quarta-feira, 28 de setembro de 2011

A nova realidade das eleições em tempos de mídias sociais

Leonardo Rodrigues
Professor dos cursos Jornalismo e Publicidade e Propaganda
Faculdade Pitágoras - Divinópolis - MG




Em 2010, o Brasil viveu sua primeira eleição digitalizada. Pela primeira vez, a legislação brasileira permitiu doações pela internet e o uso de sites, blogs e redes sociais, como Orkut, Facebook e Twitter, ao longo da campanha, mesmo no dia da votação. Mais de 32 milhões de eleitores brasileiros com acesso à internet foram bombardeados (ou poderiam ter sido) pelos marqueteiros dos principais partidos políticos do país, que observaram as redes sociais como peça-chave para conquistar votos naquele ano.

Estamos nos aproximando de mais um ano eleitoral, dessa vez com uma eleição municipal e muita coisa há de ser pensada para mais esse pleito. De 2010 pra cá, ou seja, de nossa última eleição até os dias atuais, por menor que tenha sido esse espaço temporal, muita coisa evoluiu. O acesso a internet continua crescendo entre a população, em especial as classes mais baixas, que por sua vez representam um número muito maior do que as ditas classes mais altas. E principalmente, as redes e mídias sociais aumentaram sua penetração entre a população, em sua maioria, através de dispositivos móveis, como os smartphones e tablets, que usa esse espaço para debater, comentar e o mais importante, formar opinião, baseado na experiência de outras pessoas com as quais ela se relaciona.

Só para amparar o que digo, lembro que o brasileiro gastava cerca de 50 horas e 26 minutos conectados em ambientes doméstico/residencial. Cerca de 79% dos internautas fazem parte das redes sociais e ficam cerca de 6 horas por mês conectados nesses ambientes. Isso em números levantados antes das eleições de 2010. Imagina agora? O candidato que deixar esse universo de lado estará jogando no lixo uma oportunidade ímpar de se relacionar com um tipo de eleitor que vale ouro, o formador de opinião. Sim! Formador de opinião porque ele se preocupa em debater, discutir, propor, repassar e o mais importante, de participante ativo ele acaba se tornando um cabo eleitoral digital em potencial.

Mas como atuar nesse universo digital? Não existe uma fórmula pronta. As estratégias digitais variam de caso a caso. Mas o certo é que não basta ter um web site atualizado constantemente durante a campanha eleitoral e achar que já “marcou território”. Isso é o básico, o arroz com feijão em uma campanha eleitoral online. Um web site é apenas uma espécie de cartão de visitas, onde os eleitores podem obter informações sobre os candidatos, seu plano de governo, agenda de compromissos, notícias, etc. As possibilidades vão muito mais além do que uma página passiva, que demanda muito mais de um desejo do eleitor de conhecer, do que um contato mais proativo.

Lembremos um texto que publiquei em março deste ano, falando sobre o perfil do novo consumidor e porque não, do novo eleitor. “Outro aspecto interessante que pode ser notado é que os consumidores, principalmente as novas gerações, usam essas ferramentas virtuais para se informar e buscar mais informações sobre determinado produto ou serviço. Mas essa busca não é feita através de um site institucional, mas sim diretamente com outros consumidores, que usam as redes sociais como ponto de troca de informações, conceitos, pontos de vista e experiências. No mundo virtual, a “lábia” do bom vendedor não tem espaço, pois o podl.er de uma simples “twittada” negativa sobre um produto, por exemplo, tem um efeito devastador no processo de decisão de compra”.

E é nesse sentido que ressalto que os profissionais de comunicação e marketing precisam começar a desenvolver agora, a presença digital. Mais do que essa presença, é igualmente importante monitorar o que é falado sobre ele e estar pronto para agir nesse universo digital.

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