segunda-feira, 19 de abril de 2010

Os impressos estão com os dias contados?

Muito tem sido debatido por vários especialistas em comunicação, nos quatro cantos do mundo, sobre o destino dos jornais impressos. A maioria já vem pregando, desde os primeiros dias do século XXI, que esse meio tradicional está com os dias contados.

Tendo nascido em uma família que come, bebe e respira a essência do jornal impresso, tenho convicção que uma afirmação forte como essa é, no mínimo, precipitada, porque desde o surgimento de outras mídias, como o rádio e a TV, essa história de que os jornais vão “dessa para uma melhor” existe.

Também não tenho a ilusão de apontar que para esse segmento de mídia, a maré está para peixe. Definitivamente não está! E o cenário tende a piorar, justamente porque os empresários de comunicação não entenderam que estamos no olho de um furacão de transformações, principalmente tecnológica.

E é aí que chegamos à conclusão que os impressos não vão acabar, mas que está andando no fio da navalha. É a maneira como as empresas jornalísticas estão fazendo o seu trabalho, em muitos casos, da mesma forma que trabalhavam há 20, 30 ou 40 anos. Isso sim é flertar com a decadência e principalmente, com o descaso dos leitores.

Os jornais precisam compreender que, para continuar existindo e arrebanhando cada vez mais leitores, devem acompanhar as mudanças tecnológicas e se reinventar a cada edição. Os leitores tradicionais, que adoram o cheiro e a ponta dos dedos sujas com a tinta off-set, estão dando lugar para a tal geração X e Y, com pouco tempo para a leitura através de meios físicos, nascidos na época do virtual e ligados em todo tipo de tecnologia.

Tal preocupação em se reinventar é tão latente, que em meados de fevereiro deste ano, o jornal Folha de São Paulo divulgou uma mudança completa no seu projeto visual e editorial, buscando se tornar um veículo mais próximo da população, com texto mais coloquial e diagramação mais próxima dos portais de notícia, recheados de fotos, gráficos e vários outros itens que complementam a leitura.

Ainda dentro desta busca da modernização e adaptação aos novos tempos, a própria Folha de São Paulo anunciou a fusão de suas duas redações, a do meio impresso e a do portal na internet, colocando os profissionais responsáveis pela publicação desses dois meios de comunicação, no mesmo ambiente, aproveitando ao máximo a expertise dos velhos e jovens comunicadores, trabalhando de forma sinérgica.

A preocupação em caminhar lado a lado com a tecnologia e a nova forma de se fazer jornal não é exclusividade dos grandes centros, como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Em nossa região, já podemos acompanhar várias iniciativas de empresas jornalísticas, que tem essa visão de novos tempos e já trabalham de forma integrada entre os meios tradicionais e com portais de notícia e entretenimento.

Podemos estabelecer então, que para os jornais enfrentarem mais esse período turbulento, é necessário atuar em duas frentes fundamentais: buscar mão de obra qualificada e mantê-la em constante atualização e principalmente, coragem para enfrentar esse grande desafio de se reinventar, deixando o ostracismo de lado.

* Leonardo Marcos Rodrigues
Professor dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Faculdade Pitágoras/Divinópolis.
Contato: leomrodrigues@gmail.com

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