Jornalista, Especialista em Docência do Ensino Superior,
MBA em Gestão da Comunicação Integrada, Mestre em Educação, Cultura e
Organizações Sociais, Mestrando em Educação Tecnológica. Professor da faculdade Pitágoras nos cursos de Jornalismo,
Publicidade e Propaganda e Gestão Comercial.
Cena comum hoje em dia é ver
adolescentes carregando para cima e para baixo livros enormes com enredos sobre
guerras entre humanos, “elfos” e demais criaturas estranhas nos chamados
“reinos distantes” ou encantados. Aliás, não é de hoje que a procura pela
literatura fantasiosa desperta atenção na população. Em menos de uma década
tivemos o auge de histórias sobre jovens bruxinhos e ainda sobre os vampiros,
que voltaram a ficar na “moda” depois de certo tempo esquecidos. O que vale a pena
analisar, nesses casos, é como a mídia consegue impor produtos “culturais” e,
de certa forma, estabelecer os padrões de gostos que moldam uma geração
inteira.
Esse aparato midiático não
se resume à literatura. A consequência imediata deste boom reflete-se também em outras mídias como nas revistas, na TV,
no cinema e na internet. Parece que é tudo planejado. Basta uma obra literária
começar a fazer sucesso que surge a notícia de que seus direitos foram vendidos
para a produtora X e que, em breve, começa a ser produzido o filme referente ao
livro. É neste ponto que os preguiçosos se deleitam. Ao ouvir falar que
determinada história vai acabar nas telonas, pensa-se: “Para que gastar meu
tempo lendo um livro se em breve posso assistir ao filme?”
E assim vai sendo moldado o
gosto de toda uma geração. Seja na literatura, no cinema, na TV, na música, o
que importa é estar por dentro do que a mídia impõe e ter os discursos prontos
na ponta da língua. Sair fora disso é perda de tempo e faz com que o
adolescente seja visto como um “estranho no ninho”. Em um período tão
conturbado da vida, em que o sujeito busca sua afirmação perante a sociedade, o
trauma de sair fora desse caminho pode ser catastrófico. Então, resta sucumbir
ao desejo popular e gostar de tudo o que vem sendo imposto. Yes!
As empresas de
entretenimento é que vibram com essa situação. Sabendo que sempre haverá
demanda por esse tipo de produto cultural midiático massificado, os
investimentos se multiplicam na certeza de que um futuro promissor virá por aí.
E geralmente vem. Como estratégia certeira basta apostar no que está “na moda”
e nadar em piscinas de lucro depois.
Há tempos não muito
distantes uma das principais críticas dos estudiosos da chamada “Indústria
Cultural” dizia respeito ao famoso “jabá”, referenciando as influências
econômicas e políticas que faziam com que determinados artistas estivessem
sempre nos primeiros lugares entre as músicas mais tocadas pelas rádios. A
prática, tão antiga quanto o próprio meio, deixou de ser tão discutida com a
chegada da internet e a suposta democratização do acesso à cultura. No entanto,
apesar da real oportunidade do sujeito buscar na rede mundial de computadores
algo diferente do estabelecido pelo mainstream, fica claro que esta não é uma opção
válida, ao menos se ele quer manter as aparências de sociabilidade. Então, tome
sertanejo universitário, funks e todo e qualquer tipo de compartilhamento de
lixo cultural.
O alemão Walter Benjamim, na
primeira metade do séc. XX, já enunciava a “morte da aura” artística devido a
sua possibilidade de reprodução em larga escala. Talvez hoje ele tivesse que
ser internado em um manicômio, por não suportar ver a oportunidade desperdiçada
pelas pessoas que, com acesso quase irrestrito a um gigantesco universo
cultural via internet, preferem consumir o que lhes é imposto pela mídia sem a
mínima crítica. Esses tempos modernos...
Por fim, fica a receita para
os pseudoempreendedores culturais em busca de retorno rápido: procure um tema
que não vem sendo tratado há algum tempo (algo como um grupo de jovens
japoneses que se transformam em super-herois e lutam contra o mal, bem “anos 80”),
produza um best-seller (até mesmo
porque eles já são produzidos por encomenda), venda logo seus direitos
cinematográficos e, claro, não se esqueça de preparar os dois sucessores para
formar uma trilogia. É sucesso garantido! Não foi assim com os elfos, os
vampiros, os bruxinhos alquimistas? Creio que uma versão contemporânea de Jaspions, Changemans ou até mesmo Power
Rangers pode sim “causar”! Afinal, neste mercado o que vale é entregar
produtos revisitados de digestão fácil, certo? E viva Lavoisier com seu “nada
se cria, tudo se transforma!”
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