quinta-feira, 26 de maio de 2011

Profissão Repórter e o resgate do bom jornalismo

Francisco Resende Costa Neto
Coordenador dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda
Faculdade Pitágoras/Divinópolis


Na última semana, tive a honra de participar da 1ª Semana de Comunicação e Marketing de Cuiabá-MT. Um evento piloto do que pode vir a se tornar, em breve, uma grande referencia acadêmica e prática no que tange aos debates e discussões sobre os rumos da Comunicação de do Marketing em nosso país. O evento contou com a participação de centenas de profissionais da área de todo o país. Entre os palestrantes, o apresentador do CQC, Marcelo Tas; e o jornalista Caco Barcelos, apresentador do programa Profissão Repórter, da TV Globo. E este programa semanal vem surpreendendo em diversos aspectos: audiência, profissionalismo e na retratação fiel de uma das mais instigantes profissões da atualidade.
O Profissão Repórter é um programa jornalístico semanal, que vai ao ar nas noites de terça-feira. Originalmente foi criado como um quadro do programa Fantástico, tornando-se um programa fixo na TV Globo somente em 2008. Caco Barcellos e uma equipe de jovens repórteres vão às ruas para mostrar diferentes ângulos do mesmo fato. Cada repórter tem sempre uma missão a cumprir, o que envolve tarefas tanto na realização da reportagem ao vivo quanto na finalização da mesma. Um raio-x do fazer jornalístico em sua essência.
Como afirma o próprio Caco Barcellos, o programa buscou uma nova identidade nos dois últimos anos, com reportagens que nada lembravam os velhos motes do jornalismo do horário nobre, sobretudo da própria TV Globo. Nada de “os encantos vida selvagem” ou “dicas para uma vida mais saudável”, pautas já exploradas todas as semanas pelo envelhecido e ultrapassado Globo Repórter. Barcellos, com seus 30 anos de profissão e de experiência jornalística, comanda os jovens aprendizes em reportagens extremamente investigativas, muitas delas até perigosas, que renderam matérias interessantes e reveladoras.
Até 2008, o programa tratava o jornalismo de forma mais acadêmica, e Barcellos era uma espécie de professor/tutor dos repórteres. Neste novo formato, o jornalista apenas direciona as coberturas, cabendo aos jovens repórteres apurar e construir toda a matéria na rua, in loco. Apesar se ser exibido em um horário pouco chamativo - 23h, o Profissão Repórter tem agradado, e muito, sua audiência que, segundo dados do Ibope, vem crescendo a cada semana. Um programa que chegou até mesmo a ser cogitado, em grandes portais, que pudesse chegar ao fim. Na verdade, está mais forte e remodelado do que nunca!
Temas extremamente intrigantes já foram pautas de jovens jornalistas que buscam se afirmar neste competitivo mercado.  Três delas, exibidas recentemente, chamam a atenção pela audácia do programa e, sobretudo, dos repórteres: a relação dos jovens com o crack, quando um dos repórteres foi, pessoalmente, a um reduto de venda de entorpecentes no centro do Rio de Janeiro e em São Paulo; a relação dos jovens com o álcool, quando um dos repórteres se infiltrou em uma turma de classe alta que consumia álcool durante toda a noite, em um posto de combustíveis de São Paulo; e, por fim, o programa que mostrou a rotinas das torcidas organizadas, e um dos jovens repórteres se infiltrou em uma das maiores torcidas do Rio de Janeiro, acompanhando todas as reuniões, o trajeto ao campo, os confrontos com torcidas rivais e o comportamento destes jovens em sociedade. 
Programas como o Profissão Repórter reforça ainda mais a necessidade de preparação, tanto acadêmica quanto prática, para aqueles que almejam o sucesso no jornalismo. Com o surgimento de novas mídias, estas exigências tornam-se ainda maiores, uma vez que todos se sentem a vontade em expressar suas opiniões e, de alguma forma, tornam-se novos repórteres. O que diferencia o profissional é justamente o aspecto técnico do jornalismo, que faz com que assuntos relativamente banais possam se transformar em excelentes pautas jornalísticas. 

Um comentário:

  1. http://familianesguinha.blogspot.com/2011/06/carta-aberta-caco-barcellos-e-equipe-o.html

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