segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Tão longe, tão perto


 

Ricardo Nogueira

Jornalista, Especialista em Docência do Ensino Superior, MBA em Gestão da Comunicação Integrada, Mestre em Educação, Cultura e Organizações Sociais, Mestrando em Educação Tecnológica. Professor da Faculdade Pitágoras nos cursos de Jornalismo, Publicidade e Propaganda e Gestão Comercial.

 
Se tem uma pessoa que, apesar dos pesares, merece o meu respeito é Rafinha Bastos. Se você não o conhece, provavelmente está há um bom tempo sem acompanhar as últimas polêmicas envolvendo os artistas, comediantes e as “fofocas” de bastidores nos programas humorísticos, as atuais grandes estrelas das emissoras de TV. Já se o conhece, possivelmente tenha uma opinião de “ame-o ou deixe-o”, assim como Diogo Mainardi consegue causar em seus leitores, e também o jornalista Fred Melo Paiva, característica que alguns outros poucos artistas conseguem despertar. O que, no final, é bom. Pois assim como toda unanimidade é burra, tudo o que nos vem como produto cultural midiático e digerido sem crítica acaba não tendo valor.
De estilos tão diferentes, inclusive verborrágicos e literais, o que aproxima essas personalidades midiáticas é a acidez na crítica e a falta de “licença” para dizer o que pensa. Mas como nem tudo é ouro, Rafinha Bastos foi perdendo espaço na grande mídia: demitido da Band, aventurou-se em um projeto fraco na Rede TV! e agora segue polemizando na internet, enquanto seu reality “A Vida de Rafinha Bastos” segue firme como opção na grade do canal a cabo FX, apesar de ainda não ter estreado (dizem que por falta de incentivos financeiros).
 Mainardi, por sua vez, também está fora da grande mídia popular atualmente. Após ser demitido da Veja no início do ano, o polêmico articulista segue dando seus pitacos semanalmente no “Manhattan Connection”, exibido aos domingos na GloboNews. Recentemente lançou um livro autobiográfico narrando a vida de seu filho, que sofreu uma paralisia cerebral no nascimento devido a um erro medido. Na obra, Mainardi conta essa história de forma única, intertextualizando sua tragédia pessoal com alguns dos principais movimentos artísticos, culturais e históricos da humanidade. Como já li, posso afirmar: o cara realmente é bom!
Por fim, Fred Melo Paiva, o menos conhecido dentre os três, mão não menos polêmico e/ou genial. Eu mesmo fui conhecer o seu trabalho nesse ano, no jornal Estado de Minas, no qual o jornalista mineiro radicado em São Paulo assina a coluna “Da Arquibancada”, publicada sempre aos sábados. Nela, o atleticano fiel relata, em textos com uma ironia sem igual, as maravilhas e as dores de torcer pelo Atlético/MG, fazendo referências históricas e provocando os rivais, especialmente os cruzeirenses. Após virar fã de seus textos, fui procurar saber quem era mesmo o autor e descobri que trata-se do ex-diretor de redação das boas revistas Trip e TPM e que, em fevereiro próximo, estréia nova série no History Channel chamada “O Infiltrado”. Na produção ele irá se infiltrar e acompanhar uma série de universos desconhecidos, participando como um repórter atuante, próximo do conceito do “jornalismo gonzo”, tão bem feito pelo nobre Arthur Veríssimo na própria Trip e, às vezes, executado com maestria também pela “A Liga” e pelos discípulos de Caco Barcellos no “Profissão Repórter”. 
Em comum, além da polêmica, os três personagens têm algo em extinção na maioria das pessoas: a falta de “papas na língua” para dizer o que pensam. E é justamente isso o que os aproxima, o que os coloca tão longe e, ao mesmo tempo, tão perto. Surfar contra a maré é tarefa difícil, ingrata e pode causar problemas inumeráveis. No entanto, como já discutimos outra vez nesse espaço, se estar na mídia exige uma tomada de posição, eles o fazem com excelência, ao defenderem o que acreditam – estando certos ou não, exagerando ou não nas palavras. Pelo menos, agindo assim, se despem da capa de “imparcialidade e objetividade” que ainda domina a grande imprensa, mas que são, de fato, muito mais uma frase de enfeite em um quadro na parede do que uma atitude prática.
Sugiro ao nobre leitor que procure conhecer os feitos destes articulistas e tire suas próprias conclusões. A minha, como já explicitada, é de admiração. Mesmo as ressalvas não contam aqui nesse meu julgamento, pois sei que ninguém é perfeito. E sei que, ao fazer isso, cada um chegará a sua própria opinião extrema: o amor ou o ódio. Sentimentos tão longe e tão perto. A única certeza é que não soarão indiferentes. E isso, nesse tempo de cultura fast food, faz toda a diferença.
 
 

 

 

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