terça-feira, 18 de janeiro de 2011

O que será tendência nas redes sociais em 2011?

* Leonardo Marcos Rodrigues
Jornalista e professor dos cursos de Jornalismo e
Publicidade e Propaganda da Faculdade Pitágoras/Divinópolis
* Texto com informações da Revista Exame





Uma das perguntas que mais tenho recebido de alunos, clientes e demais colegas que militam nas redes sociais é justamente o título desse artigo. Afinal de contas, no meio desse turbilhão de mudanças digitais, o que será tendência no ano que acaba de começar? A empresa de monitoração, análise de mídia gerada pelo consumidor e gestão de relacionamento em mídias sociais na América Latina e Portugal “E.life” fez um estudo sobre as tendências que devem marcar as transformações das redes sociais neste ano. Esse mapeamento foi realizado com dados de cerca de 200 estudos desenvolvidos durante 2010 e apontou como principais eventos, os seguintes pontos:


O Orkut está com os dias contados?

Em 2010 o Orkut deixou de ser líder na Índia e a E.life acredita que em 2011 será a vez do Brasil assistir o começo do êxodo dos usuários do Orkut para o Facebook. À medida que a plataforma de Zuckerberg  avança no mundo, paralelo à crescente inclusão do Brasil em campanhas de marcas globais, mais consumidores se registrarão no Facebook, levando uma legião de amigos. O efeito será sentido pelo líder absoluto brasileiro nas redes sociais.
 
Consumidores serão cada vez mais ativos nas redes sociais

Na metade do ano 2000, áreas de atendimento das empresas viram o atendimento ao consumidor via e-mail tornar-se um dos preferidos. No início dessa nova década uma revolução nada silenciosa, que começou com os blogs, agora toma conta de cada pedaço das mídias sociais. Milhões de brasileiros no próximo ano vão reclamar do banco, da companhia de telefone, do supermercado e de tantos outros serviços. A diferença é que em 2011, muito mais empresas estarão “lá” para ouvi-los e atendê-los.


Anúncios para os brasileiros no Twitter


Provavelmente já no segundo trimestre de 2011, agências brasileiras terão um novo desafio: criar microanúncios para o microblog que mais cresce no mundo. O Twitter ainda não revelou todos os detalhes de sua oferta de venda de publicidade. Entretanto, já se sabe que para cadastrar potenciais anunciantes, dois formatos estarão disponíveis: tweets patrocinados e trends patrocinados.


Websites corporativos se tornarão irrelevantes frente às redes sociais?

Com a migração das empresas para as redes sociais, os sites corporativos e de produtos se tornarão cada vez mais irrelevantes e muitas empresas irão concentrar suas estratégias on-line em redes sociais mais populares – como Twitter e Facebook. A migração tornará mais fácil mensurar as estratégias digitais, mas em contrapartida as empresas precisarão estar mais dispostas ao diálogo. Caso contrário, crises nestes ambientes fechados serão mais frequentes. Algumas empresas não abandonarão seus sites corporativos, mas os tornarão mais conectados às redes sociais em 2011.

Percepção em tempo real e o novo profissional

As áreas de inteligência e as empresas de pesquisa de mercado irão finalmente descobrir as redes sociais, porém vão aprender rapidamente que elas requerem entregas de percepções em tempo real, cada vez mais rápido. As redes sociais vão produzir um novo tipo de analista de mercado, que precisará usar software que entregue insights em tempo real. Relatórios longos, de produção demorada e com periodicidades muito longas ficarão ultrapassados. A pesquisa precisará acompanhar o timing das redes sociais para entregar insights cada vez mais pontuais.


Atenção no comportamento de compra dos consumidores

As empresas irão prestar mais atenção no comportamento de compra dos consumidores nas redes sociais, mapeando não apenas o pós-compra, como acontece hoje, mas a intenção de compra da categoria ou de marcas. O monitoramento da intenção de compra permitirá as empresas compreenderem quais os aspectos os consumidores mais valorizam na categoria, as percepções sobre cada marca e os influenciadores na decisão de compra. Esta mudança de foco para o pré-compra criará, porém, a necessidade de associações de anunciantes e relacionamento com o consumidor produzirem um código de conduta para disciplinar a prospecção do consumidor nas redes sociais. Os dados de intenção de compra nas redes sociais também serão cruzados com outros dados, como vendas e visitas ao ponto de venda.

Fim das barreiras on-line/off-line

Algumas empresas já derrubaram as paredes entre seus departamentos on-line e off-line, principalmente aquelas ligadas à comunicação. Mas o mais importante será a chegada das redes sociais aos pontos de venda físicos. Aguarde desde a simples sinalização do Twitter oficial da empresa no ponto de venda a aplicativos que permitirão o relacionamento do consumidor quando ele estiver na loja física.

Agora somente com uma mão

Depois do touchscreen e o sucesso de smartphones e tablets, cada vez mais veremos dispositivos e ações com sensores de movimento. Desde aplicativos simples como web cam games, até ações mais sofisticadas utilizando tecnologias parecidas com o Kinect.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

O Novo Jornalismo na era da informação

* Francisco Resende Costa Neto
Professor e coordenador dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda
Faculdade Pitágoras - Divinópolis-MG

Sistematicamente tenho insistido na teoria de que sempre vivemos sob influência de mudanças no mercado profissional. A grande diferença na chamada “Era da Informação” é a velocidade assustadora na qual essas mudanças vêm acontecendo nos últimos 30 anos, sobretudo em função dos avanços contínuos da tecnologia. Sob este prisma, lembrando sempre que a tecnologia é resultado do trabalho do homem e está a serviço deste, o mercado acaba absorvendo e abrindo oportunidades para profissionais empreendedores, que estejam bem relacionados e entrosados com as novas mídias. Oportunidades estas que primam pelo pioneirismo e pela ousadia em fazer diferente, em experimentar e buscar o novo a todo instante.

Nesta semana, a News Corporation anunciou o lançamento deum jornal exclusivo para iPad. O lançamento deve ser realizado no dia 19 de janeiro e contará com a presença presidente da Apple, Steve Jobs. As informações iniciais publicadas pela agência Reuters indicam que o novo jornal se chamará Daily e abordará temos como artes, cotidiano, esporte e opinião. Com a publicação exclusiva para tablets, a empresa pretende aumentar sua receita no segmento de notícias, já que o serviço será por assinatura. Engana-se quem pensa que o novo jornal será a extensão de alguma versão impressa: já foi divulgado que o Daily contratou jornalistas da "The New Yorker", do "The Daily Beast" e da "Forbes" para sua redação. Um desafio arrojado, mas que segue uma tendência mundial voltada à mobilidade no consumo de informações. Uma ação empreendedora que tem tudo para dar certo e, provavelmente, será copiada pelos concorrentes. Mas, como diz um velho e sábio ditado, quem chega primeiro à fonte bebe água limpa. E, obviamente, fatura mais!

Muito se tem debatido sobre o futuro do jornalismo nesta nova era em que todos são capazes de produzir e consumir informações ao mesmo tempo. Após um século de estagnação nas formas de produção e consumo de notícias, baseadas principalmente no predomínio de poucas plataformas de disseminação das informações (basicamente rádio, TV e impresso), vivemos um momento de redesenho dos formatos e das plataformas tecnológicas. Neste novo cenário, o jornalismo ganha ferozes “concorrentes”. Mas, como em qualquer outro segmento, a concorrência é salutar, ao contrário do que muitos pensam, é extremamente benéfica para o jornalismo, uma vez que obriga empresas e profissionais e se qualificarem e oferecerem diferenciais que garantam, entre outros atributos, a credibilidade, aceitação, penetração e, acima de tudo, qualidade na apuração e a construção da notícia. Ou seja, esta nova concorrência cria um cenário em que profissionais sem qualificação e que não possuem diferenciais se percam em um oceano imenso a ser desbravado, mas que necessita de marinheiros competentes e dispostos ao risco. Lembrando que a disposição pelo risco eleva as possibilidades de sucesso em qualquer carreira.

Atualmente, criou-se um mito de que os grandes concorrentes deste que podemos chamar de “Novo Jornalismo” não possuem sobrenome, mas são extremamente conhecidos: Twitter, Facebook, Youtube, Blog, Wikileaks... Enquanto alguns sentam e choram a impossibilidade de lutar contra essas inovações tecnológicas, os mais arrojados e empreendedores adotam uma velha filosofia de guerra: “se não pode contra eles, junte-se a eles”. Como escrevi no primeiro parágrafo, a tecnologia é criada pelo homem e está sempre a serviço dele, ou seja, é preciso compreender essas plataformas como possíveis fontes de informações e, mais do que isso, como aliados para conquistarem mais fontes e, com isso, mais informações. Com tantas plataformas tecnológicas e maiores possibilidades de disseminação de informação, a qualidade (na apuração, na confecção do texto, na escolha da melhor plataforma de disseminação) torna-se grande diferencial para os jornalistas que quiserem se destacar neste mercado competitivo, mas com enormes espaços para profissionais competentes.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Jornalismo investigativo volta a cena

* Ricardo Nogueira

Jornalista, Mestre em Educação, Cultura e Organizações Sociais.
Professor nos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propagandada
Faculdade Pitágoras/Divinópolis-MG

Entre dezembro e janeiro somos bombardeados por listas e mais listas contendo os melhores e os piores do ano que chega ao fim. E vale para tudo: música, restaurantes, celebridades, “casamento do ano”, programas de TV, entre outras coisas. Até aí tudo bem, nada fora do esperado. O que realmente chamou a atenção nesta virada de 2010 para 2011 foi o destaque dado aos programas jornalísticos que, ao lado das minisséries, encabeçaram os rankings dos melhores do ano na TV brasileira.

A volta do jornalismo investigativo na TV, aquele que não apenas “noticia” superficialmente os fatos, merece reflexão. Nos tempos de redes sociais virtuais, “crise” dos jornais impressos e consumismo desenfreado, há que se louvar os programas jornalísticos que trazem o que está por trás da notícia, que mostram ao telespectador não apenas o fato, mas as causas e consequências que um acontecimento pode trazer para a vida de todos nós.

Esse gênero, tido por diversos autores como jornalismo interpretativo, tem na reportagem seu ponto máximo e, ainda bem, está voltando com tudo na TV brasileira. Pessoalmente destaco duas produções que surgiram e/ou amadureceram em 2010: “Profissão Repórter”, da TV Globo, e “A Liga”, da Band.

O primeiro, comandado pelo excelente Caco Barcellos, mostra a dificuldade enfrentada por jovens repórteres na cobertura de eventos diversos, desde uma festa de debutante à invasão das favelas cariocas pela Polícia Militar do Rio de Janeiro. Tendo como objetivo principal revelar ao telespectador o “making off” dos noticiários, o programa apresenta uma visão absolutamente nova até então no telejornalismo nacional: ao invés de produções perfeitas e impecáveis (o expoente máximo de Padrão Globo de Qualidade), mostra a realidade enfrentada por repórteres e cinegrafistas em busca das melhores entrevistas, imagens e ângulos pouco explorados da história.

Já “A Liga”, da Band, causou grande impacto logo no seu primeiro episódio, relatando a vida dos moradores de rua em São Paulo. A diferença não está no tema, mas sim na abordagem. Ao invés de usar das já manjadas câmeras escondidas ou em coletar depoimentos de mendigos ou representantes de ONGs, os repórteres (liderados pelo competente Rafinha Bastos) foram às ruas, viveram, dormiram, fizeram suas refeições e literalmente “sentiram na pele” o mesmo que os moradores passam cotidianamente. E não foi só isso: a atração ousou ao tocar em assuntos delicados e discutir abertamente temas como a relação dos jovens com o sexo, a vida nas penitenciárias, o trânsito, o mundo dos milionários, entre outros.
 
Em comum, os dois programas têm o objetivo de “humanizar” o jornalismo, revelando aos telespectadores os bastidores das grandes reportagens e, com isso, além de conseguirem um maior grau de credibilidade, fascinam diversas pessoas a acreditarem na possibilidade de um jornalismo verdadeiro, onde o jogo de interesses políticos e financeiros não está em primeiro plano, como acontece em grande parte dos tradicionais veículos de comunicação.

A velha discussão entre fato e opinião, tão comum nas faculdades e demais espaços de debates sobre o jornalismo, não cabe neste momento, pois o que as atrações em destaque apresentam, como já dito, é o chamado jornalismo interpretativo: aquele que não apenas informa, mas que não chega a emitir opinião – ele procura mostrar ao leitor/ouvinte/telespectador não somente o fato, mas todo o seu entorno, para que quem receba aquela informação possa criar seu próprio juízo de valor e fazer seu próprio julgamento.

Não que isso tudo seja novidade, até mesmo porque as revistas e as edições de fim de semana dos jornais impressos ainda dedicam bom espaço para este tipo de abordagem. O que acende a esperança de que este tipo de jornalismo, tão fascinante e polêmico, volte a ter local de destaque é a sua inserção na programação da TV que, como se sabe, ainda detém o posto de veículo de comunicação mais popular no país. Que os prêmios e as listas de melhores do ano sirvam de estímulo para termos cada vez mais produções de qualidade no jornalismo, não só na TV, mas em todos os meios de comunicação. Talvez assim a credibilidade e a confiança perdida pelos jornais (impressos, rádio, TV e internet) ao longo dos anos possa ser recuperada. Assim seja!

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Quando o menos prejudica o mais

* Laura Aguiar

Jornalista e professora do curso de Jornalismo
da Faculdade Pitágoras/Divinópolis



Então estamos em 2011! A cada ano que começa as pessoas programam-se para viver 365 dias de novidades. Deveria ser assim com as empresas de comunicação e seus jornalistas. Os profissionais dos veículos midiáticos precisariam estar de olhos bem abertos para um dos fatores que determinam quando um fato é, e pode ser notícia: o quão novo, inusitado, é um acontecimento. Mas o que se vê não é bem isso!
 
Antes mesmo de o ano começar, as redações preparam-se para as repetições, mantendo agendas atualizadas com as datas comemorativas e sugestões de coberturas para esses dias. Nada que condene essa atitude, pois também em comunicação diária, deve-se usar das ferramentas de gestão como o planejamento estratégico. O que questiono aqui é quando uma exceção vira regra, notadamente percebido nas publicações e transmissões noticiosas, espaço demais para as celebrações fixas e lugar de menos para os casos diversos.

Posso estar sendo incompreendida se tomarem como referência as reportagens policiais que invadem os jornais a cada dia. A cobertura dessas ocorrências é burocrática, tecnicamente fácil, pois os fatos estão postos, se apresentam naturalmente e ainda são pré-apurados pelos policiais. Quando menciono novidades, fatos raros e acontecimentos inesperados trato de histórias escondidas, porém preciosas, enredos repentinos, mas que requer esforço para serem desvendados.

Entretanto, as desculpas são muitas para não se fazer esse serviço de garimpagem ou de lapidação. Com o pretexto de redações reduzidas pela pressão econômica, de profissionais com múltiplas tarefas e até do interesse do público por esses assuntos, as chefias de reportagem optam pelos temas mais aparentes: a cobertura policial, os eventos oficiais, as manchetes programadas, e as notícias prontas empacotadas pelas agências de comunicação públicas e privadas. Nesse caso menos trabalho, para mim, não significa melhores resultados.

Não há uma solução imediata para esse problema de incoerência, ou seja, sendo o jornalismo a ferramenta para informar sobre o novo, o quente, o inusitado, se valer de mecanismos para publicar coisas velhas, frias e tão previsíveis. O último Fantástico de 2010, exibido dia 26 de dezembro, já exibia um resumo de suas pautas dos programas deste ano. O aniversário de 70 anos de Roberto Carlos, os 80 de João Gilberto, os 100 de descoberta de Machu Picchu... e você verá com certeza, os 10 anos do atentado de 11 de setembro. Claro que tudo isso é notícia! Mas será que só isso é notícia?