quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

O Novo Jornalismo na era da informação

* Francisco Resende Costa Neto
Professor e coordenador dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda
Faculdade Pitágoras - Divinópolis-MG

Sistematicamente tenho insistido na teoria de que sempre vivemos sob influência de mudanças no mercado profissional. A grande diferença na chamada “Era da Informação” é a velocidade assustadora na qual essas mudanças vêm acontecendo nos últimos 30 anos, sobretudo em função dos avanços contínuos da tecnologia. Sob este prisma, lembrando sempre que a tecnologia é resultado do trabalho do homem e está a serviço deste, o mercado acaba absorvendo e abrindo oportunidades para profissionais empreendedores, que estejam bem relacionados e entrosados com as novas mídias. Oportunidades estas que primam pelo pioneirismo e pela ousadia em fazer diferente, em experimentar e buscar o novo a todo instante.

Nesta semana, a News Corporation anunciou o lançamento deum jornal exclusivo para iPad. O lançamento deve ser realizado no dia 19 de janeiro e contará com a presença presidente da Apple, Steve Jobs. As informações iniciais publicadas pela agência Reuters indicam que o novo jornal se chamará Daily e abordará temos como artes, cotidiano, esporte e opinião. Com a publicação exclusiva para tablets, a empresa pretende aumentar sua receita no segmento de notícias, já que o serviço será por assinatura. Engana-se quem pensa que o novo jornal será a extensão de alguma versão impressa: já foi divulgado que o Daily contratou jornalistas da "The New Yorker", do "The Daily Beast" e da "Forbes" para sua redação. Um desafio arrojado, mas que segue uma tendência mundial voltada à mobilidade no consumo de informações. Uma ação empreendedora que tem tudo para dar certo e, provavelmente, será copiada pelos concorrentes. Mas, como diz um velho e sábio ditado, quem chega primeiro à fonte bebe água limpa. E, obviamente, fatura mais!

Muito se tem debatido sobre o futuro do jornalismo nesta nova era em que todos são capazes de produzir e consumir informações ao mesmo tempo. Após um século de estagnação nas formas de produção e consumo de notícias, baseadas principalmente no predomínio de poucas plataformas de disseminação das informações (basicamente rádio, TV e impresso), vivemos um momento de redesenho dos formatos e das plataformas tecnológicas. Neste novo cenário, o jornalismo ganha ferozes “concorrentes”. Mas, como em qualquer outro segmento, a concorrência é salutar, ao contrário do que muitos pensam, é extremamente benéfica para o jornalismo, uma vez que obriga empresas e profissionais e se qualificarem e oferecerem diferenciais que garantam, entre outros atributos, a credibilidade, aceitação, penetração e, acima de tudo, qualidade na apuração e a construção da notícia. Ou seja, esta nova concorrência cria um cenário em que profissionais sem qualificação e que não possuem diferenciais se percam em um oceano imenso a ser desbravado, mas que necessita de marinheiros competentes e dispostos ao risco. Lembrando que a disposição pelo risco eleva as possibilidades de sucesso em qualquer carreira.

Atualmente, criou-se um mito de que os grandes concorrentes deste que podemos chamar de “Novo Jornalismo” não possuem sobrenome, mas são extremamente conhecidos: Twitter, Facebook, Youtube, Blog, Wikileaks... Enquanto alguns sentam e choram a impossibilidade de lutar contra essas inovações tecnológicas, os mais arrojados e empreendedores adotam uma velha filosofia de guerra: “se não pode contra eles, junte-se a eles”. Como escrevi no primeiro parágrafo, a tecnologia é criada pelo homem e está sempre a serviço dele, ou seja, é preciso compreender essas plataformas como possíveis fontes de informações e, mais do que isso, como aliados para conquistarem mais fontes e, com isso, mais informações. Com tantas plataformas tecnológicas e maiores possibilidades de disseminação de informação, a qualidade (na apuração, na confecção do texto, na escolha da melhor plataforma de disseminação) torna-se grande diferencial para os jornalistas que quiserem se destacar neste mercado competitivo, mas com enormes espaços para profissionais competentes.

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