terça-feira, 26 de outubro de 2010

A lição chilena no gerenciamento de crise


* Leonardo Marcos Rodrigues
Professor dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Faculdade Pitágoras/Divinópolis

Um tema que venho estudando muito e que toma cada vez mais importância dentro da comunicação das organizações é o gerenciamento de crise, como evitá-la e, caso aconteça, como minimizar seus efeitos. Lembro que logo no final da minha graduação, fiz um trabalho junto a uma empresa de fogos de artifício de Santo Antônio do Monte, com o foco da comunicação integrada a fim de gerenciar esse período turbulento. Para minha surpresa, descobri que nenhuma empresa da cidade, todas com um altíssimo potencial gerador de crises, possuía um programa para fazer esse gerenciamento. E isso faz toda a diferença nos momentos mais delicados para a organização e até mesmo um país.
 
Digo país, porque pela primeira vez pude testemunhar através da mídia mundial, um bom exemplo de como gerenciar uma crise que tinha tudo para ser completamente desastrosa. O desabamento de uma mina de cobre no Chile e o soterramento de 33 mineiros tinha todos os ingredientes para temperar uma tragédia. Mas o que se pode ver foi uma verdadeira lição de sucesso, principalmente com o resgate inusitado de todas as vítimas, em perfeitas condições de saúde e em tempo recorde.
 
Partindo desse ponto de vista, pude notar que o sucesso no gerenciamento dessa crise contou com o esforço de muitos, bastante trabalho em equipe, planejamento correto e principalmente, atenção a algumas regras básicas, no tocante a comunicação, implementadas nesse tipo de situação e que apresento, com uma breve explicação de cada uma.
 
ASSUMIR O CONTROLE DA SITUAÇÃO. Essa é uma das primeiras medidas a serem dotadas. Imediatamente após o acidente, ficou claro que os responsáveis, nesse caso a empresa, através do seu o escritório nacional de emergência e o ministério da Mineração chileno já estavam trabalhando para buscar mais informações e tomar as primeiras providências. Agir rápido e de forma coordenada é fundamental.
 
COLETAR O MÁXIMO DE INFORMAÇÕES POSSÍVEIS. Tanto a empresa, quanto o ministério da Mineração enviaram equipes ao local para verificar o acidente e reportar o que realmente havia acontecido. São essas informações coletadas por técnicos e especialistas no assunto que dão o norte das operações.
 
MONTAR UM CENTRO DE GESTÃO DE CRISE. Em setores onde a crise é eminente, como o caso de uma mina, um centro ou comitê de gerenciamento de crise deve ser criado. É o coração de toda operação. É esse setor que vai dar as coordenadas do que deve ser feito, receber as informações dos técnicos e especialistas. No caso chileno, a empresa já possuía um escritório nacional de emergência, o que certamente deu mais organização e agilidade no resgate dos mineiros.
 
COMUNICAR-SE COM CLAREZA, RAPIDEZ E FREQÜÊNCIA. Esse ponto é fundamental para evitar que o “rádio peão” leve para a imprensa, informações desencontradas, plantadas e que podem potencializar a crise. Em casos como o da Mina San José, havia um porta-voz para fazer os pronunciamentos oficiais, sempre apresentando dados claros e em períodos pré-determinados. Isso faz com que boatos e informações distorcidas sejam minimizados e caso eles apareçam, podem ser esclarecidos pelas fontes oficiais.
 
COMPREENDER A MISSÃO DA MÍDIA NA COBERTURA DE CRISES. Mais de 1000 jornalistas do mundo todo acompanharam o caso da Mina San José, no Chile. Só esse dado dá uma clara noção da importância do caso e de como facilitar o trabalho desses profissionais é fundamental. Nesse caso, o governo chileno, através do canal de TV estatal, foi a fonte oficial de imagens do local, principalmente o tão aguardado resgate, atendendo todos os comunicadores de forma homogênea e democrática.
 
COMUNICAR-SE DIRETAMENTE COM O PÚBLICO AFETADO. Essa é uma das principais falhas em grandes crises. Várias vezes pude ver parentes de vítimas de acidentes, por exemplo, serem barradas ou mesmo esquecidas pelos gestores da crise. Felizmente não foi o caso no Chile. Se fizermos uma espécie de ranking, imediatamente após as vítimas diretas do acidente, os parentes são os próximos da fila e tão importante quanto prestar socorro para os mineiros, os parentes receberam atenção. Todos foram acomodados em acampamento próximo a mina e tiveram atendimento especial de psicólogos, assistentes sociais, etc.
 
FAZER PLANOS PARA EVITAR OUTRA CRISE IMEDIATAMENTE. Mais do que nunca aqui vale o ditado de que “ninguém aprende pelo amor e sim pela dor”. Após o desfecho do caso, com todas as vítimas resgatadas em perfeitas condições de saúde, é necessária uma profunda reflexão sobre o caso, trabalhar intensamente para que ele não se repita e principalmente, estar preparado para enfrentar novas crises.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Publicitários no mercado de trabalho

* Mivla Rios

Publicitária, mestre em Comunicação Social.
Professora dos cursos de Publicidade e Propaganda
da Faculdade Pitágoras-Divinópolis.




Em um dos meus artigos anteriores, intitulado “Afinal, o que faz um publicitário?” abordei as possíveis atuações desse profissional tão multidisciplinar, dinâmico e fundamental na sociedade contemporânea. Entretanto, para ilustrar essa realidade, partindo de um olhar regional, decidi pesquisar onde estão os nossos ex-alunos da Faculdade Pitágoras, formados em publicidade. Assim, poderei mostrar o que andam fazendo e em que área estão atuando. Consegui contatar muitos deles, obviamente não todos, mas já tenho uma amostra bem qualificada e diversa de possibilidades para apresentar. É bom que, ao mesmo tempo em que exemplifico o trabalho do publicitário, ainda aproveito a oportunidade para prestar uma certa “homenagem” ou parabenizar nossos alunos e colegas de profissão por sua jornada de sucesso.Vou começar falando daqueles ex-alunos que estão trabalhando nas agências de publicidade da região. Primeiramente os empresários, alunos que fundaram suas próprias agências como o conhecido Gustavo Bicalho, da Agência Faro, o Fabrício Medina e a Geise Macedo que se uniram à uma jornalista, também ex-aluna, e fundaram a Ofício, além do nosso querido Fernandinho Henrique, da Orange. Destaque merecido para o Fábio Diniz, que mesmo antes de concluir a graduação já está despontando com a DNZ Comunicação. No mercado de Nova Serrana ainda temos o Pedro Henrique, da Studio B e os fundadores da Supra, o Alfredo e a Mariana. Lá em Santo Antônio do Monte, temos notícias do Everton, com a OK comunicação.

Atuando como colaboradores nas agências podemos citar a Fernanda Dias, que faz um pouco de tudo na Graffus, e também o trio que arrebenta na Tuéz Design: Liliane Ferreira, Karine Braz e Geórgia Morais. Na tradicional PRP temos o Evaldo Senna, o Guilherme Abreu e o Flávio, já na Onda 3 está o Bruno Fontanelle. Nas terras de Nova Serrana plantamos uma árvore com muitos frutos na agência Supra. A Lilian de Figueiredo (atendimento), o Glauco Richelli (produção), a Luana (assessoria) e o Gabriel Andrade (criação) são talentos que compõem o quadro da agência.

Acho que também é muito importante lembrar os alunos que ainda estão cursando publicidade e já conseguiram seu lugarzinho ao sol nas agências. São eles o Guilherme Alvim (Supra), o Markin Parreiras que compõe o time da Namídia, a Jhennifer Morato que recentemente estreou na PRP e a Raíssa Greco que ao lado da Nayara Rocha fazem um belo trabalho na Tuéz. Ah, já ia quase me esquecendo do Marcos Guimarães que atua a algum tempo já na DW comunicação. E só pra fechar, quero citar os meus queridos estagiários da AGP3, a agência experimental da Faculdade Pitágoras, que trabalham atendendo demandas reais e também mandam muito bem. São eles Fabíola Pezzini, Iolanda Oliveira e Jefferson Antunes.

Ufa! É uma turminha muito bacana, que se dedica diariamente, às vezes noturnamente, aos trabalhos publicitários realizados dentro das agências. São profissionais de atendimento, mídia, planejamento, criação, redação, dentre outros que fazem com que as empresas da região possam ter acesso, cada vez mais, a serviços de comunicação de qualidade e que tragam retorno e acrescentem valor às suas marcas.

Parabéns a todos os talentos de agências de publicidade citados neste artigo e também àqueles muitos que não foram mencionados aqui, mas contribuem, à sua maneira, para criamos um mercado cada dia mais maduro, qualificado e competitivo.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Geração Y

* Ricardo Nogueira
Jornalista, Mestre em Educação, Cultura e Organizações Sociais.
Professor da Faculdade Pitágoras nos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda



As Eleições 2010 e o padrão de consumo atual consolidam um dado relevante do ponto de vista do marketing: a chamada Geração Y, que compreende os nascidos entre 1977 e 1994, realmente está com as rédeas nas mãos. Não pense que estou afirmando que as pessoas entre 16 e 33 anos de idade estão liderando as empresas, conquistando a maioria dos cargos públicos ou mesmo desbancando os executivos experientes no mercado de trabalho. O que quero dizer com “rédeas nas mãos” é que esta geração, denominada por vários autores como Y, mostra que toma suas decisões com base no que realmente deseja e, como ocupa a maior parte da população mundial, é ela quem vai ditar as regras de mercado de agora para frente. E isso gera todo um esforço das organizações para atender as expectativas deste público.

Os resultados das Eleições 2010 no Brasil são uma prova do que estou dizendo. Basta analisar três fatos importantes: a) a candidata Marina Silva (PV), unanimidade entre os universitários, obteve votação expressiva (quase 20 milhões de votos) e pode ser o “fiel da balança” na disputa do 2º turno; b) a eleição dos candidatos a deputado federal e estadual da região centro-oeste de Minas mostra que o apelo jovem e a aposta em estratégias que privilegiam a internet como meio de relacionamento dá resultado, além de apontar a “morte eleitoral” de velhos nomes da política regional; c) a visualização de nomes como Tiririca (PP/SP), Marques (PTB/MG), Romário (PSB/RJ) e Manoela D’Ávila (PC do B/RS) na lista dos deputados mais votados do Brasil mostra que a juventude se manifesta de duas formas principais: através da esperança em candidatos jovens (caso da gaúcha) ou por meio do voto de protesto.

Tais fatos comprovam que a geração Y consegue se mobilizar, interagir e, talvez ainda mais importante, chegar a resultados concretos. E isso não acontece somente no âmbito eleitoral, mas também e até mais forte no mercado de consumo. Um dos principais diferenciais da geração Y é o forte apelo à tecnologia, afinal esta é a geração do computador, do celular, da internet e da interatividade. Por isso, os fornecedores de bens e serviços não podem desprezar essa característica tão forte se querem ter clientes por toda uma vida.

Um dos preceitos de uma corrente do marketing, o marketing de relacionamento, é a fidelização que, na prática, significa transformar o cliente de determinada organização em uma espécie de torcedor fanático daquela marca e, com isso, faz com que ele passe sempre a consumi-la em detrimento das outras. Apesar de vários autores concordarem com isso e várias outras pessoas colocarem barreiras nesta visão, o certo é que para as empresas conquistarem e manter clientes “fiéis” por toda uma vida é preciso existir um verdadeiro relacionamento, num jogo de “ganha-ganha”, onde todos são beneficiados e recebem o que almejam. E nada melhor do que iniciar este relacionamento na fase de consolidação financeira de seu cliente, certo? Por isso é importante que os fornecedores de produtos e serviços fiquem de olho e comecem a atender já as demandas da geração Y que, se ainda não é economicamente a mais forte (o que ocorrerá em breve), já é quem dita as regras do mercado.

Exemplos bem sucedidos são vários, como, por exemplo, os lançamentos do Novo Uno e do Novo Focus, em que Fiat e Ford, respectivamente, apostaram e acertaram em cheio ao ousar em mídias digitais, possibilitando a verdadeira interação com o cliente. O resultado? Ambos veículos estão muito bem posicionados em vendas, cada qual no seu segmento, e podem ditar de agora para frente a forma como o mercado automobilístico vai se relacionar com os clientes potenciais.

Que os fatos recentes nos âmbitos político e mercadológico possam fazer com que os gestores atentem para a necessidade de buscar meios de interação e, mais que isso, que procurem modos de buscar entender quais as verdadeiras demandas deste público. A velha sabedoria de que é preciso plantar para colher mostra-se mais real do que nunca nesse cenário. Portanto, é hora de “mimar” a geração Y, pois os cidadãos que ainda ontem cresciam em frente aos videogames e à internet já estão se tornando os formadores de opinião do presente. Alguém duvida disso?

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Operacionais x estratégicos

* Laura Aguiar
Jornalista e Professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda
Faculdade Pitágoras de Divinópolis


Ainda não descobri até qual ponto o mercado deseja, sinceramente, um profissional estratégico para as organizações. Em muitos momentos sou levada a acreditar que os empregadores desejam os homens de estanho enfileirados nas suas linhas de produção para cumprir as tarefas imediatas e meramente de operação. Falo sem base de pesquisa e mais como fruto de minha observação como professora universitária e profissional de comunicação.

Os profissionais com perfil tático enxergam adiante de seu tempo e preparam-se para os problemas antes que ocorram. Esses são preciosos. Antecipar situações positivas e negativas é situação rara nas empresas e poucas entenderam essa iniciativa como fator de sobrevivência mercadológico. Muitos empresários e gestores públicos preferem a inércia à mudança de roteiro na forma de gestão. Ser alertado constantemente sobre a necessidade de mudar o rumo para acertar a rota, para produzir melhores resultados, pode gerar um conflito administrativo e um desconforto financeiro e de recursos humanos.

Entretanto, pelo menos, no que se trata de comunicação estratégica para empresas, a atenção para as novas situações anunciadas mesmo com sinais sutis, é uma necessidade de mercado. Para lidar com esses casos a medida mais importante deve ser tomada muito antes de seu estouro e precisa ser uma terfa cotidiana, ainda quando a calmaria está estabelecida. Vejamos exemplos como o da Fiat. A empresa diante da inércia do mercado do velho-Uno, redirecionou as velas para mares mais amplos. E entendamos as ações, por exemplo, do governo Lula, ao mudar o discurso de negação do óbvio, em nome de uma permanência no cenário político.

Para muitas organizações, bom mesmo é ter tudo igual nos 365 dias do ano sem alterações que provoquem transtornos nas rotinas, nas costumeiras tarefas diárias. O resultado de tal comportamento é uma corporação, que tem pouca variação de caixa, funcionários de longa data, marca lembrada, mas nem sempre associada à modernidade, inovação.

O mais grave, contudo, em nível de gestão: empresas desse tipo são fadadas ao fracasso caso seja submetida a crises mais fortes. E nem me refiro a abalos econômicos e políticos somente. Nesses casos, companhias assim, desde um pequeno escritório, uma organização não governamental, um setor público, uma instituição qualquer, poderá ser derrotada por seus próprios processos de comunicação interna e externa se continuar a defender só a operação, a execução, o continuísmo por medo de ouvir algumas mensagens de alerta e mudar o trajeto para vislumbrar outras paisagens de negócios.