terça-feira, 6 de setembro de 2011

Se for fonte, forneça melhor!

Laura Aguiar
Professora do curso de Jornalismo da Faculdade Pitágoras – Divinópolis-MG
 
 
A profissionalização de qualquer profissão, tema tão atual e corrente, é um dos critérios determinantes da crescente industrialização de nosso país. É uma necessidade tanto dos grandes quanto dos pequenos mercados, sendo premente no universo da comunicação social. Diante da exigência da formação específica, e sempre atualizada, constitui-se como item de sobrevivência. Entretanto, identifico um contraponto: mesmo com tantos jornalistas buscando o aprimoramento profissional, identifica-se constantemente um despreparo da outra ponta do processo de fazer jornalístico: as fontes de informação.

A educação superior de jornalismo avançou para as cidades do interior e provocou uma mudança do perfil dos trabalhadores em jornalismo. Repórteres, editores e outros ocupantes de cargos em veículos de comunicação, além de assessores de empresas públicas e privadas, atuam respeitando de forma crescente, referendando-se pelos ensinamentos acadêmicos enumerados por pesquisadores competentes, e também por padrões consagrados pelo uso, experimentados na rotina de profissionais gabaritados.

Todo preparo esbarra muitas vezes no despreparo das fontes noticiosas. A saber: fonte jornalística de informação são pessoas falando por si ou coletivamente, possuidoras de informação, dados que, tratados por jornalistas, têm interesse público. Essenciais no dia a dia das redações, a boa relação entre fontes e jornalistas favorece um resultado que beneficiará, em última instância, o consumidor de informação.

É comum ouvir histórias de como muitas fontes desconhecem os direitos e deveres, chegando ao absurdo de verbalizar a proibição do repórter de publicar este ou aquele assunto. Aliás, a censura não existe mais nesse país de forma oficial, apesar das tentativas insanas de muitos de fazê-la de forma velada. Há, e principalmente em mercados mais singelos, fontes de informação que ao serem indagadas em uma entrevista corriqueira falam demais e a mais. Falar demais e exagerar nas repostas, prolongando assuntos não merecedores de duas frases de repostas, e falando a mais ao tratar de temas além do tema da entrevista.

De maneira geral, os excessos, muitas vezes, geram reportagens interessantes, mas na mesma medida matérias jornalísticas polêmicas. E mais: existem os técnicos pecadores por hipercorreção, expressando-se de forma complicada além do correto, dificultando o entendimento do assunto para o repórter e, dessa forma, comprometendo a informação que chega para o público.

A falta de conhecimento de comunicação ataca também os informantes para televisão. Nesse veículo relativamente novo para os mercados do interior, as histórias curiosas se repetem. É comum a confusão sobre material gravado e ao vivo, desentendimento do tempo real de fala para o tempo da mesma entrevista dentro de uma matéria telejornalística, a falta de orientação sobre o vestiário, e o comportamento diante das câmeras, como tentar segurar o microfone, ou fazer longos cumprimentos aos telespectadores. A lista é grande!

A inferência é clara: enquanto de um lado há corrida preparatória para enfrentar a concorrência de mercado, do outro deveria haver também a iniciativa de aprimoramento. Existem cursos específicos para isso, conhecidos como mídia training ou treinamento de mídia, aulas direcionadas para fornecedores de informações de diversos níveis. Deveria ser uma prerrogativa para empresários, profissionais liberais, políticos atuantes em qualquer mercado.

Os resultados seriam positivos para todos. Para quem atua como fonte de informação, o saldo será uma comunicação eficiente, a imagem preservada, a geração de mídia espontânea, por exemplo. O público será recompensado com dados claros, informações precisas. E os jornalistas, bem, os jornalistas, no mínimo, agradecem.

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