quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Ensino Superior e empregabilidade

Francisco Resende
Diretor-geral da Faculdade Pitágoras - Divinópolis - MG



Tive a honra de participar, na última semana, de um interessante e rico debate sobre educação superior, a convite do amigo e competente vice-prefeito, Francisco Martins, que conduz o excelente programa Ideias & Negócios, semanalmente, na TV Candides. Após uma hora elencando os principais problemas e as enormes possibilidades proporcionadas à carreira daqueles que buscam o Ensino Superior como uma forma de alavancar suas carreiras, acho extremamente importante estender este debate também nas páginas da Gazeta do Oeste e no blog Observatório de Mídia, uma vez que considero importante mostrar, com números e dados oficiais, como a decisão de se buscar uma maior qualificação no Ensino Superior pode abrir grandes portas no mercado.

Recentemente, o pesquisador Marcelo Neri, que é o atual diretor do Centro de Políticas Sociais do Instituto Brasileiro de Economia, órgão ligado à Fundação Getúlio Vargas (FGV), publicou alguns trabalhos que discutem problemas nas áreas de avaliação de programas sociais, mensuração de pobreza e desigualdade, economia do trabalho e microeconomia. Seu estudo mais recente, “Os Retornos da Educação no Mercado de Trabalho”, através de uma pesquisa que culminou com a elaboração um ranking nacional das profissões em todas as 27 unidades federais e nos 200 maiores municípios do país, tornou-se referência no assunto.

O estudo de Marcelo Neri procura responder diversas perguntas, entre elas: Em que carreira se ganha mais? Quem tem mais chance de conseguir um emprego? Qual a profissão que tem a maior jornada de trabalho? Além disso, o pesquisador também fala dos desafios do ensino superior no Brasil e poder de inclusão social da educação. Sua entrevista à revista Ensino Superior, edição 87, na qual ele revela todos os resultados desta pesquisa, é extremamente reveladora e tentarei discutir alguns pontos que considero importantes.

De acordo com Neri, é legítima e inquestionável a importância do Ensino Superior como porta de entrada para os melhores e mais bem remunerados empregos. Além disso, a pesquisa revela que, independentemente da carreira e da área de atuação, fazer um mestrado ou doutorado confere um nível de remuneração sempre maior do que aquela que só tem graduação ou apenas o ensino médio, além de ser um diferencial na disputa pelos cargos mais bem remunerados. Outro dado interessante é que, segundo a pesquisa, o ápice profissional de um indivíduo se dá, normalmente, aos 45 anos, e o ápice da remuneração ocorre aos 51 anos. Ou seja, não adianta querer dominar o mercado em curto prazo, pois aumenta também a altura do tombo.

Outra questão interessante. Segundo Neri, em Brasília a carreira de maior remuneração não está na política e nem na medicina, mas na publicidade. Lá, os maiores salários são dos publicitários, muitos deles possuindo apenas o nível de graduação. No Rio de Janeiro, são os advogados com mestrado ou doutorado possuem os melhores salários. Fato que contraria o achismo de muitas pessoas que acreditam que existem bons empregos apenas para médicos e outros profissionais de saúde.

A pesquisa fornece um retrato da relação Ensino Superior x Empregabilidade. Em termos relativos, o Brasil tem poucas pessoas com nível de graduação comparado a outros países, apesar do crescimento acumulado de 27% nos últimos anos (30% no ensino superior privado e 15% no público). Hoje em dia, 75% dos estudantes do ensino superior no Brasil estão nas universidades privadas, contra 25% das públicas. Utilizando ainda os dados do Censo do IBGE, entre as pessoas com 15 a 65 anos, mais de 5,3 milhões possuem curso de graduação. Por fim, o estudo revela que o Brasil tem hoje 162 mil profissionais com mestrado e doutorado, um índice muito pequeno se comparado aos países desenvolvidos.

Na entrevista, Marcelo Neri comunga do mesmo pensamento que divido com todos em apresentações e até mesmo em conversas esporádicas. Por isso, faço questão de reproduzi-la na íntegra: “O Brasil tem muito caminho pela frente, mesmo comparando aos nossos vizinhos latino-americanos. Principalmente, quando vemos que a velocidade e demanda por trabalho qualificado tem aumentado. Há, de fato, um certo descompasso. Faltam pessoas qualificadas com o ensino superior”. As oportunidades estão aí...  

  

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Eu vejo a vida melhor no futuro, com gente fina, elegante e sincera. (Lulu Santos)

Silvana Maria de Sousa
Publicitária e professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda
Faculdade Pitágoras/Divinópolis-MG




Ontem recebi de alguns amigos do Facebook (FB) o seguinte recado :


“ATENCÃO AMIGOS DO FACE!!!! Agora todos os SEUS amigos podem ver todos os meus comentários e do que EU gosto caso você escreva no meu mural ou fotos (essa nova coluna no lado direito da tela). Eu gostaria de manter a minha privacidade e dividir informações apenas com os MEUS amigos. Por favor, passe o mouse em cima do meu nome e espere o quadro abrir. Clique no segundo quadrinho (ASSINADO). Mova o mouse para baixo até "comentários e opções curtir" e desmarque a opção. Cole isso no seu mural se não quer que todo mundo veja tudo o que você faz ou fala no Facebook. Eu farei o mesmo por você se você quiser. Apenas clique no "curtir" abaixo para que eu possa saber da sua preferência!”

Como observadora dos processos e fenômenos comunicacionais, principalmente os que acontecem dentro da sociabilidade virtual, comecei a me perguntar sobre questões recorrentes a respeito da ferramenta Facebook. Sobre privacidade, conteúdo pouco “aproveitável” que alguns internautas batizaram com o nome de “orkutização” e até utilização a má utilização ou o exagero dela por muitos, tornando frias as relações pessoais (assunto abordado brilhantemente pela Profª Vânia Vasconcelos – FAP/Div aqui nessa coluna ).

E por um jeito próprio, gosto de pensar me fazendo perguntas. E acabo por ter algumas hipóteses. Umas o tempo se encarrega de refutar (derrubar), outras, pesquisas e estudos comprovam. Não me preocupo se estou certa ou não. O fato é que a minha compulsiva mania de pensar o mundo me leva a várias indagações madrugada afora. E hoje vou compartilhar algumas com vocês, que partiu desse recado citado acima.  

Primeiro sobre a má utilização da ferramenta FB, que recai no que o artigo da Profª Vânia (disponível no Blog Observatório de Mídia). O FB tem sido usado muitas das vezes como uma alternativa à relações pessoais, como se pudesse substituí-las no quesito proximidade. Pois bem, pensou eu que culpar o FB por isso, é como dizer que a martelada no dedo foi provocada pelo martelo ou pelo prego. 

Segundo, sobre a “Orkutização” . Vejo essa discussão com certas reservas. Algumas colocações dos que reclamam me parecem muito elitistas. Tomando como base de que a  sociabilidade (utilizando aqui o conceito do teórico francês Mafessoli ) é da ordem do afetivo, do sensível, do efêmero, não vejo porque tanta “raiva” das postagens “inúteis” como dizem. Caso não queira ver as postagens ou elas não lhe sirvam, livre arbítrio. Mudar-se para ambientes virtuais que imitam a tribalização da realidade, grupos com objetivos afins, performance e posicionamentos parecidos estão em redes sociais digamos particulares. Eu, que tanto por gostar de gente, ou por entender que a vida pulsa é exatamente na mistura, o FB me dá clareza como a sociabilidade está acontecendo. E fazer parte dela é o único caminho para que eu seja inclusive uma boa profissional de comunicação. Falo dos recortes que são feitos dos acontecimentos, da linguagem e códigos próprios, das discussões sobre tudo, sem hierarquia de importância. Afinal é importante pra quem, pra mim? E se as minhas importâncias forem inúteis, chatas, bobas para alguém? Entendo aqueles que dão uma selecionada, “limpada” como andam dizendo no meio. O que significa excluir pessoas que não trazem assuntos ou posts interessantes no seu conceito. Eu porém, não tenho esse critério, para exclusão. A minha limpa é feita sob um parâmetro, exatamente o terceiro ponto a ser questionado nesse texto a seguir. 

Por fim a privacidade: preocupação das pessoas que estão colocando o passo-a-passo nos seus murais para garanti-la. Todos os amigos que me pediram, eu, por uma questão de gentileza, atendi o pedido e segui a orientação. Mas fiz questão de aproveitar o espaço e lançar a reflexão sobre o assunto e reafirmar que jamais postaria nos seus murais, alguma coisa literalmente não publicável. Algo que o envergonharia ou constrangesse perante amigos meus, que no caso são escolhas minhas. E não solicitei o passo-a-passo para dar um voto de confiança de que ele como sendo uma minhas escolhas, passou pelo critério do qual ele está com medo. Sabe porquê?

Porque na verdade essa reflexão leva a outra boa e velha discussão, que nasceu muito, mas muito antes de qualquer realidade virtual. A diferenciação entre instância pública e instância privada. Não consigo imaginar que alguém que tenha uma boa postura no seu comportamento de convivência real, de respeitar o limite do outro, de ter a medida da inconveniência de assuntos e de provocações, discernimento entre o que se fala e comenta num ambiente público, tais como bares, rua, parlamentos, imprensa...e o que se comenta somente com pessoas de fórum íntimo, privado, vão perder essas características no FB. 

Concordo sim, que o FB às vezes é usado como diário, como local de ofensas pessoais, provocações passionais, mas porque quem o utiliza assim não sabe lidar com a relação público e privado na própria vida. Essas pessoas, possivelmente já deram vergonhinha alheia nos amigos, conhecidos ou desconhecidos, pagando micos nos bares, falando o que não deviam, ofendendo com palavras inapropriadas, brincadeiras de mal gosto, expondo as suas próprias relações públicas e privadas. Pessoas que já tentaram resolver suas decepções amorosas fazendo ou ameaçando fazer escândalos na porta da casa do outro,  envolvendo familiares em situações íntimas, no trabalho, enfim, tornando o espaço público um argumento de ameaça. A falta de saber usar os espaços relacionais reais levam ao  “delírio” de utilização do FB. 

Não estou aqui defendendo que continue essa falta de separação de instâncias no FB. E sinceramente, com tantas reclamações e conseqüências sérias dessa falta de inteligência para entender que o espaço virtual da redes de relacionamento é um lugar PÚBLICO, eu creio  que haverá uma evolução nesse sentido. Visão otimista, muitos dirão. Eu sei que é. E também sei que enquanto isso não acontece na velocidade que queremos,  teremos sim que  selecionar.  O que eu não concordo é que mais uma vez a ferramenta FB leve a culpa. Vamos passar a peneira no FB e também na vida. Os inconvenientes e desavisados do FB também são alvos da minha peneira na convivência real. Porque invasão de privacidade e descuido com ela é violência. E essa é inadmissível, seja na universo virtualizado ou na realidade das práticas vivenciais.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Facebook aproxima ou afasta as pessoas?

Vânia Vasconcelos
Publicitária, especialista em Marketing, consultora em Comunicação
Professora no curso de Comunicação Social Pitágoras - Divinópolis


Recentemente eu tinha achado um pouco estranho receber 200 mensagens de aniversário pelo FB (Facebook )e menos de 10% disso em telefonemas. Abraços e visitas pessoais, então, só mesmo de alguns amigos e familiares muito muito próximos. 

Mas receber a notícia do falecimento de uma amiga pelo mural de alguém foi muito mais chocante. E o restante das informações sobre o assunto vieram também via inbox, enquanto uma ligação (ou um SMS, no máximo), seria muito mais imediato, caloroso, humano. Várias mensagens de despedida foram postadas em sua página. Inclusive a minha. Sim, eu também escrevi um recado pra ela, num misto de negação e ilusão de que aquilo ali amenizaria meu desentendimento diante de tudo, já que um dia antes a gente havia se encontrado e feito planos tão próximos... Foi aí que comecei a refletir sobre o papel do FB... Sem dúvida, manifestações sinceras de carinho dos que ficam. Isso é inquestionável. Mas, em vez de compartilhar mensagens e fotos, cadê o abraço apertado para compartilhar a dor? Cadê alguém pra chorar com você? Cadê o conforto pessoal, o lado humano, o silêncio em companhia de alguém? O que questiono não é o desconforto da perda, mas o jeito de manifestá-lo.  A frieza em que o facebook vem transformando as relações. O quão cômodo é deixar recado em vez de olhar no olho e se expressar com a alma.

Tirando o peso deste acontecimento lamentável, as pessoas esperam que a gente fique 100% do tempo conectados ao FB (Facebook) e, se não estamos, somos meio induzidos a ficar porque informações importantes pra gente agora são repassadas por aqui. Até o pedido de socorro de um amigo que precisa sair do tédio no domingo é via inbox. Ou seja, se você vir a mensagem só no dia seguinte, corre lá pra conferir se o amigo sobreviveu à overdose de Rivotril, este sim, um recurso infalível para te afastar temporariamente da sua realidade insossa. 

O facebook nos contamina também de outras maneiras. Perdemos horas irrecuperáveis assistindo à vida alheia. Voyeurs de um cotidiano que te move sem direção. Descobrimos quem está sofrendo por amor através de citações literárias, quem está perdido por meio do excesso de posts, quem está sustentando um personagem contrário à vida real e quem está querendo dizer algo nas entrelinhas, mas não pode se revelar tanto diante de tamanha publicidade do FB. Repare que quando alguém ensaia assumir um estado de espírito mais deprimente o faz timidamente, com medo dos julgamentos. Mas, ao mesmo tempo, se alguém está te escondendo algo na vida real, fatalmente o Face vai denunciar. 

Aliás, julgar é o verbo mais praticado no FB (Facebook).  Se postamos fotos das nossas viagens, somos considerados “esnobes”. Se não respondemos uma marcação a tempo, somos displicentes. Se não postamos no mínimo diariamente, somos out. E se tentamos disseminar algum conhecimento um pouquinho mais cult, o fraco ibope medido pelo “curtir” te detona como uma buzina dos programas de calouros. Ficamos escravos da aprovação do outro e vamos nos adaptando até conseguir. Uma construção diária de amizades fake, de exposição sem colete à prova de balas e sem nenhum ganho real, porque quando você realmente precisa de alguém, certamente não vai encontrá-lo no facebook.

Tudo bem que o FB (Facebook) é a maneira mais moderna de se comunicar. Concordo e continuarei usando, pois de alguma forma é uma ferramenta útil. Minha reflexão é só para que ele não substitua os contatos pessoais, porque em certas horas a gente precisa de gente. Não quero causar polêmica, nem generalizar. Só expressar minha dificuldade de aceitar e acompanhar a decadência das relações humanas na era digital.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Comunicação, pós-modernidade e déficit de atenção

Bernardo Rodrigues 
Jornalista, especialista em Filosofia e Mestre em Teoria da Literatura.
Professor dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda
da Faculdade Pitágoras/Divinópolis



Talvez a maior questão para a comunicação hoje seja a seguinte: até que ponto podemos contar com a atenção dos nossos interlocutores? No meio de tanta informação, quando é que alguém vai parar para se concentrar numa coisa só? Existe esse momento num mundo em que informações pululam o tempo todo entre smartphones, iPads, tevês a cabo, jornais, outdoors?

Nós vivemos um momento em que, ao mesmo tempo em que buscamos mais e mais informações, dispomos de menos e menos tempo para elas. Queremos tudo prêt-à-porter, ou melhor, pronto para consumir, e tem de ser fast, bem rápido. Diferente do sanduíche do fast-food a informação fast-food é aquela de fácil digestão, que não nos exija muito tempo, nem muito pensamento. Vemos isso na impaciência diante da televisão na hora dos intervalos, diante do vídeo que demora demais para baixar, diante do livro (que coisa arcaica!) que nos toma horas até que se conclua a leitura – isso quando não lemos a orelha e nos damos por satisfeitos, ou preferimos esperar sair sua versão para o cinema.

Quase todo mundo hoje dedica um tempo do dia para dar suas “twittadas”, publicar um novo vídeo no Youtube, postar algumas fotos em sua página no Facebook, cancelar o antigo perfil no Orkut (porque Orkut é coisa de um passado muito distante)... Enfim, já se tornou até lugar-comum falar das possibilidades comunicativas na contemporaneidade, de como a tecnologia tem propiciado novas oportunidades de vocalização, meios para expressar opiniões etc. Mas uma pergunta que intriga é: quem liga?

Enquanto a cultura contemporânea é cada vez mais complexa, nossas interações simbólicas  caminham exatamente contra a complexidade. O complicado não nos interessa. Queremos soluções imediatas, antes mesmo de conhecermos os problemas. Queremos linguagem simples e, de preferência, conteúdos leves, banais. Nos interessa o sabor, mais do que o saber.

Não existe comunicação se não houver um movimento convergente entre quem fala e quem ouve; sem a atenção do ouvinte, o falante não se comunica, por mais que fale. Hoje, o desafio para nós, comunicadores, é saber como interagir com um público cada vez mais disperso. Como informar, convencer, explicar algo para quem não está muito “aí” para essas coisas? Que hora vamos poder contar com “um minuto de sua atenção” numa era em que um minuto é tempo demais para se atentar a uma única coisa?

O déficit de atenção parece ser o maior sintoma da pós-modernidade. Nesse furacão informacional, ainda precisamos descobrir a melhor maneira de nos comunicarmos. Fiquemos atentos!

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Qual curso vou fazer? Qual faculdade vou escolher?

Silvana Maria de Sousa
Professora dos cursos de Jornalismo e PP
Faculdade Pitágoras/Divinópoilis


Todo fim de ano, principalmente em novembro, assistimos na TV vários comerciais de Vestibular. Alguns de faculdades já conhecidas, outros de algumas que a gente nem sabia que existia.  Mas todos com o mesmo objetivo: passar informações básicas e dar um resumo sobre a estrutura da instituição. Porém, os comerciais acabam cumprindo apenas o primeiro papel que é massificar as datas das provas, o site e os cursos. 
Diante desse fato, na qualidade de professora de Gestão de Carreira da Faculdade Pitágoras, quero trazer hoje uma discussão sobre como escolher o curso, e o mais importante, escolher a faculdade que pode lhe oferecer o melhor.

A respeito do curso a ser feito, comungo da mesma opinião de que deve se escolher por afinidade. E como descobrir isso? Pesquisando quais as disciplinas fazem parte da grade curricular, quais as possibilidades de trabalho a área oferece e quais as funções do profissional formado nesse curso assume no mercado de trabalho.  E de posse desses dados tentar saber quais são suas habilidades (o que não é tão simples para um adolescente). Nesse quesito há vários profissionais capacitados com técnica para ajudar o candidato. São os famosos testes vocacionais. Muito válidos nesse momento.

Pois bem, feito isso é hora de saber quais as faculdades oferecem o curso escolhido, e dentre elas qual tem mais a oferecer na caminhada do ensino superior. Sem querer fechar questão sobre o amplo tema, ouso a indicar algumas variáveis que devem ser levadas em conta para obter respostas. 

Meu primeiro aconselhamento profissional como gestora de carreira é: se possível visite a faculdade previamente escolhida. Compare com outras.  Mas compare as que estão enquadradas nos mesmos parâmetros (preço similar, localização, sistema de pagamento).

Ao visitar, preste muita atenção na estrutura que o campus oferece. É um equívoco considerar a estrutura pouco importante. Sabemos, obviamente, que uma estrutura somente não produz conhecimento, mas facilita chegar nesse objetivo. Pensemos.

Hoje estamos vivendo uma era em que a internet faz parte da empregabilidade. Um campus com wireless (internet sem fio) promove uma interação de informações essenciais para a sociabilidade do contemporâneo, para a pesquisa, para a troca de saberes. E como uma aula pode ser bem melhor com recursos multimídia já instalados em sala de aula. Os discursos empoeirados dirão que o bom professor não precisa disso. Mas já pensou assistir especialistas falando sobre a matéria? Ver a informação nos sites de notícias e poder interagir com o mundo o que se está estudando ali naquele momento. O conteúdo do bom professor não advém da tecnologia, mas essa literal conexão faz parte do cenário atual do mundo.

Um aluno que estudará depois de um turno de trabalho, realidade cada vez mais comum, terá um melhor rendimento sim, com cadeiras mais confortáveis, com salas melhor ventiladas, e um campus mais agradável, com área verde bem cuidada. 

Uma faculdade que possibilita um lugar adequado para palestras motiva o aluno a assisti-las. Imagina no nosso verão, assistir palestra sem refrigeração, iluminação e acomodações dignas?
O conhecimento para ser apreendido precisa de conforto. Sejamos sinceros. 

Uma faculdade que não tem laboratórios próprios do que o curso precisa, com certeza, entregará uma formação sem qualidade. 

Uma faculdade que coloca poucos alunos, por meio de estágios, talvez não esteja preparando o aluno para a concorrência que ele enfrentará depois de formado.  

Uma faculdade que não tem o equilíbrio entre professores titulados e professores reconhecidos no mercado, também não está atualizada com a realidade. Por que titulação e experiência não são excludentes no aprendizado. 
Bom, resumindo. Antes de definir, pesquise e compare. Qual faculdade tem o melhor campus, tem a melhor estrutura, o melhor corpo docente, preparados para ensinar dentro da nova ordem da empregabilidade?

Ah, antes que alguns críticos falem que estou aproveitando o espaço para fazer propaganda da instituição em que eu trabalho, e apoiados nesse argumento fraco tentem desmerecer meus apontamentos de gestora de carreira, antecipo. Estou mesmo falando apoiada na minha experiência pessoal de ver o quanto esses diferenciais ajudam aos professores, principais peças nesse processo, a entregar um ensino melhor para o aluno. Perfeição? Não estou falando disso. Sempre, em qualquer situação, há o que aprimorar. Mas ter esse mínimo já é um grande começo. 
#Fica a dica.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Compreendendo o Marketing de Relacionamento – parte 01

Ricardo Nogueira
Jornalista, Mestre em Educação, Cultura e Organizações Sociais.
Professor nos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda.
Faculdade Pitágoras - Divinópolis - MG



Os estudos sobre o comportamento do mercado de consumidores têm evoluído nos últimos tempos. Apesar da preocupação com questões de produtividade e venda de produtos datar de tempos remotos, nota-se que a consolidação dos estudos nas áreas de Administração, Economia, Comércio e Comunicação, nos últimos 50 anos, trouxe novas formas de pensar a relação entre fornecedor e consumidor. Os primeiros estudos sobre marketing foram elaborados na primeira metade do século XX, com alguns autores analisando as formas de melhor atrair consumidores. No entanto, na época, as técnicas existentes eram pouco elaboradas e baseavam-se mais na intuição. O principal esforço era no sentido de vender a qualquer custo.

Somente após 1950, o uso do marketing como instrumento na gestão de organizações passou a ser um fato considerável, quando foram aprofundados os estudos nessa área. Graças a contribuições de autores como Peter Drucker (década de 1950), Theodore Levitt e Philip Kotler (década de 1960), o marketing passou a ser visto como ferramenta estratégica na administração e promoção de produtos e serviços, ao contrário do pensamento dominante anteriormente, segundo o qual o marketing seria um conjunto de táticas para ludibriar os clientes. 

Atualmente, percebe-se o surgimento de novidades em todos os setores da economia. A informação, antes disponível somente para as organizações, tornou-se popular, especialmente após o advento dos meios de comunicação de massa e a internet. A crescente industrialização fez com que a oferta de produtos e serviços aumentasse consideravelmente e, com ela, elevou-se o poder de escolha da população. Com o advento de novas tecnologias, a comunicação se expandiu e tornou-se ferramenta essencial para propagar serviços e produtos, criando desejos, expectativas e satisfazendo as necessidades nos consumidores.

A massificação encontra-se em decadência nos últimos anos; afinal, em meio a milhões de pessoas interconectadas pela internet ou pelos celulares, os perfis são únicos, as necessidades e os desejos são individuais: desde o perfume que se compra nos shoppings ao carro que se sonha ter. Autores das ciências humanas descrevem que, apesar das pessoas estarem incluídas em círculos sociais distintos como trabalho, escola e família, entre outros, as empresas não tinham um direcionamento para suas campanhas de marketing. 
Uma das soluções propostas para este problema é a segmentação, que envolve o conhecimento do comportamento do consumidor e análise estratégica. Os gestores precisam pensar em seu pacote de produtos e serviços e enfatizar a vantagem competitiva em atributos que serão valorizados por clientes no(s) segmento(s)-alvo. Portanto, em vez de tentar concorrer em todo o mercado, cada empresa precisa focalizar seus esforços nos clientes que ela pode atender melhor. Em termos de marketing, focalizar significa fornecer um mix de produtos relativamente estreito para determinado segmento de mercado. A capacidade de diferentes empresas para atender diferentes tipos de clientes varia muito. Por isso, em vez de tentar competir em todo o mercado, talvez contra concorrentes superiores, cada empresa deveria adotar uma estratégia de segmentação, identificando as partes do mercado que ela pode atender melhor.

Dentro deste princípio, chega-se a hipótese de que o marketing deve englobar a construção de um satisfatório relacionamento com os clientes a longo prazo do tipo “ganha-ganha” no qual indivíduos e grupos obtêm aquilo que desejam e necessitam. Foi assim que apareceram os primeiros estudos sobre o marketing de relacionamento com Berry (1983). Conceito aprofundado posteriormente por vários autores, o marketing de relacionamento é definido por Gordon (1998, p. 31) como um “processo contínuo de identificação e criação de novos valores com clientes individuais e o compartilhamento de seus benefícios durante uma vida toda de parceria”. Para atingir tais objetivos, é necessário compreender, concentrar e administrar uma contínua colaboração entre fornecedores e clientes selecionados para a criação e o compartilhamento de valores mútuos por meio de interdependência e alinhamento organizacional. 

Nota-se que as principais diferenças entre o marketing tradicional e o marketing de relacionamento estão em suas premissas básicas. Enquanto o objetivo do marketing tradicional, que se baseia na aplicação do marketing mix, é grande volume de clientes e carteiras numerosas – estratégia de impacto e altamente voltada para vendas a varejo –, o objetivo do marketing de relacionamento é criar e manter clientes. Para isso, baseia-se na antecipação dos desejos e trabalha a qualidade, a conquista, o encantamento de clientes e sua fidelização.

Na continuação deste artigo, na próxima semana, abordo como o marketing de relacionamento pode contribuir para a gestão das organizações a partir de seus benefícios básicos: a fidelização, seleção e indicação de clientes.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

De transmissão em transmissão....

Laura Aguiar
Professora do curso de Jornalismo da Faculdade Pitágoras – Divinópolis-MG



O assunto a ser tratado aqui não é uma novidade! Está na boca do povo: os direitos de exclusividade de transmissão de competições esportivas para emissoras de televisão e a nossa condição de refém. Trata-se de uma prática das emissoras de TV, porque se a moda pega para rádios, jornais e revistas, estaríamos perdidos e confinados a saber só o autorizado e devidamente pago nas negociações comerciais astronômicas.

Lá no Mexico ocorre uma das mais importantes competições das Américas e nas redes sociais, rodas de amigos, muito se tem comentado sobre o desempenho dos atletas brasileiros. Eles prometem bater recorde em número de medalhas. Por aqui em terras brasileiras, assistimos a versão TV Record da competição, e só. Ela tem os direitos de transmissão e para noticiar, falar do assunto, as outras emissoras de TV precisam dar o crédito das imagens e ainda ter autorização de uso das mesmas. Muita burocracia para emissoras como a Globo. A Vênus platinada prefere ignorar a disputa a abalar sua imagem de suprema e soberana ao pedir autorização para alguém. Alegam diferença da qualidade de imagens, dificuldade em atingir o lendário “padrão Globo de qualidade”. Será? Mas e o telespectador?   

Todos os princípios do Jornalismo são testados numa situação dessas. Mais uma vez reafirma-se: não se faz Jornalismo sem vínculos comerciais. E não estamos falando somente da empresa do Doutor Roberto. Todos os veículos de comunicação estão atrelados de alguma forma a interesses comerciais, uns expondo mais sua dependência nas escolhas das pautas, no teor dos conteúdos, no viés das coberturas jornalísticas, outros de alguma forma buscando a isenção, a prática da diversidade de opinião.

Nesse último aspecto, poucas são as iniciativas de exibição dos assuntos noticiáveis independente das relações comerciais. Recentemente, em uma edição do Jornal do SBT, em época do Rock in Rio (evento patrocinado, divulgado, transmitido pela Globo) houve uma reportagem sobre o programação musical que agitava a capital fluminense. Respeitaram-se os critérios de noticiabilidade, tema trabalhado exaustivamente nas salas de aula dos cursos de Jornalismo. Um fato com as características de um fato jornalístico como o teor de novidade, o interesse público, relevância, tamanho do evento não foi ignorado pela emissora “adversária”.  

Vejo como condenável a posição da Globo em omitir o Pan de Guadalajara. Como menciona Rogério Christofoletti, jornalista e professor da Universidade Federal de Santa Catarina, quando comenta o tema, a própria Globo fez estardalhaço ao divulgar os Princípios Editoriais um documento que apresenta a emissora como empresa que defende que “tudo aquilo que for de interesse público, tudo aquilo que for notícia, deve ser publicado, analisado, discutido”.

Ainda bem que nos restam outras opções para exercitarmos nosso direito de escolha. Porque é disso que estamos tratando. Podemos escolher entre rádio, jornais impressos, revistas e a internet.