terça-feira, 25 de outubro de 2011

De transmissão em transmissão....

Laura Aguiar
Professora do curso de Jornalismo da Faculdade Pitágoras – Divinópolis-MG



O assunto a ser tratado aqui não é uma novidade! Está na boca do povo: os direitos de exclusividade de transmissão de competições esportivas para emissoras de televisão e a nossa condição de refém. Trata-se de uma prática das emissoras de TV, porque se a moda pega para rádios, jornais e revistas, estaríamos perdidos e confinados a saber só o autorizado e devidamente pago nas negociações comerciais astronômicas.

Lá no Mexico ocorre uma das mais importantes competições das Américas e nas redes sociais, rodas de amigos, muito se tem comentado sobre o desempenho dos atletas brasileiros. Eles prometem bater recorde em número de medalhas. Por aqui em terras brasileiras, assistimos a versão TV Record da competição, e só. Ela tem os direitos de transmissão e para noticiar, falar do assunto, as outras emissoras de TV precisam dar o crédito das imagens e ainda ter autorização de uso das mesmas. Muita burocracia para emissoras como a Globo. A Vênus platinada prefere ignorar a disputa a abalar sua imagem de suprema e soberana ao pedir autorização para alguém. Alegam diferença da qualidade de imagens, dificuldade em atingir o lendário “padrão Globo de qualidade”. Será? Mas e o telespectador?   

Todos os princípios do Jornalismo são testados numa situação dessas. Mais uma vez reafirma-se: não se faz Jornalismo sem vínculos comerciais. E não estamos falando somente da empresa do Doutor Roberto. Todos os veículos de comunicação estão atrelados de alguma forma a interesses comerciais, uns expondo mais sua dependência nas escolhas das pautas, no teor dos conteúdos, no viés das coberturas jornalísticas, outros de alguma forma buscando a isenção, a prática da diversidade de opinião.

Nesse último aspecto, poucas são as iniciativas de exibição dos assuntos noticiáveis independente das relações comerciais. Recentemente, em uma edição do Jornal do SBT, em época do Rock in Rio (evento patrocinado, divulgado, transmitido pela Globo) houve uma reportagem sobre o programação musical que agitava a capital fluminense. Respeitaram-se os critérios de noticiabilidade, tema trabalhado exaustivamente nas salas de aula dos cursos de Jornalismo. Um fato com as características de um fato jornalístico como o teor de novidade, o interesse público, relevância, tamanho do evento não foi ignorado pela emissora “adversária”.  

Vejo como condenável a posição da Globo em omitir o Pan de Guadalajara. Como menciona Rogério Christofoletti, jornalista e professor da Universidade Federal de Santa Catarina, quando comenta o tema, a própria Globo fez estardalhaço ao divulgar os Princípios Editoriais um documento que apresenta a emissora como empresa que defende que “tudo aquilo que for de interesse público, tudo aquilo que for notícia, deve ser publicado, analisado, discutido”.

Ainda bem que nos restam outras opções para exercitarmos nosso direito de escolha. Porque é disso que estamos tratando. Podemos escolher entre rádio, jornais impressos, revistas e a internet.

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