integração dos elementos que a comporão e que serão utilizadas para identificar e posicionar os produtos e serviços a serem ofertados pela empresa. A concepção dessa estratégia é fundamental porque funcionará como uma síntese dos elementos e do conteúdo que a empresa pretende repassar para estabelecer um vínculo com o consumidor. É através dela que o consumidor entenderá e manterá na memória as características e benefícios proporcionados pelo produto e estabelecerá as associações primárias e secundárias pretendidas pela marca. Os critérios que podem ser utilizados na seleção, distinção e estabelecimento de nomes de marcas têm sido tratados de forma bastante difusa por autores que abordam o tema.

Estruturalmente, a escolha do nome da marca deve ser conduzida de forma a definir os elementos que a comporão para abranger e permitir o desenvolvimento das dimensões funcional e estratégica. Em sua estrutura, a escolha da marca deve levar em conta suas características de identidade e posicionamento pretendidos, materializadas pela escolha de seu nome, do logotipo, uso, usuário, associações, slogans e cores. Contudo, as características precisam ser integradas com as demais dimensõese e serem congruentes com características, atributos e benefícios valorizados por seus consumidores, aprofundando e ampliando seu significado. Essas características só terão significados se criar uma âncora entre marca e consumidor, de acordo com os aspectos que ele valoriza.

A dimensão funcional é essencial para o uso que se pretende para a marca. Refere-se ao que ela se propõe, à sua função ou utilidade. A marca precisa atender às expectativas de benefício do comprador, a fim de desenvolver e sustentar um relacionamento com ele. Já a dimensão estratégica corresponde ao impacto que se pretende no mercado decorrente das decisões anteriores, a partir de sua integração e unicidade. As marcas terão maior probabilidade de sucesso quando forem integradas e únicas em suas características particulares. Essa decisão depende do que se pretende para a marca e para seu nível de abrangência, além da dinâmica a que está sujeita.

A empresa dispõe, em alguns casos, da possibilidade de colocar ou não um nome de marca em seus produtos. Para algumas situações a marca não é ainda adotada conforme ocorre nas ofertas de alguns bens de consumo. A não adoção de marcas era uma prática bastante usual no passado principalmente para bens de consumo alimentício, onde a venda “a granel” predominava. A não adoção de marca está caindo gradualmente no desuso. Esse tipo de estratégia, como as demais, requer a presença de algumas condições específicas relacionadas ao seu fabricante e ao consumidor. Contudo atualmente é difícil identificar um produto sem marca: os remédios genéricos carregam marca de seus laboratórios; commodities são identificados por sua origem, produtor ou abatedouro, como acontece com vegetais e carnes e quando exportados, por seu países.

A segunda opção é atribuir marca aos produtos. Através dessa estratégia a empresa identifica suas ofertas, procurando distingui-las de seus concorrentes.  Geralmente a decisão de adoção de marcas reflete em uma série de aspectos da empresa. Sua intenção estratégica, seu posicionamento competitivo e sua estrutura. A empresa, conforme seja sua posição na cadeia produtiva também necessita considerar suas opções estratégicas. Essa tem diante de si as seguintes possibilidades de adoção de marcas: desenvolver suas próprias marcas, se fabricante ou se distribuidor (atacado ou varejo). No primeiro caso estão as chamadas marcas do fabricante e, no segundo, marcas próprias, privadas ou do distribuidor. Ambos, fabricantes e distribuidores podem, ainda obtê-las ou cedê-las por licenciamentos. Na semana que vem falarei mais sobre cada uma destas estratégias.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

O PT e o controle da mídia

Francisco Resende
Coordenador dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda
Faculdade Pitágoras/Divinópolis


É interessante perceber como o PT, partido que comanda o Brasil há 10 anos, é revolucionário e inovador em diversos aspectos e, ao mesmo tempo, remete aos homens das cavernas em outros. Com uma postura social que enfrenta críticas em todo o mundo, mas que, de fato, mudou a cara e a realidade do País nos últimos anos, o PT apresentou, recentemente, no 4º Congresso Extraordinário do partido, uma proposta de “controle social da mídia”. Para aqueles que entendem um pouco como funciona um belo jogo de palavras, em termos mais populares, esta proposta pode ser resumida em apenas uma palavra: censura. A principal ferramenta de controle que perpetuou no Brasil durante os anos de chumbo da ditadura militar.

Mas parece que o bom senso tende a prevalecer em relação a esta proposta de retrocesso histórico e antidemocrática feita pelo PT. A presidente Dilma Rousseff, segundo suas palavras, quer distância de quaisquer propostas que tratem sobre a regulamentação da mídia. De acordo com informações veiculadas pelo jornal Estado de São Paulo, nos bastidores do Palácio do Planalto, a presidente, além de repudiar por princípio, teme que esta proposta mine o apoio conquistado na classe média. A verdade é que quaisquer medidas neste sentido representariam também uma perda de força do Governo com os grandes canais de mídia, o que poderia diminuir, consideravelmente, seus índices de aprovação popular.

Tanto é que o discurso contrário a esta proposta representou um apelo extremamente positivo à imagem da presidente, que hoje divide os holofotes da política nacional com diversas denúncias de corrupção dentro de seus ministérios, além de megaprojetos como o Minha Casa, Minha Vida e os preparativos para a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Segundo assessores do Palácio do Planalto, a “posição de Dilma sobre os meios de comunicação é a mesma que ela sempre manifestou, seja durante a campanha, seja depois de eleita”. Ou seja, mesmo com uma proposta retrógrada apresentada pelo seu próprio partido, a equipe política da presidenta ainda consegue capitalizar uma boa imagem para a presidente. Resta saber se é apenas discurso político ou a sintetização de uma postura mais consistente.

Interessante perceber que o PT nunca teve uma posição definida sobre o tema. Durante o governo Lula, esta proposta sempre teve o apoio do partido e o controle da mídia sempre era pauta, com o presidente se esquivando de se posicionar. Lula defendia a liberdade de imprensa e ainda credenciava toda a sua história e trajetória política à liberdade que a imprensa conquistou no Brasil nos últimos 30 anos. Entretanto, em 2004, o então presidente propôs ao Congresso um projeto de criação do Conselho Federal de Jornalismo (CFJ), com poderes para controlar a mídia. Dizia a proposta que o Conselho teria poderes para "orientar, disciplinar e fiscalizar" o exercício da profissão e a atividade de jornalismo, e até mesmo para punir jornalistas.

A utilização dos meios de comunicação para a formação da opinião pública não é uma prática recente. Pelo contrário, desde a institucionalização da imprensa moderna no século XVII, os seus proprietários perceberam que esta poderia ter um importante papel social como formadora de opinião pública. Ao longo da segunda metade do século XX, houve um aumento do número de países que adotaram o regime de democracia formal. Este fato veio ratificar a importância do papel da mídia e da indústria de entretenimento como instrumentos de formação de opinião pública e de controle social. Ao contrário do que ocorre em regimes autoritários, onde a classe dominante exerce o controle social através da força, em regimes de democracia formal, este controle é exercido de forma sutil. Hoje, mais que nunca, a mídia possui um vigoroso impacto sobre o grande público. Resta saber se o PT e o Governo saberão utilizar este controle – que já existe – com a mesma sabedoria conduzida pelo ex-presidente Lula.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Se for fonte, forneça melhor!

Laura Aguiar
Professora do curso de Jornalismo da Faculdade Pitágoras – Divinópolis-MG
 
 
A profissionalização de qualquer profissão, tema tão atual e corrente, é um dos critérios determinantes da crescente industrialização de nosso país. É uma necessidade tanto dos grandes quanto dos pequenos mercados, sendo premente no universo da comunicação social. Diante da exigência da formação específica, e sempre atualizada, constitui-se como item de sobrevivência. Entretanto, identifico um contraponto: mesmo com tantos jornalistas buscando o aprimoramento profissional, identifica-se constantemente um despreparo da outra ponta do processo de fazer jornalístico: as fontes de informação.

A educação superior de jornalismo avançou para as cidades do interior e provocou uma mudança do perfil dos trabalhadores em jornalismo. Repórteres, editores e outros ocupantes de cargos em veículos de comunicação, além de assessores de empresas públicas e privadas, atuam respeitando de forma crescente, referendando-se pelos ensinamentos acadêmicos enumerados por pesquisadores competentes, e também por padrões consagrados pelo uso, experimentados na rotina de profissionais gabaritados.

Todo preparo esbarra muitas vezes no despreparo das fontes noticiosas. A saber: fonte jornalística de informação são pessoas falando por si ou coletivamente, possuidoras de informação, dados que, tratados por jornalistas, têm interesse público. Essenciais no dia a dia das redações, a boa relação entre fontes e jornalistas favorece um resultado que beneficiará, em última instância, o consumidor de informação.

É comum ouvir histórias de como muitas fontes desconhecem os direitos e deveres, chegando ao absurdo de verbalizar a proibição do repórter de publicar este ou aquele assunto. Aliás, a censura não existe mais nesse país de forma oficial, apesar das tentativas insanas de muitos de fazê-la de forma velada. Há, e principalmente em mercados mais singelos, fontes de informação que ao serem indagadas em uma entrevista corriqueira falam demais e a mais. Falar demais e exagerar nas repostas, prolongando assuntos não merecedores de duas frases de repostas, e falando a mais ao tratar de temas além do tema da entrevista.

De maneira geral, os excessos, muitas vezes, geram reportagens interessantes, mas na mesma medida matérias jornalísticas polêmicas. E mais: existem os técnicos pecadores por hipercorreção, expressando-se de forma complicada além do correto, dificultando o entendimento do assunto para o repórter e, dessa forma, comprometendo a informação que chega para o público.

A falta de conhecimento de comunicação ataca também os informantes para televisão. Nesse veículo relativamente novo para os mercados do interior, as histórias curiosas se repetem. É comum a confusão sobre material gravado e ao vivo, desentendimento do tempo real de fala para o tempo da mesma entrevista dentro de uma matéria telejornalística, a falta de orientação sobre o vestiário, e o comportamento diante das câmeras, como tentar segurar o microfone, ou fazer longos cumprimentos aos telespectadores. A lista é grande!

A inferência é clara: enquanto de um lado há corrida preparatória para enfrentar a concorrência de mercado, do outro deveria haver também a iniciativa de aprimoramento. Existem cursos específicos para isso, conhecidos como mídia training ou treinamento de mídia, aulas direcionadas para fornecedores de informações de diversos níveis. Deveria ser uma prerrogativa para empresários, profissionais liberais, políticos atuantes em qualquer mercado.

Os resultados seriam positivos para todos. Para quem atua como fonte de informação, o saldo será uma comunicação eficiente, a imagem preservada, a geração de mídia espontânea, por exemplo. O público será recompensado com dados claros, informações precisas. E os jornalistas, bem, os jornalistas, no mínimo, agradecem.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Observatório de Mídia nas escolas

Francisco Resende
Coordenador dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda
Faculdade Pitágoras/Divinópolis
 
 
Foi com o objetivo de inserir os estudos e os debates que envolvem a Comunicação Social nas diversas camadas sociais, econômicas e culturais que vários profissionais e professores dos cursos de Jornalismo e de Publicidade & Propaganda da Faculdade Pitágoras de Divinópolis criaram, em maio de 2010, o Observatório de Mídia. Um núcleo de estudos e análises que tem como missão promover e desenvolver, numa perspectiva multidisciplinar, os estudos sobre as mídias em geral, favorecendo a interação do Jornalismo, da Publicidade e da Propaganda com o mercado de trabalho e com as relações sociais como um todo. O núcleo completa 15 meses de trabalho com excelentes resultados e um novo e ambicioso projeto sendo alinhado.

O Observatório de Mídia nasceu pela carência de estudos e trabalhos desenvolvidos na região Centro-oeste sobre o assunto. A origem da formação deste grupo de trabalho se deve à necessidade de se fomentar o intenso debate e disseminação de produções intelectuais, em várias esferas sociais, em relação ao caráter cultural e simbólico da mídia e, obviamente, de suas principais ferramentas (jornais, rádio, televisão, peças publicitárias, cinema, teatro, literatura, edição, criação e Internet) e sua influência no cotidiano da sociedade moderna.

A dedicação e o envolvimento dos professores já se reverteram em excelentes resultados em quase um ano de trabalho. Parceria acadêmica firmada com uma das maiores emissoras de rádio da cidade (rádio Divinópolis AM) deu origem ao Observatório de Mídia no rádio, um programa semanal de 30 minutos, exibido todas as quartas-feiras, às 8h15 da manhã. Além disso, parcerias firmadas com vários jornais da região já renderam mais de 150 artigos técnicos publicados pelos professores de Jornalismo e Publicidade, gerando conteúdo e democratizando as discussões sobre os papéis desenvolvidos pela Comunicação Social em toda a região. A parceria mais bem sucedida do núcleo é com o jornal Gazeta do Oeste, com mais de 70 artigos publicados todas as terças-feiras.

Os resultados desta importante iniciativa acadêmica podem ser acompanhados de várias formas. Todos os artigos produzidos pelos professores estão disponíveis na web, no Blog do Observatório de Mídia (www.observatoriodemidia.blogspot.com), que é atualizado diariamente e já conta com um bom número de seguidores. Além disso, a inserção em comunidades sociais virtuais é uma das premissas do núcleo, extremamente engajado neste processo de convergência de mídias. O perfil do Observatório de Mídia no Twitter pode ser acessado e seguido através do www.twitter.com/obsmidia. Agora, a intenção é disseminar essas discussões nas escolas do Ensino Médio.

O projeto pretende levar às escolas de Divinópolis e região palestras e debates sobre a influência da mídia em eventos relevantes no Brasil e no mundo. Observando-se os tópicos que fazem parte do programa da disciplina de História no Ensino Médio e Fundamental, serão preparados estudos sobre o modo como o jornalismo e a propaganda aparecem em cada acontecimento de maior destaque na história da civilização. O objetivo do projeto é esclarecer e fomentar o debate sobre a influência da mídia em nossa sociedade, a partir da evidência do poder de mobilização e transformação que têm o Jornalismo e a Propaganda, especialmente agora com a Internet e a convergência de mídias. Por outro lado, a ideia e levar aos alunos um debate que terá sua atenção por tratar de temas que serão cobrados em provas e no vestibular, além de serem assuntos instigantes e que, por si, já despertam o interesse dos estudantes. Uma forma interessante de promoção da inclusão e do conhecimento através de debates envolvendo conteúdos essenciais para sua formação como profissionais e cidadãos.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Os desafios do profissional de RH na era da tecnologia

Francisco Resende
Coordenador dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda
Faculdade Pitágoras/Divinópolis
 

É interessante e desafiador verificar como os papéis atribuídos ao profissional de Recursos Humanos (RH) ganharam dimensões cada vez mais estratégicas nos últimos anos. Estar cada vez mais informado e interagido com as técnicas e tendências da área e fundamental, este profissional se tornou uma engrenagem fundamental para o bom funcionamento de vários setores de uma organização, exercendo ele diversos papéis.

Em um cenário globalizado e sempre em mutação, traçar essas novas atribuições do RH através de uma metodologia “do... para” é muito vago e impreciso. Assim, ao alocar novas funções e desempenhar novos papéis, o profissional de RH não deixa de executar e elaborar planejamentos que antes os fazia. Este é um grande erro apontado por estudiosos que insistem em mudar as atribuições do gestor de RH na era moderna, ao invés de agregar novos desafios. Novas funções se juntam às tradicionais, fazendo com que a busca pelo aperfeiçoamento constante se torne uma premissa fundamental ao profissional que deseja seguir carreira.

Para mostrar esses novos papéis, o autor David Ulrich, na obra Os Campeões de Recursos Humanos (1998), criou um modelo quadrante, no qual procura mostrar essa gama de atribuições em dois campos: no eixo das coordenadas, as atividades nos campos de processos e pessoal. Já no eixo das abscissas, o foco no futuro estratégico ou no cotidiano/operacional. Na verdade, este modelo se torna interessante para tentar traçar um perfil do profissional de RH, deixando claro que “os profissionais de RH precisam aprender a ser, ao mesmo tempo, estratégicos e operacionais”. Esta afirmação, aparentemente lógica, conquista um sentido desafiador em função de um termo de ligação que, em princípio, passa desapercebido: “ao mesmo tempo”. Essa atribuição concomitante de foco de atuação faz com que o profissional de RH procure, a todo instante, aplicar conhecimentos e experiências práticas e de planejamento em todas as suas ações. E de forma integrada e coesa.

Analisando este ponto, Ultrich analisa a importância de uma atuação eficiente do profissional de RH em várias etapas do processo administrativo. Os exemplos citados pelo autor refletem essa importância em termos práticos. Um caso interessante a ser comentado é a estratégia implementada pela rede de Hotéis Marriott, em Hong Kong. Consciente da proposta e dos objetivos traçados pela organização, a diretoria de RH propôs um modelo diferente de carga horária de trabalho, com o objetivo de conquistar os melhores e mais gabaritados profissionais dos concorrentes: criou uma escala de trabalho na qual os funcionários trabalhariam apenas 5 dias por semana, com a mesma remuneração de quem trabalhava, na época, seis dias por semana. O resultado, em termos de RH, foi a superação de todas as expectativas. Porém, a implementação desta política planejada de RH só foi possível em função de um diagnóstico criterioso, seguido por um planejamento estratégico integrado por várias áreas da organização.

Ultrich analisa, de forma plena, outras funções do RH, como processos eficientes de contratações, treinamentos, avaliação, premiações, promoções e gerenciamento de fluxo de funcionários nas organizações. Essa análise nos faz refletir sobre a formação ideal de um profissional de RH, uma vez que ele tem que dominar fundamentos essenciais de: Administração, Psicologia, Comunicação e até de Direito. Essa formação exige uma disposição do profissional quanto à atualização constante e aprimoramento de seus conhecimentos e habilidades, uma vez que o mercado exige cada vez mais de sua atuação. A medida em que os problemas surgem e os desafios aflorem, mais é exigido do profissional de RH. Interessante perceber que, em várias oportunidades, a solução desses problemas não se encontra em livros, apostilas ou teses de doutorado. As respostas de alguns dos grandes obstáculos que aparecem no trabalho de RH estão na vivência e, mais ainda, na experiência adquirida pelo profissional em conflitos anteriores, fontes riquíssimas de aprendizado para os profissionais de Recursos Humanos.

É importante ressaltar que o Modelo de Múltiplos Papéis apresentado por Ultrich é mais uma contribuição aos estudos referentes ao profissional de RH. Assim como outros modelos, não pode ser considerado uma verdade absoluta, um manual ou uma receita pronta. Entretanto, no atual cenário de mutações no trabalho de RH, se torna uma valiosa ferramenta para diagnosticar o trabalho exercido pelo profissional atual da função nas organizações, bem como avaliar e implementar modelos de gestão de RH em pequenas, médias e grandes organizações, independentemente de seu ramo de atuação. A pesquisa de avaliação dos papéis em recursos humanos, apresentada no apêndice do capítulo, desde que aplicada com métodos, pode se tornar ferramenta estratégica fundamental em diversas organizações.