segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Geração Y

* Ricardo Nogueira
Jornalista, Mestre em Educação, Cultura e Organizações Sociais.
Professor da Faculdade Pitágoras nos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda



As Eleições 2010 e o padrão de consumo atual consolidam um dado relevante do ponto de vista do marketing: a chamada Geração Y, que compreende os nascidos entre 1977 e 1994, realmente está com as rédeas nas mãos. Não pense que estou afirmando que as pessoas entre 16 e 33 anos de idade estão liderando as empresas, conquistando a maioria dos cargos públicos ou mesmo desbancando os executivos experientes no mercado de trabalho. O que quero dizer com “rédeas nas mãos” é que esta geração, denominada por vários autores como Y, mostra que toma suas decisões com base no que realmente deseja e, como ocupa a maior parte da população mundial, é ela quem vai ditar as regras de mercado de agora para frente. E isso gera todo um esforço das organizações para atender as expectativas deste público.

Os resultados das Eleições 2010 no Brasil são uma prova do que estou dizendo. Basta analisar três fatos importantes: a) a candidata Marina Silva (PV), unanimidade entre os universitários, obteve votação expressiva (quase 20 milhões de votos) e pode ser o “fiel da balança” na disputa do 2º turno; b) a eleição dos candidatos a deputado federal e estadual da região centro-oeste de Minas mostra que o apelo jovem e a aposta em estratégias que privilegiam a internet como meio de relacionamento dá resultado, além de apontar a “morte eleitoral” de velhos nomes da política regional; c) a visualização de nomes como Tiririca (PP/SP), Marques (PTB/MG), Romário (PSB/RJ) e Manoela D’Ávila (PC do B/RS) na lista dos deputados mais votados do Brasil mostra que a juventude se manifesta de duas formas principais: através da esperança em candidatos jovens (caso da gaúcha) ou por meio do voto de protesto.

Tais fatos comprovam que a geração Y consegue se mobilizar, interagir e, talvez ainda mais importante, chegar a resultados concretos. E isso não acontece somente no âmbito eleitoral, mas também e até mais forte no mercado de consumo. Um dos principais diferenciais da geração Y é o forte apelo à tecnologia, afinal esta é a geração do computador, do celular, da internet e da interatividade. Por isso, os fornecedores de bens e serviços não podem desprezar essa característica tão forte se querem ter clientes por toda uma vida.

Um dos preceitos de uma corrente do marketing, o marketing de relacionamento, é a fidelização que, na prática, significa transformar o cliente de determinada organização em uma espécie de torcedor fanático daquela marca e, com isso, faz com que ele passe sempre a consumi-la em detrimento das outras. Apesar de vários autores concordarem com isso e várias outras pessoas colocarem barreiras nesta visão, o certo é que para as empresas conquistarem e manter clientes “fiéis” por toda uma vida é preciso existir um verdadeiro relacionamento, num jogo de “ganha-ganha”, onde todos são beneficiados e recebem o que almejam. E nada melhor do que iniciar este relacionamento na fase de consolidação financeira de seu cliente, certo? Por isso é importante que os fornecedores de produtos e serviços fiquem de olho e comecem a atender já as demandas da geração Y que, se ainda não é economicamente a mais forte (o que ocorrerá em breve), já é quem dita as regras do mercado.

Exemplos bem sucedidos são vários, como, por exemplo, os lançamentos do Novo Uno e do Novo Focus, em que Fiat e Ford, respectivamente, apostaram e acertaram em cheio ao ousar em mídias digitais, possibilitando a verdadeira interação com o cliente. O resultado? Ambos veículos estão muito bem posicionados em vendas, cada qual no seu segmento, e podem ditar de agora para frente a forma como o mercado automobilístico vai se relacionar com os clientes potenciais.

Que os fatos recentes nos âmbitos político e mercadológico possam fazer com que os gestores atentem para a necessidade de buscar meios de interação e, mais que isso, que procurem modos de buscar entender quais as verdadeiras demandas deste público. A velha sabedoria de que é preciso plantar para colher mostra-se mais real do que nunca nesse cenário. Portanto, é hora de “mimar” a geração Y, pois os cidadãos que ainda ontem cresciam em frente aos videogames e à internet já estão se tornando os formadores de opinião do presente. Alguém duvida disso?

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