sexta-feira, 18 de junho de 2010

Jornalismo, Educação e Copa do Mundo

Nem vuvuzelas, nem jabulanis! O que chama atenção mesmo nessa Copa do Mundo são as transmissões esportivas e as coberturas jornalísticas e a contribuição dessas para a educação. Já defendo há muito tempo que qualquer tipo de jornalismo é ferramenta importante na formação do indivíduo. Mesmo que ele seja marrom, sensacionalista, no mínimo motiva a leitura, a discussão, a reflexão.

No caso da Copa, os ensinamentos são muitos. Geográficos, Históricos, Matemáticos, Lingüísticos. Por exemplo, a África do Sul ficou mais real para todos nós com as informações repassadas durante os jogos e nas reportagens que consumimos depois de cada disputa pela taça mais cobiçada do mundo. Todos os detalhes desse mundial podem ser usados para aprendizado. Desde as razões das geladas temperaturas do continente africano, explicadas na previsão do tempo dos telejornais, como uma Sérvia que deixou de ser Sérvia e Montenegro por razões políticas. Mais uma vez podemos experimentar e provar que jornalismo é também didático.

Comentando sobre esse tema em sala de aula ouvi que uma mulher de 38 anos havia conhecido Mandela e o Apartheid por força da Word Cup 2010! Outros adultos me confessaram que desconheciam a realidade dos norte-coreanos. Mas descobriram, por força do trabalho jornalístico, que lá eles não podem assistir transmissões ao vivo, e nem podem sair do país sem autorização do ditador. Os mais cultos também usam a cobertura da copa para aprimorar conhecimento e fomentar discussões. Já ouvi debates profundos sobre a situação econômica da Grécia após sua estréia no mundial contra a Coréia do Sul. É claro que existem situações exageradas como invocar uma conspiração para que a Argentina ganhe o campeonato! E tudo para que o Brasil não ganhe dois títulos seguidos! Santa imaginação, Batman! Aprendizado também!

Mas para servir de instrumento de ensino o trabalho de noticiar precisa estar baseado em pesquisas sólidas. Esses levantamentos tornam os fatos atraentes até mesmo para quem não gosta de futebol. Para os profissionais que trabalham na cobertura desses grandes eventos o dia a dia é árduo, mas prazeroso. Certa vez ouvi em uma palestra do Rogério Correa (narrador da Rede Globo) que ele se envolvia por pelo menos um ano nas pesquisas e estudos para narrar um jogo de Copa. O bom profissional respeita o público e se prepara para dar credibilidade ao que diz. Os bons veículos não se aventuram na descrição pura e simples dos acontecimentos. No universo da comunicação, e também da educação, não há espaço para improvisos!


* Laura Aguiar
Especialista em Educação de Português, Jornalista e
professora da Faculdade Pitágoras

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