terça-feira, 28 de setembro de 2010

Você e sua empresa estão preparados para lidar com as redes sociais?

* Leonardo Marcos Rodrigues

Jornalista e professor dos cursos de Jornalismo e
Publicidade e Propaganda da Faculdade Pitágoras/Divinópolis.

Há muito tempo venho discutindo com os leitores desta coluna e principalmente em sala de aula, a evolução das novas mídias na comunicação, em especial as redes sociais. A velocidade com que elas avançam no nosso dia a dia é impressionante. Uma recente pesquisa realizada pelo Ibope e Nielsen Online nos dá uma pequena amostra da importância dela na comunicação. Vamos aos números: o Brasil gastou cerca de 50 horas e 26 minutos por internauta em ambientes doméstico/residencial; 79% dos internautas fazem parte das redes sociais e ficam cerca de 6 horas por mês conectados nesses ambientes.
 
De 2006 para 2009 houve aumento crescente de praticamente todas as atividades envolvendo mídias sociais virtuais. As cinco atividades que mais cresceram foram: assistir vídeos pela internet; escutar músicas/rádios online ao vivo; criar perfil em alguma rede social; criar blogs, ler e comentar em outros blogs; fazer upload de fotos pessoais em algum site de compartilhamento de fotos.

Esses números são uma pequena amostra que as pessoas e empresas precisam compreender para lidar com esse novo fenômeno da comunicação, chamada de redes sociais virtuais. Nesse cenário surge um novo profissional de comunicação, que inclusive já abordei em colunas passadas: o analista de Mídia Social.

Entre as atribuições desse novo profissional estão mapear os canais onde irá atuar, planejar, criar ações de interação e monitorar; profundo entendimento de comunicação, em suas mais diversas facetas (como jornalismo, publicidade e relações públicas), cultura, psicologia, sociologia e antropologia, além de possuir uma enorme expertise em mídias sociais, isto é, em relacionamento e pessoas.

O interessante nisso tudo, é que muita gente me pergunta se a carreira de jornalista em especial, não estaria com os dias contados, principalmente depois que a exigência de diploma foi extinta. Respondo que nunca esteve tão promissora e justifico. Em recente conversa com um grande amigo, jornalista de um impresso da capital, tivemos o mesmo entendimento: de que o cenário para os bons profissionais de comunicação nunca esteve tão carente de pessoas competentes, justamente com aquelas qualidade que citei logo acima. As redes sociais são hoje um verdadeiro porto seguro para todos os comunicadores, já que cada vez mais as empresas precisam usá-las para as mais diversas funções como conversar com seus clientes, realizar promoções, vendas, etc.

As empresas precisam compreender que nas redes sociais o cliente não é apenas consumidor. Como diz Mauro Segura, no blog ‘A Quinta Onda’, “a maior miopia das empresas é não enxergar as redes sociais como a mais poderosa ferramenta para transformação e colaboração de sua força de trabalho”.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Pesquisa eleitoral na mídia

* Silvana Maria de Sousa
Professora dos cursos de Jornalismo
e Publicidade & Propaganda
Faculdade Pitágoras / Divinópolis


Nesses últimos dois meses fui procurada por estudantes de comunicação, por jornalistas com um questionamento bem presente nas suas colocações e entrevistas: “pesquisa eleitoral influencia o voto do eleitor?”. Quem ouviu o rápido bate papo sobre o assunto na Rádio Divinópolis, no programa Observatório da Mídia, ou leu a entrevista que dei a um jornal de Divinópolis soube um pouco sobre o que penso sobre a relação mídia e divulgação de pesquisa eleitoral.

Na qualidade de professora das disciplinas Pesquisa de Opinião e Pesquisa de Mercado da Faculdade Pitágoras, percebo que há um equívoco em se pensar pesquisa como um instrumento de influência. Na essência, a pesquisa é uma ferramenta, que tem como objetivo principal captar dados que ao serem coletados são analisados e se transformam em informações que, por sua vez, contribuem para tomada de decisões. Seu objetivo de aplicação não é, e nunca foi de influenciar.

Portanto é legítimo utilizar essa ferramenta, desde que ela seja feita com a ética e com o conhecimento técnico que é necessário para que a captação de dados seja digna de ser chamada de pesquisa. Trata-se de um aparato científico, técnico pertinente aos processos de apreensão de realidades. Concordo sim, que no caso eleitoral, especificamente, há alguns nuances que precisam ser enfatizados para que o entendimento sobre o a relação mídia e pesquisas eleitoral não fique míope.

O primeiro é a ética. Quem contrata um instituto de pesquisa para sondar a intenção de voto precisa estabelecer um propósito de dignidade e não de manipulação de resultados para fins eleitoreiros. Por outro lado, o instituto contrato precisa ter o compromisso de aceitar somente trabalhos de contratantes que tenham a mesma coerência ética.

O segundo é a divulgação. Essa, geralmente, feita por veículos de comunicação de massa, deve primar pelo esclarecimento dos procedimentos e condições em que as pesquisas são feitas. Títulos totalmente persuasivos em folhetos e materiais do próprio candidato é “compreensível” dentro de uma lógica do marketing político, mas, os “já ganhou” presente em alguns veículos de comunicação é lamentável.

Por fim, o terceiro, é a cultura. Nós, brasileiros, temos um traço cultural que realmente permite que a divulgação de pesquisa eleitoral influencie no voto. É que, muitos de nós acreditamos que ao escolher, ao votar num candidato que não ganhe, é “perder o voto”. Assim, quando ainda não temos uma escolha firme, decidida, optamos por aquele que está à frente, segundo as pesquisas. E isso muda todo cenário. Afinal, a corrida pelo voto dos indecisos na reta final do pleito eleitoral é comum. Principalmente por que a discussão social em torno de eleições tem significativo índice de rejeição, e as pessoas começam a comentar e decidir mesmo somente nos últimos dias.
Nesse contexto, a Pesquisa Eleitoral, uma ferramenta legítima sofre o ônus da falta de ética tanto na sua aplicação quanto na sua divulgação. E ganha um contorno de descrença. Candidatos que aparecem mal em pesquisas pedem para não acreditar nelas. Quem aparece bem, divulga o máximo e coloca a pesquisa no patamar do inquestionável. Extremos distorcidos e comprometedores. Pesquisa não é uma questão de fé, em se acreditar ou não. É racional, científica, técnica. Pesquisa não é eleição, sonda apenas a intenção de votar. E entre um extremo e outro, a melhor decisão é entender o que é pesquisa, como ela é feita, quem contrata e quem está realizando. Pense nisso, e boa eleição. Que vença as melhores propostas.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

SLOGAN: esse candidato precisa dizer a verdade

*Silvana Maria de Sousa
Publicitária e Professora do curso de Publicidade e Propaganda da Faculdade Pitágoras/Divinópolis

“O discurso da virada eleitoral, que ganhou força nos últimos dias na campanha do presidenciável José Serra (PSDB), se transformou em slogan do site oficial do candidato neste domingo. Agora, no alto da página e ao lado de uma foto de Serra e do vice, Indio da Costa, aparece a frase "É a hora da virada".


SÃO PAULO – 29/8/2010 www.oglobo.globo.com

“Em seu discurso no evento "Emprego e Qualificação Profissional", organizado pelas centrais sindicais na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ironizou o slogan da campanha tucana - "o Brasil pode mais".

SÃO PAULO – 10/4/2010 www.atarde.com.br



Antes que você desista de continuar a leitura, por causa dessa introdução, vou logo avisando: não se trata de um texto sobre política. Quero apenas falar sobre um “velho conhecido” dos publicitários ; o importantíssimo SLOGAN. As pontuações escolhidas são apenas um detalhe de contextualização, já que a mídia está bem focada em eleições. Somente isso.

Considerações feitas, vamos ao tema central e algumas perguntas .O que é slogan? Por que o slogan é tomado com tanta propriedade até por quem não é profissional da publicidade ou da comunicação integrada? Qual é realmente a função dele na comunicação mercadológica e institucional? O slogan, como definição técnico-acadêmica é uma frase de fácil memorização usada em contexto político, religioso ou comercial como uma expressão repetitiva de uma idéia ou propósito. Porém, como em toda definição, o entendimento demanda uma apreensão do conceito.

Vejamos. Muita das vezes, cria-se frases com excelente potencial de memorização. Mas essas frases podem ser chamadas de slogan? Não. Outras vezes, a mídia, a divulgação da frase é extremamente repetida. Mas a grande exposição da frase já a qualifica como slogan? Não.

A criação de uma frase, geralmente, não necessariamente, curta, com facilidade para ser decorada, exposta de forma incisiva, a ponto de ser fixada, com uma boa qualidade criativa para ser lembrada são muito importantes para a construção de um slogan. Mas o slogan só ganha legitimidade como slogan quando o PROPÓSITO que ele tenta representar é de fato confirmado e cumprido por quem ele representa. Por que a função essencial de um slogan é dizer, de maneira objetiva, clara e massiva, qual é o diferencial e o posicionamento de quem o emprega. Então ,não adiantará nenhuma criatividade na técnica de fazer um slogan, se a estrutura, se os recursos humanos, se o histórico, se a vontade, se o envolvimento, enfim, se a realidade que cerca o público-alvo do slogan, no momento em que ele for conferir, ou melhor, quando ele “comprar” a idéia do slogan, não forem coerentes com o que a “frase” propõe.

E, especificamente, no mercado empresarial, o consumidor pode até dar um primeiro voto de confiança ou até de curiosidade ao slogan, mas caso o compromisso da proposta comunicacional não seja cumprido na prestação do serviço e ou produto, nada feito. Aliás, tudo desfeito. Há uma quebra de credibilidade. Uma quebra que faz do que se pretendia slogan apenas uma “expressãozinha” debaixo da logomarca. Um enfeite. E quando isso acontece, o cliente, elege outra empresa, outro produto na sua contínua eleição preferencial.

Nós da comunicação, os publicitários, podemos e somos muito úteis na criação de um slogan, mas o compromisso de mantê-lo no cargo com toda responsabilidade de posicionamento é da gestão, dos responsáveis pelo negócio. Pensemos nisso.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Desafios do marketing no interior

Uma das maiores dificuldades em se trabalhar com marketing e comunicação no interior é a falta de valor dado a serviços profissionais. Em outra oportunidade já discorremos neste espaço a respeito da importância da pesquisa e do planejamento nas estratégias e ações de comunicação, mas vale a pena ponderar sobre alguns outros pontos que permanecem obscuros e podem fazer toda a diferença para o sucesso ou fracasso de uma campanha.
 
Para começar vamos a um exemplo bem tangível. É impressionante ver o comportamento das pessoas que moram no interior quando estão na capital, especialmente quando visitam um shopping center. O que se vê é um consumismo desenfreado, uma ânsia por aproveitar todos os momentos e, é claro, um instante onde o que não se pensa é em economizar. E aí você pergunta: o que isso tem a ver com marketing e comunicação? Tudo.

Diferentemente do consumo nas capitais, quando o morador do interior vai às compras em sua própria cidade vemos uma diferença gritante. Pechincha aqui, pechincha ali, reclama dos preços, do atendimento e acaba consumindo somente se for algo “extremamente necessário”. Quando se vê esta questão sob a ótica do mercado de alimentação ou vestuário, é bem fácil entender.

O sujeito chega em Belo Horizonte, pede um lanche do McDonald’s, do Burger King ou do Subway, paga por volta de R$ 20,00 e sai todo satisfeito, feliz da vida. Já em sua terra natal, vai fazer um lanche parecido (às vezes até com qualidade superior), paga R$ 10,00 em um estabelecimento local e sai reclamando do preço. Outra situação é quando a mulher chega em um shopping center de capital, entra em lojas como C&A, Renner, Riachuelo, compra um caminhão de roupas, divide em 12 vezes “sem juros” e sai feliz da vida com 7 carnês debaixo do braço. Mas, ao buscar uma roupa em uma confecção da cidade (que pode acabar sendo a mesma comprada no shopping da capital), experimenta, experimenta, reclama, pechincha e acaba levando uma ou duas peças, apenas por “necessidade”.

Percebe como é gritante a diferença? E mais ainda: não é notável o quanto a comunicação e o marketing fazem toda a diferença? Pois bem, vamos tecer algumas considerações. Em ambos os casos, os produtos buscados na capital e na terra natal eram parecidos e satisfaziam a necessidade (de alimentação ou vestuário) do mesmo jeito. No entanto, os produtos eram diferentes do ponto de vista do preço: os da capital eram mais caros e, apesar disso, os consumidores sentiram-se mais satisfeitos em adquiri-los. Por que isso acontece? Simples: pelo marketing e pela comunicação.

Quando o consumidor compra um sanduíche do McDonald’s ou uma roupa da C&A, ele não está preocupado somente em saciar sua necessidade (de fome e vestuário): ele quer saciar o seu desejo de consumo de um produto de “marca”. E isso faz toda a diferença. Porque empresas como McDonald’s e C&A não vendem somente sanduíches e roupas, respectivamente, vendem “experiências”. Por isso o consumidor valoriza mais um produto adquirido de uma multinacional do que um produto local, porque há um trabalho de fortalecimento de marca.

Volto agora ao raciocínio inicial deste texto: a dificuldade de se trabalhar com marketing e comunicação no interior. Talvez a maior delas tenha a ver exatamente com o exemplo dado: a importância de um trabalho de fortalecimento de marca que, como se sabe, leva tempo e investimento. E quando os verdadeiros profissionais de marketing e comunicação apresentam este “pequeno detalhe” para os clientes, indispensáveis para o sucesso em uma campanha, são tidos como megalomaníacos.

Enquanto os gestores das micro e pequenas empresas não entenderem que, para vender um produto ou serviço, além da qualidade, é necessário um trabalho de gestão de marca, os consumidores continuarão a preferir gastar fortunas nas capitais, em lojas de grandes marcas, a consumir produtos locais, muitas vezes de qualidade superior e preço mais atrativo. O desafio está lançado.

* Ricardo Nogueira
Jornalista e professor nos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da
Faculdade Pitágoras/Divinópolis-MG.