quinta-feira, 26 de maio de 2011

Profissão Repórter e o resgate do bom jornalismo

Francisco Resende Costa Neto
Coordenador dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda
Faculdade Pitágoras/Divinópolis


Na última semana, tive a honra de participar da 1ª Semana de Comunicação e Marketing de Cuiabá-MT. Um evento piloto do que pode vir a se tornar, em breve, uma grande referencia acadêmica e prática no que tange aos debates e discussões sobre os rumos da Comunicação de do Marketing em nosso país. O evento contou com a participação de centenas de profissionais da área de todo o país. Entre os palestrantes, o apresentador do CQC, Marcelo Tas; e o jornalista Caco Barcelos, apresentador do programa Profissão Repórter, da TV Globo. E este programa semanal vem surpreendendo em diversos aspectos: audiência, profissionalismo e na retratação fiel de uma das mais instigantes profissões da atualidade.
O Profissão Repórter é um programa jornalístico semanal, que vai ao ar nas noites de terça-feira. Originalmente foi criado como um quadro do programa Fantástico, tornando-se um programa fixo na TV Globo somente em 2008. Caco Barcellos e uma equipe de jovens repórteres vão às ruas para mostrar diferentes ângulos do mesmo fato. Cada repórter tem sempre uma missão a cumprir, o que envolve tarefas tanto na realização da reportagem ao vivo quanto na finalização da mesma. Um raio-x do fazer jornalístico em sua essência.
Como afirma o próprio Caco Barcellos, o programa buscou uma nova identidade nos dois últimos anos, com reportagens que nada lembravam os velhos motes do jornalismo do horário nobre, sobretudo da própria TV Globo. Nada de “os encantos vida selvagem” ou “dicas para uma vida mais saudável”, pautas já exploradas todas as semanas pelo envelhecido e ultrapassado Globo Repórter. Barcellos, com seus 30 anos de profissão e de experiência jornalística, comanda os jovens aprendizes em reportagens extremamente investigativas, muitas delas até perigosas, que renderam matérias interessantes e reveladoras.
Até 2008, o programa tratava o jornalismo de forma mais acadêmica, e Barcellos era uma espécie de professor/tutor dos repórteres. Neste novo formato, o jornalista apenas direciona as coberturas, cabendo aos jovens repórteres apurar e construir toda a matéria na rua, in loco. Apesar se ser exibido em um horário pouco chamativo - 23h, o Profissão Repórter tem agradado, e muito, sua audiência que, segundo dados do Ibope, vem crescendo a cada semana. Um programa que chegou até mesmo a ser cogitado, em grandes portais, que pudesse chegar ao fim. Na verdade, está mais forte e remodelado do que nunca!
Temas extremamente intrigantes já foram pautas de jovens jornalistas que buscam se afirmar neste competitivo mercado.  Três delas, exibidas recentemente, chamam a atenção pela audácia do programa e, sobretudo, dos repórteres: a relação dos jovens com o crack, quando um dos repórteres foi, pessoalmente, a um reduto de venda de entorpecentes no centro do Rio de Janeiro e em São Paulo; a relação dos jovens com o álcool, quando um dos repórteres se infiltrou em uma turma de classe alta que consumia álcool durante toda a noite, em um posto de combustíveis de São Paulo; e, por fim, o programa que mostrou a rotinas das torcidas organizadas, e um dos jovens repórteres se infiltrou em uma das maiores torcidas do Rio de Janeiro, acompanhando todas as reuniões, o trajeto ao campo, os confrontos com torcidas rivais e o comportamento destes jovens em sociedade. 
Programas como o Profissão Repórter reforça ainda mais a necessidade de preparação, tanto acadêmica quanto prática, para aqueles que almejam o sucesso no jornalismo. Com o surgimento de novas mídias, estas exigências tornam-se ainda maiores, uma vez que todos se sentem a vontade em expressar suas opiniões e, de alguma forma, tornam-se novos repórteres. O que diferencia o profissional é justamente o aspecto técnico do jornalismo, que faz com que assuntos relativamente banais possam se transformar em excelentes pautas jornalísticas. 

terça-feira, 24 de maio de 2011

Mercado aquecido na Comunicação

Francisco Resende Costa Neto
Coordenador dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda
Faculdade Pitágoras/Divinópolis



Um mercado sem crise! A região Centro-oeste realmente carece de jornalistas e publicitários atualizados e capacitados. E não é um “achismo” baseado em mera percepção de mercado. Fica cada dia mais evidente que o mercado está aquecido, sobretudo com a imersão das mídias online e as redes sociais, mas faltam profissionais qualificados para trabalhar este mercado em expansão. Quando esta realidade é levada as empresas então, aí o caos se instala. A comunicação ainda é um gancho do marketing, misturada com a publicidade e o RH. Muitas das vezes, por não possuir um projeto definido e um profissional que o execute com eficiência. Culpa das empresas? Talvez seja resultado da falta de criatividade dos profissionais na proposição de soluções para problemas cotidianos das organizações.
É interessante perceber que as possibilidades são muitas e diversas empresas já perceberam o potencial de ganhos que uma política de comunicação eficiente pode lhe proporcionar. Percebendo esta expansão, algumas organizações já trabalham de forma mais eficiente seus portais, adotando estratégias que buscam atrair e manter seus clientes proporcionando comodidade, segurança e... informação! O maior índice de reclamação contra as grandes empresas nos órgãos de defesa do consumidor dizem respeito à falta de clareza na prestação de informações básicas, que geram ruídos na comunicação. Ruídos que, muitas vezes, geram enormes prejuízos.
Se tem um mercado que não tem crise é o da Comunicação (aí abordamos Jornalismo, Publicidade e Propaganda). Aliás, quanto mais ferramentas são disponibilizadas aos cidadãos, maior é a necessidade de profissionais capacitados e preparados para operacionalizar toda esta gama de informações. Desde um simples anúncio no jornal; passando pela comunicação interna e a criação e manutenção de um website eficiente; e chegando até a um monitoramento profissional de redes sociais como Orkut, Youtube, Facebook e Twitter, percebe-se, a cada dia, uma carência no mercado de profissionais que saibam transformar este mundo de idéias e possibilidades em projetos focados em resultados palpáveis e mensuráveis. As empresas absorvem rapidamente (e com excelentes remunerações) profissionais que tenham a habilidade de transformar idéias em ações efetivas e contínuas.
Divinópolis e toda a região Centro-oeste possui uma série de Arranjos Produtivos Locais (APLs) que são referencias nacionais em suas áreas. Do pólo calçadista de Nova Serrana ao mercado internacional de fogos abastecido por Santo Antônio do Monte, passando pela siderurgia de Itaúna e Cláudio, o mercado moveleiro de Carmo do Cajuru e a avicultura de Pará de Minas (entre outros), torna-se indispensável a inserção de estratégias de comunicação que, aproveitando as diversas ferramentas disponíveis e as novas que surgem a todo o momento, turbinar e solidificar essas APLs nos mercados nacional e internacional. Para isto, torna-se crucial a presença e a atuação de profissionais qualificados e que dominem as técnicas de comunicação, para que sejam aproveitadas todas essas oportunidades. Para quem pensa em explorar toda a sua criatividade na busca de oportunidades de trabalho, mais uma vez, os cursos de graduação em Jornalismo e Publicidade e Propaganda aparecem no topo das habilitações que mais exigem esta qualidade no mercado de trabalho.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

45 anos de solidez acadêmica!


Este ano completamos aniversário em dose dupla: a nossa unidade e o grupo Pitágoras de ensino completam 45 anos de tradição e solidez na educação.

Abaixo, a peça que foi publicada na última edição da revista Veja Minas.




sexta-feira, 20 de maio de 2011

Um golpe na Língua Portuguesa

Francisco Resende Costa Neto
Coordenador dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda
Faculdade Pitágoras / Divinópolis-MG 



Nesta semana, o Ministério da Educação (MEC) se superou e distribuiu cerca de 500 mil cópias de um livro didático que é uma afronta aos princípios linguísticos da nossa gramática. Com o intuito de nivelar (por baixo, claro) o ensino e evitar possíveis “preconceitos linguísticos”, o MEC, que tem como finalidade principal zelar pela qualidade da educação no País, deferiu um tiro certeiro contra a nossa língua pátria. Expressões como “os livro ilustrado mais interessante estão emprestado”, ou “nós pega peixe”, de acordo com esta publicação assinada pelo Ministério, deixam de fazer parte da categoria ‘errado’ para apenas ‘inadequado’. O volume “Por uma vida melhor”, distribuído para todas as escolas do ensino básico, mostra aos alunos que não é necessário seguir a norma culta para a regra da concordância. 
 
Na verdade, mais este equívoco do MEC (já não basta o que fizeram com o ENEM e o ENADE) ensina a usar a chamada “norma popular” da língua portuguesa. De acordo com os autores do livro, as regras da norma culta não levam em consideração a chamada “língua viva”. Um dos trechos do livro afirma também que muita gente diz o que se deve e o que não se deve falar e escrever, tomando as regras estabelecidas para norma culta como padrão de correção de todas as formas linguísticas. Ou seja, segundo o MEC, existe uma norma culta e correta, mas esta não precisa, necessariamente, ser seguida. Cadê a lógica? Para que, então, um professor preparado e conhecedor da norma culta?
 
Segundo o MEC, o aluno pode correr o risco de ser vítima de preconceito linguístico caso não use a norma culta. O livro é da editora Global e aprovado pelo MEC por meio do Programa Nacional do Livro Didático. Com esta inversão de valores, corremos o risco de excluir exatamente aqueles que conhecem a nossa língua culta, aquela mesma cobrada em vestibulares e concursos públicos. Com relação a esta cobrança, o MEC é taxativo em manter a norma culta da língua. Quanta incoerência... Ou seja, ensina-se uma coisa na educação básica e cobra-se outra na vida. Para ser mais direto, ensina-se errado na base e cobra-se o correto. Em resumo, o próprio MEC aumenta ainda mais a distância cultural entre alunos do ensino público e do privado. Isso impulsiona o preconceito, que o próprio ministério usa como justificativa para esta aberração. 
 
Em nota oficial, o MEC informou que não se envolverá na polêmica sobre o livro com erros gramaticais. Mas cadê a polêmica? Se está errado, não pode ser distribuído. A verdade é que o MEC se equivocou mais uma vez. Dentro de sala de aula, o professor sempre aborda a existência de outra linguagem, a popular, a coloquial, a não erudita. Entretanto, é óbvio que os livros servem para os alunos aprenderem o conhecimento erudito. Afinal de contas, o popular está no dia-a-dia e não necessita de estudos técnicos. Pior: não precisa do incentivo do órgão que existe, unicamente, para combatê-lo e incentivar o ensino correto.
 
Na obra, da coleção “Viver, aprender”, os autores afirma num trecho: “Posso falar ‘os livro?’ Claro que pode, mas dependendo da situação, a pessoa pode ser vítima de preconceito linguístico.” Preconceito linguístico, a partir de agora, sofrerão os alunos que, por vontade própria e contrariando ao MEC, desejam aprender a língua que será exigida em todas as etapas de sua vida pessoal e profissional. Aqueles que, por orientação de casa (e não da escola, pasme) buscar se entranhar em nossa gramática e conhecer a nossa língua pátria. Vamos esperar, agora, as determinações para o ensino da Matemática. Afinal de contas, até hoje pela manhã, 2 e 2 somavam 4. Mas esperaremos novas orientações do MEC...

quarta-feira, 18 de maio de 2011

A vida começa aos 45...

Francisco Resende Costa Neto
Coordenador dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda
Faculdade Pitágoras / Divinópolis-MG



Uma jovem de 45 anos... É a partir desta áurea idade que nos tornamos mais sábios e experientes. É quando passamos a beber um bom vinho mais para apreciar o seu aroma e sabor do que simplesmente para matarmos a nossa sede. Além do mais, é depois dos 40 que se tem sabedoria para enxergar as realizações do passado e projetar, com inteligência, o futuro. É quando ainda tem-se todo o tempo do mundo pela frente, porém com um ingrediente muito especial: cada ano a ser vivido passa a valer por vários, uma vez que temos experiência para nos guiarmos pela direção certa já na primeira tentativa. A experiência adquirida diminui o risco de erros. Energia redobrada, conhecimento, técnica, talento e, sobretudo, amor para construir uma história que está apenas começando.

Em 1966, há exatos 45 anos, Divinópolis era congratulada com uma instituição que, quatro décadas depois, viria a ser considerada uma das maiores referências em Ensino Superior. A Faculdade Pitágoras, hoje a maior Instituição de Ensino Superior da cidade, construiu sua bela história ancorada em diversos conceitos e valores. São quatro décadas de tradição e realizações. Uma trajetória repleta de conquistas e desafios, muitos já superados e outros que ainda estão por vir.

A trajetória da Faculdade Pitágoras se confunde com a própria história recente de Divinópolis. Nesses 45 anos foram mais de 22 mil estudantes que passaram pela Instituição. Por suas salas de aula lecionaram mais de quinhentos ilustres professores, mestres em suas essências, além de alunos brilhantes que vieram a se tornar referências em suas áreas de atuação. Sobretudo no Ensino Jurídico, já que a saudosa Faculdade de Direito do Oeste de Minas, localizada no antigo prédio do Colégio Frei Orlando, já era referência nacional na formação de bacharelandos na área. São milhares de advogados, juízes, desembargadores, promotores e delegados que carregam o nome da Fadom em seus currículos pelos quatro cantos do Brasil, engrandecendo a história da Instituição.

A Instituição passou por momentos conflitantes nesses 40 anos. Durante a ditadura militar, por exemplo, assim como outras entidades formadoras de opinião, foi reprimida e obrigada a prestar informações sigilosas ao Governo Federal, sob pena de ser obrigada a cessar suas atividades. Um período longo de sofrimento, repressão e cassações que serviu para engrandecer ainda mais a sua história. A antiga Fadom sobreviveu ainda ao período de grande recessão econômica no início da década de 80. Mais que sobreviver, a Instituição utilizou estes dois períodos conturbados da história do Brasil como valoroso aprendizado para nortear suas ações posteriores. A década de 90 e, sobretudo, o início do novo século representaram a consolidação e o reconhecimento da Instituição como a maior Instituição de Ensino Superior de Divinópolis. A demanda por novos cursos e a necessidade de expandir suas fronteiras culminou com uma grande conquista e o maior presente que a Instituição ofereceu para Divinópolis: a inauguração do melhor e mais moderno espaço acadêmico da região, o Campus Verde.

Comemorando 45 anos de realizações, a Faculdade Pitágoras, que incorporou a Fadom em 2007, entra em um período crucial de sua história. Um audacioso projeto pretende expandir ainda mais seus 18 cursos oferecidos, brindando aos alunos e professores com maior autonomia e recursos a serem investidos na qualidade do Ensino Superior. Fazemos uma analogia dos valores básicos defendidos pela Faculdade Pitágoras através da figura do caleidoscópio, “um objeto cilíndrico, em cujo fundo há fragmentos móveis de vidro colorido, os quais, ao refletirem-se sobre um jogo de espelhos, produzem infinitas combinações de imagens”. Através desta definição do dicionário Aurélio, podemos dizer que a Faculdade Pitágoras orienta suas ações em função de quatro princípios fundamentais: a diversidade, que dá origem à experimentação e à evolução, que são primordiais para o desenvolvimento humano. A multiplicidade de possibilidades na vida, dos conceitos de uma formação superior e das oportunidades oriundas destes processos são as cores que preenchem nosso caleidoscópio, que sempre gira mudando nossas percepções e conseqüentes imagens da vida.

terça-feira, 17 de maio de 2011

História se faz com Estória

Bernardo Rodrigues 
Jornalista, especialista em Filosofia e Mestre em Teoria da Literatura.
Professor dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda
da Faculdade Pitágoras/Divinópolis



A reflexão sobre comunicação deve ir além da crítica sobre a mídia; deve observar os processos comunicativos com um viés mais amplo. Um debate oportuno para este momento em que Divinópolis se aproxima de seu Centenário é o papel da comunicação na preservação da memória e do patrimônio histórico.

Aqui já vale ressaltar que Cultura e Comunicação são conceitos que caminham juntos. Por um lado, o ato de comunicar já é, por si, cultural; por outro, sem comunicação, não há comunhão de ideias, de significações, de sentidos... não há transmissão cultural.

Uma área que carece de ações comunicativas mais efetivas refere-se à política de preservação dos patrimônios culturais, pois preservar um patrimônio não se resume a mantê-lo perene, mas atrelar, à sua materialidade, sua história. 

De acordo com o Iphan (Instituto Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), há uma distinção entre patrimônios culturais materiais e imateriais. O imaterial, para o Iphan, “é aquele em que as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas, instrumentos, objetos, artefatos e lugares são reconhecidos por comunidades como parte integrante de seu patrimônio cultural”. Um exemplo de patrimônio imaterial registrado em Divinópolis é o Reinado, uma tradição marcante na cultura do Centro-Oeste Mineiro. Já o patrimônio material é dividido pelo instituto em “bens imóveis – núcleos urbanos, sítios arqueológicos e paisagísticos e bens individuais – e móveis – coleções arqueológicas, acervos museológicos, documentais, bibliográficos, arquivísticos, videográficos, fotográficos e cinematográficos”. São bens imóveis tombados em Divinópolis o sobrado onde hoje funciona o Museu Histórico, o Teatro Municipal e a Praça do Santuário, entre outros.

A distinção é didática e importante para que se definam diretrizes para políticas públicas de proteção do patrimônio cultural. Entretanto, é preciso reconhecer que todo patrimônio histórico é essencialmente imaterial: mesmo uma casa, uma igreja ou uma praça são tombados como patrimônio por sua dimensão representativa, simbólica. Um material só é simbólico por encarnar um valor e, no caso de um patrimônio histórico, uma memória –  que deve ser socializada. Manter de pé um prédio (patrimônio material) sem difundir na comunidade a narrativa que está por trás do concreto não basta como política patrimonial.

Para manter viva uma memória, é preciso comunicá-la, traduzi-la em discurso e fazer com que seja compartilhada pela comunidade. Aí, sim, podemos falar em memória social, sem a qual não podemos falar em patrimônio cultural.

Isso só acontece com comunicação social, seja através da imprensa, das escolas, da internet, dos museus... É preciso revelar o verbo da história que está encarnada no ferro, madeira e concreto das casas, igrejas e praças tombadas.

De fato, há de se preservar de pé nosso patrimônio histórico que ainda sobrevive, mas lembrando-se sempre de não deixar que ele se torne apenas um corpo sem espírito, definhando ad aeternum como tantos outros pelo mundo afora. Porque, se não se comunica – não se torna comum – seu valor, aquilo que fez dele um patrimônio, ele deixa de ser reconhecido como tal. E, então, a chacota com a dubiedade do verbo tombar – essa sim – é que será preservada.

Mas, já que este é um Observatório de Mídia, observemos as atuais contribuições da mídia para a divulgação das Estórias que formam a nossa História.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

O preço que se paga às vezes é alto demais

Ricardo Nogueira
Jornalista, Mestre em Educação, Cultura e Organizações Sociais.
Professor da Faculdade Pitágoras nos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda.



A frase que dá nome ao artigo é da música “O Preço”, de Humberto Gessinger, vocalista e principal compositor da banda gaúcha Engenheiros do Hawaii. Escolhi ela por dois motivos: acabei de ler, na última semana, o “Pra Ser Sincero – 123 variações sobre um mesmo tema”, de autoria do próprio músico (muito bom – inclusive indico como sugestão de leitura), e também porque a frase se encaixa muito bem no mercado de comunicação. Isso porque neste ramo, assim como em vários outros, escolhas erradas podem fazer com que o preço a ser pago por determinada ação saia bem mais alto do que o esperado.

Sabe-se que o planejamento é essencial para qualquer ação organizacional. No entanto, apesar desta necessidade já ter sido anunciada, estudada e pregada aos quatro ventos, percebemos que boa parte das empresas ainda hoje realiza ações de comunicação sem o mínino de planejamento. E isso, como o título do artigo diz, isso custa caro. Um exemplo do que falamos pode ser visto atualmente em relação à internet e às redes sociais virtuais. O que já vem sendo feito com sucesso por grandes empresas e organizações do mundo todo, começa a chegar agora à nossa realidade regional. E, infelizmente, tem-se presenciado uma falta de planejamento em boa parte destas “inserções” no ambiente virtual, o que acaba gerando mais malefícios do que benefícios. Isso porque o grande segredo da internet é usar a ferramenta como um canal de relacionamento. Diz respeito a falar, escutar e dar respostas.

As mudanças que a internet e as demais mídias digitais trouxeram para o mercado têm que ser usadas a favor das organizações, e não contra. Ao expor uma marca ou uma empresa à sabatina pública, é importante saber que nem sempre vai se ouvir o que deseja – afinal, como espaço democrático, a rede mundial de computadores oferece espaço para qualquer um ser produtor de conteúdo. E é neste contexto que o barato acaba saindo caro.

A falta de planejamento na inserção de uma marca ou organização na internet pode trazer prejuízos incalculáveis para uma empresa. Relativamente, uma campanha na rede mundial de computadores, especialmente ao utilizar as redes sociais virtuais, é mais barata do que uma divulgação nas mídias tradicionais (TV, rádio, revistas, jornais, mídia exterior). No entanto, ao pensar na internet como mídia principal e não oferecer o suporte necessário para a execução e monitoramento da campanha, o que parece barato pode custar muito dinheiro.

Não faltam casos de empresas e marcas, geralmente inflamadas por “pseudogestores de mídias sociais”, que criaram perfis e tentaram “conquistar o mundo” através de simples e isoladas ações na internet. O resultado? Na maioria das vezes, bem aquém do esperado. Isso quando o feitiço não se vira contra o feiticeiro e a marca passa a ser alvo de críticas, reclamações e tem a imagem desgastada por clientes insatisfeitos.

Autores que estudam a questão do relacionamento no marketing apontam que quando uma pessoa encontra-se satisfeita em uma relação a uma organização, tende a contar o fato para outra pessoa. Já no caso de uma insatisfação, os confidentes passam a ser seis por pessoa. Agora imagine isso, em proporções, numa rede mundial de computadores. O que se levou anos para construir pode ruir em questão de segundos. E sabe-se que reverter uma situação pode custar e demorar bem mais do que construir.

Já dissemos neste espaço que, atualmente, tão valioso quanto os ativos tangíveis das organizações são os ativos intangíveis, como a marca e a sua imagem perante o público. Por isso, ao pensar em uma inserção de sua marca ou empresa na internet ou nas redes sociais para não ficar de “fora da onda”, lembre-se de contar com planejamento e recursos humanos qualificados. Afinal, quem paga mal, paga duas vezes. E aí, o preço realmente pode ser alto demais.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Equívocos e gafes jornalísticas

Francisco Resende Costa Neto
Coordenador dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda
Faculdade Pitágoras / Divinópolis-MG


Temos uma forte tendência em gostar de assistir a derrocada dos outros. Não é a toa que o quadro mais assistido de um dos programas dominicais de auditório é intitulado de “Vídeo-Cassetada”. O brasileiro gosta deste tipo de coisa, a ponto de ficar acordado até meia-noite, em plena segunda-feira, para assistir ao “Top Five”, quadro do CQC que mostra vídeos com equívocos e gafes na programação televisiva brasileira. Neste sentido, o jornalista é um dos profissionais mais expostos a erros, sobretudo quando a programação é ao vivo. Recentemente, alguns casos chamaram a atenção do público. 

No último dia 3 de abril, o apresentador Caio Blinder, do Manhattan Connection, da Globonews (TV a cabo), admitiu a utilização de uma expressão errada (piranha) para se referir à rainha da Jordânia, Rania Al-Abdullah. "Politicamente, ela (Rania) e as outras piranhas (mulheres de ditadores) são intragáveis. Todas elas têm uma fachada de modernização desses regimes, ou seja, não querem parecer que são realeza parasita e nem mulher muçulmana submissa". Depois de um protesto da embaixada da Jordânia, o jornalista se desculpou pelo excesso. "Falei bobagem e agora estou corretamente pagando por isso”, retratou Blinder.

Na história do jornalismo brasileiro, várias gafes foram registradas. O apresentador do Jornal Nacional, Willian Bonner, tem em seu currículo um vídeo disponível no Youtube, no qual ele imita grosseiramente o ex-apresentador Clodovil Hernandez. A competente Lilian Witte Fibbe tem um antológico vídeo do UOL NOTÍCIAS, no qual ela dispara a rir, de forma incontrolável, ao ler uma notícia de uma idosa que traficava comprimidos de êxtase, afirmando achar que se tratava de Viagra. Outros grandes nomes do jornalismo nacional já deram sua mancada “ao vivo” ou escreveram coisas que foram obrigados a se retratarem depois. Com a inserção de dispositivos tecnológicos como o Teleprompter (para leitura ao vivo) e o ponto eletrônico, esta exposição ficou ainda maior.

Errar faz parte da carreira de qualquer jornalista. Assumir e corrigir o erro são habilidades de poucos. Existe sim uma soberba injustificada enraizada em centenas de jornalistas que, além de cometerem injustiças e gafes, sustentam o erro como se ele não tivesse existido. Um mito de que jornalista que erra não tem competência. A nobreza e a grandeza dos grandes e reconhecidos jornalistas de nossa história está justamente no fato de reconhecerem suas fragilidades, assumindo seus erros e conquistando uma enorme credibilidade junto ao público.

Recentemente, um caso específico chamou a atenção da imprensa internacional e acendeu a “luz amarela” na busca desmedida pelo furo jornalístico. Em agosto de 2010, o clube espanhol Villareal contratou o atacante Nestor Coratella por 3 milhões de euros, vindo do Danubio, do Uruguai. Grandes jornais esportivos da Espanha, como o “As” e o “Mundo Deportivo”, estamparam matérias de capa sobre a nova contratação. Porém, o que chamou atenção da imprensa no dia seguinte surpreendeu a todos: o jogador, simplesmente, não existia! O atleta e a venda foram frutos da invenção de um grupo de internautas, que fizeram uma brincadeira nas Redes Sociais. Entretanto, de tão massificada na web, a brincadeira se transformou em notícia. Uma prova de que a apuração criteriosa permanece como uma relevante ferramenta para o jornalismo. 

terça-feira, 3 de maio de 2011

A “maioridade” da Gazeta do Oeste

Francisco Resende Costa Neto
Coordenador dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda
Faculdade Pitágoras – Divinópolis-MG




A partir da próxima semana, a Gazeta do Oeste torna-se um jornal diário. Um grande presente para a cidade de Divinópolis e toda a sua população, que ganha mais uma importante fonte de informações todos os dias, além de uma ferramenta extremamente valiosa para que novas conquistas sociais se tornem realidade em nossa região. É fato que um aparato eficiente de comunicação é requisito fundamental para o crescimento sustentável e o desenvolvimento econômico e social de uma cidade do porte de Divinópolis. E esta atitude nobre e arrojada da Gazeta do Oeste mostra que a nossa cidade caminha, com enorme pujança, para um centenário marcante para todos os cidadãos.

O potencial para novos investimentos em Divinópolis é extremamente amplo, nos mais diversos setores da economia, e o grande desafio dos empresários, independentemente do setor e do tamanho da organização, é colocar em prática políticas efetivas para transformar estas possibilidades em negócios. Divinópolis é uma cidade que oferece toda a infraestrutura para novos investimentos, com muita qualidade de vida para as famílias. Uma cidade que valoriza a cultura, a economia e, mais do nunca, os responsáveis diretos pelo desenvolvimento do Município: o povo divinopolitano! Uma jovem Divinópolis, que chega ao seu centenário com muita vitalidade e potencial para o desenvolvimento.

A atitude do grupo Gazeta do Oeste pode e deve ser seguida por outros grupos de Comunicação da nossa região. A cidade só tem a ganhar com a maior concorrência entre emissoras de TV, de rádio e novos portais de notícias, entre outras ferramentas de Comunicação. Divinópolis tem cerca de 220 mil habitantes e caminha para um Centenário de muitas conquistas. Cidade pólo de uma região extremamente importante, Divinópolis possui características que o qualifica como um dos mais importantes municípios do Estado.

Como cidade pólo, Divinópolis concentra um diversificado mercado de mídias nos mais diversos setores. O desenvolvimento e o crescimento verificado pela cidade nas últimas décadas garantiram um amplo mercado para comunicação no município. A cidade ocupa posição privilegiada na região, contando com 4 emissoras de TV (afiliadas da Globo, SBT, Record e Cultura), diversificado sistema de rádio com 9 emissoras, além de diversos jornais impressos (diários e semanários) e um grande número de revistas setoriais. A cidade provém ainda de diversos sites jornalísticos, assessorias de imprensa, gráficas, produtoras de vídeo, agências de publicidade, design e web, garantindo uma sólida estrutura de mídia e comunicação aos empresários. Enfim, um mercado amplo, com uma concorrência saudável que apenas valoriza as boas empresas. 

Divinópolis foi considerada, há alguns anos, a 5ª cidade com melhor IDH - Índice de Desenvolvimento Humano de Minas Gerais; classificada pela Fundação João Pinheiro como uma das dez melhores cidades de Minas para investimentos e, conforme publicado pela revista Exame, entre as cem melhores do Brasil. Um cenário perfeito para que grupos sérios e idôneos de Comunicação como a Gazeta do Oeste possam expandir suas atividades, gerando renda e desenvolvimento para a cidade, e contribuindo cada vez mais para a manutenção da democracia. Por estes motivos o risco deste grande passo torna-se quase mínimo, diante das enormes possibilidades de sucesso. Parabéns ao grupo Gazeta do Oeste, que presenteia seus leitores com uma decisão que justifica o amadurecimento oriundo de seus 18 anos de idade.