terça-feira, 23 de agosto de 2011

Gente é a alma do negócio

Silvana Maria de Sousa
Publicitária e professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda
Faculdade Pitágoras/Divinópolis-MG


Num momento em que se fala tanto em reinvenção de formatos publicitários, contexto 2.0, comunicação digital, e o imperativo é inovar, “fazer coisas diferentes e um trem que ninguém fez” como dizem simpaticamente os nossos anunciantes mineiros, fica em mim, que também estou sob o comando de tantas novas ordens, um questionamento: será que não estamos esquecendo da matéria prima da boa publicidade? Será que não estamos esquecendo que comunicação se faz e se refaz com GENTE?

Penso nisso quando vejo tantas pessoas reclamando das suas caixas de correios entupidas literalmente de panfletos. Quando um entregador de papel em pleno movimento da nossa Rua Goiás, num olhar tristonho, sem nenhum sorriso, é pago para o empurrador  propaganda ironicamente de dentista . E nós públicos-alvos somos apenas o intermediário entre ele e a lixeira mais próxima ( e os menos educados ainda jogam na rua mesmo).

E as tais redes sociais, criadas por essência como canais de relacionamento que vem sendo utilizadas como fosse um jornal digital próprio do anunciante, sem a menor preocupação se existe ali um conteúdo ideal para que o seguidor se sinta atraído para uma relação bidirecional. Sites que não apresentam para o visitante nenhuma objetividade dentro do que o internauta possa querer. São empresas falando para elas mesmas. Uma espécie pomposa de monólogo digital.

E aí, em meio a tantas escorregadelas no planejamento de comunicação, vê se que a maioria dos anunciantes não investem em pesquisa. O máximo que conseguem fazer são enquetes, que passam longe de uma investigação criteriosa, representativa. E nós publicitários vamos ficando refém e cúmplices de tudo, já que precisamos ganhar algum dinheiro ( vale ressaltar que existem empresários que acham que vivemos de brisa, e são resistentes a remunerar a idéia, já que essa não fica na prateleira e nem se vende em balcão).  Sinto-me como “médicos” receitando sem nenhum tipo de exame mais  aprofundado. O que há, quando há, alguns indícios do que possa ser o diagnóstico e nós num esforço fenomenal fazemo uma análise clínica.

Os veículos locais, em sua maioria, não apresentam pesquisas de audiência confiáveis. De repente todos estão em primeiro lugar. Fato, no mínimo, curioso.
Anúnciantes querem planejamentos e orientações mais precisas em suas comunicações mas não têm regularidade no investimento em pesquisas. Publicam, números obtidos em pesquisa feitas há dois anos. Esses ainda não entenderam que a fila anda. No fundo consideram pesquisa apenas um gasto. Quando o certo é que ela existe para evitar gastos e transformar a comunicação num processo além de eficiente, também eficaz.

Pode se inventar vários formatos de comunicação. Pode se criar as mais inovadoras e atualizadas formas de atingir o consumidor. Mobile, twiter, facebook, virais....Mas o que muda o mundo é gente. E é com gente que a marca, que o produto, que a empresa precisa relacionar.  É o que o cliente quem diz, é o consumidor quem quer. O que ele está dizendo? O que ele quer? Não sei. Ele pode querer algo hoje e amanhã pensar diferent? Pode. Gente é assim. Então como fazer? Minha humilde resposta é simples: pergunte pra eles. E quando as respostas vierem, talvez então possamos fazer uma reunião de verdade e tentar construirmos juntos um grande negócio.

Um comentário:

  1. Muito bom...concordo demais. É como vc disse na sala, tem publicitario ae que acha que todos vao gostar da coisa "X" sendo que quem gosta da coisa X é apenas sua tribo, e assim descartam a possibilidade de pesquisas voltadas para seu publico alvo, por isso sempre que vou fazer algum trabalho saio perguntando meus amigos no meu onibus da facul e ate mesmo no dia a dia.. ex.: "Ou vey...o qual primeira coisa q vc olha quando vai comprar um caderno?? oq vc acha q poderia melhorar nele?". abraço silvana

    ResponderExcluir