quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Operacionais x estratégicos

* Laura Aguiar
Jornalista e Professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda
Faculdade Pitágoras de Divinópolis


Ainda não descobri até qual ponto o mercado deseja, sinceramente, um profissional estratégico para as organizações. Em muitos momentos sou levada a acreditar que os empregadores desejam os homens de estanho enfileirados nas suas linhas de produção para cumprir as tarefas imediatas e meramente de operação. Falo sem base de pesquisa e mais como fruto de minha observação como professora universitária e profissional de comunicação.

Os profissionais com perfil tático enxergam adiante de seu tempo e preparam-se para os problemas antes que ocorram. Esses são preciosos. Antecipar situações positivas e negativas é situação rara nas empresas e poucas entenderam essa iniciativa como fator de sobrevivência mercadológico. Muitos empresários e gestores públicos preferem a inércia à mudança de roteiro na forma de gestão. Ser alertado constantemente sobre a necessidade de mudar o rumo para acertar a rota, para produzir melhores resultados, pode gerar um conflito administrativo e um desconforto financeiro e de recursos humanos.

Entretanto, pelo menos, no que se trata de comunicação estratégica para empresas, a atenção para as novas situações anunciadas mesmo com sinais sutis, é uma necessidade de mercado. Para lidar com esses casos a medida mais importante deve ser tomada muito antes de seu estouro e precisa ser uma terfa cotidiana, ainda quando a calmaria está estabelecida. Vejamos exemplos como o da Fiat. A empresa diante da inércia do mercado do velho-Uno, redirecionou as velas para mares mais amplos. E entendamos as ações, por exemplo, do governo Lula, ao mudar o discurso de negação do óbvio, em nome de uma permanência no cenário político.

Para muitas organizações, bom mesmo é ter tudo igual nos 365 dias do ano sem alterações que provoquem transtornos nas rotinas, nas costumeiras tarefas diárias. O resultado de tal comportamento é uma corporação, que tem pouca variação de caixa, funcionários de longa data, marca lembrada, mas nem sempre associada à modernidade, inovação.

O mais grave, contudo, em nível de gestão: empresas desse tipo são fadadas ao fracasso caso seja submetida a crises mais fortes. E nem me refiro a abalos econômicos e políticos somente. Nesses casos, companhias assim, desde um pequeno escritório, uma organização não governamental, um setor público, uma instituição qualquer, poderá ser derrotada por seus próprios processos de comunicação interna e externa se continuar a defender só a operação, a execução, o continuísmo por medo de ouvir algumas mensagens de alerta e mudar o trajeto para vislumbrar outras paisagens de negócios.

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