terça-feira, 6 de março de 2012

Simplificando a comunicação nas empresas

Ricardo Nogueira
Jornalista, Especialista em Docência do Ensino Superior, MBA em Gestão da Comunicação   Integrada, Mestre em Educação, Cultura e Organizações Sociais. Professor da Faculdade Pitágoras nos cursos de Jornalismo, Publicidade e Propaganda e Gestão Comercial.



Uma das maiores dificuldades que empresários e trabalhadores encontram na atualidade diz respeito à comunicação. Por mais absurdo (e simples) que pareça, comunicar é um desafio e tanto para os atores sociais do mundo corporativo. Como tudo na vida, buscar o equilíbrio é o ponto ideal – e nem sempre fácil de ser alcançado. As dificuldades aparecem de forma quantitativa e qualitativa e é isso que pretendemos analisar neste artigo.
Os entraves à boa comunicação aparecem logo de cara, quando se tem uma organização como objeto de estudo. Influenciadas pelas questões modernas do marketing, que mostram a importância de um bom relacionamento entre patrões e empregados, não são raras as empresas que pregam aos trabalhadores a “liberdade” que eles têm para sugerir mudanças, fazer críticas, ficar frente a frente com os chefes e, na hora H, deixam todo o compromisso no discurso. E o pior: muitas vezes, o funcionário que se “atreve” a simplesmente usar alguns dos “direitos” que lhe foram concedidos, mas que vão contra o desejo da diretoria, acaba no olho da rua. E aí começa o drama.
As empresas sabem (ou, ao menos, deveriam saber) que a informação hoje é um bem valioso e muitas vezes erram na dose. Por excesso ou por falta. Os erros por falta, mais comuns, acontecem pelo desconhecimento de empresários, diretores e gerentes na capacidade mobilizadora da comunicação. Ora, aquele história de quem não se comunica se estrumbica é a mais pura verdade neste ambiente. Os funcionários que não sabem quais os objetivos da organização para a qual trabalham, não têm conhecimento das metas, dos processos e até mesmo dos planos, vão continuar trabalhando sem ao menos saber o motivo.
Claro que não estou falando aqui dos motivos pessoais e financeiros do trabalhador, que entrega sua força de trabalho em troca de um salário. Mas digo e sustento a informação de que vários trabalhadores não têm a mínima idéia do que se passa na cabeça daqueles que decidem os rumos das empresas. E aí a motivação (não aquela dos livros de auto-ajuda, mas o motivo que leva o sujeito a dar o melhor de si em busca do resultado) não ajuda. Fazer qualquer coisa, sem saber o porquê daquilo é muito desanimador, para não dizer desastroso.
O outro erro ocorre pelo excesso de informação. Sim, estes erros também acontecem. A facilidade de comunicação por email e por comunicadores instantâneos, por exemplo, é uma “mão na roda” para aqueles que fazem questão de dividir tudo com os colaboradores da empresa, até mesmo o que não precisa. Como esta nova tecnologia da informação prevê uma comunicação imediata, está começando a aparecer um novo tipo que costumo chamar de “mala corporativo”. Esta espécie, ainda em desenvolvimento no mundo organizacional, vem proliferando à medida em que novos dispositivos vão sendo lançados. Com a popularização do smartphone então, o “mala corporativo” faz questão de informar tudo a todos em todo o momento! Não há nem final de semana que resista.
O grande problema deste excesso de informações é que as pessoas acabam confundidas. Já vivemos hoje em um mundo em que somos bombardeados por informações o tempo todo: seja em casa, no lazer, no ambiente de trabalho. E, com o excesso de informação corporativa, o prazo para a recepção, o processamento e o entendimento das mensagens torna-se mínimo, o que faz, muitas vezes, a desinformação acontecer. Seria cômico se não fosse triste. O excesso de informação causa desinformação.
E este excesso é visto de duas formas principais: no número e na extensão de mensagens. No primeiro caso, o funcionário recebe tantas informações, ao mesmo tempo, que não dá conta de processá-las separadamente e acaba confundindo-as. No nível de stress que grande parte da população encontra-se hoje, é algo muito fácil de acontecer. Logo, erros como o acontecido na última semana, quando foi publicado, por engano, no Diário Oficial do TRT da Paraíba, uma carta de amor envolvendo dois funcionários, vão se tornar cada vez mais frequentes. Infelizmente, parece que o cérebro humano ainda não acompanha a velocidade de processamento das máquinas atuais.
O outro excesso diz respeito à extensão das mensagens. Na comunicação, mais especificamente no Jornalismo, aprendemos a nunca usar duas palavras onde podemos usar somente uma. E isso não é por uma questão de estilo, mas sim por uma questão de lógica. Assim como temos dificuldade em processar muitas informações distintas recebidas de uma só vez, também temos mais dificuldade em ler textos longos e complexos do que aqueles que contenham somente a informação necessária.
Não sei se para “embelezar” ou para qual outro fim, o meio corporativo passou a usar expressões rebuscadas para falar coisas simples. De repente, vendedor passou a ser consultor de vendas, faxineiro virou operador de limpeza e office boy foi elevado a agente de serviços externos. Demissões viraram desligamentos, problemas tornaram-se desafios e profissionais engajados são aqueles “que dormem e vivem pela empresa” (aliás, todos nós deveríamos ser assim segundo quem escreve, não?) Aí vem a pergunta: quem ganha com isso?
Se as empresas não passarem a enxergar a comunicação simples e eficiente como um elemento fundamental na gestão e não utilizarem as ferramentas corretas para isso, correm o sério risco de caírem fora do mercado. É preciso diferenciar quantidade de qualidade e buscar o equilíbrio entre a falta e o excesso de informação. Pode até não ser o ponto principal da gestão agora. Mas saber relacionar e comunicar são tarefas cada vez mais fundamentais na sociedade em que vivemos: a da informação. 

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