quarta-feira, 30 de junho de 2010

Horário reservado para a "Confusão Eleitoral Gratuita"

Em plena era da tecnologia digital e da comunicação em rede, teremos, no Brasil, um processo eleitoral no qual mais de 40% dos eleitores não terão acesso ao conteúdo de TV referente aos candidatos de suas regiões. Segundo números disponibilizados pela Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), cerca de 20 milhões de domicílios possuem acesso a esta mídia via antena parabólica. Em Minas Gerais, segundo pesquisa de 2007 sobre Uso da Tecnologia de Informação e Comunicação, este índice de domicílios que serão abnegados do principal veículo de informações sobre o processo eleitoral é de 26%.

Nas últimas eleições para prefeito e vereador, várias cidades do Centro-oeste mineiro foram “bombardeadas” por propagandas, projetos políticos e planos de governos de candidatos a prefeito de Araxá, devido a contrato de uma das grandes emissoras de TV. Para tentar acabar com esta confusão, o Tribunal Superior eleitoral (TSE) determinou que essas emissoras geradoras façam, em 2010, o bloqueio da transmissão para as repetidoras. No caso das parabólicas, milhares de eleitores mineiros terão, durante 30 minutos, uma tela preta com a frase “Horário destinado à Propaganda Eleitoral Gratuita”. As emissoras alegam alto investimento em tecnologia para conseguir dividir os sinais. Em um país que luta para ser democrático – e a corrupção talvez seja o maior entrave para a conquista plena da democracia, talvez seja papel do governo provir as emissoras deste aparato tecnológico, beneficiando a população.

Em 2010, teremos eleições bem acirradas em Minas Gerais. Duas candidaturas devem polarizar a disputa pelo Palácio da Liberdade: Hélio Costa (PMDB) e Antônio Anastasia (PSDB). Para as duas vagas no Senado, nomes de peso como o do ex-governador Aécio Neves, o ex-presidente Itamar Franco, além das possibilidades do vice-presidente José de Alencar e do ex-prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel lançarem suas candidaturas. Entretanto, a questão se afunila mais quando o assunto são as cadeiras disponíveis para a Câmara Federal e a Assembléia Legislativa. Muitos eleitores passam a conhecer os candidatos, efetivamente, quando se iniciam as campanhas, sobretudo através da TV (presente em mais de 90% dos lares brasileiros). Por isso, mais um desafio é lançado aos candidatos e, principalmente, às assessorias de campanha: como atingir, em massa, essa imensidão de eleitores, estimados em 26% da população mineira, que não terão acesso à Propaganda Eleitoral Gratuita? Alguns de vocês já pensaram em estratégias específicas a este importante grupo de eleitores?

Recentemente, escrevi sobre a importância que as mídias sociais virtuais terão nas próximas eleições. Pesquisa recente realizada pela Deloitte revelou que Orkut, Twitter, Youtube, Facebook e outras mídias sociais virtuais segmentadas, além de programas de mensagens instantâneas são usados, todos os dias, por 38% dos internautas brasileiros. No total, 86% dos entrevistados declararam usar essas mídias de forma rotineira. Obrigatoriamente, deverão fazer parte do planejamento de campanha de candidatos que estão no pleito para ganhar. Caso contrário, teremos um enorme índice de votos para o candidato “Horário Reservado à Propaganda Eleitoral Gratuita”. Afinal de contas, 30 minutos de exposição diária é mais do que suficiente para se eleger, independentemente do cargo...

* Francisco Resende Costa Neto
Coordenador dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda
Faculdade Pitágoras - Divinópolis

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