terça-feira, 2 de novembro de 2010

Comunicação interna e o aumento da produtividade

* Ricardo Nogueira.
Jornalista, Mestre em Educação, Cultura e Organizações Sociais.
Professor da Faculdade Pitágoras nos cursos de
Jornalismo e Publicidade e Propaganda



Neste artigo abordaremos a mudança nos processos de gestão da era moderna para a atualidade e seus reflexos na vida dos funcionários das empresas. A partir do entendimento que passamos por uma mudança, da era da sociedade disciplinar (marcada pela punição) para a era da sociedade de controle (marcada pelas recompensas), a comunicação interna nas organizações passa a ter papel fundamental para a obtenção dos resultados empresariais esperados. A diferença nesta análise é que, ao invés de focarmos a comunicação mercadológica (feita especificamente para o público externo), vamos nos ater à importância da boa comunicação interna e como funcionários bem informados podem trazer vantagens competitivas para as empresas

A nova forma como os gestores enxergam os funcionários dentro das organizações, usando métodos de “pseudorecompensas” para a obtenção de metas de produção em detrimento à punição, revela um paradoxo entre as formas da teoria e prática. Enquanto o trabalho em equipe, a gestão compartilhada e a motivação são temas cada vez mais recorrentes nos autores que tratam sobre a gestão organizacional, o que se percebe na prática é a individualização nos ambientes de trabalho onde, pressionado por metas e objetivos a serem cumpridos, os empregados pensam primeiramente na satisfação de seus objetivos pessoais para depois se envolverem nos objetivos organizacionais.

Assim, as práticas utilizadas pelas organizações para criar vínculos com os funcionários a fim de formar equipes de trabalho engajadas, compartilhando valores e objetivos em comum, esbarram nas estratégias individuais de sobrevivência no ambiente de trabalho, causadas, em grande parte, pela insegurança e instabilidade do mercado. Pesquisas recentes mostram que o nível de envolvimento dos empregados com os objetivos organizacionais estão abaixo da expectativa das empresas. Isso, de acordo com os dados, causado muitas vezes pelo sentimento da restrição de informações nos ambientes de trabalho, o que gera desconfiança e falta de comprometimento.

Tais fatos são importantes para apontar a necessidade de considerar estas contradições ao se tentar alinhar a comunicação interna nas organizações com a realidade atual. Podemos apontar alguns desafios para a comunicação interna neste cenário. Um deles é a atenção às conseqüências das mudanças nas relações de trabalho e no ambiente interno nas empresas. A expansão acelerada da tecnologia e o acesso facilitado aos meios de comunicação fazem com que as organizações tenham que ter cada vez mais responsabilidade com a veiculação de decisões e a tradução de acontecimentos que afetam a vida dos empregados, entendendo que as empresas deixam de ser o único pólo de emissão das mensagens. Para isso, deve-se entender e reforçar o papel das lideranças internas como fontes e agentes de comunicação a favor das empresas.

Outro desafio no ambiente interno das organizações é a comunicação de mão-dupla. Diversos autores da área de Comunicação Organizacional já apontaram a importância da comunicação acontecer no fluxo horizontal, e não no vertical, como ocorria na sociedade disciplinar. No entanto, percebe-se ainda poucas práticas que favorecem a participação dos funcionários no contexto da comunicação interna nas empresas. Para atingir estes objetivos da comunicação eficaz, é necessário considerar, efetivamente, a ótica dos empregados. E isso só é possível com a diminuição da distância entre as partes envolvidas – diretoria e funcionários.

Pensar nos funcionários como partes fora dos acontecimentos internos e externos de uma organização é menosprezar a capacidade crítica destes indivíduos que estão muitas vezes mais preocupados em satisfazer suas necessidades individuais do que em atender aos objetivos organizacionais. Para evitar este tipo de confronto, uma comunicação interna eficiente, que respeite as individualidades e promova a participação para atingir os objetivos das empresas revela-se uma importante estratégia e ferramenta de competitividade no mercado contemporâneo.

A disponibilização de informações relevantes, principalmente aquelas que vão influir diretamente na vida dos empregados, é condição básica para a construção de verdadeiras equipes de trabalho, onde cada membro “abre mão” dos objetivos individuais a favor de um esforço coletivo, em prol da organização. E isso, como percebe-se, é motivo de busca frequente nas organizações, que sabem que o capital humano engajado e comprometido é cada vez mais um diferencial no ambiente de trabalho. Por isso, os gestores da comunicação interna têm que levar em consideração todas as mudanças internas e externas que influenciam as organizações, para que os esforços em programas e ferramentas específicas para este fim atinjam os verdadeiros objetivos.










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