sábado, 25 de dezembro de 2010

Como ter boas festas com mais um caos aéreo?

Francisco Resende Costa Neto
Coordenador dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda
Faculdade Pitágoras - Divinópolis-MG


Chegamos a mais um final de ano e, ao invés de ocupar este nobre espaço para enaltecer as boas parcerias e desejar Boas Festas a todos aqueles que, de alguma forma, contribuíram para o nosso crescimento pessoal e profissional, não posso furtar-me de abordar, nesta coluna “pré-Natal”, o caos aéreo que poderá estragar o descanso de milhares de brasileiros após um 2010 extremamente intenso. Uma situação que envolve diversas esferas do governo, entidades sindicais, a iniciativa privada e uma situação anunciada há muitos meses, que, ao que tudo indica, encontra uma justificativa estapafúrdia em um movimento grevista aparentemente “orquestrado” para camuflar uma falta de estrutura que é latente em nosso país. E a mídia não pode deixar de apontar esta carência estrutural para que governo e iniciativa privada busquem, em curto prazo, soluções para que o Brasil possa almejar posições melhores no ranking mundial de desenvolvimento.

Esta semana, a revista Veja, em sua edição online, estampou um FAQ (perguntas e respostas) sobre a estrutura aeroviária brasileira, que será amplamente discutida nestes 4 anos que antecedem a Copa do Mundo de 2014. Apesar da tentativa de propor algumas respostas aos seus leitores, o foco realmente está nessas 10 perguntas que nem os maiores especialistas em transporte aéreo do mundo conseguem nos responder em curto prazo. Vamos a elas: 1. Quando começou a crise no setor aéreo do país? 2. Quais são as causas caos aéreo em que o país mergulhou? 3. Quem administra o transporte aéreo no país? 4. Como funciona o sistema de controle de tráfego aéreo no Brasil? 5. Os equipamentos utilizados no controle do tráfego aéreo no Brasil são confiáveis? 6. Qual é o papel dos controladores de vôo no atual caos da aviação civil? 7. A desmilitarização do controle de tráfego aéreo seria a solução para os problemas dos operadores? 8. Faltam recursos para administrar o setor de transporte aéreo? 9. As companhias aéreas também têm culpa pela crise aérea? 10. Como solucionar o caos aéreo?

Está mais do que evidente que o caos e a incerteza que dominam o setor são resultado de uma série de problemas interligados. Atualmente, os recursos da área são extremamente mal administrados; os aeroportos não têm estrutura para atender a atual demanda; as novas companhias investem em baixo custo para oferecerem baixas tarifas, piorando seus serviços; faltam controladores de tráfego aéreo, e os que estão aí não têm boas condições de trabalho; as comunicações por rádio falham. Como afirma a própria revista Veja, basta que um desses elos da corrente não funcione para que todos os outros sejam comprometidos. Como estão todos na iminência de falhar, a vulnerabilidade do sistema - que há muito ultrapassou o seu limite - é enorme. E quem paga a conta, como sempre, é o usuário.

Infelizmente, ao que nos transparece, não existem soluções prontas. A imprensa nacional precisa ir além da notícia, buscando entender todas as nuances, causas e possíveis consequências deste momento. Abordar apenas a greve como causa e consequência da atual crise é uma forma muito cômoda de externar um assunto tão importante. Ainda mais que parte da crise tem contornos globais. Todos sabemos que existe uma crise aeroportuária também na Europa e nos Estados Unidos. A grande diferença é que, na terra do Tio Sam, todos abraçaram a privatização como a solução mais coerente. Além disso, as autoridades americanas estão permitindo que grandes empresas, como a American Airlines, tenham seus próprios terminais. Resta saber quando este amadurecimento chegará às autoridades brasileiras. Se é que um dia chegará...

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Mídia, responsabilidade social e democracia (RETROSPECTIVA 2010)

Francisco Resende Costa Neto
Coordenador dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda
Faculdade Pitágoras - Divinópolis-MG


Começamos o ano com uma enorme tragédia no litoral fluminense. Sonhos interrompidos pela dor, famílias destroçadas pela perda de filhos e entes queridos. Os deslizamentos de encostas no Centro de Angra dos Reis e na enseada de Bananal, na Ilha Grande, provocaram a morte de dezenas de pessoas e deixaram rastros de destruição. No lugar das comemorações do Réveillon, amigos e sobreviventes reuniram forças para tentar reconhecer corpos e enterrar familiares. Uma dor sem limites. A imprensa brasileira cobriu, ao vivo, essa tragédia que chocou o País.

Poucos dias depois, ainda em janeiro, um grave terremoto assolou o país mais pobre das Américas, o Haiti. Pelo menos 200 mil mortos (21 brasileiros) e 300 mil feridos. Além disso, mais de um milhão de pessoas desabrigadas. A cobertura midiática foi responsável por angariar doações que partiram de todos os cantos do mundo. Ainda hoje, quase um ano após a catástrofe, Porto Príncipe permanece “sobrevivendo” em meio ao caos econômico e social.

Em março, um espetáculo midiático marcou a condenação do casal Nardoni. Após cinco dias de júri, Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá foram condenados pela morte da menina Isabella, por homicídio triplamente qualificado, por terem cometido o crime de forma cruel, com recurso que impediu a defesa da vítima e contra menor de 14 anos. Uma cobertura midiática intensa, ao vivo, estilo “reality show”. Alvo de inúmeras críticas, a cobertura e a assessoria de imprensa prestada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo recebeu um importante prêmio “Relacionamento com a Mídia”, conquistado no VI Congresso Brasileiro dos Assessores de Comunicação da Justiça e VIII Prêmio Nacional de Comunicação e Justiça (Conbrascom 2010). Uma prova de que a verdade e o relacionamento aberto com a imprensa é a melhor prestação de contas que pode existir em uma sociedade democrática.

Durante a Copa do Mundo, em junho, nossos “guerreiros” sucumbiram a fama e a pose de melhor futebol do mundo diante da eficiência e obediência tática dos holandeses, que só não foram campeões porque deram azar de terem uma excelente geração de craques no mesmo período em que a Espanha apresentou ao mundo uma constelação comandada por Xavi e Iniesta. Nem os gritos insuportáveis de Galvão Bueno, disfarçado de seu nacionalismo que não convence mais aos brasileiros, foi suficiente para o sucesso do Brasil. Sobraram vuvuzelas, criaram a famigerada Jabulâni, que ganhou contornos “sinistros” na voz do imortal Cid Moreira! Entretanto, as coberturas jornalísticas foram de fundamental importância e contribuíram, de fato, para uma democratização de informações. Sobretudo, em relação ao país-sede e até então pouco conhecido pelos brasileiros. Apesar de alguns ainda acharem que a África do Sul fica “logo ali”...

Por fim, tivemos as eleições mais disputadas dos últimos 20 anos. Dilma e Serra disputaram, voto a voto, a preferencia do eleitor. Entre dossiês, pequenos atentados a base de papel embolado e poucas propostas para o País, a petista assume, em janeiro, o cargo político mais importante do país. Neste caso, fica nítido um avanço em termos de mídia em nosso país: cada vez mais, a mídia brasileira se aproxima do modelo norte-americano, onde cada órgão de imprensa tem o direito (e o dever) de se posicionar publicamente, antes das eleições, em relação a sua preferência política. Posto isto e ratificado em nosso país, evitará que revistas de grande circulação nacional ou importantes jornais, que se vendem como completamente independentes, vendam suas páginas principais para “ideologias político-financeiras” e nos repassem publicidade em forma de informações veladas. Será, com certeza, o avanço mais significativo da democracia em nosso país!
Fim de ano. É o momento para se refletir sobre tudo que aconteceu nos últimos 12 meses e que teve repercussão (negativa ou positiva) na mídia nacional e mundial. Muitos deles, com certeza, permanecerão na memória de muitos e, alguns, permearão páginas de livros de História em um futuro não muito distante. Fato é que 2010 foi um ano extremamente midiático o que, para jornalistas e publicitários, torna-se um prato cheio.

sábado, 27 de novembro de 2010

Gestão de marca e posicionamento

* Ricardo Nogueira
Jornalista, Mestre em Educação, Cultura e Organizações Sociais.
Professor da Faculdade Pitágoras/Divinópolis nos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda.



 
Atualmente, muito se fala em gestão de marcas, branding e várias outras estratégias na busca por um diferencial competitivo no mercado. Outro ponto bastante comentando diz respeito a segmentação e posicionamento, ações tidas por muitos como “salvadoras” das empresas. Mas afinal de contas, o que a gestão de marcas, segmentação e posicionamento podem influenciar nos rumos de um negócio?
 
Na contemporaneidade, avanços tecnológicos impõem às organizações a necessidade de buscar novas formas de gestão, cujo foco está cada vez mais dirigido aos bens intangíveis: marcas, pessoas, idéias e informações estratégicas. Novos serviços e produtos estão disponíveis no mercado a todo instante e, com a tecnologia, a cópia dessas inovações se torna viável. Isso torna difícil para as empresas manterem a vantagem competitiva resultante da exclusividade de suas inovações e faz com que tenham dificuldade até mesmo de recuperar o investimento realizado em pesquisa e desenvolvimento para o lançamento de um novo produto ou serviço.
 
Assim, vários autores acreditam que o investimento nas marcas é uma das soluções para essa situação, a fim de criar e sustentar uma vantagem competitiva através de uma identidade de marca original e singular, capaz de construir uma imagem atraente para os consumidores. A qualidade superior e o valor agregado tornam uma marca forte e, assim, ela pode cobrar um preço mais alto, usufruir de maior taxa de fidelidade dos clientes, possuir uma participação dominante de mercado e criar uma barreira à entrada de concorrentes.
 
Na prática, a gestão de marca tem muito a ver com os conceitos de segmentação e posicionamento. Quando uma empresa opta por segmentar, ela passa a fazer um estudo para a definição do mercado-alvo que quer atingir e, a partir daí, concentra seus esforços para satisfazer o público deste mercado. Um exemplo disso pode ser uma loja de roupas que faz a opção em vender apenas vestidos de festa. A partir do momento em que a empresa faz esta opção, ela abre mão de atender outras demandas do mesmo tipo de produto (roupas), como modinha, roupas íntimas, moda masculina, moda casual e jovem, por exemplo. Mas, ao mesmo tempo em que renuncia a este outro mercado, ela consegue se especializar e atender melhor o segmento a que se propôs: o de vestidos de festa. Isso agrega valor ao seu produto e facilita a comunicação com seu público-alvo, bem definido.
 
É aí que entra o posicionamento. Com o mercado-alvo e a segmentação definida, a empresa precisa agora se posicionar diante da sociedade. E posicionar, numa definição rápida, consiste em agir e comunicar ao mercado o que é a empresa, o que ela oferece, para quem ela oferece e qual o seu diferencial em relação a concorrência. No exemplo citado, a empresa poderia posicionar-se como produtora de vestidos de festa exclusivos, feitos sob encomenda com um estilista próprio – o que agregaria valor para o cliente que gostaria de ter uma peça única –, ou se posicionar como uma empresa que produz vestidos “populares”, mais baratos e acessíveis, porém sem a exclusividade – o que atrairia consumidores em busca de soluções a menores custos.

Sabe-se que o mercado está aberto a todos e que, neste caso exemplificado, tanto um quanto o outro posicionamento poderia resultar em um grande sucesso. Mas, para isso, é importante que a empresa defina bem seu segmento e se posicione de maneira clara, para que o consumidor possa lembrar sempre de seu nome quando precisar adquirir este tipo de produto. Isso auxilia na gestão da empresa, faz com que ela tenha foco bem definido e, por consequência, cria uma marca forte.

A marca, além de ser a forma pela qual o público se associa a uma empresa, tem a capacidade de influenciar consumidores, parceiros e colaboradores. Uma marca não é apenas a logo ou imagem de uma empresa, mas uma cultura que surge como resultado da sua relação com o mercado. Com base em seu posicionamento, uma marca é capaz de transmitir uma percepção desejada para seu público.
 
Por serem inatingíveis, as marcas têm vida útil infinita quando bem gerenciadas. As características físicas dos produtos podem ser copiadas. Já o valor de uma marca, não. A marca cria barreiras emocionais contra a concorrência, bem como vantagem competitiva sustentável de longo prazo.

Portanto, antes de querer se tornar “Top of Mind”, ou ser a marca mais lembrada pelos consumidores de determinado segmento de mercado, as empresas devem primeiro resolver, internamente, o que elas realmente são. Após isso, posicionar-se de forma clara e iniciar o trabalho em gestão de marca pode trazer resultados significativos. Mas é bom começar isso o quanto antes. Afinal, uma marca forte não se constrói do dia para a noite. Ou alguém ainda acredita em sucesso sem trabalho?

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Exportação: oportunidade para marcas regionais e profissionais de Comunicação

Francisco Resende Costa Neto
Coordenador dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda
Faculdade Pitágoras - Divinópolis-MG



Pensar globalmente significa ter uma perspectiva de que a marca, além de sua própria base de atuação, seja essa local, regional ou nacional, pode ter uma força global. Grandes empresas como IBM, Coca-Cola, Gillette, Nestlé, Sony, Unilever, Panasonic e outras obtêm mais de 50% de suas receitas do exterior. Entre as empresas brasileiras, Embraer, Sadia e a Alpargatas (chinelos Havaianas) estão entre os maiores exportadores. A globalização, contudo, não está limitada a grandes empresas. Essa prática está se tornando crescente junto a pequenas e médias empresas brasileiras. Inúmeras já estão obtendo parte de sua receita com o mercado externo. Entretanto, o percentual de exportação pelas empresas brasileiras de pequeno e médio porte no total exportado pelo país ainda é relativamente pequeno se comparado com o dos países como o México e Itália. E talvez esta questão esteja ligada à falta de uma equipe de comunicação que faça com que estas marcas apareçam – e bem, em mercados externos.

A internacionalização de uma marca envolve uma série de condicionantes devem ser observados, tanto referentes à própria marca como a outras questões que vão interferir positiva ou negativamente nesse tipo de estratégia. Às vezes, uma marca bem aceita em um país não se presta para a internacionalização. O nome e a fonética estão entre os aspectos que merecem cuidados, face o seu significado em outros países e culturas. Nessas circunstâncias, mesmo o produto bem aceito por aqui terá que receber outro nome e, dependendo, outra logomarca. Esta análise é típica do publicitário, responsável por pesquisar tendências e culturas de outros países antes de inserir a marca de seu cliente no exterior, respeitando aspectos como cultura, religião e questões etnicas.

Fato é que temos, em nossa regiào, excelentes APL`s (Arranjos Produtivos Locais) com imenso potencial de exportação, seja para início ou expansão deste processo: cidades como Cláudio (fundição), Santo Antônio do Monte (fogos), Carmo do Cajuru (móveis), Nova Serrana (calçados), Divinópolis (confecção e siderurgia), Itaúna (siderurgia), Pará de Minas (suinocultura), São Sebastião do Oeste (avicultura), entre outras. A qualidade dos produtos e a capacidade de produção em alto escala já estão mais do que consolidadas. Falta, entretanto, este elo de comunicação com os mercados. O profissional que vai trabalhar a comunicação, a pesquisa e a adaptação desses produtos/marcas para os mais diversos países. Aquele que, independentemente de sua habilitação (jornalista ou publicitário), está preparado e motivado para estas importantes atribuições, pois a pesquisa abre enormes mercados. Seu papel é completamente diferente do profissional de Comércio Exterior, que irá, tecnicamente, mediar este fluxo de produtos na área administrativa. Mas a análise e a adaptação de produtos/marcas são fundamentais para o sucesso neste novo mercado.

Equívocos já aconteceram e prejuízos foram registrados, inclusive, por grandes marcas. A Coca-Cola já teve que passar pelo vexame de devolver, ao Brasil, milhões de unidade de refrigerantes Pet 2 Litros enviados ao mercado americano, justamente, por achar que o sucesso no Brasil se replicaria nos EUA. Faltou apenas um detalhe: estudar os hábitos de consumo daquele país, caracterizado pelo extremo individualismo. A gigante Petrobrás investiu milhões de dólares para transformar sua marca mundialmente conhecida para Petrobrax, agradando aos investidores internacionais, que tinham uma dificuldade com a pronúncia nacional. Fiasco total, que gerou enormes prejuizos para a estatal, tanto em imagem quanto em investimentos oriundos na “nova” marca. Sao provas de que os grandes também cometem equívocos e amargam enormes prejuízos, que teriam sido evitados caso a pesquisa fosse o ponto primordial do processo. Talvez esteja aí o grande “gancho” para empresas do Centro-oeste comecem a pensar em outros mercados, expandindo seus lucros; além de uma grande oportunidade de mercado para profissionais de Comunicação.

domingo, 14 de novembro de 2010

Importância de uma boa escolha profissional

Francisco Resende Costa Neto
Coordenador dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda
Faculdade Pitágoras - Divinópolis-MG

Durante essa semana (dias 16, 17 e 18 de novembro), a Faculdade Pitágoras de Divinópolis promove o Giro de Profissões, evento gratuito e destinado aos alunos do ensino médio da região. Para os vestibulandos ou aqueles que ainda estão em dúvida de qual profissão escolher, o evento é uma grande oportunidade para conhecer melhor os cursos de graduação oferecidos na instituição. Pego o gancho deste importante evento realizado pela Faculdade Pitágoras para falar, novamente, sobre a importância de se fazer escolhas profissionais. E quanto antes essas decisões forem tomadas, maiores são as chances de darem certo. Ainda mais quando falamos de profissões.


O Giro de Profissões pretende aproximar os futuros universitários da realidade acadêmica por meio de atividades que incluem uma visita por toda a estrutura da faculdade, apresentação dos Núcleos de Excelência, salas com demonstração de cada curso onde os estudantes poderão conhecer mais sobre as oportunidades no mercado de trabalho. Profissionalmente falando, é uma chance sensacional para que adolescentes entre 15 e 18 anos possam conhecer e fortalecer suas convicções em relação à carreira que pretendem seguir. Uma decisão difícil que, geralmente, vale para toda a vida.

A escolha profissional é um processo dinâmico e em permanente construção, atravessado por conflitos, ansiedades e angústias. Às vezes, é influenciada por diversos fatores, dentre eles os pais, a família de um modo geral, os amigos e o grupo social, o meio sócio-cultural e os preconceitos com relação às profissões. Há ainda crenças e mitos que dificultam a escolha profissional. Por exemplo, acreditar que a escolha é definitiva e para sempre gera angústias. Mas como pensar na tomada de escolha profissional como uma decisão finalizada se nossas preferências e competências mudam de acordo com nossas experiências? Se a cada momento da vida podemos perceber que há outras escolhas melhores e mais satisfatórias? Eis aí um grande mistério.


Por isso, as instituições de ensino superior precisam entender este novo direcionamento que o mercado apresenta. Existe uma grande expectativa por parte dos futuros universitários em conhecer, previamente, a estrutura que lhe será ofertada durante todo o curso superior. Cada vez mais valoriza-se uma boa estrutura de laboratórios, qualidade das salas de aulas, a existência de um ambiente universitário e multidisciplinar e, acima de tudo, a qualificação e a titulação dos mestres docentes, independentemente da área de atuação. O poder de decisão em relação à carreira profissional está cada vez mais nas mãos dos próprios jovens, e não com os pais ou outros atores envolvidos no processo. Ou seja, as escolhas profissionais começam a ser decisivas ainda na adolescência.

Como escrevi semana passada, toda decisão, por mais simples que possa parecer, envolve riscos que se amenizam muito quando se constrói uma estratégia bem clara, com base em planejamento e critérios de escolha bem definidos. Tomar decisões é uma questão de coragem, combinada com uma grande dose de intuição. Entretanto, a eficiência da intuição é menos relevante quando se efetiva uma escolha com base em comparações. Por isso acho importante ações proativas de instituições de ensino superior, no sentido de apresentar seu projeto pedagógico e, sobretudo, mostrar toda a estrutura de seus cursos antes da escolha por parte dos futuros universitários. Assim, a escolha profissional torna-se mais consistente e com maiores chances de sucesso.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

As redes sociais, flash mobs e os movimentos populares


* Leonardo Marcos Rodrigues
Professor dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda
da Faculdade Pitágoras/Divinópolis.




O leitor já deve estar cansado de ler, quase todas as semanas, vários e vários artigos citando as redes e mídias sociais, suas aplicações e transformação que ela tem causado no cotidiano popular. Já é mais do que claro, que a vida nessa sociedade moderna, cosmopolita e mutante não é mais a mesma depois que tivemos acesso à esse novo mundo virtual, onde todos estamos ligados e construindo conceitos, debatendo nosso cotidiano e nossos problemas, enfim, estamos conectados. E é justamente sobre esse poder de ligar pessoas que as redes sociais possuem que vamos refletir, em especial o tão comentado e badalado #ponchicday.

Para que o leitor entenda bem o caso, vamos a um pequeno resumo da ópera. O Ponchic é um refrigerante vendido em Divinópolis (MG) e região centro-oeste do estado. É uma bebida que fez parte da infância da maioria dos integrantes da geração X e Y, que tem uma adesão fortíssima nas redes sociais. Acontece que na quinta-feira (04/11), depois de uma pequena discussão iniciada no Twitter, onde uma pessoa fez uma crítica à bebida que é um verdadeiro ícone da cultura divinopolitana, várias pessoas saíram em defesa do Ponchic, inclusive esse colunista.

O que havia começado como uma brincadeira se tornou um fenômeno de mobilização local, com centenas de internautas declarando o seu amor pelo refrigerante. Com isso, surgiu a idéia de se criar o #ponchicday, que na linguagem mais popular seria o “dia do Ponchic”. A sexta-feira (05/11) foi a data escolhida para celebrar o amor dos divinopolitanos à bebida, sendo que os proprietários da marca, sabendo do movimento, resolveram doar 200 garrafas do refrigerante para comemorar o evento, que teve a participação de cerca de 40 pessoas. Eis que estava sacramentado o primeiro flash mod genuinamente popular em Divinópolis.

Os flash mobs são aglomerações instantâneas de pessoas em um local público para realizar determinada ação inusitada previamente combinada. A expressão geralmente se aplica a reuniões organizadas através de meios eletrônicos de comunicação, como o twitter.

O exemplo acima serve bem de exemplo do que temos debatido ao longo de várias colunas, a força das redes e mídias sociais no nosso cotidiano. Um simples gosto em comum de várias pessoas conseguiu movimentar centenas de pessoas durante dois dias. Para quem ainda duvidava desse poder, é o hora de rever os conceitos e se preparar para que essas mobilizações populares se tornem cada dia mais freqüente.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Comunicação interna e o aumento da produtividade

* Ricardo Nogueira.
Jornalista, Mestre em Educação, Cultura e Organizações Sociais.
Professor da Faculdade Pitágoras nos cursos de
Jornalismo e Publicidade e Propaganda



Neste artigo abordaremos a mudança nos processos de gestão da era moderna para a atualidade e seus reflexos na vida dos funcionários das empresas. A partir do entendimento que passamos por uma mudança, da era da sociedade disciplinar (marcada pela punição) para a era da sociedade de controle (marcada pelas recompensas), a comunicação interna nas organizações passa a ter papel fundamental para a obtenção dos resultados empresariais esperados. A diferença nesta análise é que, ao invés de focarmos a comunicação mercadológica (feita especificamente para o público externo), vamos nos ater à importância da boa comunicação interna e como funcionários bem informados podem trazer vantagens competitivas para as empresas

A nova forma como os gestores enxergam os funcionários dentro das organizações, usando métodos de “pseudorecompensas” para a obtenção de metas de produção em detrimento à punição, revela um paradoxo entre as formas da teoria e prática. Enquanto o trabalho em equipe, a gestão compartilhada e a motivação são temas cada vez mais recorrentes nos autores que tratam sobre a gestão organizacional, o que se percebe na prática é a individualização nos ambientes de trabalho onde, pressionado por metas e objetivos a serem cumpridos, os empregados pensam primeiramente na satisfação de seus objetivos pessoais para depois se envolverem nos objetivos organizacionais.

Assim, as práticas utilizadas pelas organizações para criar vínculos com os funcionários a fim de formar equipes de trabalho engajadas, compartilhando valores e objetivos em comum, esbarram nas estratégias individuais de sobrevivência no ambiente de trabalho, causadas, em grande parte, pela insegurança e instabilidade do mercado. Pesquisas recentes mostram que o nível de envolvimento dos empregados com os objetivos organizacionais estão abaixo da expectativa das empresas. Isso, de acordo com os dados, causado muitas vezes pelo sentimento da restrição de informações nos ambientes de trabalho, o que gera desconfiança e falta de comprometimento.

Tais fatos são importantes para apontar a necessidade de considerar estas contradições ao se tentar alinhar a comunicação interna nas organizações com a realidade atual. Podemos apontar alguns desafios para a comunicação interna neste cenário. Um deles é a atenção às conseqüências das mudanças nas relações de trabalho e no ambiente interno nas empresas. A expansão acelerada da tecnologia e o acesso facilitado aos meios de comunicação fazem com que as organizações tenham que ter cada vez mais responsabilidade com a veiculação de decisões e a tradução de acontecimentos que afetam a vida dos empregados, entendendo que as empresas deixam de ser o único pólo de emissão das mensagens. Para isso, deve-se entender e reforçar o papel das lideranças internas como fontes e agentes de comunicação a favor das empresas.

Outro desafio no ambiente interno das organizações é a comunicação de mão-dupla. Diversos autores da área de Comunicação Organizacional já apontaram a importância da comunicação acontecer no fluxo horizontal, e não no vertical, como ocorria na sociedade disciplinar. No entanto, percebe-se ainda poucas práticas que favorecem a participação dos funcionários no contexto da comunicação interna nas empresas. Para atingir estes objetivos da comunicação eficaz, é necessário considerar, efetivamente, a ótica dos empregados. E isso só é possível com a diminuição da distância entre as partes envolvidas – diretoria e funcionários.

Pensar nos funcionários como partes fora dos acontecimentos internos e externos de uma organização é menosprezar a capacidade crítica destes indivíduos que estão muitas vezes mais preocupados em satisfazer suas necessidades individuais do que em atender aos objetivos organizacionais. Para evitar este tipo de confronto, uma comunicação interna eficiente, que respeite as individualidades e promova a participação para atingir os objetivos das empresas revela-se uma importante estratégia e ferramenta de competitividade no mercado contemporâneo.

A disponibilização de informações relevantes, principalmente aquelas que vão influir diretamente na vida dos empregados, é condição básica para a construção de verdadeiras equipes de trabalho, onde cada membro “abre mão” dos objetivos individuais a favor de um esforço coletivo, em prol da organização. E isso, como percebe-se, é motivo de busca frequente nas organizações, que sabem que o capital humano engajado e comprometido é cada vez mais um diferencial no ambiente de trabalho. Por isso, os gestores da comunicação interna têm que levar em consideração todas as mudanças internas e externas que influenciam as organizações, para que os esforços em programas e ferramentas específicas para este fim atinjam os verdadeiros objetivos.










O prazer do jornal

Bernardo Rodrigues

Jornalista, especialista em Filosofia e Mestre em Teoria da Literatura.
Professor dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda
da Faculdade Pitágoras/Divinópolis




Muito se diz que não é possível pensar em democracia sem que haja uma imprensa ativa. De fato, o jornalismo cumpre um importante papel de crítico e fiscalizador do Poder Público, levando ao conhecimento da população o que acontece na esfera governamental. Entretanto, isso nos traz outro questionamento: o que o público faz com essas informações?

Em meados do século passado, nos Estados Unidos, algumas pesquisas sobre a comunicação de massa já se voltavam para esse uso que o público faz dos meios de comunicação. Isso aconteceu como desenvolvimento de uma abordagem funcionalista da mídia, que tentava identificar o papel que ela desempenhava na sociedade e seus efeitos sobre a massa. Daí, em vez de se perguntar “o que a mídia faz com o público?”, voltou-se o foco para outra indagação: “o que o público faz com a mídia?”. Essa abordagem ficou conhecida como “Usos e Satisfações”, ou “Usos e Gratificações”, defendendo que o público busca os meios de comunicação para a fim de obter uma satisfação pessoal.


Isso nos leva à pergunta do primeiro parágrafo. Vamos falar de jornalismo aqui como se a imprensa fosse totalmente isenta, imparcial e comprometida simplesmente com a verdade (num outro momento voltamos a atenção para as “tendências” do jornalismo). Enfim, por mais que a imprensa esteja empenhada em conscientizar e informar a população, pode acontecer de as pessoas buscarem a mídia simplesmente por entretenimento. Um telejornal, nesse caso, vira um espetáculo, esgotando-se em si mesmo, sem deixar para os espectadores, por mais que tente, algo que paute ou oriente sua ação no futuro. Um exemplo disso seria aquela pessoa que, ao deitar, deixa a TV no canal de notícia, apenas para que pegue no sono, deixando de lado seus problemas com trabalho e com a família. A notícia se transforma, para essa pessoa, num discurso que traz distração.


Ao trabalhar essas questões com meus alunos, propus que se fizesse uma breve pesquisa pela faculdade para observar essa relação dos estudantes com os meios de comunicação. Realmente é curioso observar que a maior parte das pessoas assista a televisam com o simples objetivo de passar o tempo, mesmo aquelas que dizem assistir ao telejornal. É fato que a própria linguagem e formato do telejornal, por exemplo, tem mudado, deixando o jornalismo mais leve, mais solto, mais atento à forma e mais próximo, inclusive, de programas de entretenimento. Daí é que surgem os “andróginos” CQC’s e outros programas que mesclam pautas jornalísticas com entretenimento. O jornalismo, aos poucos, passa a ser convertido pelo público num produto que pouco se diferenciaria de uma telenovela, observando-se seu papel social.


Se é esse o uso que o público faz do jornalismo, sua contribuição para a Democracia fica limitada, nem tanto pelo tipo de informação que dissemina, mas pelo alheamento que o próprio público se impõe, ao abrir mão do “empoderamento” que a mídia deveria lhe proporcionar.

Muitos podem vir com o apocalíptico discurso de que é a própria Indústria Cultural, da qual o jornalismo faz parte, que provoca essa alienação. Entretanto, essa demonização da mídia, na verdade, só ofusca os buracos do modelo de educação que temos privilegiado em nosso país. É mais fácil condenar a mídia; não temos controle sobre ela.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Faculdade Pitágoras presente nas redes sociais virtuais



* Francisco Resende
Coordenador Acadêmico
Faculdade Pitágoras/Divinópolis-MG 

Desde o dia 31 de outubro, dentro dos primeiros projetos implementados pela nova Coordenação Acadêmica, a Faculdade Pitágoras apresenta à comunidade uma forma inovadora de comunicação na era da web 2.0. A partir de agora estão oficialmente implantados seus novos canais de comunicação com clientes, fornecedores, professores, alunos, profissionais do segmento e toda a sociedade utilizando, essencialmente, as novas mídias sociais virtuais.

A Faculdade Pitágoras de Divinópolis passa a dispor de perfil no Twitter, canal de vídeos no Youtube e perfil com fotos no Flickr, além de outras mídias sociais de grande utilização por parte das pessoas no dia-a-dia. Todo este conteúdo será atualizado cotidianamente, pela equipe de comunicação da Faculdade Pitágoras, em parceria com os setores acadêmico e comercial, através de um profissional especialista em mídias digitais, e podem ser acessados de qualquer lugar de forma interativa e colaborativa por texto, foto e vídeo. Além disso, os blogs já estão conectados com estas novidades, e irão noticiar as novidades da Faculdade Pitágoras de Divinópolis para todos os públicos.

A utilização dessas ferramentas de Comunicação têm como objetivo facilitar a troca de informações sobre aperfeiçoamento profissional, cursos de graduação e pós-graduação, vestibulares, promover o treinamento e a capacitação à distância, ampliar o alcance e a divulgação da Faculdade Pitágoras de Divinópolis, além de reunir uma grande rede de pessoas interessadas em temas relacionados ao mercado de Educação Superior, cursos de extensão, Vestibular, entre outros temas, o que a empresa classifica como um grande espaço multiplicador que permite ampliar o relacionamento com o público em geral.

E é com este objetivo que a Faculdade Pitágoras de Divinópolis lança, através de um projeto inédito em toda a região, sua participação nas mais usadas redes sociais do Brasil. Um trabalho extremamente pioneiro e profissional, com o objetivo de estreitar relacionamentos e utilizar mídias mais ágeis, modernas e de maior alcance junto aos seus públicos. Iniciamos, neste início de projeto, as seguintes mídias sociais:

- Twitter: para notícias rápidas e interação. Seja um seguidor do @pitagorasdiv

- YouTube: novo canal da TV Pitágoras, agora disponível para todo mundo! Acesse http://www.youtube.com/tvpitagoras


- Slideshare: compartilhamento de materiais e conteúdo. Acesse http://www.slideshare.net/pitagorasdiv/newsfeed


- FormSpring: Atendimento a dúvidas a partir da internet. Acesse http://www.formspring.me/pitagorasdiv


- Facebook: participação e interação com a comunidade acadêmica. Curta o http://www.facebook.com/pages/Faculdade-Pitagoras-Unidade-Divinopolis/127669063954676


- Orkut: participação e interação com a comunidade acadêmica. Adicione http://www.orkut.com.br/Main#Profile?uid=16219807194924944863


- Flickr: coberturas fotográficas de eventos e divulgação de trabalhos acadêmicos. Acesse e busque as melhores imagens/fotos em http://www.flickr.com/photos/pitagorasdiv/


Além disso, a Faculdade Pitágoras de Divinópolis cria, a partir deste momento, um democrático e completo Blog Agregador de Informações. Neste site qualquer usuário, sem a necessidade de senhas, terá uma integração de todas as redes sociais e também notícias, fotos de eventos, vídeos da TV Pitágoras e participará de transmissões ao-vivo de palestras, cursos e aulas especiais; tudo com toda interatividade possibilitada pela internet. O endereço do blog é http://www.pitagorasdiv.blog.br/.
De acordo com o coordenador acadêmico, prof. Francisco Resende, esta é a melhor forma de se poder atingir todos os públicos da Faculdade Pitágoras de Divinópolis. “Nossos alunos são cada vez mais jovens e conectados as essas mídias digitais. É um equívoco muito grande desprezar a força dessas ferramentas no relacionamento entre direção, professores e alunos. Talvez, as redes sociais representem uma revolução tecnológica e comunicacional muito maior do que o rádio e TV, em suas respectivas épocas”, avalia. Segundo o coordenador, todos os acessos já estão liberados aos usuários.
 
As redes sociais são formas de compartilhamento de informações, gostos e idéias entre usuários com os mesmos gostos e estilos. Assim, um grupo de discussão é composto por indivíduos que possuem identidades semelhantes.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

A lição chilena no gerenciamento de crise


* Leonardo Marcos Rodrigues
Professor dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Faculdade Pitágoras/Divinópolis

Um tema que venho estudando muito e que toma cada vez mais importância dentro da comunicação das organizações é o gerenciamento de crise, como evitá-la e, caso aconteça, como minimizar seus efeitos. Lembro que logo no final da minha graduação, fiz um trabalho junto a uma empresa de fogos de artifício de Santo Antônio do Monte, com o foco da comunicação integrada a fim de gerenciar esse período turbulento. Para minha surpresa, descobri que nenhuma empresa da cidade, todas com um altíssimo potencial gerador de crises, possuía um programa para fazer esse gerenciamento. E isso faz toda a diferença nos momentos mais delicados para a organização e até mesmo um país.
 
Digo país, porque pela primeira vez pude testemunhar através da mídia mundial, um bom exemplo de como gerenciar uma crise que tinha tudo para ser completamente desastrosa. O desabamento de uma mina de cobre no Chile e o soterramento de 33 mineiros tinha todos os ingredientes para temperar uma tragédia. Mas o que se pode ver foi uma verdadeira lição de sucesso, principalmente com o resgate inusitado de todas as vítimas, em perfeitas condições de saúde e em tempo recorde.
 
Partindo desse ponto de vista, pude notar que o sucesso no gerenciamento dessa crise contou com o esforço de muitos, bastante trabalho em equipe, planejamento correto e principalmente, atenção a algumas regras básicas, no tocante a comunicação, implementadas nesse tipo de situação e que apresento, com uma breve explicação de cada uma.
 
ASSUMIR O CONTROLE DA SITUAÇÃO. Essa é uma das primeiras medidas a serem dotadas. Imediatamente após o acidente, ficou claro que os responsáveis, nesse caso a empresa, através do seu o escritório nacional de emergência e o ministério da Mineração chileno já estavam trabalhando para buscar mais informações e tomar as primeiras providências. Agir rápido e de forma coordenada é fundamental.
 
COLETAR O MÁXIMO DE INFORMAÇÕES POSSÍVEIS. Tanto a empresa, quanto o ministério da Mineração enviaram equipes ao local para verificar o acidente e reportar o que realmente havia acontecido. São essas informações coletadas por técnicos e especialistas no assunto que dão o norte das operações.
 
MONTAR UM CENTRO DE GESTÃO DE CRISE. Em setores onde a crise é eminente, como o caso de uma mina, um centro ou comitê de gerenciamento de crise deve ser criado. É o coração de toda operação. É esse setor que vai dar as coordenadas do que deve ser feito, receber as informações dos técnicos e especialistas. No caso chileno, a empresa já possuía um escritório nacional de emergência, o que certamente deu mais organização e agilidade no resgate dos mineiros.
 
COMUNICAR-SE COM CLAREZA, RAPIDEZ E FREQÜÊNCIA. Esse ponto é fundamental para evitar que o “rádio peão” leve para a imprensa, informações desencontradas, plantadas e que podem potencializar a crise. Em casos como o da Mina San José, havia um porta-voz para fazer os pronunciamentos oficiais, sempre apresentando dados claros e em períodos pré-determinados. Isso faz com que boatos e informações distorcidas sejam minimizados e caso eles apareçam, podem ser esclarecidos pelas fontes oficiais.
 
COMPREENDER A MISSÃO DA MÍDIA NA COBERTURA DE CRISES. Mais de 1000 jornalistas do mundo todo acompanharam o caso da Mina San José, no Chile. Só esse dado dá uma clara noção da importância do caso e de como facilitar o trabalho desses profissionais é fundamental. Nesse caso, o governo chileno, através do canal de TV estatal, foi a fonte oficial de imagens do local, principalmente o tão aguardado resgate, atendendo todos os comunicadores de forma homogênea e democrática.
 
COMUNICAR-SE DIRETAMENTE COM O PÚBLICO AFETADO. Essa é uma das principais falhas em grandes crises. Várias vezes pude ver parentes de vítimas de acidentes, por exemplo, serem barradas ou mesmo esquecidas pelos gestores da crise. Felizmente não foi o caso no Chile. Se fizermos uma espécie de ranking, imediatamente após as vítimas diretas do acidente, os parentes são os próximos da fila e tão importante quanto prestar socorro para os mineiros, os parentes receberam atenção. Todos foram acomodados em acampamento próximo a mina e tiveram atendimento especial de psicólogos, assistentes sociais, etc.
 
FAZER PLANOS PARA EVITAR OUTRA CRISE IMEDIATAMENTE. Mais do que nunca aqui vale o ditado de que “ninguém aprende pelo amor e sim pela dor”. Após o desfecho do caso, com todas as vítimas resgatadas em perfeitas condições de saúde, é necessária uma profunda reflexão sobre o caso, trabalhar intensamente para que ele não se repita e principalmente, estar preparado para enfrentar novas crises.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Publicitários no mercado de trabalho

* Mivla Rios

Publicitária, mestre em Comunicação Social.
Professora dos cursos de Publicidade e Propaganda
da Faculdade Pitágoras-Divinópolis.




Em um dos meus artigos anteriores, intitulado “Afinal, o que faz um publicitário?” abordei as possíveis atuações desse profissional tão multidisciplinar, dinâmico e fundamental na sociedade contemporânea. Entretanto, para ilustrar essa realidade, partindo de um olhar regional, decidi pesquisar onde estão os nossos ex-alunos da Faculdade Pitágoras, formados em publicidade. Assim, poderei mostrar o que andam fazendo e em que área estão atuando. Consegui contatar muitos deles, obviamente não todos, mas já tenho uma amostra bem qualificada e diversa de possibilidades para apresentar. É bom que, ao mesmo tempo em que exemplifico o trabalho do publicitário, ainda aproveito a oportunidade para prestar uma certa “homenagem” ou parabenizar nossos alunos e colegas de profissão por sua jornada de sucesso.Vou começar falando daqueles ex-alunos que estão trabalhando nas agências de publicidade da região. Primeiramente os empresários, alunos que fundaram suas próprias agências como o conhecido Gustavo Bicalho, da Agência Faro, o Fabrício Medina e a Geise Macedo que se uniram à uma jornalista, também ex-aluna, e fundaram a Ofício, além do nosso querido Fernandinho Henrique, da Orange. Destaque merecido para o Fábio Diniz, que mesmo antes de concluir a graduação já está despontando com a DNZ Comunicação. No mercado de Nova Serrana ainda temos o Pedro Henrique, da Studio B e os fundadores da Supra, o Alfredo e a Mariana. Lá em Santo Antônio do Monte, temos notícias do Everton, com a OK comunicação.

Atuando como colaboradores nas agências podemos citar a Fernanda Dias, que faz um pouco de tudo na Graffus, e também o trio que arrebenta na Tuéz Design: Liliane Ferreira, Karine Braz e Geórgia Morais. Na tradicional PRP temos o Evaldo Senna, o Guilherme Abreu e o Flávio, já na Onda 3 está o Bruno Fontanelle. Nas terras de Nova Serrana plantamos uma árvore com muitos frutos na agência Supra. A Lilian de Figueiredo (atendimento), o Glauco Richelli (produção), a Luana (assessoria) e o Gabriel Andrade (criação) são talentos que compõem o quadro da agência.

Acho que também é muito importante lembrar os alunos que ainda estão cursando publicidade e já conseguiram seu lugarzinho ao sol nas agências. São eles o Guilherme Alvim (Supra), o Markin Parreiras que compõe o time da Namídia, a Jhennifer Morato que recentemente estreou na PRP e a Raíssa Greco que ao lado da Nayara Rocha fazem um belo trabalho na Tuéz. Ah, já ia quase me esquecendo do Marcos Guimarães que atua a algum tempo já na DW comunicação. E só pra fechar, quero citar os meus queridos estagiários da AGP3, a agência experimental da Faculdade Pitágoras, que trabalham atendendo demandas reais e também mandam muito bem. São eles Fabíola Pezzini, Iolanda Oliveira e Jefferson Antunes.

Ufa! É uma turminha muito bacana, que se dedica diariamente, às vezes noturnamente, aos trabalhos publicitários realizados dentro das agências. São profissionais de atendimento, mídia, planejamento, criação, redação, dentre outros que fazem com que as empresas da região possam ter acesso, cada vez mais, a serviços de comunicação de qualidade e que tragam retorno e acrescentem valor às suas marcas.

Parabéns a todos os talentos de agências de publicidade citados neste artigo e também àqueles muitos que não foram mencionados aqui, mas contribuem, à sua maneira, para criamos um mercado cada dia mais maduro, qualificado e competitivo.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Geração Y

* Ricardo Nogueira
Jornalista, Mestre em Educação, Cultura e Organizações Sociais.
Professor da Faculdade Pitágoras nos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda



As Eleições 2010 e o padrão de consumo atual consolidam um dado relevante do ponto de vista do marketing: a chamada Geração Y, que compreende os nascidos entre 1977 e 1994, realmente está com as rédeas nas mãos. Não pense que estou afirmando que as pessoas entre 16 e 33 anos de idade estão liderando as empresas, conquistando a maioria dos cargos públicos ou mesmo desbancando os executivos experientes no mercado de trabalho. O que quero dizer com “rédeas nas mãos” é que esta geração, denominada por vários autores como Y, mostra que toma suas decisões com base no que realmente deseja e, como ocupa a maior parte da população mundial, é ela quem vai ditar as regras de mercado de agora para frente. E isso gera todo um esforço das organizações para atender as expectativas deste público.

Os resultados das Eleições 2010 no Brasil são uma prova do que estou dizendo. Basta analisar três fatos importantes: a) a candidata Marina Silva (PV), unanimidade entre os universitários, obteve votação expressiva (quase 20 milhões de votos) e pode ser o “fiel da balança” na disputa do 2º turno; b) a eleição dos candidatos a deputado federal e estadual da região centro-oeste de Minas mostra que o apelo jovem e a aposta em estratégias que privilegiam a internet como meio de relacionamento dá resultado, além de apontar a “morte eleitoral” de velhos nomes da política regional; c) a visualização de nomes como Tiririca (PP/SP), Marques (PTB/MG), Romário (PSB/RJ) e Manoela D’Ávila (PC do B/RS) na lista dos deputados mais votados do Brasil mostra que a juventude se manifesta de duas formas principais: através da esperança em candidatos jovens (caso da gaúcha) ou por meio do voto de protesto.

Tais fatos comprovam que a geração Y consegue se mobilizar, interagir e, talvez ainda mais importante, chegar a resultados concretos. E isso não acontece somente no âmbito eleitoral, mas também e até mais forte no mercado de consumo. Um dos principais diferenciais da geração Y é o forte apelo à tecnologia, afinal esta é a geração do computador, do celular, da internet e da interatividade. Por isso, os fornecedores de bens e serviços não podem desprezar essa característica tão forte se querem ter clientes por toda uma vida.

Um dos preceitos de uma corrente do marketing, o marketing de relacionamento, é a fidelização que, na prática, significa transformar o cliente de determinada organização em uma espécie de torcedor fanático daquela marca e, com isso, faz com que ele passe sempre a consumi-la em detrimento das outras. Apesar de vários autores concordarem com isso e várias outras pessoas colocarem barreiras nesta visão, o certo é que para as empresas conquistarem e manter clientes “fiéis” por toda uma vida é preciso existir um verdadeiro relacionamento, num jogo de “ganha-ganha”, onde todos são beneficiados e recebem o que almejam. E nada melhor do que iniciar este relacionamento na fase de consolidação financeira de seu cliente, certo? Por isso é importante que os fornecedores de produtos e serviços fiquem de olho e comecem a atender já as demandas da geração Y que, se ainda não é economicamente a mais forte (o que ocorrerá em breve), já é quem dita as regras do mercado.

Exemplos bem sucedidos são vários, como, por exemplo, os lançamentos do Novo Uno e do Novo Focus, em que Fiat e Ford, respectivamente, apostaram e acertaram em cheio ao ousar em mídias digitais, possibilitando a verdadeira interação com o cliente. O resultado? Ambos veículos estão muito bem posicionados em vendas, cada qual no seu segmento, e podem ditar de agora para frente a forma como o mercado automobilístico vai se relacionar com os clientes potenciais.

Que os fatos recentes nos âmbitos político e mercadológico possam fazer com que os gestores atentem para a necessidade de buscar meios de interação e, mais que isso, que procurem modos de buscar entender quais as verdadeiras demandas deste público. A velha sabedoria de que é preciso plantar para colher mostra-se mais real do que nunca nesse cenário. Portanto, é hora de “mimar” a geração Y, pois os cidadãos que ainda ontem cresciam em frente aos videogames e à internet já estão se tornando os formadores de opinião do presente. Alguém duvida disso?

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Operacionais x estratégicos

* Laura Aguiar
Jornalista e Professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda
Faculdade Pitágoras de Divinópolis


Ainda não descobri até qual ponto o mercado deseja, sinceramente, um profissional estratégico para as organizações. Em muitos momentos sou levada a acreditar que os empregadores desejam os homens de estanho enfileirados nas suas linhas de produção para cumprir as tarefas imediatas e meramente de operação. Falo sem base de pesquisa e mais como fruto de minha observação como professora universitária e profissional de comunicação.

Os profissionais com perfil tático enxergam adiante de seu tempo e preparam-se para os problemas antes que ocorram. Esses são preciosos. Antecipar situações positivas e negativas é situação rara nas empresas e poucas entenderam essa iniciativa como fator de sobrevivência mercadológico. Muitos empresários e gestores públicos preferem a inércia à mudança de roteiro na forma de gestão. Ser alertado constantemente sobre a necessidade de mudar o rumo para acertar a rota, para produzir melhores resultados, pode gerar um conflito administrativo e um desconforto financeiro e de recursos humanos.

Entretanto, pelo menos, no que se trata de comunicação estratégica para empresas, a atenção para as novas situações anunciadas mesmo com sinais sutis, é uma necessidade de mercado. Para lidar com esses casos a medida mais importante deve ser tomada muito antes de seu estouro e precisa ser uma terfa cotidiana, ainda quando a calmaria está estabelecida. Vejamos exemplos como o da Fiat. A empresa diante da inércia do mercado do velho-Uno, redirecionou as velas para mares mais amplos. E entendamos as ações, por exemplo, do governo Lula, ao mudar o discurso de negação do óbvio, em nome de uma permanência no cenário político.

Para muitas organizações, bom mesmo é ter tudo igual nos 365 dias do ano sem alterações que provoquem transtornos nas rotinas, nas costumeiras tarefas diárias. O resultado de tal comportamento é uma corporação, que tem pouca variação de caixa, funcionários de longa data, marca lembrada, mas nem sempre associada à modernidade, inovação.

O mais grave, contudo, em nível de gestão: empresas desse tipo são fadadas ao fracasso caso seja submetida a crises mais fortes. E nem me refiro a abalos econômicos e políticos somente. Nesses casos, companhias assim, desde um pequeno escritório, uma organização não governamental, um setor público, uma instituição qualquer, poderá ser derrotada por seus próprios processos de comunicação interna e externa se continuar a defender só a operação, a execução, o continuísmo por medo de ouvir algumas mensagens de alerta e mudar o trajeto para vislumbrar outras paisagens de negócios.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Você e sua empresa estão preparados para lidar com as redes sociais?

* Leonardo Marcos Rodrigues

Jornalista e professor dos cursos de Jornalismo e
Publicidade e Propaganda da Faculdade Pitágoras/Divinópolis.

Há muito tempo venho discutindo com os leitores desta coluna e principalmente em sala de aula, a evolução das novas mídias na comunicação, em especial as redes sociais. A velocidade com que elas avançam no nosso dia a dia é impressionante. Uma recente pesquisa realizada pelo Ibope e Nielsen Online nos dá uma pequena amostra da importância dela na comunicação. Vamos aos números: o Brasil gastou cerca de 50 horas e 26 minutos por internauta em ambientes doméstico/residencial; 79% dos internautas fazem parte das redes sociais e ficam cerca de 6 horas por mês conectados nesses ambientes.
 
De 2006 para 2009 houve aumento crescente de praticamente todas as atividades envolvendo mídias sociais virtuais. As cinco atividades que mais cresceram foram: assistir vídeos pela internet; escutar músicas/rádios online ao vivo; criar perfil em alguma rede social; criar blogs, ler e comentar em outros blogs; fazer upload de fotos pessoais em algum site de compartilhamento de fotos.

Esses números são uma pequena amostra que as pessoas e empresas precisam compreender para lidar com esse novo fenômeno da comunicação, chamada de redes sociais virtuais. Nesse cenário surge um novo profissional de comunicação, que inclusive já abordei em colunas passadas: o analista de Mídia Social.

Entre as atribuições desse novo profissional estão mapear os canais onde irá atuar, planejar, criar ações de interação e monitorar; profundo entendimento de comunicação, em suas mais diversas facetas (como jornalismo, publicidade e relações públicas), cultura, psicologia, sociologia e antropologia, além de possuir uma enorme expertise em mídias sociais, isto é, em relacionamento e pessoas.

O interessante nisso tudo, é que muita gente me pergunta se a carreira de jornalista em especial, não estaria com os dias contados, principalmente depois que a exigência de diploma foi extinta. Respondo que nunca esteve tão promissora e justifico. Em recente conversa com um grande amigo, jornalista de um impresso da capital, tivemos o mesmo entendimento: de que o cenário para os bons profissionais de comunicação nunca esteve tão carente de pessoas competentes, justamente com aquelas qualidade que citei logo acima. As redes sociais são hoje um verdadeiro porto seguro para todos os comunicadores, já que cada vez mais as empresas precisam usá-las para as mais diversas funções como conversar com seus clientes, realizar promoções, vendas, etc.

As empresas precisam compreender que nas redes sociais o cliente não é apenas consumidor. Como diz Mauro Segura, no blog ‘A Quinta Onda’, “a maior miopia das empresas é não enxergar as redes sociais como a mais poderosa ferramenta para transformação e colaboração de sua força de trabalho”.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Pesquisa eleitoral na mídia

* Silvana Maria de Sousa
Professora dos cursos de Jornalismo
e Publicidade & Propaganda
Faculdade Pitágoras / Divinópolis


Nesses últimos dois meses fui procurada por estudantes de comunicação, por jornalistas com um questionamento bem presente nas suas colocações e entrevistas: “pesquisa eleitoral influencia o voto do eleitor?”. Quem ouviu o rápido bate papo sobre o assunto na Rádio Divinópolis, no programa Observatório da Mídia, ou leu a entrevista que dei a um jornal de Divinópolis soube um pouco sobre o que penso sobre a relação mídia e divulgação de pesquisa eleitoral.

Na qualidade de professora das disciplinas Pesquisa de Opinião e Pesquisa de Mercado da Faculdade Pitágoras, percebo que há um equívoco em se pensar pesquisa como um instrumento de influência. Na essência, a pesquisa é uma ferramenta, que tem como objetivo principal captar dados que ao serem coletados são analisados e se transformam em informações que, por sua vez, contribuem para tomada de decisões. Seu objetivo de aplicação não é, e nunca foi de influenciar.

Portanto é legítimo utilizar essa ferramenta, desde que ela seja feita com a ética e com o conhecimento técnico que é necessário para que a captação de dados seja digna de ser chamada de pesquisa. Trata-se de um aparato científico, técnico pertinente aos processos de apreensão de realidades. Concordo sim, que no caso eleitoral, especificamente, há alguns nuances que precisam ser enfatizados para que o entendimento sobre o a relação mídia e pesquisas eleitoral não fique míope.

O primeiro é a ética. Quem contrata um instituto de pesquisa para sondar a intenção de voto precisa estabelecer um propósito de dignidade e não de manipulação de resultados para fins eleitoreiros. Por outro lado, o instituto contrato precisa ter o compromisso de aceitar somente trabalhos de contratantes que tenham a mesma coerência ética.

O segundo é a divulgação. Essa, geralmente, feita por veículos de comunicação de massa, deve primar pelo esclarecimento dos procedimentos e condições em que as pesquisas são feitas. Títulos totalmente persuasivos em folhetos e materiais do próprio candidato é “compreensível” dentro de uma lógica do marketing político, mas, os “já ganhou” presente em alguns veículos de comunicação é lamentável.

Por fim, o terceiro, é a cultura. Nós, brasileiros, temos um traço cultural que realmente permite que a divulgação de pesquisa eleitoral influencie no voto. É que, muitos de nós acreditamos que ao escolher, ao votar num candidato que não ganhe, é “perder o voto”. Assim, quando ainda não temos uma escolha firme, decidida, optamos por aquele que está à frente, segundo as pesquisas. E isso muda todo cenário. Afinal, a corrida pelo voto dos indecisos na reta final do pleito eleitoral é comum. Principalmente por que a discussão social em torno de eleições tem significativo índice de rejeição, e as pessoas começam a comentar e decidir mesmo somente nos últimos dias.
Nesse contexto, a Pesquisa Eleitoral, uma ferramenta legítima sofre o ônus da falta de ética tanto na sua aplicação quanto na sua divulgação. E ganha um contorno de descrença. Candidatos que aparecem mal em pesquisas pedem para não acreditar nelas. Quem aparece bem, divulga o máximo e coloca a pesquisa no patamar do inquestionável. Extremos distorcidos e comprometedores. Pesquisa não é uma questão de fé, em se acreditar ou não. É racional, científica, técnica. Pesquisa não é eleição, sonda apenas a intenção de votar. E entre um extremo e outro, a melhor decisão é entender o que é pesquisa, como ela é feita, quem contrata e quem está realizando. Pense nisso, e boa eleição. Que vença as melhores propostas.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

SLOGAN: esse candidato precisa dizer a verdade

*Silvana Maria de Sousa
Publicitária e Professora do curso de Publicidade e Propaganda da Faculdade Pitágoras/Divinópolis

“O discurso da virada eleitoral, que ganhou força nos últimos dias na campanha do presidenciável José Serra (PSDB), se transformou em slogan do site oficial do candidato neste domingo. Agora, no alto da página e ao lado de uma foto de Serra e do vice, Indio da Costa, aparece a frase "É a hora da virada".


SÃO PAULO – 29/8/2010 www.oglobo.globo.com

“Em seu discurso no evento "Emprego e Qualificação Profissional", organizado pelas centrais sindicais na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ironizou o slogan da campanha tucana - "o Brasil pode mais".

SÃO PAULO – 10/4/2010 www.atarde.com.br



Antes que você desista de continuar a leitura, por causa dessa introdução, vou logo avisando: não se trata de um texto sobre política. Quero apenas falar sobre um “velho conhecido” dos publicitários ; o importantíssimo SLOGAN. As pontuações escolhidas são apenas um detalhe de contextualização, já que a mídia está bem focada em eleições. Somente isso.

Considerações feitas, vamos ao tema central e algumas perguntas .O que é slogan? Por que o slogan é tomado com tanta propriedade até por quem não é profissional da publicidade ou da comunicação integrada? Qual é realmente a função dele na comunicação mercadológica e institucional? O slogan, como definição técnico-acadêmica é uma frase de fácil memorização usada em contexto político, religioso ou comercial como uma expressão repetitiva de uma idéia ou propósito. Porém, como em toda definição, o entendimento demanda uma apreensão do conceito.

Vejamos. Muita das vezes, cria-se frases com excelente potencial de memorização. Mas essas frases podem ser chamadas de slogan? Não. Outras vezes, a mídia, a divulgação da frase é extremamente repetida. Mas a grande exposição da frase já a qualifica como slogan? Não.

A criação de uma frase, geralmente, não necessariamente, curta, com facilidade para ser decorada, exposta de forma incisiva, a ponto de ser fixada, com uma boa qualidade criativa para ser lembrada são muito importantes para a construção de um slogan. Mas o slogan só ganha legitimidade como slogan quando o PROPÓSITO que ele tenta representar é de fato confirmado e cumprido por quem ele representa. Por que a função essencial de um slogan é dizer, de maneira objetiva, clara e massiva, qual é o diferencial e o posicionamento de quem o emprega. Então ,não adiantará nenhuma criatividade na técnica de fazer um slogan, se a estrutura, se os recursos humanos, se o histórico, se a vontade, se o envolvimento, enfim, se a realidade que cerca o público-alvo do slogan, no momento em que ele for conferir, ou melhor, quando ele “comprar” a idéia do slogan, não forem coerentes com o que a “frase” propõe.

E, especificamente, no mercado empresarial, o consumidor pode até dar um primeiro voto de confiança ou até de curiosidade ao slogan, mas caso o compromisso da proposta comunicacional não seja cumprido na prestação do serviço e ou produto, nada feito. Aliás, tudo desfeito. Há uma quebra de credibilidade. Uma quebra que faz do que se pretendia slogan apenas uma “expressãozinha” debaixo da logomarca. Um enfeite. E quando isso acontece, o cliente, elege outra empresa, outro produto na sua contínua eleição preferencial.

Nós da comunicação, os publicitários, podemos e somos muito úteis na criação de um slogan, mas o compromisso de mantê-lo no cargo com toda responsabilidade de posicionamento é da gestão, dos responsáveis pelo negócio. Pensemos nisso.