Jornalista, Especialista em Docência do Ensino Superior,
MBA em Gestão da Comunicação Integrada, Mestre em Educação, Cultura e
Organizações Sociais, Mestrando em Educação Tecnológica.Professor da Faculdade Pitágoras nos cursos de Jornalismo,
Publicidade e Propaganda e Gestão Comercial.
Começamos mais um processo
eleitoral. É perceptível como os humores tornam-se exaltados nesse período, os
justos tornam-se justíssimos e a imprensa, claro, sempre ela, tenta passar mais
uma vez sua imagem de imparcialidade. E é aí que a coisa não funciona. Mesmo
com todas as regras estabelecidas pela Justiça Eleitoral a fim de preservar a
isenção dos meios de comunicação neste período, ao analisarmos friamente o
cenário percebemos facilmente como a imprensa ainda consegue se manter parcial,
defendendo seus interesses políticos e ideológico$$!
A coisa começa logo que a última eleição é
definida. Apurados os votos e determinado o vencedor, começam os conchavos e o
estabelecimento de parcerias que vão durar pelos próximos quatro anos. Como é
sabido por todos que, infelizmente, a maior parte dos recursos para a manutenção
dos veículos ainda vêm dos cofres públicos, por meio da publicidade
governamental, o público assiste então a quatro anos de notícias positivas e
omissões impensáveis numa democracia. Mas é assim que rolam os dados.
Então, o cidadão (ou
eleitor) fica por todo um mandato sendo alimentado por notícias que destacam o
papel “brilhante” desempenhado por um governo e por seu governante – em
qualquer esfera, executiva ou legislativa, seja nos âmbitos municipal, estadual
ou federal. O que é negativo não aparece e as denúncias são adjetivadas como
vazias ou infundadas. E aí a legislação estabelece regras determinando que os
meios de comunicação, nos meses que antecedem o pleito, concedam o mesmo espaço
editorial dado a um determinado candidato para os demais. É justo isso? E os
três anos e tantos meses anteriores de privilégio? Esses não contam?
Outro fato questionável é a
divisão do tempo entre os candidatos no horário eleitoral gratuito do rádio e
TV. É óbvio que aquele postulante a um cargo eletivo que dispõe de mais tempo
para apresentar suas propostas leva vantagem na disputa. E, apesar de saber que
o tempo destinado a cada um é proporcional aos partidos de uma coligação e a
sua respectiva representação no Congresso Nacional, não vejo nessa divisão uma
forma justa equânime e certa.
Longe de querer ser um
legislador, até mesmo porque minha formação não permite, mas parece que tem
algo errado aí, não? Falar em imparcialidade com vários interesses econômicos
mediando a relação entre imprensa e governos é, no mínimo, falível. Diante
disso, qual o papel do jornalista? Em primeiro lugar, acredito, é o de deixar
claro para o público como as coisas funcionam.
Com o intuito de preservar a
democracia e levar informações para que o público tenha autonomia em sua tomada
de decisões, a imprensa pode, se quiser, contribuir de forma decisiva para a
transparência do processo eleitoral. De início, seria importante mostrar à
população como funcionam os cálculos do quociente eleitoral, qual o papel dos
vereadores, do prefeito, entre outras coisas. Depois, explicar como os recursos
chegam para as Prefeituras e as Câmaras Municipais, e mostrar como e com que
eles são gastos. Isso já seria um grande avanço. Mas, infelizmente, acho que
ainda fica no campo das utopias.
Diante disso, cabe ao
cidadão-eleitor buscar o máximo de informações possível, preferencialmente em
fontes diversas, a fim de formar sua opinião sobre os candidatos. A internet
mostra-se uma grande aliada neste processo e tem dado resultados expressivos,
especialmente entre os mais jovens. Mas com todos os seus problemas de inserção
popular, ainda é fraca na formação da opinião pública se comparada às mídias
tradicionais. Já que não costuma ajudar muito, tomara que a mídia pelo menos
não prejudique esse processo democrático.
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