Ricardo Nogueira
Jornalista, Especialista em Docência do Ensino Superior, MBA em Gestão da Comunicação Integrada, Mestre em Educação, Cultura e Organizações Sociais, Mestrando em Educação Tecnológica.Professor da Faculdade Pitágoras nos cursos de Jornalismo, Publicidade e Propaganda e Gestão Comercial.
Novamente
vêm as lembranças e a nostalgia de ser uma criança na década de 1980. Quem,
nessa época, não aguardou e desejou com toda força receber uma camionete, de
plástico, alaranjada, no dia 25 de dezembro? Além dela, lembro bem de já ter
desejado ganhar um velotrol imitando a Lotus preta do Ayrton Senna, alguns
bonequinhos do Comandos em Ação e até mesmo um disco (vinil) do Trem da Alegria
ou Balão Mágico. O que dá para notar é que, nessa época (como se fosse tão
distante assim), as crianças ainda gostavam de ganhar presentes de criança.
Hoje, no
entanto, alguns valores estão invertidos. Claro que ainda há aqueles garotos e garotas
que sonham com presentes infantis, mas há uma crescente tendência que aponta
para a inclusão de objetos de desejo do mundo adulto cada vez presentes no
universo das crianças. Como se vê nas reportagens sobre a economia nessa época,
os presentes “vedetes” neste ano são os tablets e smartphones. E acredite:
grande parte deles será destinado a um menino ou menina que, antes mesmo de ser
alfabetizado(a), já saberá como curtir e compartilhar uma foto nas redes
sociais virtuais. Sinal dos tempos? Não sei.
A forma
como os presentes são adquiridos também mudou bastante. Apesar de ser uma
verdadeira aventura caminhar pelas ruas das cidades nessa época devido ao excessivo
volume de pessoas no trânsito (a pé ou de carro), é notável como a “comodidade”
da internet tem alterado o hábito de compra das pessoas. Impressionam alguns
dados de pesquisas que apontam um crescimento assustador no número de
aquisições feitas por meio da rede de computadores. Devemos lembrar que os
números não abrangem toda a sociedade, mesmo porque, por mais incrível que
pareça, ainda existem pessoas que não têm acesso regular à internet ou sequer a
conhecem.
Mas se o
foco estiver sobre as pessoas da classe média (a tão falada classe C), os
números mostram que a grande maioria dos usuários da rede faz regularmente
compras pela internet. Nessa hora, a da empolgação, esquece-se até mesmo de
cuidados básicos de segurança na exposição de dados em sites pouco confiáveis.
Aí depois vem o problema de cartões clonados, dívidas não reconhecidas e todo
tipo de dificuldade que as instituições financeiras devem rezar para não
acontecer.
No
entanto, com tantas ofertas de sites de descontos e compras coletivas, quem
resiste a comprar uma viagem em pleno verão para relaxar nas águas quentes de
Caldas Novas? Ou pegar um ticket (aliás, voucher) de desconto em um restaurante
na capital, mesmo sem ter ido lá uma vez sequer? Não dá para resistir. Mesmo
que não use – e nem vá usar o bem ou serviço adquirido –, o que não pode é
perder a oferta.
E é aqui
que finalizo esse papo: a relatividade do “quanto” se pode gastar. Afinal,
custo e valor são critérios extremamente subjetivos. Luto diariamente para
entender o que faz uma pessoa a economizar (!?) para um passeio de férias,
comprando uma viagem nesses sites de compras coletivas sem ao menos saber o
destino e o que lhe espera (na maioria das vezes uma surpresa negativa, pois
exibir fotos esplêndidas de um paraíso é fácil). E, ao mesmo tempo, essa pessoa
paga 10 vezes mais no valor de uma camisa – igual a outra básica – apenas
porque ela tem um escrito de uma marca que virou hit de uma hora para outra e
está mais batida do que caipirinha (A Hollister e Abercrombie agradecem a
preferência). Cada um, cada um...
Desejo a
meus leitores um Feliz Natal e um momento bem interessante de reflexão. Agora,
se me dão licença, tenho que responder minhas felicitações natalinas de amigos
virtuais que nunca vi, mas que insistem em desejar o bem a toda a humanidade nesse
período.
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