terça-feira, 20 de abril de 2010

Profissionalismo já

Eu, mineira de carteirinha, mais precisamente de “passaginha” (vale-transporte em Divinópolis), cresci ouvindo uma boa frase entre os meus nos momentos de ansiedade: “uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa”. Mas agora, frente a celulares que fotografam, tocam músicas, enviam mensagens, fazem pagamentos e eventualmente fazem ligações telefônicas, a frase já não me sossega.

Como publicitária, sei que os desafios das convergências de produtos nascem da convergência de valores e demandas dos consumidores. Mas também sei que tais valores e demandas estão cada vez mais difíceis de serem decifrados ou antecipados. Nunca foi tão difícil entender as referências de decisão de compra do atual consumidor.

O varejo do eletrodoméstico, disputa, segundo a segundo na TV a nossa atenção, com técnicas de marteladas de juízes nervosos, de vozes apocalípticas que anunciam aberturas de lojas em horários super especiais, prestações sem juros, “preços imbatíveis”, “preço é tudo”. E, não raro, por causa de uma chapinha, outro desejo contemporâneo, filas se formam antes que o “paraíso” da oferta se abra. E nesse contexto específico minha “mineirice” não deixa escapar o texto do comercial: “é para lotar a loja” (cá entre nós, esse “lotar” é bem das Minas Gerais , não é?).

E há aqueles que entram na disputa com um toque de esperança, bem ao estilo da caixa de Pandora. É para comprar, mas é para comprar e ser feliz. O paraíso de ofertas, de preços também é “lugar de gente feliz”. O consumidor é avisado: “vem ser feliz”. E assim, em vários segmentos, todos com as suas disputas, os seus diferenciais vão buscando o lugar ao sol, que fica na mente e no bolso da classe alta, média, nova classe média, classe baixa... Sustentabilidade, originalidade, velocidade, jovialidade, beleza ... Enfim, os desejos se intercalam, formam coerências sazonais (o celular era pequeno, agora bom é o grande) e no final das contas criam os desafios para os gestores, investidores e principalmente para os profissionais da comunicação mercadológica. O que querem os consumidores do século XXI? Como decidem suas compras?

Bem, acredito que as respostas também são sazonais. Afinal, “gente é gente em qualquer lugar”, como disse certa vez Dona Adélia, e por isso mesmo, é bom um pouco de parcimônia em ditar regras e verdades definitivas. Mas há uma confirmação nos fatos. Para acompanhar o movimento de mercado, entender os seus dribles, e ter sapiência para levantar velas e anunciar terra à vista no momento certo, só mesmo com muito profissionalismo.

A época de acertos amadores já não existe mais. Todos cenários de concorrência hoje confirmam a necessidade de profissionais de comunicação para conduzir os processos, com formação, conhecimento e qualidade técnica. Sem comunicação profissional a empresa corre o risco de contrair a rouquidão (gritar sem resultados), de pagar a caladeza fatal (perder o contato com o mercado) ou o pior: acreditar que não precisa de profissionais. Nesse caso compra-se, mas não leva. Faz outdoor em pontos equivocados, escolhe jornal quando TV ficaria mais em conta, descarta o rádio quando o público-alvo adora, economiza na produção do comercial para esbanjar no ridículo e por a marca em situações constrangedoras. Um caos!


Mesmo sem descansar em berços esplêndidos, os grandes anunciantes já profissionalizaram suas comunicações. Basta constatar os investimentos, as equipes, agências que estão com eles. Logo, está na hora, ou melhor, já passou da hora dos médios e pequenos seguirem o mesmo caminho. Comunicação de resultados não admite improvisos.

* Silvana Maria de Sousa
Publicitária e professora dos cursos de Jornalismo
e Publicidade e Propaganda
Faculdade Pitágoras / Divinópolis

Nenhum comentário:

Postar um comentário