Ricardo Nogueira
Jornalista, Especialista em Docência do Ensino Superior,
MBA em Gestão da Comunicação Integrada, Mestre em Educação, Cultura e Organizações
Sociais, Mestrando em Educação Tecnológica. Professor da Faculdade Pitágoras nos cursos de Jornalismo,
Publicidade e Propaganda e Gestão Comercial.
É na reta final das eleições
que tudo se decide. Os indecisos resolvem “vestir uma camisa”, os quase
decididos têm a chance de mudar o voto e aqueles fervorosos defensores de
determinada candidatura fazem de tudo para convencer os amigos, parentes e
vizinhos a fazer a mesma escolha que a sua. De dois em dois anos é o que
ocorre. Mas, de quatro em quatro anos, quando as eleições ocorrem
exclusivamente em nível municipal, é que o espetáculo desperta paixões, raivas
e sentimentos ao extremo, por envolver de perto o interesse da população.
Neste ano não é diferente.
Na última semana pipocam pesquisas apontando que um candidato X será eleito, ou
que o concorrente está subindo nas intenções de voto. É, ainda, o momento do
“vale tudo” nos programas eleitorais obrigatórios de rádio e TV. Aqueles
“segredos” que estavam escondidos debaixo dos panos vêm à tona e a baixaria
rola solta pelo ar. Neste momento, os tratos de “respeito” ou de “bom senso”,
se é que eles existem, vão para o ralo e qualquer argumento é válido para
convencer aquele eleitor indeciso, ou para mudar o voto de quem não está tão
certo de sua escolha.
Nesta estratégia, vale muito
a pena ver o último programa do horário eleitoral. É certo que todos os
candidatos, depois de tanto “bater” nos adversários, vão aparecer ao lado de
suas famílias, abraçando crianças e pobres, e provavelmente participando de
alguma cerimônia religiosa – é claro, pois não basta convencer pelos
argumentos, tem que mostrar que é fiel a Deus e que Ele vai dar um jeito em
todos os problemas vividos pelos menos favorecidos. É batata! Caso isso não
ocorra na próxima sexta-feira podem mandar um email cobrando...
Tudo isso é tão previsível
porque o marketing político, apesar de ter evoluído bastante, mantém os mesmos
princípios desde que começou a ser utilizado pelos norte-americanos, na década
de 1950. Fazer o candidato ser mais “simpático” do que realmente é, estimulá-lo
a falar a linguagem do povo, abraçar criancinhas e mendigos, entre outras
ações, são mais velhas do que andar para frente. E o pior é que, apesar disso,
ainda funciona. Por isso, entra eleição e sai eleição nos deparamos com as
mesmas promessas faraônicas de sempre, os mesmos discursos de “fazer
diferente”, os mesmos “papagaios de pirata” posando ao lado dos candidatos numa
promessa de ajuda para o bem das cidades – ajuda essa que dura não mais de 6
meses, porque depois devem rever seus “apoios” devido ao cenário político estadual
ou nacional.
E o povo, aliás, o eleitor,
acredita nestas promessas quase natalinas e deposita seu “voto de esperança” em
um produto do marketing que, provavelmente, terá muita dificuldade em ser tão
bom, honesto e amigo de todos quanto no tempo do pleito.
No entanto, a reta final das
eleições é também um dos poucos momentos em que o eleitor tem a oportunidade de
conhecer os candidatos “sem maquiagem”. É o período dos debates transmitidos
pela TV. Sei que, assim como eu, algumas pessoas acreditam que seria muito
melhor oferecer mais debates e menos programas eleitorais “maquiados” para que
o eleitor tivesse condições de fazer a sua escolha de forma mais acertada. A
única coisa negativa é o horário em que os debates vão ao ar. Por volta das
22h30, 23h, grande parte da população já está dormindo, pois precisa acordar
cedo no outro dia para trabalhar. Mas isso é papo para outra hora.
É no debate que os
candidatos ficam “cara a cara” e têm a possibilidade de questionar uns aos
outros sobre as promessas faraônicas e determinadas declarações sem fundamento
técnico. É, ainda, a chance dos postulantes aos cargos públicos terem um tempo
igual para a proposição de suas ideias, diferente do horário eleitoral, que
divide o tempo de exposição de acordo com as bancadas partidárias no Congresso
Nacional – o que, a meu ver, não torna justo o processo.
Ao ser questionado sobre um
tema sobre o qual a sua assessoria política e de comunicação (os verdadeiros
candidatos, pois são quem de fato elaboram as propostas) não lhe deu
argumentos, o candidato fica perdido e pode levar tudo a perder. Falar sem a
possibilidade de edição e ao vivo é excelente, para o eleitor, por isso: mostra
a realidade. Mostra quem é quem, qual o nível de controle emocional de cada
postulante e melhor, faz com que o verdadeiro debate de ideias aconteça.
Portanto, a dica para os eleitores é acompanhar os debates eleitorais antes de
decidir seu voto. Com certeza vai fazer a diferença.
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