terça-feira, 19 de abril de 2011

Agendas nossas de cada dia

Laura Aguiar
Professora do curso de Jornalismo da Faculdade Pitágoras – Divinópolis-MG


Os mais organizados não vivem sem elas, os desorganizados deveriam adquirir o costume de usá-la. Os mais modernos digitalizaram a sua utilização com os lembretes no celular, no computador, nos i-qualquer coisa! Estou falando sobre as agendas de telefones ou de compromissos. Porque trato desse assunto? Porque no jornalismo, em sua prática diária, as agendas são ferramentas imprescindíveis para um trabalho ágil e de conferência de informações e de busca de dados noticiosos. E, além disso, gostaria de refletir sobre a teoria jornalística que trata do agendamento, ou agenda setting, hipótese que indica uma repetição de temas nas publicações jornalísticas.

Em primeiro lugar tratemos da agenda enquanto ferramenta de consulta. Assim usadas elas salvam nossas vidas profissionais quando algumas fontes teimam sumir do mapa. Como profissional do jornalismo sempre procurei ter uma agenda de telefones que fosse atualizada, completa e sempre à mão. Lecionando na área sempre incentivei os alunos para que criassem a própria agenda. A recomendação parece óbvia, mas acreditem: existem jornalistas atuando por ai que não tem números de telefones e, acredito nomes de pessoas de órgãos consideradas fontes primárias. Ter por perto esses contatos pode ser muitas vezes, o diferencial na hora vencer a constante disputa de nossa profissão: o furo.

O outro ponto que queria tratar nesse espaço é sobre a relação do jornalismo, do que vemos, ouvimos e lemos na imprensa, com o que nós conversamos entre os pares, comentamos em nossas casas, no trabalho e nos cantos de lazer. Quase tudo o que discursamos, de alguma forma nos foi sugerido por um veículo de comunicação. Entretanto é importante entender que muita informação nos é sonegada diariamente. Desse acobertamento trata a hipótese da agenda setting. Ela aponta que a mídia determina a pauta, a agenda para a opinião pública ao destacar determinados temas mas também ao preterir, ofuscar ou ignorar outros tantos. O que mais me preocupa são os assuntos preteridos, ofuscados ou ignorados. Há muita história interessante escondida por aí que por conveniência ou ajustes econômicos deixam de ser noticiados.

Por que isso ocorre? Porque, entre outras coisas, há uma redução visível no número de jornalistas nas redações com objetivo de diminuir os custos empresarias, o que resulta em diminuição de pautas variadas e em matérias apuradas de forma simples, sem inclusive citar fontes. Sendo assim os jornalistas colocam as agendas no esquecimento. As publicações são iguais porque com a facilidade das pesquisas na internet ninguém se aventura em descobrir, se já descobriram e compartilharam em sites, blogs e afins. E ocorre ainda ouvirmos no rádio o que lemos nos jornais, porque diversos profissionais espalham a atitude criminosa da cópia. E há ainda as assessorias que apuram, escrevem ouvem as fontes e encaminham matéria para os veículos diariamente. Então para que agenda?

E aí ficamos como vaquinhas de presépio repetindo aqui e acolá, tudo o que está registrado. Julgamos ser in falar do que todos já comentam. Estamos repetitivos, essa é a sensação. E não estranhe se na próxima semana, você ouvir por ai comentários sobre o preço do peixe, o chocolate que ficou mais caro, os acidentes do feriadão, os preparativos para os próximos feriados, as celebrações do período, a cidade parada....

quinta-feira, 14 de abril de 2011

A imprensa e a cobertura de tragédias

Francisco Resende Costa Neto
Coordenador dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda
Faculdade Pitágoras – Divinópolis-MG



Quase mil mortos, centenas de desaparecidos e mais de 1 milhão de desabrigados em consequência das tempestades que ocorreram nas cidades de Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis e Sumidouro no estado do Rio de Janeiro, no início do ano. Poucos dias depois, na Austrália, o número de mortos por causa da chuva ultrapassou os 30, resultado das piores chuvas dos últimos duzentos anos. A imprensa brasileira teve papel fundamental, não só na cobertura, mas nas elucidações sobre as causas e consequências desta tragédia natural, evitando atitudes que poderiam agravar a situação.

Mal a mídia acabara de repercutir essas duas tragédias de repercussão mundial, em março, um terremoto seguido de um desastroso tsunami devastou a costa nordeste do Japão, deixando mais de 13 mil mortos até o momento, além de centenas de milhares de desabrigados. Se não bastasse a tristeza em todo o mundo, os japoneses convivem, além da enorme devastação material, com um grande risco nuclear, cada dia mais latente na vida da população. E a imprensa brasileira deu mais uma aula de Jornalismo, História e Geografia, mostrando a importância deste desastre natural em todo o mundo. 

A imprensa teve exatos 30 dias para assimilar todas as consequências desta tragédia no Japão. Na última semana, uma tragédia que poderia ter originado consequências ainda piores, aterrorizou uma escola no Rio de Janeiro. Um atirador invadiu uma escola pública no bairro Realengo e, atirando inconsequentemente, matou 13 crianças e deixou outra dezena gravemente ferida em vários hospitais da cidade. Em seguida, atirou contra a própria vida. Talvez inspirado no caso Columbine, que parou os EUA em 1999 (dando origem ao filme Elephant), ou nos atiradores de shoppings que viraram “moda” pelo mundo. O fato que a mídia se ocupou quase que exclusivamente com este caso na última semana.

A pergunta que se faz é: qual o real papel da imprensa na cobertura de tragédias como a da escola no Realengo? Claro que são coberturas diferentes, uma vez que as outras citadas são tragédias naturais e existe uma necessidade óbvia de se explicar a origem, as causas e consequências dos fatos. Mas este mesmo tipo de cobertura não pode ser simplesmente replicada em casos como o da última semana. A imprensa brasileira, tida como uma das mais sérias e competentes do mundo, ainda peca, e muito, neste tipo de cobertura. É fundamental preservar o lado social do fato e entendê-lo como uma ação isolada. Determinadas formas de cobertura acabam, involuntariamente, incentivando novas atitudes semelhantes.

Não existem pormenores que justifiquem tal brutalidade, tampouco a necessidade de se reconstituir, em rede nacional, os passos do atirador no dia do crime. Este tipo de cobertura tem pouquíssimo teor informativo, pouco contribui para a compreensão do fato e, acima de tudo, minimiza o sentimento de culpa em relação ao fato, incentivando a repetição do mesmo. Buscar na psiquiatria ou na sociologia algo que justifique a barbárie ou ficar mostrando, através de animações em 3D, a reconstituição deste crime mostra o estágio de amadorismo de nossa imprensa ao lidar com este tipo de notícia. Na tentativa de impulsionar a audiência, acabam contribuindo para a banalização do crime.

Fazer sensacionalismo e buscar na dor das famílias das vítimas algumas pautas para o jornal já faz parte da atuação da imprensa brasileira. Apesar de não concordar, também não critico e tem consumidores para este tipo de abordagem. Isso não me faz ser conivente com abordagens que, de certa forma, estimulam o crime. Desta forma, a imprensa perde sua principal função social, que é lutar e promover a inclusão e o combate aos males que afligem nossa sociedade. É preciso repensar o modelo. 

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Jornalismo, Publicidade e tecnologia

Francisco Resende Costa Neto
Coordenador dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda
Faculdade Pitágoras – Divinópolis-MG



Os cursos superiores de Jornalismo e de Publicidade e Propaganda, que durante muitos anos lideraram, com folga, o ranking de inscrições e de candidatos por vagas das principais universidades públicas do País, passam por um momento de definições tecnológicas. Eminentemente baseados na tecnologia, somente as Instituições de Ensino Superior que começarem a investir nos cursos irão sobreviver a esta nova fase, mantendo um curso de qualidade e com a estrutura necessária para a formação de profissionais preparados para o mercado. Neste sentido, várias ações estão sendo implementadas na Faculdade Pitágoras e, mais precisamente, nos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda, com o objetivo de adequá-los a esta nova era da tecnologia móbile e da informação instantânea. Isso baseado no tripé formado por infraestrutura, corpo docente qualificado e com experiência de mercado, além de condições acadêmicas para alunos e professores.

No último mês de fevereiro, iniciamos mais uma etapa importante do Observatório de Mídia, grupo de estudos sobre Comunicação Social organizado pela Coordenação e pelos professores do curso. Foi organizado, no auditório, um relevante debate sobre política comercial e publicitária x conteúdo de TV, com a participação de experientes colegas da imprensa televisiva da cidade e todos os alunos do curso. Este tipo de debate é primordial para que todos os estudantes de Comunicação Social, seja ele de Jornalismo ou Publicidade, possam entender como este processo funciona de forma integrada e os possíveis conflitos que possam existir dentro de uma empresa de Comunicação. É a visualização, na prática, do que é demonstrado nas teorias de sala de aula. Em março, o debate foi sobre Comunicação Integrada nas Organizações, com a equipe de Comunicação e Marketing da Farmax. Este tornou-se um nossos focos de trabalho para este e os próximos semestres: alinhar teoria e prática com experiências e debates que possam auxiliar a todos na condução de suas carreiras.

Além do blog www.observatoriodemidia.blogspot.com, do programa de rádio semanal (debate com professores dos cursos realizado toda quarta-feira, às 8h15, na rádio Divinópolis-AM, dentro do programa Plantão Divinópolis) e do envio semanal de artigos técnicos elaborados pelos professores para a Gazeta do Oeste (toda terça-feira), a partir deste mês, estendemos estes debates sobre o mercado jornalístico e publicitário também na TV. Gravamos, na última semana, a primeira edição do Observatório de Mídia na TV, um programa mensal de debates sobre assuntos ligados à Comunicação Social, nos modernos estúdios da TV Pitágoras. O primeiro programa abordará o tema “Redes Sociais e sua importância para a Comunicação Moderna”, e deve ser exibido pela TV Candidés no próximo final de semana.  

Várias das proposições de estrutura interna já estão sendo implementadas. Foram instaladas antenas de Internet Wireless nos blocos e duplicado o link de web, melhorando o acesso à Internet; a qualidade dos computadores para os alunos foi atualizada, instalando projetores multimídia em todos os laboratórios de informática e ar-condicionado em vários deles; foram adquiridas 10 novíssimas máquinas digitais para a disciplina de Fotografia (alunos terão o que há de mais moderno em Fotografia Digital na disciplina); e, por fim, a Faculdade Pitágoras conta, atualmente, com projetores multimídia em 55% das salas e, em breve, este índice chegará em 75%. Sabemos que ainda existem fragilidades, mas pensar em Ensino Superior sem investimento em tecnologia é andar para trás. É uma tendência que não tem mais volta, sobretudo, para as áreas de Jornalismo, Publicidade, Propaganda e Marketing!

terça-feira, 12 de abril de 2011

Meu primeiro iMac


Ricardo Nogueira
Jornalista, Mestre em Educação, Cultura e Organizações Sociais.
Professor da Faculdade Pitágoras nos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda.



Na última semana vivenciei uma experiência bem interessante. Ao mesmo tempo em que foi fantástica, pôs-me a pensar se realmente estou fazendo a coisa certa. É que, na última terça-feira, chegou meu almejado iMac, o primeiro Macintosh da minha vida. Até aí tudo bem, não espero que com isso me torne mais um “discípulo” de Steve Jobs – daqueles que concordam com 110% de tudo que o grande mentor da Apple fala ou faça. Mas o que me deixa intrigado é que o novo equipamento trouxe novas descobertas, boas e ruins ao mesmo tempo.

Já foi dito aqui que vivemos em um mundo rodeado por novas tecnologias, que a internet é o grande filão, que não se sobrevive mais sem algum aparato digital. Não é sobre isso o que quero falar. É que, de tanto ler, ouvir e assistir a milhares de pessoas felizes, satisfeitas e fiéis aos equipamentos da Apple, decidi experimentar. Ao invés de adquirir um  iPod, um iPhone ou um iPad, resolvi ir direto ao iMac que, para os leigos, vem a ser como o tradicional PC, só que fabricado pela indústria da maçãzinha.

Eis que chega o equipamento. Eu e meu sócio (defensor incondicional da tecnologia Apple) ligamos a máquina e vimos uma apresentação realmente impressionante. Inegável a qualidade de som, imagem, processamento e tudo o mais que a máquina proporciona. Talvez por isso justifique o seu alto preço em relação aos PCs convencionais (além, é claro, da pesada alíquota de impostos que incide na importação do produto). Estava me sentindo como uma criança quando ganha um brinquedo novo. Sabe aquela sensação boa? Pois foi essa mesmo que senti. Aos poucos estou aprendendo a “domar” a máquina e, em breve, tenho certeza que saberei utilizá-la a meu favor.

Ah, sim, a história tem uma surpresa desagradável, né? Pois é, nada pode ser perfeito. O interessante é que, desta vez, a Lei de Murphy não agiu. Não houve problema na entrega, nem no equipamento, nem mesmo com a operação. O que houve de errado é que resolvi trabalhar com comunicação em um mercado que ainda não está totalmente preparado para isso. Vou explicar: não quero ser dono da verdade, hipócrita ou mesmo falar com ar superior. O que acontece é que, se as pessoas e as organizações não evoluírem, as coisas param no tempo, ficam para trás.

Em qualquer lugar desenvolvido do mundo, 10 entre 10 pessoas que trabalham com comunicação e prezam pela qualidade gráfica, de impressão, tratamento de imagens etc, operam com a tecnologia Apple. Os milhares de fóruns, listas de discussão e outros espaços democráticos da internet não me deixam mentir. E tudo isso tem uma explicação lógica: são máquinas com uma “preocupação” maior com elementos gráficos, o que faz toda a diferença para quem trabalha com este recurso.

No entanto, apesar disso, sinto que estou na contramão. Ou será que não? A dúvida surge porque o mercado regional (com algumas raras e boas exceções) não está preparado para operar com esta tecnologia. Este espaço não é o lugar apropriado para discutir pormenores de produção gráfica, mas a mensagem que recebi foi essa. Ora, estaria eu, então, errado por ousar, por procurar trabalhar com as ferramentas apropriadas para o serviço que executo? Ou será que o mercado em que atuo é que não está preparado para competir em pé de igualdade com os grandes centros? Não tenho a resposta, mas uma direção. Acredito ser melhor pecar pela ousadia do que pela omissão. Na área de comunicação, isso realmente faz a diferença.

Enquanto isso, continuo treinando no meu novo “xodó”. Quem sabe um dia, quando o mercado acordar para a evolução tecnológica, eu já não esteja preparado para isso? Afinal, conhecimento, aperfeiçoamento e ousadia (sem excessos) não faz mal a ninguém. Ou faz?

segunda-feira, 11 de abril de 2011

É o que tem para hoje...

Silvana Maria de Sousa
Publicitária e professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda
Faculdade Pitágoras/Divinópolis-MG


A maioria dos profissionais que trabalha à frente do marketing ou da comunicação empresarial já se deparou com uma queixa dessas por parte dos gestores:  “as vendas estão baixas, a campanha não respondeu como esperado, o mercado daquela região está fraco...” E depois de toda queixa a famosa pergunta: qual a solução?

Bem, diante da pergunta que, no primeiro momento, é um enorme gigante a atormentar as cabeças pensantes do marketing, há uma vontade, grande na mesma proporção, de mudar de profissão. Afinal, já imaginaram a responsabilidade de se ter na sua conta de pensamento e departamento uma resposta para um desafio dessa ordem? Mas passado o susto do “encontro com o gigante” é possível vislumbrar vida após a pergunta. Vamos lá.

Primeiro passo: entender e se fazer entender como um intermediador de respostas e não um respondente. Explico. Tanto os gestores do negócio quanto a equipe de vendas (até mesmo o profissional da área) precisam saber que nenhum departamento de marketing e ou de comunicação possuem uma gaveta dourada, em seus escritórios e agências, onde repousam as tão sonhadas soluções.

Segundo momento: na qualidade de intermediador, deixar bem claro que as resposta serão dadas por quem de direito pertence a pergunta: quem não está comprando o produto, quem não foi impactado pela campanha, quem está escolhendo outra forma de gastar dinheiro naquela região... O legítimo respondente: nosso amadíssimo consumidor.

Numa terceira fase, é preciso desdobrar uma pergunta em várias, porque apenas jogar o “gigante” de qual a solução? Para o cliente seria totalmente improdutivo. O próximo passo é convencer os gestores de que os legítimos respondentes não são tão afeitos a respostas, muitas das vezes dão respostas nas redes sociais (já não é tendência, é fato), falam mais com os amigos do que com as “caixinhas de sugestões”, tem linguagem codificada por valores, localizações e podem dizer muito mais sobre a marca, o produto, o serviço, e suas escolhas por meio do estilo de vida que levam do que num formato tradicional de “questionários”.  Treinamento de observação estratégica.

E, por último, numa simplificação de passo-a-passo, é preciso investir (esse é difícil) em sistematização de ouvidoria para esse respondente.  Treinamento de observação estratégica nos pontos de contato com o consumidor, sites ativos, equipe de vendas atentas e coordenadas para darem relatórios consistentes, monitoramento de redes sociais, ações de relacionamento de mão dupla ( o serviço, o produto, a comunicação, o brinde, o prêmio, o mote financeiro é atraente para o consumidor ou é decidido pelo gosto, pela conveniência da empresa?).

Feito isso, aí sim, o marketing e a comunicação, como quaisquer departamentos tomarão posse de suas respostas e deverão trazer as alternativas que lhes cabem. Como eu disse no início da nossa conversa, há sim vida após a pergunta. Mas eu não disse que há vida fácil.  Entendo perfeitamente nosso saudosismo em querer aquele cliente que tinha poucos produtos para escolher, pouquíssimas mídias para nos assistir e ouvir e um estilo de vida previsível e constante. Mas, sem culpa e nem desculpa, o cenário desconfortável de incertezas agora faz parte do negócio. É o que tem pra hoje...

terça-feira, 5 de abril de 2011

Rede social é lugar de diálogo, não de monólogo

Leonardo Marcos Rodrigues
Professor dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Faculdade Pitágoras/Divinópolis


Há várias semanas que venho usando esse espaço para falar das redes sociais e de como esse fenômeno tem modificado o cotidiano de pessoas e instituições. Algumas pessoas ainda têm uma percepção de que elas são apenas uma onda passageira, que dentro de poucos dias já terá acabado e tudo volta a sua rotina virtual. Particularmente discordo desse ponto vista.

Busquemos um exemplo prático para demonstrar que essa relação das pessoas e empresas, após o surgimento das redes sociais se modificou. Os famosos SAC’s, ou Serviços de Atendimento aos Consumidores são um bom exemplo do que queremos mostrar. Até cinco ou dez anos, esse serviço era totalmente reativo, ou seja, dependia totalmente da iniciativa do consumidor acioná-lo para que ele tomasse conhecimento das demandas e assim, tentar resolvê-las. Já hoje, essa postura mudou radicalmente, sendo que cabe às empresas “correr atrás” do que os consumidores estão falando de sua marca, da qualidade de seus produtos e serviços. Ou seja, sai a postura reativa e burocrática e entra uma postura proativa que faz com que os consumidores assumam o controle da situação.

Outro aspecto interessante que pode ser notado é que os consumidores, principalmente as novas gerações, usam essas ferramentas virtuais para se informar e buscar mais informações sobre determinado produto ou serviço. Mas essa busca não é feita através de um site institucional, mas sim diretamente com outros consumidores, que usam as redes sociais como ponto de troca de informações, conceitos, pontos de vista e experiências. No mundo virtual, a “lábia” do bom vendedor não tem espaço, pois o poder de uma simples “twitada” negativa sobre um produto, por exemplo, tem um efeito devastador no processo da decisão de compra.

A princípio, quando falamos em redes sociais, pode soar com alguma coisa relacionada somente a pessoas do meio tecnológico, etc. Quem ainda pensa dessa forma, deve rever seus conceitos o mais breve possível. Em termos numéricos, temos no Brasil 75 milhões de usuários de internet, sendo que desse total, 85% utiliza as redes sociais para se relacionar, se informar e cada vez mais, consumir.

Costumo dizer que rede social é sinônimo de diálogo e não espaço para monólogo. Não há nada pior do que ficar falando sozinho, tanto no mundo real, quem dirá no virtual, onde as relações são a base de tudo. Hoje o consumidor quer ser ouvido e principalmente, respondido. Para finalizar, deixo uma pergunta para que o leitor a responda com toda sinceridade. “Você e sua empresa realmente estão preparados para abraçar esses consumidores e dar a atenção necessária?”

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Economia e a Comunicação Social: Uma ligação Necessária

Alexandre Alvisi
Economista e professor nos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda
Faculdade Pitágoras/Divinópolis-MG


A Economia é uma ciência que estuda as escolhas feitas pelas pessoas quando existe escassez, ou seja, quando há restrições ao que os indivíduos podem obter. Todos os dias nos deparamos com situações conflitantes, nas quais temos que escolher entre um bem ou serviço em detrimento do outro, devido à escassez de recursos, tais como tempo, dinheiro, saúde, terra, entre outros.

A Economia está ligada a diversas áreas do conhecimento, tais como história, geografia, ciências sociais, matemática, psicologia, administração e também comunicação social. Especialmente em relação à comunicação social, a economia é uma ciência de grande relevância, tanto para a área de jornalismo quanto para publicidade e propaganda.

O jornalismo faz o seu papel de levar à população a notícia, todos os fatos relacionados à inflação, desemprego, mercado imobiliário, investimentos, e diversos outros temas econômicos. Tais assuntos devem ser transmitidos utilizando uma linguagem simples, didática e que enfatize toda sua importância para o nosso dia a dia.

Nos últimos anos, notícias relacionadas à Economia assumiram um lugar de destaque na imprensa, tanto em jornais impressos e internet, quanto na televisão. Mas o assunto tem sido abordado de maneira clara pelos canais de televisão e pelas publicações impressas?

Penso que a imprensa não tem desempenhado seu papel de maneira eficiente neste contexto. Por muitas vezes os meios de comunicação social lançam mão de vários chavões econômicos e pressupõem que o leitor ou espectador já entenda as correlações existentes entre os diversos setores da economia. 

O jornalismo econômico deveria ser mais claro ao abordar todos os seus temas como, por exemplo, a taxa de juros. Não vemos muitas notícias sobre as conseqüências de uma alta da taxa de juros sobre a inflação, o emprego, o consumo, e outros eventos econômicos importantes da sociedade atual.

Outro ponto falho da imprensa está na abordagem sobre inflação. Todos nós sabemos que uma inflação alta é prejudicial para a sociedade (quem não se recorda da hiperinflação nos anos 80 e 90, quando os níveis chegaram a mais de 2.400% ao ano?), principalmente para as classes menos favorecidas que não têm a capacidade de repassar o aumento dos preços e perdem muito seu poder aquisitivo. Há certo exagero por parte da imprensa ao anunciar, com alarde, que a inflação em 2010 foi a maior desde 2004 e que os preços não param de subir. A imprensa faria um trabalho muito mais efetivo preocupando-se mais em mostrar à sociedade quais os efeitos da inflação, quais os instrumentos de combate e explicar como cada indivíduo pode contribuir para combater o aumento nos preços. Ao invés disso, muitas vezes transmite informações com um viés por vezes equivocado.