quarta-feira, 30 de junho de 2010

Horário reservado para a "Confusão Eleitoral Gratuita"

Em plena era da tecnologia digital e da comunicação em rede, teremos, no Brasil, um processo eleitoral no qual mais de 40% dos eleitores não terão acesso ao conteúdo de TV referente aos candidatos de suas regiões. Segundo números disponibilizados pela Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), cerca de 20 milhões de domicílios possuem acesso a esta mídia via antena parabólica. Em Minas Gerais, segundo pesquisa de 2007 sobre Uso da Tecnologia de Informação e Comunicação, este índice de domicílios que serão abnegados do principal veículo de informações sobre o processo eleitoral é de 26%.

Nas últimas eleições para prefeito e vereador, várias cidades do Centro-oeste mineiro foram “bombardeadas” por propagandas, projetos políticos e planos de governos de candidatos a prefeito de Araxá, devido a contrato de uma das grandes emissoras de TV. Para tentar acabar com esta confusão, o Tribunal Superior eleitoral (TSE) determinou que essas emissoras geradoras façam, em 2010, o bloqueio da transmissão para as repetidoras. No caso das parabólicas, milhares de eleitores mineiros terão, durante 30 minutos, uma tela preta com a frase “Horário destinado à Propaganda Eleitoral Gratuita”. As emissoras alegam alto investimento em tecnologia para conseguir dividir os sinais. Em um país que luta para ser democrático – e a corrupção talvez seja o maior entrave para a conquista plena da democracia, talvez seja papel do governo provir as emissoras deste aparato tecnológico, beneficiando a população.

Em 2010, teremos eleições bem acirradas em Minas Gerais. Duas candidaturas devem polarizar a disputa pelo Palácio da Liberdade: Hélio Costa (PMDB) e Antônio Anastasia (PSDB). Para as duas vagas no Senado, nomes de peso como o do ex-governador Aécio Neves, o ex-presidente Itamar Franco, além das possibilidades do vice-presidente José de Alencar e do ex-prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel lançarem suas candidaturas. Entretanto, a questão se afunila mais quando o assunto são as cadeiras disponíveis para a Câmara Federal e a Assembléia Legislativa. Muitos eleitores passam a conhecer os candidatos, efetivamente, quando se iniciam as campanhas, sobretudo através da TV (presente em mais de 90% dos lares brasileiros). Por isso, mais um desafio é lançado aos candidatos e, principalmente, às assessorias de campanha: como atingir, em massa, essa imensidão de eleitores, estimados em 26% da população mineira, que não terão acesso à Propaganda Eleitoral Gratuita? Alguns de vocês já pensaram em estratégias específicas a este importante grupo de eleitores?

Recentemente, escrevi sobre a importância que as mídias sociais virtuais terão nas próximas eleições. Pesquisa recente realizada pela Deloitte revelou que Orkut, Twitter, Youtube, Facebook e outras mídias sociais virtuais segmentadas, além de programas de mensagens instantâneas são usados, todos os dias, por 38% dos internautas brasileiros. No total, 86% dos entrevistados declararam usar essas mídias de forma rotineira. Obrigatoriamente, deverão fazer parte do planejamento de campanha de candidatos que estão no pleito para ganhar. Caso contrário, teremos um enorme índice de votos para o candidato “Horário Reservado à Propaganda Eleitoral Gratuita”. Afinal de contas, 30 minutos de exposição diária é mais do que suficiente para se eleger, independentemente do cargo...

* Francisco Resende Costa Neto
Coordenador dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda
Faculdade Pitágoras - Divinópolis

terça-feira, 29 de junho de 2010

Capa da "Veja" - escolha editorial equivocada

Reservadas as questões de gosto, a meu ver foi uma equivocada escolha editorial a capa da revista "Veja" desta semana, ao falar de crianças obesas. Não que isso não seja importante. Mas é que às voltas com a catástrofe que envolveu os nordestinos na última semana, falar de calorias e tratamentos para emagrecer pareceu diminuir uma situação que atinge 155 mil alagoanos e pernambucanos.

E sobre essas escolhas editoriais, vejo que as decisões ficam cada vez mais complicadas porque lidamos com as informações globalizadas e em épocas de novas mídias. Mas o consumidor de revista, mesmo que já tenha se abastecido do lead (perguntas básicas do jornalismo - O que? Quem? Quando? Onde? Como? Por que? ) com auxilio da Internet, TV, vai adquirir uma publicação semanal para ter detalhes dos dramas.

Seja lá como for pelo menos os nordestinos e os parentes destes migrantes para o Sudeste devem ter se sentido ofendidos. Além da desgraça com a destruição das moradias, eles estão passando fome e sede, e a Veja quer discutir obesidade? Jornalisticamente, podemos pensar nos critérios para definir um fato como notícia. Entre eles estão os valores de novidade, abrangência, interesse público. Será que há mais gente interessada em saber como eliminar os quilos a mais de seus pimpolhos, ou mais pessoas comovidas com a situação do povo nordestino?

* Laura Aguiar
Jornalista especialista em Educação.
Professora do curso de Jornalismo da Faculdade Pitágoras - Divinópolis

Comunicação é só para apagar incêndios?

O ambiente que qualquer organização é muito complexo. Suas variáveis são inúmeras e a escala de influências é planetária. É o mercado globalizado. A bola da vez é a sobrevivência e a lucratividade num contexto tão especifico, e ainda carente de como se comunicar e ganhar com a comunicação

Da inerente necessidade administrativa de gerir essas influências mutantes, as empresas se viram despreparadas e desafiadas por outro “abacaxi”. Como gerir as informações, num contexto tão complexo e global? E podemos ir além, hoje não basta gerir a comunicação externa e fazer o “feijão com arroz” da comunicação interna. É crucial e vantajoso fazer que a comunicação interna agregue valor à organização perante seus colaboradores. Por que essa nova postura? Questões como cultura organizacional; clima; valores; filosofia; missão; política de Recursos Humanos; imagem eram práticas de multinacionais, mas estão acessíveis a todos. Esse trabalho de planejamento estratégico, acompanhado do planejamento comunicacional é feito por muitos empresários, mas efetivados por poucos. E saiba, essa minoria é quem cresce.

As empresas hoje deverão determinar novas formas de se comunicar. A “Era da Propaganda” em si, se foi. A “Era” atual é a do conhecimento, e aqui vale o conhecimento que os colaboradores e as pessoas têm de sua empresa. O que vale é o que outros falam da empresa e isso é base para as relações públicas. E propaganda é o que a empresa fala de si. Voltamos àquele exemplo da Volkswagen: a falta de comunicação oficial e postura transparente fizeram com que consumidores passassem a rejeitar a marca, no episódio das demissões da fábrica da empresa. E o mesmo não aconteceu com a Gol, quando a empresa foi abalada pelo acidente. Foi diferente porque a empresa tinha um planejamento e agiu rápido. Ações de relações públicas; do comitê de crise; do programa de mídia training tudo foi trabalhado de forma a resolver o problema e preservar a imagem. O que se percebe é uma postura clara e transparente, disposta ao diálogo. Com esses exemplos, fica claro que comunicação não é só ara apagar incêndios, mas sobretudo para criar diferencial.

* Graziela Vaz
Relações Públicas e professora dos cursos de
Jornalismo e Publicidade e Propaganda
Faculdade Pitágoras/Divinópolis

segunda-feira, 28 de junho de 2010

O Jornalismo do século XXI ainda é de papel?

Domingo, manhã de 27 de junho de 2010. Há exatos 30 minutos, antes de sentar à frente do computador para redigir este artigo, fazia a leitura de dois jornais impressos de circulação nacional. Antes, no sábado, fiquei quase a tarde toda ocupado em leituras de uma revista mensal e de dois livros que ganhei recentemente. Mas o que isso tem a ver com comunicação do século XXI? Tudo. Ao menos para mim.

A evolução dos veículos de comunicação, desde o seu surgimento, é marcada por especulações apocalípticas que, de tempos em tempos, voltam à tona. A mais recente diz respeito ao provável fim das mídias impressas – especialmente jornais e revistas – em virtude da proliferação e popularização da Internet. Nesta Copa do Mundo, então, fica cada vez mais claro este caminho sem volta. Tenho observado jornais impressos, emissoras de rádio e TV cada vez mais dependentes dos recursos e informações advindas da rede mundial de computadores. Até mesmo a disposição das informações – seja na diagramação nos impressos ou na disposição de áudio e vídeo nos outros meios – já segue um padrão inspirado na web. E o que tem de errado nisso? A meu ver, absolutamente nada.

A tão proclamada “convergência das mídias” mostra, neste momento, a que veio. É inegável a melhoria que a tecnologia traz para a vida de todos e o tanto que ela enriquece, se bem utilizada, as mídias tradicionais (impresso, rádio e TV). Mas ficar gritando aos quatro cantos que a Internet vai acabar com os demais veículos de comunicação chega a ser pensar pequeno demais. O importante para os gestores de comunicação é saber aperfeiçoar o recurso, usá-lo como soma, como aliado, não como inimigo. Um bom exemplo desta otimização vem sendo feito pela Folha de São Paulo. Com novo projeto gráfico e editorial, anunciado há cerca de dois meses, um dos maiores jornais do país soube aproveitar o que a Internet pode oferecer como conteúdo complementar às informações dispostas em seu meio tradicional e vem obtendo sucesso com isso. Está presente em uma página própria na rede (FolhaOnline) e também em várias das redes sociais virtuais mais aclamadas da atualidade, como o Twitter.

No entanto, acredito que a maior sacada da Folha não foi o de aproveitar da diversidade da Internet, até porque isso ela já fazia muito bem. Foi, sim, entender qual o real papel que o jornal impresso tem hoje e investir nisso. Alguém, em sã consciência, vai buscar nos jornais impressos alguma informação absolutamente nova a respeito de um fato? Provavelmente não, mesmo porque com muita possibilidade esta notícia já vai ter sido dada por alguma emissora de rádio, TV ou mesmo por algum site ou rede social na Internet. Isso porque o jornal impresso sempre vai ser feito e fechado para a impressão no dia anterior em que circula. E como a tecnologia ainda não nos mostrou como viajar no tempo, sempre o jornal de um determinado dia vai repercutir as notícias do dia anterior – que já foram dadas por estes outros meios.

Então, o que deve ser entendido é que o jornal impresso é ainda muito útil na disseminação de informações – principalmente no aprofundamento delas, visto que rádio e TV continuam limitados por questões de tempo. Tentar “competir” em rapidez com as outras mídias não é o certo, pois é uma questão física que impede este sucesso. A real função do jornal impresso hoje é fornecer interpretações acerca de um fato para o seu leitor, não tentar “furar” a concorrência das outras mídias. E é nisso que a Folha tem apostado: em aumentar e ter o melhor time de articulistas e comentaristas do Brasil para oferecer a seu leitor diversos caminhos para interpretar as notícias do dia-a-dia.

Ao usar como mote da campanha publicitária o lema “Jornal do Futuro” e anunciar mais de 100 articulistas, a Folha de São Paulo reforça a sua real vocação e utilidade: ser um meio de comunicação que vai oferecer aos leitores mais dados, comentários e análises para que ele, de posse de tais conteúdos, possa chegar às conclusões que quiser a respeito de qualquer notícia. É mais ou menos o que as revistas semanais já fazem há algum tempo: não se centram apenas no fato, mas buscam contextualizações para que o leitor possa, além de se informar minimamente, tentar entender as causas e conseqüências que geraram o mesmo fato e o que ele pode causar.

E é isso que os jornais impressos deveriam fazer: apostar cada vez mais em reportagens, em interpretações e opiniões embasadas para que os leitores continuem a ter a segurança de buscar nas páginas o que há de melhor no jornalismo e tirar suas próprias conclusões. Ressalto, no entanto, que as interpretações e opiniões devem ser claras, que os repórteres e articulistas se posicionem, para que não haja também confusão do leitor com uma eventual falta de imparcialidade. Mas isso é papo para outra hora.

Voltando ao início, fiz questão de relatar um pouco da minha manhã de domingo para mostrar que, por mais que o fim dos impressos já tenha sido anunciado diversas vezes, pelo menos um leitor (eu) continuará ávido pela informação no papel. E sei que, assim como eu, diversas pessoas também não abrem mão do prazer de ler notícias em um jornal impresso ou revista. Motivos não faltam: o gosto pela leitura, a profundidade das informações, as palavras bem escritas por jornalistas e articulistas experientes, a beleza do texto frente às imagens, até mesmo a textura do papel. Não que eu não admire e não goste das outras mídias – pelo contrário, sou também ouvinte, telespectador e internauta assíduo. Mas que o bom jornalismo do século XXI ainda tem seu lugar bem guardado nas páginas de jornais e revistas, ah, isso tem.

* Ricardo Nogueira
Jornalista, Mestre em Educação, Cultura e Organizações Sociais.
Professor nos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda.
Faculdade Pitágoras/Divinópolis

domingo, 27 de junho de 2010

5o CONGRESSO INTERNACIONAL DE JORNALISMO INVESTIGATIVO

Original: www.comunique-se.com.br

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) realiza o 5º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo entre os dias 29 e 31/07, no Anhembi-Morumbi, em São Paulo. O evento abordará técnicas investigativas, reportagem com o auxílio de computador, além de oficinas sobre cobertura de eventos esportivos, eleição, meio ambiente e crime organizado.

O encontro deve reunir mais de 500 participantes de todo o Brasil em mais de 60 palestras e 12 cursos. Jornalistas estrangeiros foram convidados especialmente para falar sobre crime organizado e técnicas de reportagem para identificar e desvendar conexões internacionais.

Presenças internacionais

Lowell Bergman, ganhador do prêmio Pulitzer por reportagens sobre a indústria do tabaco nos EUA falará sobre suas investigações. A investigação de Bergman ficou conhecida no filme “O Informante”, com Al Pacino. A vinda do jornalista ao Brasil é fruto de uma parceria entre a Abraji e o Centre for Investigative Journalism (CIJ), de Londres. Bergman divirá uma mesa com Mario Cesar Carvalho, repórter especial da Folha de S. Paulo.

Outra debate discutirá a cobertura de organizações criminosas na América Latina, com Gabriel Bermúdez, da Argentina, Mabel Rehnfeldt, do Paraguai, e Judith Torrea, espanhola premiada pela cobertura do narcotráfico em Ciudad Juárez, no México.

Copa e Eleições
O Congresso também discutirá os desafios da mídia na cobertura da Copa de 2014, com a presença de Paulo Vinícius Coelho, o PVC da ESPN Brasil, Juca Kfouri, da CBN e da Folha de S.Paulo, entre outros profissionais do jornalismo esportivo.

A eleição de 2010 será abordada por Gustavo Patu, da Folha de S. Paulo, que vai apresentar técnicas para fiscalizar programas de governo. Kennedy Alencar (Folha de S.Paulo e Rede TV!) e Alon Feuerwerker (Correio Braziliense e CNT) falam sobre cobertura política em Brasília. Fernando Rodrigues e José Roberto de Toledo (ambos da Abraji) participam de uma oficina sobre interpretação de pesquisas eleitorais.

Outra mesa discutirá a cobertura eleitoral no rádio. Em outro momento, blogueiros como Ricardo Noblat (Globo.com), Josias de Souza (Folha.com) e Bob Fernandes (Terra Magazine) debatem a cobertura política na web. Já os jornalistas Marcelo Tas (do programa CQC) e Maurício Stycer (UOL) discutem o uso de redes de relacionamento social no jornalismo.

Cobertura no Haiti e meio ambiente

O encontro também reúnirá Lilia Teles, da TV Globo, e Fábio Zanini, da Folha de S.Paulo, que relatarão suas coberturas no Haiti após o terremoto de janeiro deste ano. O tema cobertura de meio ambiente também será abordado no evento, com debate de André Trigueiro, da Globo News, e de Claudio Angelo, da Folha de S. Paulo.

Jornalismo literário e biografias

O músico Lobão falará, em primeira mão, como foi o processo para fazer sua biografia. Lobão conversará sobre a obra ao lado do repórter Claudio Tognolli no painel “50 Anos a Mil: como biografar alguém vivo”. E Matinas Suzuki Jr. (Cia. das Letras), um dos mais experientes jornalistas brasileiros, estará na mesa “Jornalismo Literário - Fundamentos da Reportagem”.

Ao todo, serão mais de 15 cursos, entre eles “Reportagem com o Auxílio do Computador” (RAC), cobertura de assuntos indígenas e noções de direito para jornalistas.

Para inscrições e outras informações sobre o evento, acesse a página do Congresso. 


* Francisco Resende Costa Neto
Coordenador dos cursos de Jornalismo e Publicidade
Faculdade Pitágoras - Divinópolis/MG

sábado, 26 de junho de 2010

Michael Jackson e as novas tecnologias na comunicação

Lembro-me como se fosse ontem. Há um ano, estava no auditório Altamiro Santos, na Faculdade Pitágoras em Divinópolis (MG), enfrentando o desafio de falar sobre Comunicação Empresarial para cerca de 130 alunos do curso de Administração. Como convidado para uma palestra sobre o mesmo tema, havia convidado meu amigo do peito, publicitário e amante das novas tecnologias (principalmente tudo referente à Apple), Netty Assunção.

Estávamos no auditório, aguardando o início da aula e a chegada dos alunos, discutindo sobre como os indivíduos e as organizações são “bombardeadas” por uma quantidade absurda de informação, todos os dias, o tempo todo. Nesse instante, o Netty tira do bolso um Iphone e resolve ver o que estava acontecendo naquele exato momento, para usarmos como exemplo aos alunos, já que o tema da palestra seria justamente o uso de novas tecnologias na comunicação empresarial.

Não consigo esquecer a cara do Netty, quando ele vira e me fala: “Léo, o Michael Jackson acabou de morrer!”. Como ele é um gozador, achei que não era sério. Mas ele simplesmente vira o telefone para meu lado e me mostra a página inicial do aplicativo específico que o jornal “O Estado de São Paulo” desenvolveu para aquele tipo de aparelho. Era verdade e estávamos tendo acesso à notícia, em um aparelho de telefone, em tempo real, sentados em um auditório e nos preparando para debater justamente isso. Foi aí que as fichas de tudo que havia estudado nesse tempo todo começaram a cair, uma atrás da outra.

Quando os alunos chegaram, comecei a aula com as seguintes palavras: “Enquanto estávamos nos preparando para começar a aula, recebemos, via Iphone, a notícia que Michael Jackson morreu”. Um burburinho começou no auditório, como se estivessem duvidando, então pedi para colocar a página da Folha.com no telão. O auditório se calou. Mais de 130 pessoas ficaram mudas durante uns 3 minutos. Foi uma das cenas mais marcantes nesse tempo que estou lecionando.

Passado o susto inicial, segui a aula com outra frase que também não esqueço: “Para quem duvidava que estamos irrevogavelmente imersos em um mar de informações e temos de saber gerenciar isso em nossa vida e principalmente nas nossas empresas, sejam bem-vindos.”

* Leonardo Marcos Rodrigues
Jornalista
Professor da Faculdade Pitágoras/Divinópolis

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Onde está o Fair Play dos técnicos nessa Copa?

Lembro-me de quando o técnico da seleção brasileira tinha o mesmo prestígio de um Ministro de Estado. Ou seja, além de conhecimento técnico e tático, liderança e gestão de equipes, eram necessários outros atributos como postura, elegância, boa dicção e, obviamente, respeito mútuo aos colegas de trabalho e de imprensa. Afinal de contas, ele é, naquele momento, o representante máximo de uma nação que vive e respira Copa d Mundo. Todo este pacote de condutas foi resumido pela Fifa, entidade máxima do futebol mundial, como simplesmente “Fair Play” (jogo limpo). Mas o que se vê nesta edição da Copa do Mundo é uma banalização desta prática, sobretudo, por aqueles líderes que, geralmente, servem de exemplo para sua delegação: os próprios treinadores.

A primeira cena patética na Copa do Mundo foi protagonizada pelo técnico da Eslováquia, que em um chilique inexplicável, levantou-se no meio da entrevista coletiva, após derrota para o Paraguai, e foi embora da sala de imprensa. Profissionais de vários países, que ali estavam trabalhando para levar a informação ao seu país, longe de suas famílias, ficaram sem entender e o aguardaram por mais de meia hora. Um desrespeito ao profissional e, sobretudo, ao ser humano que ali trabalha.

Logo em seguida, o show patético proporcionado pelo brasileiro Dunga, após a vitória contra a Costa do Marfim, deferindo (ou resmungando) palavras de baixíssimo nível cultural ao repórter da Rede Globo, Alex Escolar. É impressionante como a figura de um treinador arrogante, soberbo e pretensiosamente onisciente ofusca a bela imagem que temos de uma seleção que encanta o mundo há quase um século. Domingo passado, Dunga se superou no destrato com os jornalistas, após vitória convincente contra a Costa do Marfim. Uma lástima após uma exuberante vitória! Será que ele não foi instruído pela CBF ou pela sua Assessoria de Comunicação como deve ser o trato com a imprensa? Aliás, será que ele sabe qual é o trabalho da imprensa e sua importância para a Seleção Brasileira? Parece-nos claramente que não, bem típico da ignorância de quem mal possuía noção de tempo e de espaço jogando futebol.

Mas a própria Fifa, quando todos esperavam uma postura mais digna e incisiva do órgão gestor do futebol mundial, anunciou "que não encontrou argumentos suficientes para propor uma punição do técnico Dunga, que proferiu algumas ofensas em voz baixa na entrevista coletiva concedida após a vitória do Brasil sobre Costa do Marfim, 3 a 1, no domingo". Será que existe uma medida em decibéis para que um aberração daquelas seja punida pela Fifa? Lastimável..

Por fim, outra cena bizarra chamou a atenção de todo o mundo na última terça-feira, após o jogo África do Sul 2 x 1 França. Depois do apito final do árbitro, o técnico brasileiro Carlos Alberto Parreira, com sua natural fineza e elegância, dirigiu-se gentilmente ao treinador francês Raymond Domenech para cumprimentá-lo, seguindo a conduta desportiva do Fair Play estimulada pela Fifa. Mas o adversário colocou em prática sua "dunguisse" e, contrariando a fama mundial de elegância dos franceses, se negou a apertar a sua mão de Parreira. Mais do que isso, virou as costas, apesar da insistência de Parreira, que chegou a agarrar o seu paletó, insistindo no cumprimento tradicional.

É por isso que admiro cada vez mais a serenidade e elegância de Carlos Alberto Parreira, a figura exemplar de um técnico que já esteve presente em 8 Copas do Mundo, sendo em 6 como treinador. E olha que estamos apenas na primeira fase onde, geralmente, tudo costuma ser mais tranqüilo. Pelos indícios que tivemos, podemos esperar mais atitudes anti-desportiva nas fases eliminatórias. Até porque, como todos já sabem, Eslováquia e Brasil se classificaram para as próximas fases... 

* Francisco Resende Costa Neto
Coordenador dos cursos de Jornalismo e PP
Faculdade Pitágoras - Divinópolis

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Ministério Público proíbe propaganda de “maricón”

Buscando combater o preconceito étnico e a homofobia, o Ministério Público Federal (MPF) de Belo Horizonte recomendou à Ambev a suspensão da campanha publicitária da Skol, em que uma lata de cerveja, ao ser aberta, chama de "maricón" um torcedor argentino. O termo, em espanhol, significa maricas – pejorativo para homossexual. Segundo a empresa, a propaganda já não está no ar desde 14 de junho, mas não devido a uma possível suspensão, e sim em função do planejamento de mídia da empresa para a Copa do Mundo (está no ar uma campanha com idosos dançando a música tema da propaganda, enquanto assistem TV).

A recomendação do MPF foi feita no último dia 11 após um cidadão argentino, que reside em Belo Horizonte, fazer uma representação reclamando que a campanha teria nítido conteúdo ofensivo e discriminatório. O MPF instaurou um inquérito civil público para apurar os fatos e responsabilidades. "Eu entendo que existe um caráter duplamente discriminatório. Em primeiro plano, há um preconceito contra os argentinos e, subliminarmente, há um caráter homofóbico", afirmou o procurador Edmundo Antônio Dias Neto, autor da recomendação.

Segundo o parecer do procurador, o comercial fere o artigo 5º da Constituição Federal, que garante aos estrangeiros residentes no País igualdade perante a lei e respeito aos seus direitos, sem distinção de qualquer natureza. O procurador alega também que a propaganda contraria ainda o Código de Defesa do Consumidor e o Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária, cujo artigo 20 prescreve que "nenhum anúncio deve favorecer ou estimular qualquer espécie de ofensa ou discriminação racial, social, política, religiosa ou de nacionalidade". De acordo com o MPF, um ofício também foi encaminhado ao Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar), "para que determine a aplicação das medidas cabíveis em sua esfera de atuação". Segundo a AMBEV, são cerca de 150 mil latinhas falantes no mercado, mas nenhuma delas emite a palavra “maricón”. 


* Francisco Resende Costa Neto
Coordenador dos cursos de Publicidade e Propaganda e Jornalismo
Faculdade Pitágoras - Divinópolis



terça-feira, 22 de junho de 2010

15 dicas para utilizar bem o Twitter

Que o Twitter é uma febre e parece que veio para ficar, não temos dúvidas. A capa da revista 'Veja' desta semana (ao lado) aborda justamente este fenômeno e a matéria analisa, em longas e interessantes 5 páginas, todo o mundo de informações e contatos, pessoais e profissionais, que o Twitter pode nos proporcionar. Navegando por sites de conteúdos, encontrei algumas dicas que acho que podem servir para os “twitteiros” de plantão. Não são dicas minhas, o texto original está em disponível no UOL (clique aqui).

Quer evitar constrangimentos em 140 caracteres? Siga 15 dicas básicas e tenha um perfil querido por quem te segue.

1) Não use o Twitter como blog
Se o espaço tem 140 caracteres, é para ser respeitado. Não divida uma mensagem em 2 tweets ou mais.

2) Siga só quem quiser
Além disso, você pode deixar de seguir uma pessoa caso não esteja feliz em ler seus ‘tweets’. E não implore para ser seguido, a mecânica é diferente do "me adicione" de uma rede social como o Orkut.

3) Não leve a público o particular
Se quiser apenas se comunicar diretamente com alguém use @nomedousuário. Caso o assunto seja particular, use mensagens diretas.

4) Responda
Sempre confira se alguém te enviou uma mensagem direta e a responda - conversar faz parte do Twitter, inclusive para fazer perguntas como "Alguém sabe se aparelho X é compatível com o processador Y?".

5) Diminua a frequência de posts
Menos é mais, e você irritará seus seguidores se quiser atualizá-los a todo instante sobre qualquer tópico que seja. Escolha qualidade, não quantidade.

6) Cuidado ao divulgar blogs e afins
É muito fácil parecer spammer e perder seguidores por usar seu perfil como ferramenta de marketing, a não ser que isto esteja claro e definido desde o início.

7) Evite ser tedioso e egocêntrico
Nem todos querem ler “Bom dia Twitters” ou “Estou visitando um lindo museu”. Tenha conteúdo e, se for falar sobre si, recomenda-se contextualizar o seguidor, com uma foto ou link.

8) Compartilhe coisas incríveis
Bons links, músicas, dicas culturais, frases interessantes e curiosidades são sempre vistos com bons olhos.

9) Dê crédito
Quando for twittar algo que alguém disse, use ‘RT @nomedeusuário’, mencionando apenas a fonte original do texto. No final da mensagem, mostre o perfil que te trouxe a mensagem, colocando ‘(via @nomedeusuário)’.

10) Seja discreto
Ao falar sobre eventos sociais particulares - como uma festa de aniversário ou encontro no bar -, é melhor ser vago. Nem todos querem que a informação seja compartilhada.

11) Use gramática apropriada
Um guia não oficial do site Grammar Girl aponta pequenas dicas, como evitar abreviaturas estranhas e usar pontuação corretamente.

12) Cuidado com o que escreve
Caso o seu perfil seja público, lembre-se que a vítima de uma reclamação ou xingamento via Twitter poderá ler. Consequências mais trágicas incluem ser demitido por algo que foi mecionado no serviço.

13) Com álcool, sem 'tweets'
Após (ou durante) um happy hour ou festa onde você já perdeu as contas de quanto bebeu, não invente de conectar e escrever o que lhe vier à cabeça. Esta dica complementa a anterior.

14) Use a busca
Você não precisa ler todos os tweets. "Use o http://search.twitter.com para encontrar mensagens sobre assuntos específicos que lhe interessam", diz o @Twittiqueta .

15) Indique bons perfis
Se quiser sugerir que seus seguidores sigam alguém com posts interessantes, use a famosíssima hashtag ‘#FollowFriday’ e, em seguida, ‘@nomedousuário’.


* Francisco Resende Costa Neto
Jornalista
Coordenador dos cursos de Jornalismo e
Publicidade e Propaganda da Faculdade Pitágoras/Divinópolis

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Cala a boca, Dunga!

Brasil e Coréia do Norte, estréia da “seleção canarinho” na Copa do Mundo da África do Sul. Presente em milhões de lares brasileiros, a predominância de audiência da TV Globo, independentemente de gostos e opiniões sobre qualidade de narradores e comentaristas, ainda é avassaladora em relação às concorrentes. Chamou a atenção do Brasil inteiro, nos 15 minutos iniciais do jogo, uma faixa afixada na arquibancada, exatamente no centro do gramado, local mais visualizado pelas câmeras de TV de todo o mundo, com o simplório, mas objetivo recado: “Cala a boca, Galvão”.

Não se assute, não é o mesmo texto de semana passada! Ontem, depois do jogo contra a Costa do Marfim, após uma brilhante vitória brasileira, outra faixa poderia ser estendida na sala de imprensa: "Cala a boca, Dunga!". Nunca na história deste país (desculpe, Exmo. Presidente, não resisti), tivemos um treinador tão arrogante no comando da seleção. Logo na primeira pergunta, Dunga respondeu "metralhando" o trabalho de toda a imprensa brasileira em relação à cobertura da Seleção na Copa da África. Será que ele não foi instruído pela CBF ou pela sua Assessoria de Comunicação como deve ser o trato com a imprensa? Aliás, será que ele sabe qual é o trabalho da imprensa e sua importância para a Seleção Brasileira? Parece-nos claramente que não sabe, bem típico da ignorância de quem mal possuía noção de tempo e de espaço jogando futebol.


Dunga ironizou o repórter Alex Escobar, da Rede Globo, que conversava ao celular. Deferiu-lhe palavras de sarcasmo, palavrões impublicáveis e uma série de xingamentos captados pelo microfone da sala oficial de imprensa, para todo o mundo ouvir. Patético! O repórter, que apenas balançou a cabeça quando a metralhadora começou a disparar, ficou sem entender o que acontecia e, questionado pelo treinador se tinha algum problema, respondeu, tranquilamente, que não! Aí continua com o show de palavrões... Como o apresentador Tadeu Shmidth definiu brilhantemente em sua fala no Fantástico, "postura incompatível com o cargo de técnico da Seleção Brasileira". Ainda bem que está com os dias contados no cargo, independentemente se o título vier ou não... Pelo menos um título pessoal já está garantido para decorar a sala do Dunga: o de mais arrogante e patético da Copa de 2010!


Veja o vídeo em: http://www.youtube.com/watch?v=f0iylWlrPJA

domingo, 20 de junho de 2010

Eleições 2010 serão decididas pelas mídias sociais virtuais

“Interrompemos nossa programação para a transmissão do Horário Eleitoral Gratuito na Web”. Já se foi o tempo em que aquela sujeira de panfletos, muros pintados e showmícios de campanhas eram os fatores mais decisivos em um processo eleitoral. Se antes, a disputa era pela melhor banda de pagode ou dupla sertaneja; ou pelos muros mais bem posicionados ou os mais eficientes cabos eleitorais na periferia, a disputa agora é extremamente midiática. Ao lado da TV, mídia de massa consolidada e presente em mais de 90% dos lares brasileiros, a Internet será o grande palco de disputas nas eleições de 2010. Aliás, essa disputa já começou e, em alguns casos, já está em estágio bem avançado em termos de conteúdo e de discussões.

Recente pesquisa realizada pelo DataSenado (instituto de pesquisa do Senado Federal) ouviu, por telefone, mais de mil eleitores em todas as capitais do País. O dado mais interessante e que nos faz refletir intensamente em relação ao próximo processo eleitoral é que a Internet já é o segundo meio de comunicação mais usado pelo cidadão para informar-se sobre política, atrás apenas da TV. Ou seja, rádio, jornais e outras mídias tradicionais já perdem espaço para a Internet quando o assunto é política. Entretanto, mais importante do que isso: os profissionais de Comunicação e de assessoria de campanha já estão preparados ou se preparando para esta nova realidade?

A mesma pesquisa revelou que dois em cada três entrevistados consideram que a Internet terá grande impacto no próximo pleito, sendo que entre os cidadãos que usam regularmente sites de notícias e participam de redes sociais (Orkut e Twitter, por exemplo) esse percentual sobe para 64%. Aliás, tem muito assessor político que, além de desconhecer o potencial que essas mídias sociais virtuais possuem, ainda as utilizam de forma negativa, colocando opiniões pessoais e frases sem sentido que, indiretamente, remetem ao posicionamento do assessorado. Na Internet, senhores assessores, a opinião pessoal se perde quando a sua imagem é vinculada à do político.

Outro dado extremamente interessante levantado pelo DataSenado é que quase metade dos eleitores ouvidos (46%) acredita que a principal vantagem da internet nas eleições será a troca de informações e idéias entre os eleitores. Em tempos de comunicação online e disseminação rápida (mas nem sempre eficiente) das informações, será extremamente importante um monitoramento profissional das informações que circulam pela web, sobretudo nas redes sociais virtuais. Mais do que nunca, Orkut, Facebook, Twitter e blogs serão ferramentas diárias de acesso para assessores de comunicação e marqueteiros.

De acordo com o relatório divulgado pelo DataSenado, algumas características peculiares da web justificam seu crescimento como ferramenta de informação política. Sem dúvidas, a mais importante delas é a possibilidade de recuperação e de disseminação fácil e rápida de notícias, opiniões, imagens, vídeos e outras ferramentas multimídia. Outro ponto que deve ser repensado: a falta de regulamentação jurídica e eleitoral mais rígida e punitiva em relação à web promove uma série de oportunidade para os profissionais de Comunicação e de Marketing nos próximos meses. Existe um consenso de que as campanhas eleitorais começam, efetivamente, quando se inicia o espaço eleitoral gratuito na TV e no rádio. Resta-nos saber se sesta realidade ainda se perpetuará por muito tempo. Afinal de contas, a convergência das mídias já nos coloca em uma situação, no mínimo, inusitada. Afinal, temos Internet no celular, web na TV, a TV no celular, o celular na web... E outras benesses e desafios da era da tecnologia.


* Francisco Resende Costa Neto
Coordenador dos cursos de Jornalismo
e Publicidade e Propaganda
Faculdade Pitágoras / Divinópolis

sexta-feira, 18 de junho de 2010

A arte de “engolir sapos”

De acordo com o dicionário popular, aquele que mais falamos em nosso dia-a-dia, o termo “engolir sapo” nada mais é do que ter que ouvir calado barbáries, agressões, ou argumentações sem noção de conseqüências, em geral de conotação e intenção de agredir aquele que está ouvindo. Outra definição mais realista do termo afirma que engole um sapo aquele que consegue suportar uma situação que, em tese, seria insuportável, em favor de evitar outra situação pior. Ultimamente, os “sapos engolidos” ganharam, inclusive, tamanho e espécies diversas: dependendo da amplitude do problema, ele se torna um sapão e, dependendo mais ainda da capacidade de reação de quem o engole, ele se torna um sapo-boi. Mais do que noticiar os fatos de forma imparcial ou criar imagens e sensações em seus consumidores, está na capacidade de “engolir sapos” o grande diferencial do bom jornalista ou do publicitário bem sucedido. Afinal de contas, quem trabalha com comunicação trabalha com pessoas e tem que desenvolver esta habilidade.

Lidar com pessoas requer uma habilidade técnica e psicológica tão apuradas quanto conhecimento em língua portuguesa, elaboração de textos, criação em software ou na defesa de uma logomarca. Jornalistas trabalham o tempo todo com pessoas. Aliás, o produto final dos jornalistas depende diretamente de uma série de pessoas: do dono do veículo, do editor, das fontes, do cinegrafista... Muitas das vezes, a falta de habilidade no relacionamento acaba jogando por terra uma excelente pauta. Admiro profissionais que, com a maestria e a inteligência que, muitas vezes, são trabalhados em conjunto com a técnica apreendida na Faculdade, conseguem uma informação e a sabe trabalhar de forma ética e transparente. Fazer jornalismo é como a arte de jogar uma bela partida de sinuca: jamais se “mata” uma bola sem pensar na próxima jogada. Jamais pensamos em uma cobertura sem se lembrar que amanhã, ou depois, podemos depender daquela mesma fonte para outra matéria.

Aos publicitários, a arte de “engolir sapos” com sabedoria se faz extremamente necessária, uma vez que ele trabalha com um bem intangível, mas extremamente valioso de uma empresa: a marca. Por isso, é normal escutar insultos e aberrações que, nem sempre, condizem com o contexto da situação nem com o pensamento formado pelo emissor a seu respeito. O empresário compreende sua marca da mesma forma que uma mãe percebe sua ninhada. Afinal de contas é o bem mais valioso para ele, assim como o filho é para a mãe. Neste sentido, é fundamental uma preparação para situações, no mínimo, desagradáveis e desconfortantes. Não sou adepto à filosofia de que o cliente sempre tem a razão, mas percebo que, cada vez mais, os profissionais que conseguem, com sutileza e habilidade, lidar com situações adversas, tem uma enorme chance de convencer e de estabelecer relacionamentos duradouros, cruciais para qualquer profissional de comunicação.

Em um mundo extremamente competitivo e marcado por ambientes cada vez mais perversos e hostis em relação aos relacionamentos, a arte de “engolir sapos” tornou-se um grande diferencial. Ainda não a ponto de ser enaltecido em currículos profissionais, apesar de, em muitas situações e em perfis solicitados por empresas para cargos estratégicos, seja de fundamental importância na definição de um trabalho a ser desenvolvido.



* Francisco Resende Costa Neto
Coordenador dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda
Faculdade Pitágoras/Divinópolis


Jornalismo, Educação e Copa do Mundo

Nem vuvuzelas, nem jabulanis! O que chama atenção mesmo nessa Copa do Mundo são as transmissões esportivas e as coberturas jornalísticas e a contribuição dessas para a educação. Já defendo há muito tempo que qualquer tipo de jornalismo é ferramenta importante na formação do indivíduo. Mesmo que ele seja marrom, sensacionalista, no mínimo motiva a leitura, a discussão, a reflexão.

No caso da Copa, os ensinamentos são muitos. Geográficos, Históricos, Matemáticos, Lingüísticos. Por exemplo, a África do Sul ficou mais real para todos nós com as informações repassadas durante os jogos e nas reportagens que consumimos depois de cada disputa pela taça mais cobiçada do mundo. Todos os detalhes desse mundial podem ser usados para aprendizado. Desde as razões das geladas temperaturas do continente africano, explicadas na previsão do tempo dos telejornais, como uma Sérvia que deixou de ser Sérvia e Montenegro por razões políticas. Mais uma vez podemos experimentar e provar que jornalismo é também didático.

Comentando sobre esse tema em sala de aula ouvi que uma mulher de 38 anos havia conhecido Mandela e o Apartheid por força da Word Cup 2010! Outros adultos me confessaram que desconheciam a realidade dos norte-coreanos. Mas descobriram, por força do trabalho jornalístico, que lá eles não podem assistir transmissões ao vivo, e nem podem sair do país sem autorização do ditador. Os mais cultos também usam a cobertura da copa para aprimorar conhecimento e fomentar discussões. Já ouvi debates profundos sobre a situação econômica da Grécia após sua estréia no mundial contra a Coréia do Sul. É claro que existem situações exageradas como invocar uma conspiração para que a Argentina ganhe o campeonato! E tudo para que o Brasil não ganhe dois títulos seguidos! Santa imaginação, Batman! Aprendizado também!

Mas para servir de instrumento de ensino o trabalho de noticiar precisa estar baseado em pesquisas sólidas. Esses levantamentos tornam os fatos atraentes até mesmo para quem não gosta de futebol. Para os profissionais que trabalham na cobertura desses grandes eventos o dia a dia é árduo, mas prazeroso. Certa vez ouvi em uma palestra do Rogério Correa (narrador da Rede Globo) que ele se envolvia por pelo menos um ano nas pesquisas e estudos para narrar um jogo de Copa. O bom profissional respeita o público e se prepara para dar credibilidade ao que diz. Os bons veículos não se aventuram na descrição pura e simples dos acontecimentos. No universo da comunicação, e também da educação, não há espaço para improvisos!


* Laura Aguiar
Especialista em Educação de Português, Jornalista e
professora da Faculdade Pitágoras

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Baixas temperaturas esquentam as mídias de Rádio e TV

“ ...Quando o inverno chegar, eu quero estar junto a ti...”; ao som dessa clássica do ainda mais clássico Tim Maia, fico pensando que, se a música fosse feita para retratar a mídia televisão e rádio no inverno, seria perfeita. Afinal, quando os trópicos são visitados pelas brisas argentinas, sentar nas cadeiras de lata que a maioria dos nossos botecos oferecem é mais desafiante. Sem contar que nós, divinopolitanos, adoramos um bar vitrine. Esses em que quem está dentro quer ver quem está passando de carro na rua, e os que estão no carro querem conferir quem está onde. Bem, esse bate-papo sobre cultura local de barzinho fica para uma outra vez. O que eu quero aqui compartilhar é sobre a relação entre audiência e baixas temperaturas.

Meus alunos e sobrinhos já me dão notícias de programas com horários fora do “Altas Horas”. Meus pais e os vizinhos que adoravelmente ficam nas portas das casas, já não o fazem com as noites começando mais cedo. Lá estão eles aumentando a audiência da novela das seis, dos noticiários locais, principalmente daqueles que estão bem focados na cidade. Não sem antes, é claro, de rezar com a Novena do Pai Eterno, carro chefe da programação do canal Rede Vida.

Mas a audiência da TV não reina sozinha. O nosso querido rádio, companhia de todas as horas, também ganha com o inverno. Porém, acredito (não tenho dados de pesquisas para confirmar tecnicamente) que em outro horário. Ficar na cama mais um pouquinho pede um rádio ligado baixinho, um banho quente mais demorado pode dar mais vontade de ter música ambiente e por aí vai.

E nesse inverno temos mais um atrativo para a TV e a rádio: a Copa do Mundo. Mesmo sem gostar muito ou entender de futebol, é bastante improvável que o assunto Copa não ganhe pelo menos um tempinho do dia de um cidadão brasileiro. E mais uma vez, dá-lhe audiência para os programas esportivos, jornalísticos e afins (criados especialmente para o momento).

Considerando então esse detalhe sazonal, vai a dica: é bom que os planejadores de mídia e anunciantes fiquem atentos às oportunidades. Mas vale uma ressalva: cuidado para não virar apenas mais um no meio do “bombardeio” de propaganda com o mote criativo futebol. Caso a opção seja essa, invista talento e o custo justo que o talento cobra nas produções. Pois uma criação de gosto duvidoso, sem profissionalismo, sem produção, derruba qualquer planejamento de mídia. É um gol contra e pode congelar uma péssima imagem da marca na lembrança do consumidor.



* Silvana Maria de Sousa
Professora dos cursos de Jornalismo
e Publicidade e Propaganda
Faculdade Pitágoras / Divinópolis

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Copa do Mundo e o dilema organizacional

Nessa temporada de Copa, as atenções são direcionadas para esse evento. Televisão; jornais; internet; conversas, enfim, tudo gira em torno da seleção. O Brasil para. É hora de jogo. Depois, dos comentários. Antes a escalação, os jogos das outras seleções para analisar - nossos adversários. Ou seja, o assunto, as cores tudo lembra a copa.

E dentre essa competição, corre outra: a não oficial. Qual será? É a delicada situação das empresas em não ter prejuízos com a redução da jornada, ou da manutenção da jornada integral e a satisfação de seus clientes internos – os colaboradores/funcionários. Nessa hora é que podemos avaliar definitivamente o nível de entrosamento, satisfação e responsabilidade das duas partes, pois não podemos nos esquecer, joga-se sempre no mesmo time, em busca de um mesmo objetivo.

Empresário, líder é muito importante avaliar agora e sempre o clima organizacional de sua equipe. De sentir para onde tende as tensões, a satisfação e a insatisfação. Saber equilibrar direitos e deveres é a base desse clima, juntamente com um amplo trabalho de Recursos Humanos e Comunicação Interna. Ceder tempo para os colaboradores curtirem a Copa faz muita diferença, pois a sensação de humanidade e liberdade trará bons resultados ao desempenho daquele torcedor/colaborador. Um bom exemplo para ilustrar esse dilema entre empresário e funcionário aconteceu com um amigo próximo à estréia da última Copa. O chefe perguntou à um colaborador: - fulano a TV está pronta? O colaborador diz: - Porque sicrano (patrão) vai assistir aqui sozinho? Uma situação que pode ser vista como uma piada organizacional, mas não é. Foi fato. Ou seja, não houve um planejamento, um entendimento. Nenhum “lado” ouviu o outro. E sobra agora o jogo do poder, e quem perde: os dois lados.

Tem empresa que nunca para, e surpreende a todos paralisando suas atividades para assistirem aos jogos. Satisfazendo uma expectativa inesperada, agregando valor ao relacionamento entre chefes e colaboradores. “Vale tudo”, dizem as políticas de Recursos Humanos para integrar e motivar os colaboradores. Trabalhar o clima para obter melhores resultados. Então, ceder, ouvir, treinar, sentir faz muita diferença. Avalie com outros olhos a dispensa para a Copa. E aquelas empresas que não podem parar, busquem criar alternativas para satisfazer seu público interno. Como fazer do encontro para assistir ao jogo uma celebração entre colegas de trabalho. E esse é um raciocínio que vale para grandes datas como: Natal; 31 de dezembro; carnaval. Não prego aqui que se deva parar de trabalhar. Os horários devem sim, ser cumpridos. Pois colaborador bom é aquele que chega no horário e saí no seu horário. E empresa boa é aquela que não explora seus funcionários. O importante nessa datas é criar um rodízio, objetivando a igualdade entre os colaboradores e o não abuso de poder.

Esclareço que isso deve ser reflexo de planejamento, como tudo no ambiente organizacional. E não pode ser pessoal e parcial. Esse é um dos pontos que marcam o clima de uma empresa. Porque você empresário coloque-se no lugar de seu colaborador. Não há explicação para uma empresa, que tem seu expediente encerrado às 18h, fazer seu pessoal assistir ao jogo do Brasil que iniciará às 16h na empresa. Não seria hora de reavaliar esse jogo de poder? A satisfação é tão difícil de ser alcançada e a insatisfação é um “vírus” no âmbito empresarial. Tome coragem e avalie a sua empresa através da pesquisa de clima organizacional e se surpreenderá. Certifico isso.

* Graziela Vaz
Relações Públicas. Professora dos cursos de Jornalismo e
Publicidade e Propaganda da Faculdade Pitágoras/Divinópolis

terça-feira, 8 de junho de 2010

Comunicadores e as campanhas políticas

Estamos às vésperas de mais uma eleição e com ela começa nos bastidores, uma corrida em busca de bons profissionais para desempenhar um papel fundamental nas campanhas: o planejamento estratégico de comunicação. Para quem acha que há muita mão-de-obra qualificada para exercer essa dificílima função, está redondamente equivocado. Recebo semanalmente pelo menos quatro telefonemas de coordenadores de campanhas pedindo indicação de profissionais de comunicação gabaritados para encarar essa verdadeira guerra em busca dos votos populares.

Engana-se quem acha que a função de um comunicador na campanha política é apenas escrever releases, divulgar a agenda e fotos do cotidiano do candidato. Há tempos até se trabalhava dessa forma, mas estamos em plena época em que as redes sociais e as novas tecnologias imperam e o acesso à informação está muito mais fácil. Junto a isso, a interferência, ou melhor, a incorporação de outras áreas, como o marketing, aliadas à comunicação trabalhada de forma integrada, fazem com que esse profissional seja cada vez mais qualificado e principalmente, tenha uma função muito mais estratégica do que operacional.

Pessoalmente já tive oportunidade de integrar equipes de comunicação em várias campanhas políticas e na maioria dos casos, os talentos individuais de cada um dos profissionais do time fizeram toda a diferença, já que até então, os conceitos da comunicação estratégica eram aplicados apenas nos maiores centros, em grandes campanhas. Hoje em dia, com a expansão do ensino superior, o acesso ao conhecimento e a qualificação dos profissionais do mercado, o planejamento estratégico de comunicação se torna cada vez mais acessível, mesmo para campanhas mais modestas.

Há algumas peculiaridades que precisam ser observadas. Termos como Media training, questions & ansewers, position paper, fact sheet, key messages e stakeholders não são apenas “importados” de outras áreas, são itens fundamentais de um planejamento de comunicação dentro de uma campanha, seja ela política ou institucional. O profissional de comunicação que se predispõe a fazer um trabalho eficiente nessa área, além de conhecer muito bem esses termos e saber utilizá-los de forma correta e eficiente, deve ter em mente que um trabalho de comunicação pode ser decisivo em uma eleição, de forma positiva ou extremamente negativa. Não são raros os casos em que candidatos que estavam disparados em pesquisas de opinião, por um erro no planejamento estratégico de comunicação, jogam o trabalho de meses e meses pelo ralo.

Mas vale lembrar que a comunicação por si só não elege ninguém, mas é uma ferramenta fundamental dentro de um grande processo que envolve diversas áreas, principalmente um candidato com boas propostas aos eleitores.

* Leonardo Marcos Rodrigues
Jornalista e professor dos cursos de Jornalismo e
Publicidade e Propaganda da Faculdade Pitágoras/Divinópolis

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Valorizar a marca: questão de oportunidade

É difícil conceituar a importância e o valor que algumas marcas conquistaram no mercado sem analisar as mudanças pelas quais passou a sociedade contemporânea. A mudança e a evolução tecnológica sempre aconteceram ao longo da história. O que diferencia os períodos é a velocidade com que essas mudanças acontecem e a capacidade de assimilação por parte das pessoas. E vivemos, atualmente, uma revolução econômica e tecnológica que modificam, diariamente, as relações entre as pessoas. E a relação das pessoas com as marcas.

Percebemos claramente que a relação do consumidor com os produtos se transformou. Objetos deixam de ser adquiridos pela sua utilidade e funcionalidade e passam a ser aquisições baseadas em sua significação simbólica. A TAM, por exemplo, não vende transporte aéreo e a Coca-Cola, há muito tempo, não vende mais refrigerantes. Alguém ainda acredita que empresas como a Ferrari ou a Audi vendem automóveis? Atualmente, as organizações vendem sonhos, saúde, performance,... E em uma cultura baseada em relações cultivadas através da mídia, a marca transformou-se no maior ativo de diversas organizações, e acaba nos remetendo a atributos pessoais e sociais, como confiança, status e sentimento de superioridade. E o mercado sente a necessidade de profissionais habilitados a lidarem com este ativo tão valioso. É muito investimento em jogo!

Um dos maiores desafios dos profissionais de publicidade e marketing é desenvolver estratégias de marca que melhor atenda aos objetivos de sua empresa. O valor de uma marca decorre da diversidade de seus papéis e tem sido visto sob uma variedade de perspectivas. Os padrões de avaliação variam de acordo com os países, organizações, setores, ambiente competitivo e, ainda, conjuntura. Em países como Estados Unidos e Inglaterra, por exemplo, a marca, pelo que representa, consta inclusive nos balanços financeiros das empresas. Já a legislação brasileira ainda não permite esta prática.

Dois importantes aspectos surgem dessa constatação: primeiro, de que os profissionais de publicidade precisam reconhecer o valor da marca em uma perspectiva mais ampla. A mensuração do valor de marca abrange duas dimensões: a do consumidor, que envolvem seu conhecimento, suas atitudes e comportamentos traduzidos como respostas favoráveis (compra); e a da empresa, onde são analisadas as vendas, lucros e participação de mercado. Com a recuperação da economia e as excelentes perspectivas para o Brasil nos próximos anos – como vitrine da economia mundial, talvez esteja aí uma excelente oportunidade para as empresas da região Centro-oeste (siderurgia, confecção, calçados, fogos, móveis, etc..) agregarem valores em suas marcas. E, finalmente, darem o grande salto no mercado.


* Francisco Resende Costa Neto
Coordenador dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda
Faculdade Pitágoras/Divinópolis

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Jornalismo empresarial: modo de usar

Grande parte dos empresários, por não conhecer, tende a desprezar o Jornalismo Empresarial. E, de certa forma, o fazem com certa lógica (ao menos sendo coerentes com sua linha de raciocínio): por não conhecerem a ferramenta, não tem como mensurar seus resultados. E aí, uma coisa é certa: se a Comunicação em geral já apresenta resultados pouco tangíveis (em curto prazo), o jornalismo empresarial tem ainda maior carga de resultados implícitos, ou intangíveis. E o que vale a pena entender é que, apesar disso, é uma ferramenta e tanto para obter sucesso no mundo dos negócios.

De início, precisamos esclarecer duas coisas. A primeira diz respeito a resultados tangíveis e intangíveis. Resultados tangíveis são aqueles palpáveis, visíveis e imediatos, como quando se coloca fermento na massa de bolo e ela, ao ser assada, cresce de tamanho. Assim ocorre quando se pensa em resultados tangíveis na administração: um aumento de vendas ao abaixar os preços de determinado produto, por exemplo. Já os resultados intangíveis são aqueles que não são explícitos, mas que, a médio/longo prazo, podem ser responsáveis pelo sucesso ou fracasso de uma marca, produto, serviço ou empresa. Um exemplo de resultado intangível é a educação. Não se consegue grandes evoluções no primeiro dia, no primeiro mês ou até mesmo no primeiro ano de aulas em uma faculdade, por exemplo. Mas, ao final de quatro ou cinco anos, o aluno que entrou sem conhecimento a respeito de determinada área forma-se e sai especialista naquilo. Na administração, podemos entender o intangível como o trabalho de gestão marca, de treinamento de equipe ou de relacionamento com os diversos públicos de uma empresa: todos com resultados expressivos a longo prazo.

O segundo esclarecimento é sobre Comunicação Empresarial e Jornalismo Empresarial. O primeiro conceito diz respeito à área de conhecimento que estuda, analisa e propõe estratégias para o gerenciamento da Comunicação das organizações – e, por isso, engloba vários campos e práticas da área. Já o Jornalismo Empresarial é o conjunto das estratégias e ferramentas jornalísticas que podem ser utilizadas no contexto da Comunicação Empresarial. Ou seja, é um dos “braços” da Comunicação Empresarial, assim como a Publicidade e Propaganda, Relações Públicas, Marketing e Gestão.

É importante diferenciarmos os conceitos para entender que o Jornalismo Empresarial é uma das ferramentas da Comunicação Empresarial (e não o seu todo) e que os seus resultados, assim como na maioria das ações feitas por comunicólogos, são mais intangíveis do que tangíveis – e que isso, em momento algum, retira a sua importância de um planejamento de comunicação.

Na prática do dia-a-dia, geralmente, os produtos de Jornalismo Empresarial não têm o devido valor por grande parte dos empresários, que ainda pensam em Comunicação somente como Publicidade. E isso não por maldade, mas sim devido à falta de conhecimento da amplitude do conceito. Um dos grandes diferenciais que as publicações jornalísticas trazem em relação à Publicidade é a credibilidade, de valor imensurável. Por isso, o ideal é que os empresários entendam que esta ferramenta é um investimento de médio/longo prazo, e que seus resultados não se refletem somente no aumento de vendas, mas também – e principalmente – na agregação de valor na organização: os ativos intangíveis das empresas.

Um dos motivos da falta de valor dado aos veículos de Jornalismo Empresarial está justamente em sua concepção: a falta de objetivos claros das publicações. Para o sucesso de uma publicação jornalística empresarial, o primeiro passo é a definição clara de objetivos. E, na maioria dos casos, os “objetivos” da publicação muitas vezes são os objetivos pessoais dos administradores – mais no sentido de somente mostrar as realizações – e não os objetivos de comunicação da empresa.

Outro grande entrave é a falta de definição clara de recursos para o desenvolvimento da atividade. Privilegia-se o orçamento mais barato, não o melhor. É comum boas empresas perderem “concorrências” por questões de orçamento – “empresas” e “profissionais” que prometem fazer tudo por, muitas vezes, menos da metade do preço que uma agência com experiência no mercado faria. Não há também um cumprimento do cronograma planejado, por parte das organizações, e uma indefinição do setor empresarial responsável por “gerenciar” o relacionamento com a empresa prestadora de serviços. Para não me alongar, pontuo a seguir outros três erros graves encontrados nas publicações de jornalismo empresarial: falta de pesquisa, indefinição de público-alvo e, tão importante quanto os outros dois itens, a inadequação de canal. Muitas vezes, para alguns gestores, Jornalismo Empresarial é sinônimo de “jornalzinho de empresa”. E, assim, quando se consegue implantar um produto de Jornalismo Empresarial em uma organização, 99% das vezes fica definido que o material será um jornal impresso, sem levar em conta a necessidade e os hábitos de cada público atingido pela publicação.

De forma resumida, estes são alguns dos principais problemas e desafios enfrentados pelos profissionais que desejam trabalhar com o Jornalismo Empresarial. Para haver desenvolvimento no setor, é necessária uma mudança em alguns destes velhos conceitos. Enquanto isso não ocorre, a dica é manter o profissionalismo. Mesmo que isso venha a causar perda de alguma conta (o que sempre ocorre), é preferível trabalhar da forma ética a ganhar “rios” de dinheiro enganando empresários com promessas de resultados imediatos em áreas que o Jornalismo Empresarial não tem total controle. A esperança é que a nova geração de profissionais que está chegando no mercado venha com esta mentalidade diferente, de profissionalismo e qualidade, para que possa haver uma concorrência leal: pela qualidade do serviço prestado, e não somente por preço.


* Ricardo Nogueira
Jornalista, Mestre em Educação, Cultura e Organizações Sociais.
Professor nos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Faculdade Pitágoras/Divinópolis