Ricardo Nogueira
Jornalista, Especialista em Docência do Ensino Superior,
MBA em Gestão da Comunicação Integrada, Mestre em Educação, Cultura e
Organizações Sociais, Mestrando em Educação Tecnológica. Professor da Faculdade Pitágoras nos cursos de Jornalismo,
Publicidade e Propaganda e Gestão Comercial.
Os resultados das Eleições
2012, divulgados no último domingo, deixam grandes lições para os profissionais
na “arte” de pleitear votos e, ainda, aos profissionais da comunicação.
Especificamente em Divinópolis, a abertura das urnas consolidou algumas
certezas e jogou outras por água abaixo. Sem dizer respeito a méritos ou
deméritos dos candidatos, este artigo pretende fazer uma análise dos resultados
em relação às ferramentas de comunicação e seus usos, e como ela pode gerar
sucessos ou insucessos no pleito.
A reeleição ao atual
prefeito era quase uma certeza. Confirmou-se nas urnas, mas o que deve ser
analisado é a perda de gás da campanha na reta final. A democracia tem dessas
coisas: cidades com menos de 200 mil eleitores não têm segundo turno. Por isso,
a maioria dos votos válidos dá a vitória ao candidato nesses casos. Essa
legislação fez com que a reeleição se desse com uma opção de apenas 36,05% dos
eleitores. Logo, 63,95% da população mostrou nas urnas sua vontade de mudança,
o que deveria servir de “sinal amarelo” para a coligação vitoriosa. Que os
erros sejam banidos e que a boas práticas e propostas tenham continuidade.
Estes dados revelam outra
questão importante do processo: a fragmentação da oposição deu a vitória ao
candidato da situação. O jogo político trata, antes de qualquer coisa, de uma
disputa de egos e vaidades. Ao invés de reunirem em torno de um objetivo comum
de mudança, os quatro candidatos oposicionistas fizeram questão de saírem como
“cabeças de chapa”, o que os enfraqueceu individualmente e reforçou a campanha
da situação, uma vez que os votos pela mudança foram fatiados. O resultado foi
o que foi.
Outra ferramenta importante
nesse pleito, especialmente no que diz respeito à comunicação, é a força dos
programas eleitorais gratuitos de rádio e TV. Com uma grande composição
partidária e um tempo maior do que dos outros quatro candidatos juntos, a
coligação vencedora mostrou, mais uma vez, que o rádio e, especialmente, a TV,
são imbatíveis como meios para atingir a massa. Com um programa bem produzido
tecnicamente e tempo de sobra para mostrar imagens e propostas, não podemos
negar que esse foi mais um fator decisivo para a reeleição.
Por outro lado, quando o
espaço da TV foi usado com tempo dividido de forma igualitária e,
principalmente, sem os recursos técnicos, visuais e de oratória planejada, os
resultados foram outros. Os três debates realizados pelas emissoras de TV
abertas que fornecem sinal para Divinópolis deram a oportunidade para os
eleitores conhecerem melhor as propostas, as alianças, os pontos fracos e
fortes de cada um dos candidatos. A lição? Boa oratória e preparação fazem a
diferença. E ataques pessoais e despreparo técnico também, só que para o lado
negativo. Talvez esses debates foram responsáveis pelas grandes mudanças nos
resultados em relação aos números divulgados nas pesquisas de opinião. O ruim é
o horário em que os debates foram ao ar, quando grande parte dos eleitores já
estava dormindo e não pode acompanhar as discussões sem maquiagem.
Já a internet também mostrou
a sua força no processo. As mobilizações virtuais deram resultados positivos e
negativos, mas, acima de tudo, mostraram que, se bem utilizadas, podem fazer a
diferença. Menos em termos de espaço para publicação, mas mais como um espaço
democrático de debate, a internet e as redes sociais virtuais mostraram que têm
a capacidade de disseminar informações e dar voz a personagens do processo
eleitoral que talvez não a tivessem. A própria falta de limitação tempo/espaço,
comum nas mídias tradicionais, democratiza o acesso à divulgação e discussão de
informações, impossível nos outros meios que privilegiam a vantagem econômica
como fator de influência popular.
No entanto, a maior lição
que fica desse pleito é que o povo, realmente, não é mais tão bobo quanto se
pensava. As promessas e atitudes impossíveis foram bombardeadas nas urnas e
fica a certeza de que a época em que se acreditava em Papai Noel, Fadas e
Coelhinhos da Páscoa ficou para trás. Abraçar criancinhas, velhinhos e
mendigos, ao invés de trazer votos, pode gerar protestos em massa, que,
disseminados pela rede, viram uma verdadeira arma nas mãos de quem quer levar
as coisas a sério. Certo candidato que o diga...
Boa sorte aos eleitos e que
as lições desse processo eleitoral sirvam de atento. Que possamos contar com os
representantes (de fato, legítimos) do povo para as melhorias que nossa cidade
tanto precisa. Amém!
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