segunda-feira, 5 de julho de 2010

Termina a Copa e vem outra competição: as eleições

Não deu para a equipe canarinho! Daqui a quatro anos poderemos mostrar o amor à pátria em bandeiras, camisas e outros adereços. Mas outra competição se anuncia e ainda vamos ver tremular muitas bandeiras: finalizamos o prazo para registro das candidaturas e tudo muda nas rodas de conversas e nas coberturas jornalísticas por força das eleições. Não falaremos mais de gols, mas de alguma forma comentaremos sobre impedimentos provocados pela lei Lei 135/2010, a “Ficha Limpa”. As manchetes sobre as peripécias dos candidatos em busca de votos substituirão as chamadas para jogos, destaques em campo, vitórias, zebras da África.

Para muitos a derrota brasileira na terra das vuvuzelas foi positiva, pois poderão falar mais cedo de metas para os próximos mandatos. Nas redações das empresas jornalísticas o tema eleições nunca ficou em segundo plano, mas ganhará agora destaque de primeira página e cadernos especiais com foco nas intrigas entre os concorrentes. O trabalho de planejamento para a cobertura do pleito eleitoral começou há muito tempo e é assim que deve ser.

Veremos a partir de agora toda ordem de informação que ronda o momento do voto. Entretanto creio que a cada ano os eleitores estão ainda mais preparados, como a imprensa brasileira. É claro também como a Justiça Eleitoral está mais atenta para os abusos cometidos pelos menos criteriosos no exercício de noticiar as ações de candidatos de primeira, segunda ou inúmeras viagens.

Nem sempre o leitor, telespectador, ouvinte e outro consumidor de notícias são colocados como prioridade nesse processo de comunicação. Perde-se o respeito ao maior patrão da empresa de comunicação: o assinante, o comprador de noticiários. Os interesses pessoais, comerciais e políticos emergem e fazem desaparecer uma das características do bom jornalismo que é formar o cidadão pela apresentação clara dos fatos, sem encaminhar opiniões e construir roteiros para destruir reputações.

Até outubro teremos muitas provocações partidárias, como aquelas que ocorreram a Maradona pelo efeito da eliminação na Copa. Ufa! Mas acredito na isenção jornalística como ferramenta de trabalho para os comunicólogos de plantão e como material de pesquisa para eleitores que escolhem representantes de forma consciente. Cidadãos que sabem que para vencer é preciso não basta ter líderes cativantes, mas é preciso competência.

* Laura Aguiar
Jornalista especialista em Língua Portuguesa.
Professora do curso de Jornalismo da Faculdade Pitágoras/Divinópolis.

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