terça-feira, 30 de agosto de 2011

Observatório de Mídia nas escolas

Francisco Resende
Coordenador dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda
Faculdade Pitágoras/Divinópolis
 
 
Foi com o objetivo de inserir os estudos e os debates que envolvem a Comunicação Social nas diversas camadas sociais, econômicas e culturais que vários profissionais e professores dos cursos de Jornalismo e de Publicidade & Propaganda da Faculdade Pitágoras de Divinópolis criaram, em maio de 2010, o Observatório de Mídia. Um núcleo de estudos e análises que tem como missão promover e desenvolver, numa perspectiva multidisciplinar, os estudos sobre as mídias em geral, favorecendo a interação do Jornalismo, da Publicidade e da Propaganda com o mercado de trabalho e com as relações sociais como um todo. O núcleo completa 15 meses de trabalho com excelentes resultados e um novo e ambicioso projeto sendo alinhado.

O Observatório de Mídia nasceu pela carência de estudos e trabalhos desenvolvidos na região Centro-oeste sobre o assunto. A origem da formação deste grupo de trabalho se deve à necessidade de se fomentar o intenso debate e disseminação de produções intelectuais, em várias esferas sociais, em relação ao caráter cultural e simbólico da mídia e, obviamente, de suas principais ferramentas (jornais, rádio, televisão, peças publicitárias, cinema, teatro, literatura, edição, criação e Internet) e sua influência no cotidiano da sociedade moderna.

A dedicação e o envolvimento dos professores já se reverteram em excelentes resultados em quase um ano de trabalho. Parceria acadêmica firmada com uma das maiores emissoras de rádio da cidade (rádio Divinópolis AM) deu origem ao Observatório de Mídia no rádio, um programa semanal de 30 minutos, exibido todas as quartas-feiras, às 8h15 da manhã. Além disso, parcerias firmadas com vários jornais da região já renderam mais de 150 artigos técnicos publicados pelos professores de Jornalismo e Publicidade, gerando conteúdo e democratizando as discussões sobre os papéis desenvolvidos pela Comunicação Social em toda a região. A parceria mais bem sucedida do núcleo é com o jornal Gazeta do Oeste, com mais de 70 artigos publicados todas as terças-feiras.

Os resultados desta importante iniciativa acadêmica podem ser acompanhados de várias formas. Todos os artigos produzidos pelos professores estão disponíveis na web, no Blog do Observatório de Mídia (www.observatoriodemidia.blogspot.com), que é atualizado diariamente e já conta com um bom número de seguidores. Além disso, a inserção em comunidades sociais virtuais é uma das premissas do núcleo, extremamente engajado neste processo de convergência de mídias. O perfil do Observatório de Mídia no Twitter pode ser acessado e seguido através do www.twitter.com/obsmidia. Agora, a intenção é disseminar essas discussões nas escolas do Ensino Médio.

O projeto pretende levar às escolas de Divinópolis e região palestras e debates sobre a influência da mídia em eventos relevantes no Brasil e no mundo. Observando-se os tópicos que fazem parte do programa da disciplina de História no Ensino Médio e Fundamental, serão preparados estudos sobre o modo como o jornalismo e a propaganda aparecem em cada acontecimento de maior destaque na história da civilização. O objetivo do projeto é esclarecer e fomentar o debate sobre a influência da mídia em nossa sociedade, a partir da evidência do poder de mobilização e transformação que têm o Jornalismo e a Propaganda, especialmente agora com a Internet e a convergência de mídias. Por outro lado, a ideia e levar aos alunos um debate que terá sua atenção por tratar de temas que serão cobrados em provas e no vestibular, além de serem assuntos instigantes e que, por si, já despertam o interesse dos estudantes. Uma forma interessante de promoção da inclusão e do conhecimento através de debates envolvendo conteúdos essenciais para sua formação como profissionais e cidadãos.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Os desafios do profissional de RH na era da tecnologia

Francisco Resende
Coordenador dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda
Faculdade Pitágoras/Divinópolis
 

É interessante e desafiador verificar como os papéis atribuídos ao profissional de Recursos Humanos (RH) ganharam dimensões cada vez mais estratégicas nos últimos anos. Estar cada vez mais informado e interagido com as técnicas e tendências da área e fundamental, este profissional se tornou uma engrenagem fundamental para o bom funcionamento de vários setores de uma organização, exercendo ele diversos papéis.

Em um cenário globalizado e sempre em mutação, traçar essas novas atribuições do RH através de uma metodologia “do... para” é muito vago e impreciso. Assim, ao alocar novas funções e desempenhar novos papéis, o profissional de RH não deixa de executar e elaborar planejamentos que antes os fazia. Este é um grande erro apontado por estudiosos que insistem em mudar as atribuições do gestor de RH na era moderna, ao invés de agregar novos desafios. Novas funções se juntam às tradicionais, fazendo com que a busca pelo aperfeiçoamento constante se torne uma premissa fundamental ao profissional que deseja seguir carreira.

Para mostrar esses novos papéis, o autor David Ulrich, na obra Os Campeões de Recursos Humanos (1998), criou um modelo quadrante, no qual procura mostrar essa gama de atribuições em dois campos: no eixo das coordenadas, as atividades nos campos de processos e pessoal. Já no eixo das abscissas, o foco no futuro estratégico ou no cotidiano/operacional. Na verdade, este modelo se torna interessante para tentar traçar um perfil do profissional de RH, deixando claro que “os profissionais de RH precisam aprender a ser, ao mesmo tempo, estratégicos e operacionais”. Esta afirmação, aparentemente lógica, conquista um sentido desafiador em função de um termo de ligação que, em princípio, passa desapercebido: “ao mesmo tempo”. Essa atribuição concomitante de foco de atuação faz com que o profissional de RH procure, a todo instante, aplicar conhecimentos e experiências práticas e de planejamento em todas as suas ações. E de forma integrada e coesa.

Analisando este ponto, Ultrich analisa a importância de uma atuação eficiente do profissional de RH em várias etapas do processo administrativo. Os exemplos citados pelo autor refletem essa importância em termos práticos. Um caso interessante a ser comentado é a estratégia implementada pela rede de Hotéis Marriott, em Hong Kong. Consciente da proposta e dos objetivos traçados pela organização, a diretoria de RH propôs um modelo diferente de carga horária de trabalho, com o objetivo de conquistar os melhores e mais gabaritados profissionais dos concorrentes: criou uma escala de trabalho na qual os funcionários trabalhariam apenas 5 dias por semana, com a mesma remuneração de quem trabalhava, na época, seis dias por semana. O resultado, em termos de RH, foi a superação de todas as expectativas. Porém, a implementação desta política planejada de RH só foi possível em função de um diagnóstico criterioso, seguido por um planejamento estratégico integrado por várias áreas da organização.

Ultrich analisa, de forma plena, outras funções do RH, como processos eficientes de contratações, treinamentos, avaliação, premiações, promoções e gerenciamento de fluxo de funcionários nas organizações. Essa análise nos faz refletir sobre a formação ideal de um profissional de RH, uma vez que ele tem que dominar fundamentos essenciais de: Administração, Psicologia, Comunicação e até de Direito. Essa formação exige uma disposição do profissional quanto à atualização constante e aprimoramento de seus conhecimentos e habilidades, uma vez que o mercado exige cada vez mais de sua atuação. A medida em que os problemas surgem e os desafios aflorem, mais é exigido do profissional de RH. Interessante perceber que, em várias oportunidades, a solução desses problemas não se encontra em livros, apostilas ou teses de doutorado. As respostas de alguns dos grandes obstáculos que aparecem no trabalho de RH estão na vivência e, mais ainda, na experiência adquirida pelo profissional em conflitos anteriores, fontes riquíssimas de aprendizado para os profissionais de Recursos Humanos.

É importante ressaltar que o Modelo de Múltiplos Papéis apresentado por Ultrich é mais uma contribuição aos estudos referentes ao profissional de RH. Assim como outros modelos, não pode ser considerado uma verdade absoluta, um manual ou uma receita pronta. Entretanto, no atual cenário de mutações no trabalho de RH, se torna uma valiosa ferramenta para diagnosticar o trabalho exercido pelo profissional atual da função nas organizações, bem como avaliar e implementar modelos de gestão de RH em pequenas, médias e grandes organizações, independentemente de seu ramo de atuação. A pesquisa de avaliação dos papéis em recursos humanos, apresentada no apêndice do capítulo, desde que aplicada com métodos, pode se tornar ferramenta estratégica fundamental em diversas organizações.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Gente é a alma do negócio

Silvana Maria de Sousa
Publicitária e professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda
Faculdade Pitágoras/Divinópolis-MG


Num momento em que se fala tanto em reinvenção de formatos publicitários, contexto 2.0, comunicação digital, e o imperativo é inovar, “fazer coisas diferentes e um trem que ninguém fez” como dizem simpaticamente os nossos anunciantes mineiros, fica em mim, que também estou sob o comando de tantas novas ordens, um questionamento: será que não estamos esquecendo da matéria prima da boa publicidade? Será que não estamos esquecendo que comunicação se faz e se refaz com GENTE?

Penso nisso quando vejo tantas pessoas reclamando das suas caixas de correios entupidas literalmente de panfletos. Quando um entregador de papel em pleno movimento da nossa Rua Goiás, num olhar tristonho, sem nenhum sorriso, é pago para o empurrador  propaganda ironicamente de dentista . E nós públicos-alvos somos apenas o intermediário entre ele e a lixeira mais próxima ( e os menos educados ainda jogam na rua mesmo).

E as tais redes sociais, criadas por essência como canais de relacionamento que vem sendo utilizadas como fosse um jornal digital próprio do anunciante, sem a menor preocupação se existe ali um conteúdo ideal para que o seguidor se sinta atraído para uma relação bidirecional. Sites que não apresentam para o visitante nenhuma objetividade dentro do que o internauta possa querer. São empresas falando para elas mesmas. Uma espécie pomposa de monólogo digital.

E aí, em meio a tantas escorregadelas no planejamento de comunicação, vê se que a maioria dos anunciantes não investem em pesquisa. O máximo que conseguem fazer são enquetes, que passam longe de uma investigação criteriosa, representativa. E nós publicitários vamos ficando refém e cúmplices de tudo, já que precisamos ganhar algum dinheiro ( vale ressaltar que existem empresários que acham que vivemos de brisa, e são resistentes a remunerar a idéia, já que essa não fica na prateleira e nem se vende em balcão).  Sinto-me como “médicos” receitando sem nenhum tipo de exame mais  aprofundado. O que há, quando há, alguns indícios do que possa ser o diagnóstico e nós num esforço fenomenal fazemo uma análise clínica.

Os veículos locais, em sua maioria, não apresentam pesquisas de audiência confiáveis. De repente todos estão em primeiro lugar. Fato, no mínimo, curioso.
Anúnciantes querem planejamentos e orientações mais precisas em suas comunicações mas não têm regularidade no investimento em pesquisas. Publicam, números obtidos em pesquisa feitas há dois anos. Esses ainda não entenderam que a fila anda. No fundo consideram pesquisa apenas um gasto. Quando o certo é que ela existe para evitar gastos e transformar a comunicação num processo além de eficiente, também eficaz.

Pode se inventar vários formatos de comunicação. Pode se criar as mais inovadoras e atualizadas formas de atingir o consumidor. Mobile, twiter, facebook, virais....Mas o que muda o mundo é gente. E é com gente que a marca, que o produto, que a empresa precisa relacionar.  É o que o cliente quem diz, é o consumidor quem quer. O que ele está dizendo? O que ele quer? Não sei. Ele pode querer algo hoje e amanhã pensar diferent? Pode. Gente é assim. Então como fazer? Minha humilde resposta é simples: pergunte pra eles. E quando as respostas vierem, talvez então possamos fazer uma reunião de verdade e tentar construirmos juntos um grande negócio.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Uma breve análise sobre o saber

Francisco Resende
Coordenador dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda
Faculdade Pitágoras/Divinópolis
*  Baseado no texto: FOUCAULT, Michel. As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas. São Paulo: Martins Fontes, 2007. p.475 – 517.

Analisar cada uma das obras de Michel Foucault é uma forma de entender a enorme variedade de pesquisas sobre o referido escritor. Aliás, a grande dificuldade em se definir a real linha de pensamentos de Foucault por grandes e consagrados estudiosas evidencia a complexidade de suas análises ao longo das décadas. Neste texto especificamente, Foucault procura traçar um perfil e elaborar uma análise histórica das Ciências Humanas no plano geral dos saberes. Uma tarefa tão complexa como a própria definição exata da linha de pensamento defendida pelo autor.

Foucault faz uma retomada histórica para buscar a explicação das relações humanas. Na época clássica, o campo do saber era homogêneo, ou seja, o conhecimento procedia às ordenações pelo estabelecimento das diferenças. A busca pelo saber partia da matemática e outras ciências exatas, ou seja, a objetividade era o ponto central (núcleo) na busca pelo conhecimento. Somente a partir do século XIX, com o surgimento de novas formas de pensar, o campo epistemológico se direciona para outros caminhos. O ideal da “matematização” começa a perder espaço para novas formas subjetivas de se analisar o conhecimento.
 
Foucault é um gênio no estudo do saber. Alguns autores se “aventuram” em classificar suas obras sob o ponto de vista cronológico: na década de 60, textos arqueológicos que tem por tema o saber, nos anos 70 textos genealógicos, e por fim nos anos derradeiros de sua vida textos arqueogenealógicos. Michel Foucault, ao analisar a gênese e a filosofia das ciências, mostra como é recente o aparecimento do “homem” na história do nosso saber. O autor busca estudar a mudança interior de nossa cultura do século XVIII ao século XIX, através da gramática geral, que se tornou filologia; da análise das riquezas, que se tornou economia política, e da história natural, que se tornou biologia.

É fantástica e instigante a análise de Foucault em relação ao discurso ocidental (o autor de atém ao período entre o Renascimento até o início do século XIX). O autor enfatiza este período específico como o “tempo de efetivação da modernidade”, ou seja, o momento em que as Ciências Humanas se tornam uma importante referência no plano geral dos saberes. É neste momento que a subjetividade conquista um importante espaço nas cadeiras de pesquisas e no ciclo de conhecimento das pessoas, concebendo novas maneiras de se enxergar as diferentes realidades. A relação que o autor faz entre saber e poder instiga a uma reflexão mais profunda sobre o assunto, principalmente quando ele afirma que “com o saber e por trás de todo o saber, de todo conhecimento o que está em jogo é uma luta de poder”. As três áreas do saber reiteradas pelo autor (vida, trabalho e linguagem) seria a origem de novas formas de se pensar, colocando o homem como o centro das atenções e das linhas de estudo. Surge aí um paradoxo – que, diga-se de passagem, vivemos até os dias atuais - entre as chamadas ciências exatas e ciências humanas.

Foucault faz uma análise conjunta do surgimento dos domínios empíricos com a problemática do homem. Partindo do estudo do trabalho, da linguagem e das ciências da vida, o homem vira, de fato, objeto do saber. É importante perceber a visão histórica do autor, quando ele afirma que “tudo nas Ciências Humanas é matematizável é suscetível de formalização”. Nesta passagem, fica evidente a visão moderna de Foucault, que procura desvincular a existência das ciências humanas modernas das ciências exatas tradicionais, afirmando que “é pouco provável que a relação com as matemáticas seja constitutiva das Ciências Humanas”. Fica claro, após esta breve análise, o motivo de tantos pesquisadores não conseguirem uma unanimidade em relação aos estudos envolvendo o saber.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Publicidade é transpiração

Mivla Rios
Publicitária, mestre em Comunicação Social.
Professora dos cursos de Publicidade e Propaganda
da Faculdade Pitágoras-Divinópolis.


 
Quando a maioria das pessoas pensa na atuação do profissional de publicidade e propaganda, normalmente, surge aquela idéia de uma pessoa muito criativa que, “do nada”, tem um insight e cria campanhas miraculosas, engraçadas e de sucesso. Se você é um dos que pensa que as cosias funcionam desta maneira, está na hora de rever seus conceitos.

Em primeiro lugar, o trabalho do publicitário é muito amplo e abrange funções administrativas, de relacionamento, estratégicas e, claro, de criatividade. Há o publicitário que atua na gestão dos clientes, o chamado “atendimento de contas”. É aquele que vai atender às demandas solicitadas, levantar possíveis problemas de comunicação, sugerir aos criadores possíveis soluções.

Nas atuações mais estratégicas temos o profissional que pesquisa o mercado, analisa os concorrentes, define uma posição de “combate” para seu cliente, assim como as ferramentas e canais a serem utilizados nessa batalha pelos consumidores. O publicitário que atua diretamente no desenvolvimento das idéias de campanha, imagens e frases de efeito é conhecido como “criador”, pois precisa gerar algo novo, e cada vez mais surpreendente, a partir de seus estudos, pesquisas e vivências junto à marca.

Entretanto, do atendimento à criação, todas estas possibilidade de atuação, exigem um bocado de transpiração, antes da chegada da grande inspiração. Um antigo professor da PUC Minas nos dizia, em sala de aula, que para a chegada do momento “Eureka” é preciso 90% de transpiração e 10% de inspiração. Ou seja, a criação publicitária é o resultado de uma equação que busca resolver um problema real do cliente. É uma reação, uma resposta, a uma demanda de mercado séria e diretamente relacionada ao setor de atuação do cliente. Portanto, é um trabalho que é desenvolvido a partir de um problema mercadológico a ser solucionado.

De posse desse enigma a ser solucionado, o profissional precisa pesquisar, estudar, debater, ouvir pessoas e deixar-se mergulhar no universo daquela demanda para que, aí sim, após um grande acúmulo de informação, as ideias possam ir se tornando mais claras, possibilitando o surgimento de uma solução ao desafio proposto. Assim, o publicitário pode ser comparado ao médico ou ao engenheiro, que a partir de um problema detectado vai estudar, avaliar, comparar, desenvolver raciocínios e possíveis saídas a serem implementadas em busca de solucionar a questão e deixar o cliente satisfeito.

Então, a partir de agora, quando você se defrontar com aquela bela campanha na TV, seja vendendo cerveja, automóveis ou seguro de vida, é relevante saber que não se trata apenas de um trabalho artístico, de criação de belas e divertidas imagens. É muito mais que isso, é um processo longo, estratégico e calculado, que finalmente deságua naquela imagem que nos é apresentada, buscando claramente determinados objetivos comerciais.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Relação com a docência – Parte 2

Francisco Resende Costa Neto
Coordenador dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda
Faculdade Pitágoras/Divinópolis


Na última semana, iniciei aqui uma abordagem bem didática sobre minha relação com a docência. Relação essa que começou, mesmo que de forma inconsciente, na pré-adolescência e se estendeu por todo o meu período de formação pessoal e profissional! Muitos professores que possuem essa relação íntima com a docência sabem que a sala de aula é, com toda a certeza, o espaço mais nobre de aprendizagem e de formação humana, tanto para alunos quanto para o próprio docente.

Minha carreira docente, de fato, começou logo que tomei a iniciativa de sair do Banco do Brasil. Recebi um convite da Faculdade Pitágoras para fazer uma pesquisa e redigir uma publicação comemorativa dos seus 40 anos de história. Um trabalho intenso e instigante, que resultou em uma grande publicação (uma revista ilustrada) resgatando toda a história da instituição. Este trabalho abriu uma grande porta e rendeu um convite: o de lecionar para o curso de Jornalismo (minha grade paixão profissional).

De imediato, assumi uma disciplina do 2º período. Entrei em sala de aula sem saber o que falar. Afinal de contas, sempre tive este anseio mas nunca havia buscado uma preparação técnica para tal. Sabia, desde sempre, que conteúdo não seria problema, pois estava no mercado e sempre fui um estudioso da Comunicação. Entretanto, ensinar depende de inúmeros fatores além do conhecimento. Cheguei a ouvi vários conselhos: “mantenha o controle da turma”, “seja rigoroso”, “não seja um professor amigo, mas seja o bom professor”. Inclusive, cheguei a ouvir que “sala de aula é 80% empatia e 20% conhecimento”. Foram inúmeras as tentativas de se transportar experiências no intuito de me tranquilizar e buscar apoio emocional para este importante momento. 

O primeiro semestre como docente poderia qualificá-lo com dois adjetivos: gratificante e empolgante. Gratificante porque representou um enriquecimento pessoal e profissional indescritível neste simples memorial. Existem pessoas que dizem que “levam tudo de nós, menos as experiências e o conhecimento”. Pude perceber isso neste momento, quando me lembro e analiso meu primeiro semestre como professor. Entrei com 26 anos e, às vezes, me misturava aos alunos. No primeiro dia de aula, recebi boa noite da turma, entrei em sala e eles me perguntaram de onde eu vinha. Fiquei sem entender a pergunta, e o aluno reiterou: “Você veio transferido de que faculdade?”, entendo o mesmo que eu era um aluno. Fantástico!

Aquilo representou uma ruptura em tudo o que eu havia preparado para o primeiro dia de aula, pois eu jamais imaginava ouvir aquilo. Todo meu roteiro se desmoronou. Empolgante porque cada dia se tornava diferente do anterior, o que contradizia minha realidade de trabalho até então. Os problemas nunca eram os mesmos, os conflitos eram sempre diferentes e as relações completamente discrepantes. Aquilo representou uma divisão entre dois momentos antagônicos na minha vida: a insatisfação e um início de depressão versus a realidade emocionante e contagiante como professor.

Aprendi, lecionando em sala de aula, que o educador precisa rever continuadamente seus conteúdos, as metodologias e, principalmente, suas relações. Por isso, mesmo após completar dois cursos de pós-graduação, ingressei no Mestrado. Nunca tive dúvidas de que meu caminho acadêmico seria este.. Como afirma Paulo Freire, “a alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo da busca. E ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria”. Esta convivência e aprendizado constante me move, cada dia mais, a viver esta dupla experiência de educando/educador. Terei a honra de terminar este breve  memorial da mesma forma como comecei, citando o mestre Paulo Freire. “Ninguém nega o valor da educação e que um bom professor é imprescindível. Mas, ainda que desejem bons professores para seus filhos, poucos pais desejam que seus filhos sejam professores. Isso nos mostra o reconhecimento que o trabalho de educar é duro, difícil e necessário, mas que permitimos que esses profissionais continuem sendo desvalorizados. Apesar de mal remunerados, com baixo prestígio social e responsabilizados pelo fracasso da educação, grande parte resiste e continua apaixonada pelo seu trabalho”. Que dias melhorem nos recebam em breve...

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Como simplificar a Comunicação nas Empresas – Parte 02

Ricardo Nogueira
Jornalista, Mestre em Educação, Cultura e Organizações Sociais.Professor da Faculdade Pitágoras nos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda.



Em continuidade ao tema iniciado na última semana, hoje falaremos um pouco a respeito do endomarketing, uma importante ferramenta de envolvimento dos colaboradores e disseminação de informações nas organizações. Isso porque o endomarketing é uma estratégia que não apenas transmite uma informação; ele “trabalha a informação” para repassá-la aos funcionários da forma mais eficiente, mais interessante, mais criativa, visando com que ela seja absorvida e compreendida mais facilmente e com maiores chances de atingir o objetivo esperado pela organização. Para atingir tal feito, no entanto, as informações devem ser, além de trabalhadas, selecionadas. A transmissão de um excesso de informações, sem planejamento e sem finalidade, deixa de ter sentido e pode provocar confusão, além de perder a importância para as pessoas.
A forma como as informações serão repassadas também é muito importante e deve ser decidida de acordo com o conhecimento da cultura da organização e a observação do comportamento e respostas dadas pelo público interno. Por isso as empresas têm buscado a implantação de um programa de endomarketing, para que a troca de informações e, consequentemente, o relacionamento com o cliente interno, seja mais “íntimo” e mais rico às necessidades da empresa.
Considerando a pressuposição básica do endomarketing de que “as pessoas precisam saber que são importantes para a empresa”, disponibilizar uma informação não é o suficiente, é preciso “seduzir” o receptor, chamar a atenção, utilizar meios atraentes e que fixem as informações na mente das pessoas. Uma forma interessante de se passar a informação é fazer, algumas vezes, que as mensagens, apesar de direcionadas à coletividade, sejam transmitidas às pessoas de forma “individual” para que as faça se sentir únicas. Através desta técnica, a empresa pode repassar uma mensagem de interesse coletivo, a respeito de acontecimentos ou mudanças dentro da própria organização, porém de forma direcionada ao “individuo”, o que geraria a sensação de importância aos funcionários.
As ferramentas de endomarketing podem, além de disseminar a informação, motivar, envolver e encantar o cliente interno, ser utilizadas em outras oportunidades que também irão influenciar na melhoria do relacionamento e de resultados organizacionais. São diversos os instrumentos e canais utilizados para o desenvolvimento de um programa de endomarketing; a escolha dos melhores meios deverá ser feita de forma a se adequar às necessidades, objetivos e à realidade de cada empresa. O importante é que os meios selecionados sejam capazes de encantar o público interno.
Utilizando o endomarketing para compartilhar informações, o nível de integração e relacionamento entre pessoas de um mesmo setor e de setores diferentes aumenta, uma vez que passam a conhecer melhor a empresa e suas diferentes áreas. Isso provoca maior interação e a compreensão de um contexto maior e, assim, torna-se possível alcançar uma melhoria na integração dos funcionários, passo determinante para a formação de equipes.
Quanto mais informações o funcionário possuir, mais conhecimento do trabalho ele terá - isso poderá gerar segurança e motivá-lo a agir em prol da empresa. Além disso, faz com que as pessoas se identifiquem como pertencentes a um meio em comum, sintam-se como uma “família” e, consequentemente, oportuna mais liberdade e confiança de trocar idéias entre si, o que beneficia o trabalho em equipe. A agilidade e transparência da comunicação interna gera sentimentos positivos dos funcionários em relação à empresa e é em cima desses sentimentos que o endomarketing trabalha, pois a mudança dos sentimentos provoca a mudança no comportamento.
Fazer as pessoas sentirem-se parte ativa e necessária de um processo faz com que o empenho seja maior e de melhor qualidade. As práticas do endomarketing geram uma consciência de que os resultados da organização dependem, principalmente, dos seus funcionários. O endomarketing busca o conhecimento das reais necessidades dos funcionários de uma empresa, para assim oferecer o que mais irá satisfazê-los e motivá-los. A satisfação e o desempenho das pessoas é o maior diferencial competitivo que uma organização pode ter.
A construção de equipes de trabalho, também um grande diferencial competitivo nos dias de hoje, depende do grau de integração entre os funcionários da empresa que, por sua vez, depende de um bom processo de circulação de informações. A implantação de um programa de endomarketing, por ser uma estratégia decisiva para melhorar a qualidade e os níveis de informação dentro das organizações, afeta diretamente os níveis de integração das pessoas com a empresa e com as outras pessoas, além da integração entre áreas da empresa.
Tendo a construção de equipes de trabalho como meta a ser alcançada dentro da empresa, o programa de endomarketing implantado será desenvolvido em torno desse objetivo, e toda a troca de idéias e disseminação de informações serão trabalhadas com essa finalidade: a união e integração das pessoas.
Assim, a disseminação de informações no ambiente de trabalho por meio do endomarketing assume um caráter estratégico. Vista como capaz de reinventar os laços organizacionais e amplificar o sentimento de pertencimento dos funcionários com relação à empresa, o endomarketing tem muito a contribuir dentro dos novos métodos de gestão que se solidificam na contemporaneidade.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Relação com a docência – Parte 1

Francisco Resende Costa Neto
Coordenador dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda
Faculdade Pitágoras/Divinópolis
 
 
“Eu sou um intelectual que não tem medo de ser amoroso, eu amo as gentes e amo o mundo. E é porque amo as pessoas e amo o mundo, que eu brigo para que a justiça social se implante antes da caridade”. É com esta colocação perfeita de Paulo Freire, com a qual compactuo integralmente, que farei uma breve menção à docência no Ensino Superior. Interessante perceber que o “ser professor” começou antes de me tornar um apaixonado pela escrita. Aos 11 anos de idade, no ápice da avidez pela prática do futebol, aflorou uma grande rivalidade minha com um amigo e vizinho. Ambos da mesma idade... O leitor pode perguntar: o que isto tem a ver com a docência? Pois bem, aos 11 anos de idade tomei a iniciativa de montar um time de futebol dos moleques mais novos (em torno de 6 anos), “ensinar” a eles algumas coisas que eu achava que sabia e treiná-los para, em breve, enfrentar o time formado pelo meu vizinho. Lembro-me que montei táticas em pranchetas, montei plano de treinamento e até esboçamos um plano para espionar o treino do time adversário!

Ali começava um verdadeiro amor pela prática de ensinar. Desde cedo, percebi que, como afirma Paulo Freire, “a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”. Logo na 5ª série, fui o primeiro monitor da turma em redação e literatura. Segui como monitor até o final da 6ª série, quando tive que mudar, pela terceira vez, de escola. Já havia entrado no mundo da escola particular, onde as regras sociais são completamente diferentes da escola pública. De imediato, tornei-me o monitor preferido do professor de redação. E assim fui até o 3º ano do segundo grau, quando decidi fazer o curso de Comunicação Social. 

Aprendi, na primeira palestra de uma psicóloga no curso de Jornalismo, que os mestres que entrariam em sala de aula iriam, ao mesmo tempo, aprender muito com os alunos. Aquela passagem me marcou muito, pois percebi que aquelas referências acadêmicas não eram pessoas perfeitas, não eram profissionais “intocáveis”. E que o aprendizado era uma prática constante de todos os profissionais que se encantam pela magia da educação. Busquei, desde o primeiro dia de aula no Ensino Superior, apreender o melhor de cada professor, tanto em conhecimento quanto em didática. Percebi que muitos eram excelentes, outros apenas bons, muitos regulares e outros ruins/péssimos. Mas percebi também que aquela avaliação era subjetiva, e que os critérios para esta avaliação é que precisavam ser melhores definidos.

Entender as palavras do próprio Paulo Freire me fez entender esse dilema, quando ele afirma que “educar e educar-se, na prática da liberdade, é tarefa daqueles que pouco sabem - por isto sabem que sabem algo e podem assim chegar a saber mais - em diálogo com aqueles que, quase sempre, pensam que nada sabem, para que estes, transformando seu pensar que nada sabem em saber que pouco sabem, possam igualmente saber mais".

No último ano de faculdade, após ter a certeza do futuro que eu queria construir, me debati com uma realidade nem um pouco convidável: a de que o mundo era muito maior do que os sonhos profissionais e de ideologia que eu alimentava. Percebi que precisava entrar no mercado e “devolver” o suado e sacrificado investimento feito pelos pais, sobretudo por ter estudado em uma Instituição de Ensino particular. Assim, prestei concurso para o Banco do Brasil e, de imediato, fui aprovado e chamado para assumir o emprego em uma pequena agência do interior. Mesmo assim, não abandonei um dos ideais de vida defendidos por Paulo Freire. “Ai daqueles que pararem com sua capacidade de sonhar, de invejar sua coragem de anunciar e denunciar. Ai daqueles que, em lugar de visitar de vez em quando o amanha pelo profundo engajamento com o hoje, com o aqui e o agora, se atrelarem a um passado de exploração e de rotina”.

Entretanto, este período foi muito rico para minha preparação como docente. Em função do grande tempo ocioso e da falta de atividades que a cidade me proporcionava, realizei vários cursos oferecidos pela Universidade Banco do Brasil. A maioria deles online, o que proporcionou o contato com uma tecnologia até então desconhecida. Lembro-me que, de imediato, fiz o curso “Aprendendo a Ensinar”, que visava a preparação de professores para os cursos oferecidos pelo Banco do Brasil. Não sabia nada de banco, nem de produtos, muito menos de relações bancárias, mas sabia onde queria chegar no Banco: na Universidade Corporativa. Era o primeiro passo para a histórica que detalharei mais na próxima semana...

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Como simplificar a Comunicação nas Empresas – Parte 01

Ricardo Nogueira
Jornalista, Mestre em Educação, Cultura e Organizações Sociais.Professor da Faculdade Pitágoras nos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda.



Atualmente, no mundo empresarial, são encontradas muitas referências sobre os termos trabalho em equipes ou equipes de trabalho. No entanto, os termos são usados, muitas vezes, de forma insatisfatória, pois cobra-se muito engajamento e oferece-se pouco para que as equipes realmente se formem e consigam atingir seus objetivos. É neste momento que a comunicação, processo de circulação de informações, ganha destaque.
Equipe é considerado um conceito mais abrangente que o de grupo. Para atingir os objetivos determinados, os grupos utilizam em especial do ato de compartilhar informações, enquanto as equipes se engajam em um desempenho coletivo, mais envolvente e mais produtivo. A construção de equipes de trabalho nas organizações atuais, portanto, é uma das melhores estratégias para alcançar competitividade no mercado e aumentar a produtividade. O convívio social no trabalho é vantajoso, pois, entre outros benefícios, é capaz de estimular a criatividade das pessoas.
Uma das principais características do ser humano é a vida em sociedade, a capacidade e necessidade de se relacionar com outras pessoas. O convívio no ambiente de trabalho, como em outros grupos sociais, proporciona o desenvolvimento às pessoas, pois satisfaz a questão da estima e ainda une trabalho e atividade social. Entretanto, as organizações podem se deparar com pessoas individualistas, com dificuldade ou resistência para relacionar-se e desenvolver tarefas em conjunto com outras pessoas, visando apenas seus objetivos particulares.
As rápidas e constantes modificações no mercado levam as empresas à busca de novos modelos de gestão que lhe proporcionem vantagens em relação a seus concorrentes. As empresas já vêm percebendo que o principal diferencial que possuem são as pessoas, seu capital intelectual. Porém, para acompanhar essa evolução e aumentar sua produtividade, competitividade e sua eficiência, precisam se adaptar melhor a tal contexto. Para isso, percebem que não basta trabalhar apenas o individuo, levando em conta suas características particulares, mas enxergá-los como integrantes de um grupo maior, o que realmente fará diferença no contexto atual.
Assim, mais que uma grande vantagem de melhoria de relacionamentos nas empresas e com as empresas, a construção de equipes de trabalho é também uma saída das organizações para sobreviver, desenvolver, se destacar e consolidar-se em um ambiente exigente, competitivo e desafiante como o contemporâneo. Os administradores, gerentes e líderes, como responsáveis pela construção e desenvolvimento das equipes nas organizações, devem estar atentos às propostas existentes para lidarem com a interação, motivação e sucesso do trabalho de sua equipe. Como não existe uma “fórmula” pronta para “motivar”, as empresas têm investido na divulgação de informações e integração de seus funcionários.
A informação é o principal fator de aproximação e relacionamento entre empregado e empregador. E a integração entre funcionários é um fator importante para alcance de competitividade e aumento de produtividade, por satisfazer a necessidade de estima das pessoas de “fazer parte” de um grupo. Sob esse ponto de vista, a informação, quando bem trabalhada, pode ser considerada um fator motivador nas organizações, além de gerar um nível de integração necessário para melhorar o relacionamento entre áreas/setores da empresa.
O processo de transmissão de informações deve ser entendido como uma troca, pois os mesmos funcionários que recebem determinada informação também devem transmitir aos dirigentes da empresa informações. Para que o processo obtenha resultado e faça sentido, ambas as partes devem ter informações que produzam diferença. Para alcançar os resultados almejados, as informações não devem ser “descarregadas” aleatoriamente ou sem planejamento nos funcionários, deve ser trabalhada de forma a chamar a atenção, despertar interesse e provocar mudanças de comportamento que consigam gerar o clima favorável para a construção de equipes de trabalho. Para isso é utilizado o endomarketing como uma ferramenta para envolver os colaboradores com a organização e entre si.
Na próxima semana, na continuação do artigo, abordo o que é o endomarketing e o que esta estratégia/ferramenta pode trazer de benefícios para as organizações que desejam aumentar seu nível de competitividade.