segunda-feira, 16 de maio de 2011

O preço que se paga às vezes é alto demais

Ricardo Nogueira
Jornalista, Mestre em Educação, Cultura e Organizações Sociais.
Professor da Faculdade Pitágoras nos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda.



A frase que dá nome ao artigo é da música “O Preço”, de Humberto Gessinger, vocalista e principal compositor da banda gaúcha Engenheiros do Hawaii. Escolhi ela por dois motivos: acabei de ler, na última semana, o “Pra Ser Sincero – 123 variações sobre um mesmo tema”, de autoria do próprio músico (muito bom – inclusive indico como sugestão de leitura), e também porque a frase se encaixa muito bem no mercado de comunicação. Isso porque neste ramo, assim como em vários outros, escolhas erradas podem fazer com que o preço a ser pago por determinada ação saia bem mais alto do que o esperado.

Sabe-se que o planejamento é essencial para qualquer ação organizacional. No entanto, apesar desta necessidade já ter sido anunciada, estudada e pregada aos quatro ventos, percebemos que boa parte das empresas ainda hoje realiza ações de comunicação sem o mínino de planejamento. E isso, como o título do artigo diz, isso custa caro. Um exemplo do que falamos pode ser visto atualmente em relação à internet e às redes sociais virtuais. O que já vem sendo feito com sucesso por grandes empresas e organizações do mundo todo, começa a chegar agora à nossa realidade regional. E, infelizmente, tem-se presenciado uma falta de planejamento em boa parte destas “inserções” no ambiente virtual, o que acaba gerando mais malefícios do que benefícios. Isso porque o grande segredo da internet é usar a ferramenta como um canal de relacionamento. Diz respeito a falar, escutar e dar respostas.

As mudanças que a internet e as demais mídias digitais trouxeram para o mercado têm que ser usadas a favor das organizações, e não contra. Ao expor uma marca ou uma empresa à sabatina pública, é importante saber que nem sempre vai se ouvir o que deseja – afinal, como espaço democrático, a rede mundial de computadores oferece espaço para qualquer um ser produtor de conteúdo. E é neste contexto que o barato acaba saindo caro.

A falta de planejamento na inserção de uma marca ou organização na internet pode trazer prejuízos incalculáveis para uma empresa. Relativamente, uma campanha na rede mundial de computadores, especialmente ao utilizar as redes sociais virtuais, é mais barata do que uma divulgação nas mídias tradicionais (TV, rádio, revistas, jornais, mídia exterior). No entanto, ao pensar na internet como mídia principal e não oferecer o suporte necessário para a execução e monitoramento da campanha, o que parece barato pode custar muito dinheiro.

Não faltam casos de empresas e marcas, geralmente inflamadas por “pseudogestores de mídias sociais”, que criaram perfis e tentaram “conquistar o mundo” através de simples e isoladas ações na internet. O resultado? Na maioria das vezes, bem aquém do esperado. Isso quando o feitiço não se vira contra o feiticeiro e a marca passa a ser alvo de críticas, reclamações e tem a imagem desgastada por clientes insatisfeitos.

Autores que estudam a questão do relacionamento no marketing apontam que quando uma pessoa encontra-se satisfeita em uma relação a uma organização, tende a contar o fato para outra pessoa. Já no caso de uma insatisfação, os confidentes passam a ser seis por pessoa. Agora imagine isso, em proporções, numa rede mundial de computadores. O que se levou anos para construir pode ruir em questão de segundos. E sabe-se que reverter uma situação pode custar e demorar bem mais do que construir.

Já dissemos neste espaço que, atualmente, tão valioso quanto os ativos tangíveis das organizações são os ativos intangíveis, como a marca e a sua imagem perante o público. Por isso, ao pensar em uma inserção de sua marca ou empresa na internet ou nas redes sociais para não ficar de “fora da onda”, lembre-se de contar com planejamento e recursos humanos qualificados. Afinal, quem paga mal, paga duas vezes. E aí, o preço realmente pode ser alto demais.

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